Durante dois anos, entre 1970 e 71 convivi com Honestino Guimarães. Na época eu estudava ciências sociais, na USP e, como integrante da Ação Popular, participava da resistência ao regime militar, que se implantara no Brasil, por meio de um golpe de Estado. Honestino foi, se não me engano, o último presidente da UNE clandestina. Eu o ví pela última vez em dezembro de 1971. Depois só as terríveis notícias: Honestino, foi brutalmente torturado por agentes da polícia política da ditadura, até a morte. Ele nunca pegou em uma arma. Era incansável na denúncia dos desmandos militares. Por mais estranho que pareça a alguns, Honestino me lembrava os cristãos da era primitiva, que iam para a morte, de maneira determinada, sem negar valores fundamentais, como a partilha, o amor e a comunhão coletiva.
Honestino está entre aqueles que até hoje não teve seu corpo encontrado. Continua insepulto. Seu velório continua suspenso e assim permanecerá até que a história nos revele seu destino.
E tem gente que insiste em comparar este heróis da resistências com autoridades públicas dedicadas à tortura e à barbárie.
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