domingo, 21 de dezembro de 2008

Próximos lances do xadrez (o jogo) político brasileiro

Temos um quadro no mínimo curioso nos próximos lances do xadrez (o jogo) político:

1 - Nunca ví tanto neo-liberal pedir a intervenção do Estado para socorro de suas empresas (confundidas com a economia nacional ou internacional);

2 - Eu sempre entendi programas tipo Bolsa Família dentro de uma visão keynesiana. Os neo-liberais falaram que era assistencialismo. Agora estão clamando por Bolsas Corporativas ou similares. Serra estaria, neste sentido, muito mais próximo do governo Lula do que outros adversários. Serra é keynesiano enrustido, mas é.

3 - Neste quadro FHC teria que declarar novamente: esqueçam o que eu disse durante meus governos. FHC está precisando estudar de novo (se é que já estudou alguma vez) os principais clássicos do marxismo para entender a natureza das crises capitalistas. E proclamar: sempre fui keynesiano desde pequenininho. Mercado resolver crises estruturais do capitalismo é a maior bobagem do mundo e FHC sabe disto. Mas assim como o PT tinha isto claro (Lula idem), quem esteve mais próximo desta visão foi o Serra.

4 - Tenho saudade do mestre Celso Furtado e da CEPLAN. A moçada das faculdades de economia precisa conhecê-lo melhor.

5 - As burocracias nos estados modernos duram mais que um ou dois governos. Têm alma própria e representam a si mesma. Atuam como instituição corporativa e com uma forma de organização de interesses mais semelhantes às centrais sindicais do mundo todo. Qualquer que seja o novo presidente será preciso mapear melhor quem é quem na burocracia do estado brasileiro. Isto é fundamental. Em 1992 conheci uma senhora, economista, que fora assessora parlamentar, era informante do SNI e, em no referido ano de 92, ouvi dela que havia uma "comunidade de interesses" para intermediar a tramitação de projetos dos municípios no Congresso e no BNDS. Pode chamá-los de corretores ou lobistas. Mas a estrutura básica deste "clube" tinha sua origem na estrutura do antigo SNI. E creio que ainda tem. Esta burocracia precisa ser melhor compreendida por qualquer presidente.

Um comentário:

Amanda disse...

Fred
Tenho acompanhado os seus comentários e aprendido muito com eles, além de estar me divertindo muito com a perspicácia dos seus argumentos. As contradições apontadas no jogo político chegariam a ser engraçadas,se não fossem trágicas...Felizes seus alunos de filosofia.
Wanda Drummond