sábado, 27 de fevereiro de 2010

ENTENDA O DESESPERO DE "ISTO É": DILMA ENCOSTA EM SERRA, DIZ FOLHA DE SP.

Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha, mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.

No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.

Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.

A REVISTA "ISTO É MENTE". PROCURADOR DESMENTIU A REVISTA.

BELO HORIZONTE - O procurador da República Patrick Salgado Martins, informou nesta sexta-feira, 26, por meio da assessoria do Ministério Público Federal (MPF) em Belo Horizonte, que o ex-prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel (PT), não foi denunciado no processo que investiga os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por falta de provas. Martins disse que não poderia dar mais detalhes sobre a investigação, pois o processo corre sob sigilo na Justiça Federal em Belo Horizonte.
Em maio de 2008, a Justiça Federal acatou a acusação formal do MPF e instaurou ação penal contra o ex-vice-presidente administrativo financeiro da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de BH, Glauco Diniz Duarte, e o contador Alexandre Vianna de Aguilar. Eles foram acusados de alimentar a conta off-shore Dusseldorf Company, pela qual o publicitário Duda Mendonça teria recebido remessas de recursos de dívidas de campanha com o PT.
Segundo a revista IstoÉ, Pimentel teria ligações com o empresário e o contador e teria superfaturado contratos da prefeitura para pagar gastos de campanha do PT.
Duarte a Aguilar não foram localizados para comentar as denúncias. A CDL informou que o ex-vice-presidente está afastado da entidade.
Na denúncia, o MPF afirma que "Glauco Diniz e Alexandre Vianna foram acionados para proceder à lavagem de quantias provenientes de crimes contra a administração pública e subsequentes crimes contra o sistema financeiro nacional", praticados pela "organização criminosa" do já mencionado "escândalo do mensalão".
Procurado nesta sexta, o ex-ministro do turismo Walfrido dos Mares Guia não foi localizado. Segundo a revista, Walfrido teria dito em depoimento que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi alertado sobre o mensalão. O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que representa Walfrido, garantiu que seu cliente não confirmou a versão do ex-deputado Roberto Jefferson. "O Walfrido dos Mares Guia jamais deu qualquer depoimento que incriminasse o presidente".

Fonte:Eduardo Kattah e Ivana Moreira, de O Estado de S.Paulo

A revista Isto É fere a ética e a lei.

Confira a forma dirigida com que Isto É refere-se a uma enquete em sua versão eletrônica:


Enquete As novas denúncias sobre o Mensalão do PT podem mudar o futuro político do País?
.
( )Com certeza. Chega de PT .
( )Vai continuar tudo na mesma .
( )Lula não sabia de nada .


Qualquer enquete ou pesquisa de opinião estão sujeitas a um Código de Ética e á própria lei. A revista Isto É fere a ética e a lei. Qualquer que seja o resultado, com questões fechadas, dirigidas, o resultado sempre terá como propósito ferir a imagem do presidente Lula ou do PT. Isto também é crime.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

'Isto É' mistura alhos com bugalhos para tentar atingir a campanha de Dilma", diz Pimentel

Abaixo a nota de Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte:


Na semana em que dois dos assuntos mais importantes da política nacional são a derrocada do esquema de corrupção do governador do Distrito Federal e a cassação do prefeito de São Paulo, ambos do Democratas, principal aliado do PSDB, maior adversário do PT na próxima eleição, a revista 'Isto É' resolveu embaralhar tudo, ressuscitar o chamado mensalão de 2005 e, para tentar empatar o jogo, me citar como um dos envolvidos no recebimento de verbas irregulares. Como se diz no jargão jornalístico, trata-se de uma barriga da 'IstoÉ'. A intenção óbvia é causar danos à imagem de um dos coordenadores da campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência. Mas não vai colar.
Para que sua história pareça verossímil, a revista mistura alhos com bugalhos e faz ilações sem qualquer apoio na realidade. Aproveita-se do fato de a prefeitura de Belo Horizonte, então sob minha gestão, ter contratado a Câmara de Dirigentes Lojistas para um projeto de instalação de câmeras de seguranças nas ruas do Centro da cidade.
Para incluir o meu nome em sua reportagem, a 'IstoÉ' lançou mão de uma coincidência: o diretor financeiro da CDL à época do convênio para a instalação de câmeras mais tarde foi identificado como doleiro supostamente envolvido com o chamado mensalão.
O convênio entre a prefeitura de Belo Horizonte e a CDL nunca foi alvo de ação da justiça. O projeto está em vigor até hoje, sem contestações, agora sob a responsabilidade da Polícia Militar de Minas Gerais. Como prefeito, nunca fui inquirido, indiciado ou denunciado por este convênio de jurisdição municipal.
E que fique bem claro: nunca fui, também, inquirido, arrolado, indiciado, denunciado e sequer ouvido por qualquer ligação, ainda que indireta, com o chamado mensalão. Jamais fui convocado pela justiça para depor ou mesmo prestar esclarecimentos sobre qualquer destes assuntos. Jamais fui chamado para falar a uma CPI ou outro tipo de comissão. Não há e nunca houve nada, rigorosamente nada, que me ligue, direta ou indiretamente, ao chamado mensalão ou a qualquer outro tipo de irregularidade

"ISTO É" TENTA DESVIAR ATENÇÃO DO MENSALAÇÃO DO DEM E DO AZEREDO (MG)

Nesta semana este Blog repercutiu a nota a seguir:

A juíza Neide da Silva Martins, titular da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, recebeu parcialmente a denúncia para que os acusados do caso que ficou conhecido como "mensalão mineiro" respondam pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais


Depois de ter feito esta divulgação causou estranheza a ausência de qualquer nova informação sobre o processo em questão, que no ano passado somava mais de 60 volumes. Enquanto isto a chamada grande imprensa continuava a divulgar os acontecimentos envolvendo os escandalosos atos de corrupção que tomou conta das esferas mais altas da administração do Distrito Federal.
Hoje, dia 26 de fevereiro, o processo contra Arruda recebeu o seguinte destaque:

A Comissão Especial da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou por unanimidade o parecer favorável ao impeachment contra o governador afastado e preso, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). A votação da comissão ocorreu logo depois da leitura do parecer preparado pelo relator, deputado Chico Leite (PT). Aberto o processo contra Arruda, será o plenário que dará a palavra final pelo impeachment ou não do governador licenciado em votação na terça-feira.


Vale lembrar que a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), e o vice-governador de Santa Catarina, Leonel Pavan, também do PSDB enfrentam denúncia de prática de corrupção. No meio deste clima a revista Isto É, conhecida por suas matérias encomendadas, lança nesta semana com matéria de capa, uma suposta reportagem sobre o suposto envolvimento do PT no esquema de corrupção, conhecido como mensalão. Diz a matéria em sua abertura:

O processo que investiga o Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal (STF) tem 69 mil páginas. São 147 volumes e 173 apensos. Entre os documentos, há 50 depoimentos inéditos colhidos pela Justiça Federal em todo o País ao longo de 2008 e 2009, laudos sigilosos da Polícia Federal, relatórios reservados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), pareceres da Receita Federal e outras representações criminais que tramitam sob segredo de Justiça em vários Estados. O calhamaço faz a mais ampla e fiel radiografia do maior esquema de corrupção do País. Tudo isso, até hoje, estava sob sigilo de Justiça. Agora não mais. ISTOÉ teve acesso a todos esses documentos

Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/53580_O+ROTEIRO+FINAL+DO+MENSALAO+PARTE+1?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

FICAM AS SEGUINTES PERGUNTAS:

1 - Se o processo seguia em segredo de justiça porque apenas a revista Isto É teve acesso a estes documentos? Qual o processo de liberação a informação? Qual a autoridade que pode fazer isto?
2 - O processo relata investigações e apuração de provas. Ele constitui um documento preliminar a qualquer julgamento. Ou seja, nenhum juiz emitiu apreciação sobre os supostos fatos relatados. Porque Isto É dá um tom de verdade ao que ainda está ou será julgado.
3 - O que é texto do processo e o que é ilação da revista?
4 - Porque "Isto É" desprezou uma matéria tão imporatnte como a aceitação por uma Juiza do processo contra o senador Azeredo, de Minas Gerais.
5 - O que a foto do presidente Lula posta na repostagem tem a ver com a própria matéria, além de insinuar um constrangimento do presidente? A foto além de estar fora de contexto, foi maquiada ( o que é crime) dando um ar sombrio ao próprio presidente.

Dirigentes e militantes do PT que tenham se envolvido em qualquer ato de corrupção precisam ser investigados e punidos por suas práticas. Todavia não parece ser um sentimento de justiça que anima a revista Isto É, sim de puro revanchismo. Nossa democracia irá superar mais estes golpes contra a própria democracia. Enquanto isto este Blog irá publicar, todos os dias, até que tenham respostas, a perguntas acima elencadas.

Frederico Drummond
professor de filosofia

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Justiça de Minas aceita denúncia contra 11 acusados no mensalão; Azeredo responde a processo no STF

A juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Neide da Silva Martins, aceitou hoje (25) denúncia contra 11 dos 14 acusados de envolvimento no chamado “mensalão mineiro” - esquema de desvio de recursos públicos para a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo do Estado, em 1998. Eles vão responder na Justiça Estadual pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

O senador Eduardo Azeredo vai responder ao processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por ter prerrogativa de foro. Em maio do ano passado, o relator do caso na Corte, ministro Joaquim Barbosa, determinou que parlamentar respondesse aos crimes no Supremo.

Entre os citados estão o empresário Marcos Valério – apontado como articulador do esquema - e o ex-ministro de Relações Institucionais da Presidência da República Walfrido Mares Guia. A juíza rejeitou denúncia contra três acusados, alegando falta de elementos.
Fonte: Carolina Pimentel
Da Agência Brasil
Em Brasília

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quando o Orçamento Participativo é um engodo.

Quero voltar aqui à experiência do Orçamento Participativo no Brasil. E novamente faço a pergunta: porque em um município em que esta experiência avançou tanto como em Porto Alegre a OP não deixou raízes mais profundas? No período em que trabalhei na assessoria da Secretaria de Formação da CUT, no tempo do Altermir Tortelli, eu vi o entusiasmo no início da experiência caminhar pouco a pouco para um sentimento de que a OP estava se burocratizando. Nos últimos anos praticamente as reunião estavam esvaziadas. No lugar de uma plenária popular virou uma reunião de técnicos. Pior: algumas lideranças achavam mesmo que a OP estava sendo manipulada e tinha deixado de ser um instrumento da democracia direta. Ví isto acontecer também em Brasília. No período em que o governador Cristovam implantou a experiência eu residia no DF. Funcionou assim: cada super-quadra tinha que eleger um espécie de prefeito e constituir um espécie de assembléia permanente. A idéia era boa. Mas no fundo as reuniões ficaram parecendo cada vez mais com reunião de condomínio residencial, onde os participantes mostravam um sentimento de desalento e total falta de poder local.Creio que está ai a raiz do que precisa ser resolvido. O engajamento popular e sua participação efetiva em um modelo de democracia direta. A OP não pode ser plataforma para oportunismo eleitoreiro. Em Brasília mesmo vi ocorrer em determinadas super-quadras o controle da "assembléia" por algum liderança local, que passava a manipular aquele espaço como plataforma para uma futura candidatura. A experiência foi à falência. E continuará indo. Rosa Luxemburgo foi brilhante em suas análises sobre a participação popular na educação para a emancipação, mediante uma práxis efetivamente revolucionária. A experiência do Orçamento Participativo não é fácil. Todavia é um caminho. Mas um caminho que tem que ser trilhado por aqueles que são os beneficiários da própria emancipação, como nos dizia o grande educador Paulo Freire.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sem organização popular não existe democracia direta.

"AS LEIS NÃO BASTAM.
O LÍRIOS NÃO NASCEM DA LEI" (Drummond de Andrade - do poema Nosso Tempo)


Tenho convivido com todos os debates no interior do PT e organizações de matriz socialista e/ou de esquerda envolvendo a participação popular e a construção da democracia. E um dos temas mais prementes ao movimento popular em sua luta emancipatória é a organização da democracia direta. O PT, em seu último Congresso Nacional, colocou esta questão como prioritária. Em todos os debates um ponto nos parece claro: a democracia direta é resultado da organização popular e não pode ser construída por decreto, sob o risco de virar uma extensão burocrática do aparelho do Estado. Um bom exemplo deste movimento é o do Orçamento Participativo. Funcionou durante 8 anos em Porto Alegre, sob a coordenação do então prefeito Tarso Genro. Funcionou de uma forma mais precária em São Paulo, com Luiza Erundina, no Distrito Federal, com Cristovão Buarque e o mesmo parece ter acontecido em Belo Horizonte.
Mas porque não fincou raízes sólidas ainda? Em nossa avaliação antes ou em conjunto com o Orçamento Participativo é preciso aprofundar as práticas de democracia direta nas organizações populares. A base seria a constituição de bases populares organizadas a partir de grandes mobilizações locais e tendo como prática demandas concretas da população. Esta iniciativa dependente menos do aparelho do estado (nacional, estadual ou municipal) e mais da ação, por exemplo,dos sindicatos e das organizações econômicas criadas no âmbito da Economia Solidária (cooperativas populares legítimas). A economia solidária é um modo de produção não-capitalista. Na região do Quebec, no Canadá, os sindicatos (que apoiaram a criação da CUT) construiram organizações sólidas de cooperativismo legítimo, que hoje representam um terço do PIB nacional. Estas organizações (do Quebec) tem demonstrado grande disposição de apoio, com tecnologias de gestão apropriadas, às organizações nascente no Brasil.

Algumas reflexões sobre esta questão merecerem ser examinda, como a seguir:
Tarso Genro, um dos principais mentores da mais importante experiência de democracia direta do Brasil
– o Orçamento Participativo de Porto Alegre – esclarece, a esse respeito, que "dar força cogente ao controle público não-estatal significa aprofundar o regime democrático e dar conseqüência `a combinação da democracia representativa com a democracia direta, prevista no art. 1º , par. único , da própria Constituição. Esta combinação ‘civiliza’ o Estado, gerando um controle externo, capaz de limitar sua lógica corporativa, ou seu atrelamento a interesses puramente privados." (Genro e Genoino, l995).
Secundo, predomina amplamente no Brasil, no âmbito da democracia participativa, a sua
modalidade semi-indireta, como é o caso dos diferentes conselhos (de saúde, da criança e do adolescente, dos direitos humanos, etc). Nestes, com efeito, o cidadão não participa pessoalmente da gestão pública, ou de sua fiscalização, mas através de representantes da entidade que integra - os quais detêm, via de regra, mandato fixo.
Tertius, a representação de interesses, tão combatida por Bobbio, existe apenas em alguns colegiados. Predomina a presença de organizações da sociedade civil voltadas para o interesse público, cultivando, nesse processo, uma postura crítica em relação ao corporativismo.
No caso do Orçamento Participativo de Porto Alegre, a crítica ao corporativismo chega a se constituir no leitmotiv de Tarso Genro - exatamente o oposto do que temia Bobbio. Segundo Genro, ex-Prefeito da capital do Rio Grande do Sul, os oito anos de experiência do Orçamento Participativo levaram a comunidade a uma compreensão crescente do que "é preciso incorporar as suas reivindicações às lutas mais gerais do povo por transformações estruturais da sociedade brasileira". Nesse processo, as lideranças "passam a compreender não só os limites do poder público, como também a própria relatividade de suas necessidades, comparando-as com outras mais urgentes e importantes". Assim, a prática participativa se aperfeiçoa na medida em que "o que era carecimento, necessidade, demanda muda de qualidade mediante o processo participativo e adquire natureza política, fazendo do indivíduo um cidadão". (Genro e Souza, 1997: 50-51).
Por outro lado, por sua própria natureza, muitos órgãos semi-estatais que não se envolvem com a disputa pela apropriação do excedente, tais como Conselhos de Direitos Humanos, Tutelares, de Segurança, etc, vêm contribuindo decisivamente para a construção de um ethos voltado para o fortalecimento da res publica, tendo como fulcro questões de interesse universal e coletivo.
Mesmo os órgãos que definem e implementam políticas setoriais - onde a questão central é a de como repartir o fundo público - ainda que portadores de um certo viés corporativista, não são necessariamente dominados por ele. Na avaliação de Doimo, os Conselhos setoriais, vinculados à definição e implementação de políticas sociais, seriam até "alternativas deliberadamente formulados dentro do espírito ativo-propositivo, voltado a romper o corporativismo pontual das demandas locais e a instaurar perspectivas para toda a coletividade, através de políticas regulatórias" (Doimo, 1995, 215-126).

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Leonardo Boff - Gaia, um planeta globalizado, mas fragmentado.

Em 1992 conheci o professor Pierre Weill, com quem trabalhei durante 3 anos, na Universidade Holística Internacional da Paz - UNIPAZ. O professor Weill foi reconhecido como uma dos maiores conhecedores mundiais da abordagem holística como uma nova teoria do conhecimento e uma nova praxi. Em seus diversos escritos o professor era incansável em denunciar e responsabilizar a fragmentação de nossa visão do mundo como gerador da cegueira que nos impedia que perceber a ligação íntima entre todas as ciências, as artes e as experiências religiosas legítima. Dizia o professor, que os humanos ao não se reconhecerem como o próprio ambiente tendia a explorá-lo e esgotá-lo até a exaustão. É sobre isto que o teólogo Leonardo Boff nos fala. Confira:

O poeta Affonso Romano de Sant’Ana e o prêmio Nobel de literatura, o português José Saramago, fizeram da cegueira tema para críticas severas à sociedade atual, assentada sobre uma visão reducionista da realidade. Mostraram que há muitos presumidos videntes que são cegos e poucos cegos que são videntes.

Hoje propala-se pomposamente que vivemos sob a sociedade do conhecimento, uma espécie de nova era das luzes. Efetivamente assim é. Conhecemos cada vez mais sobre cada vez menos. O conhecimento especializado colonizou todas as áreas do saber. O saber de um ano é maior que todo saber acumulado dos últimos 40 mil anos. Se por um lado isso traz inegáveis benefícios, por outro, nos faz ignorantes sobre tantas dimensões, colocando-nos escamas sobre os olhos e assim impedindo-nos de ver a totalidade.

O que está em jogo hoje é a totalidade do destino humano e o futuro da biosfera. Objetivamente estamos pavimentando uma estrada que nos poderá conduzir ao abismo. Por que este fato brutal não está sendo visto pela maioria dos especialistas nem dos chefes de Estado nem da grande mídia que pretende projetar os cenários possíveis do futuro? Simplesmente porque, majoritariamente, se encontram enclausurados em seus saberes específicos nos quais são muito competentes mas que, por isso mesmo, se fazem cegos para os gritantes problemas globais.

Quais dos grandes centros de análise mundial dos anos 60 previram a mudança climática dos anos 90? Que analistas econômicos com prêmio Nobel, anteviram a crise econômico-financeira que devastou os países centrais em 2008? Todos eram eminentes especialistas no seu campo limitado, mas idiotizados nas questões fundamentais. Geralmente é assim: só vemos o que entendemos. Como os especialistas entendem apenas a mínima parte que estudam, acabam vendo apenas esta mínima parte, ficando cegos para o todo. Mudar este tipo de saber cartesiano desmontaria hábitos científicos consagrados e toda uma visão de mundo.

É ilusória a independência dos territórios da física, da química, da biologia, da mecânica quântica e de outros. Todos os territórios e seus saberes são interdependentes, uma função do todo. Desta percepção nasceu a ciência do sistema Terra. Dela se derivou a teoria Gaia que não é tema da New Age; mas, resultado de minuciosa observação científica. Ela oferece a base para políticas globais de controle do aquecimento da Terra que, para sobreviver, tende a reduzir a biosfera e até o número dos organismos vivos, não excluídos os seres humanos.

Emblemática foi a COP-15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague. Como a maioria na nossa cultura é refém do vezo da atomização dos saberes, o que predominou nos discursos dos chefes de Estado eram interesses parciais: taxas de carbono, níveis de aquecimento, cotas de investimento e outros dados parciais. A questão central era outra: que destino queremos para a totalidade que é a nossa Casa Comum? Que podemos fazer coletivamente para garantir as condições necessárias para Gaia continuar habitável por nós e por outros seres vivos?

Esses são problemas globais que transcendem nosso paradigma de conhecimento especializado. A vida não cabe numa fórmula, nem o cuidado numa equação de cálculo. Para captar esse todo precisa-se de uma leitura sistêmica junto com a razão cordial e compassiva, pois é esta razão que nos move à ação.

Temos que desenvolver urgentemente a capacidade de somar, de interagir, de religar, de repensar, de refazer o que foi desfeito e de inovar. Esse desafio se dirige a todos os especialistas para que se convençam de que a parte sem o todo não é parte. Da articulação de todos estes cacos de saber, redesenharemos o painel global da realidade a ser compreendida, amada e cuidada. Essa totalidade é o conteúdo principal da consciência planetária, esta sim, a era da luz maior que nos liberta da cegueira que nos aflige.

* Teólogo, filósofo e escritor

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Sete Lagoas se une para desenvolver o turismo"

Recebi o e-mail abaixo - Sete Lagoas se une para desenvolver o turismo - relatando um evento da maior importânica para o Turismo da cidade de Sete Lagoas. Confira:

Profissionais do ramo e gestores públicos discutem como fazer bons negócios tendo em vista campeonatos de futebol na Arena e projetos de preservação ambiental
Com incentivos governamentais e grandes eventos em vista, o setor de Turismo de Sete Lagoas planeja estratégias para desenvolver melhor o ramo. No próximo dia 25, o “I Encontro Comtur – Oportunidades do Cenário Turístico” abre as portas para empresários e gestores públicos organizarem o ramo. A reunião acontece às 9h, no auditório do Senac (Rua José Duarte de Paiva, 775).
Dentre as pautas, estão: inauguração da nova Arena do Jacaré (prevista para março), a escolha de Sete Lagoas pelo governo do estado como um dos 11 municípios Destinos Indutores de Turismo, o projeto de preservação e divulgação ambiental das grutas (Linha Lund). O encontro começa a discutir o Plano Municipal de Turismo, documento que regulamenta o setor e define prioridades na atuação. “Até hoje Sete Lagoas não tem um norte para o Turismo”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo e presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), Eder Bolson, sobre a necessidade de mudanças.
Entre os meses de abril e maio, o Comtur pretende realizar um seminário com empresários e sociedade para divulgação pública das ações. Antes do encontro, reuniões setoriais com cada componente da cadeia produtiva, como hoteleiros e taxistas, definirá o empenho necessário para as áreas. Com participação popular, a prefeitura e o Comtur planejam iniciar e finalizar este ano o Plano Municipal de Turismo, considerado um grande avanço para o desenvolvimento do ramo na cidade, na opinião do secretário Bolson. “Queremos sensibilizar a cadeia produtiva para as oportunidades que o turismo de Sete Lagoas já está proporcionando”, ressalta o secretário.

QUEM PARTICIPA

O I Encontro Comtur é aberto a empresários de hotelaria, bares, restaurantes, agências de viagem e transporte, atrativos turísticos, artesanato e comércio em geral. O evento é organizado pelo Conselho Municipal de Turismo (Comtur); prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo; Associação Comercial e Industrial de Sete Lagoas (Acisel); Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL); Circuito das Grutas; Faculdade Cenecista; Faculdades Promove; Sete Lagoas Turismo, Lazer e Cultura (Seltur); Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac); e Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm).

Atenciosamente,

Ivan Figueiredo - Assessoria de Comunicação

Prefeitura de Sete Lagoas

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

DESCOBERTA ARQUEOLÓGICA COLOCA SETE LAGOAS, MG, NA ROTA DO TURISMO DAS GRUTAS DE MINAS

No início deste ano, mais precisamente, no dia 3 de janeiro de 2010 o jornal "Correio Braziliense" publicou matéria assinada por Renato Alves dando o seguinte destaque:

O Homem de 11 mil anos
Descoberto há quase três décadas, um dos mais antigos fósseis humanos do país está enterrado em uma gruta de Sete Lagoas (MG). Projeto prevê o resgate do achado arqueológico

O texto completo desta matéria segua abaixo. Veja:

O interior de Minas Gerais guarda um tesouro arqueológico inexplorado. Trata-se de um fóssil humano, provavelmente com 11 mil anos. Ele está enterrado a 2m da superfície, próximo à Gruta Rei do Mato, em Sete Lagoas, a 600km de Brasília. Um dos mais antigos e raros exemplares dos primeiros habitantes do país agora tem chance de ser resgatado por meio da criação de um roteiro turístico que inclui os sítios arqueológicos próximos a Belo Horizonte. O projeto deve sair do papel neste ano e inclui escavações em território setelagoano, onde há ainda ossadas de animais pré-históricos.

Em importância arqueológica, o fóssil de Sete Lagoas é comparável a Luzia, o crânio de 11,5 mil anos, o mais antigo das Américas, encontrado em 1975. O crânio é um achado da missão arqueológica franco-brasileira chefiada pela francesa Annette Laming-Emperaire (1917-1977). Ele estava a 60km de Sete Lagoas, em uma gruta de Lagoa Santa, nos arredores da capital mineira. O crânio levantou dúvidas sobre a Teoria de Clóvis(1), pois pertence a uma mulher com características polinésias e negroides, indicando que deve ter havido alguma forma de povoamento vindo do Pacífico Sul ou da África.

Perto do aeroporto de Confins, a Lapa Vermelha, onde os arqueólogos encontraram Luzia há quase 35 anos, ficou famosa mundialmente pelos trabalhos do naturalista dinamarquês Peter Lund (1801-1880). Lá, ele descobriu, entre 1835 e 1845, milhares de fósseis de animais extintos, além de 31 crânios humanos em estado fóssil. %u201CO fóssil de Sete Lagoas deve ter de 10 mil a 11 mil anos, a mesma idade de Luzia ou desses crânios encontrados por Lund%u201D, explica Cástor Cartelle, professor e curador de paleontologia do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

Cartelle fez parte do grupo de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que, por meio de sondagens, descobriu o fóssil humano em Sete Lagoas no início da década de 1990. A equipe era chefiada pelo arqueólogo André Prous, que 20 anos antes havia participado da descoberta de Luzia. "Na Grutinha (a menos de 50m da entrada da Gruta Rei do Mato) de Sete Lagoas, identificamos um sepultamento, um enterramento humano. Mas nunca tivemos oportunidade de escavá-lo, por falta de recursos financeiros e de tempo", conta Cartelle, hoje com 71 anos.

Pinturas rupestres
Na mesma expedição em que identificaram o fóssil, os pesquisadores da UFMG encontraram pinturas rupestres na Grutinha. %u201CEssas pinturas são como mensagens diretas vindas daqueles primitivos habitantes que chegaram até nós%u201D, explica Cartelle. As interpretações que delas se fizeram eram as mais variadas: sinais descritivos, símbolos, batalhas, magia, lugares de pouso ou sepultamento. Enfim, registros dos primeiros habitantes da região.

Entusiasmados com a importância arqueológica dos achados, Cartelle e André Prous, na época, propuseram à Prefeitura de Sete Lagoas a criação de um museu de Ciências Naturais na cidade. No entanto, os políticos locais ignoraram o projeto. Vinte anos depois, os pesquisadores apostam em um projeto do governo mineiro para resgatar o fóssil de Sete Lagoas e preservar outros sítios arqueológicos do estado. A criação de espaços com as obras descobertas em escavações será um dos atrativos da Linha Lund, um dos roteiros do Circuito Turístico das Grutas de Minas Gerais.

Turismo e ciência
A Linha Lund, que integra o projeto Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata Atlântica do governo de Minas, busca proporcionar uma viagem ao conhecimento científico. Com 120km de extensão, a linha terá seu marco inicial no Museu de Ciências Naturais da PUC-MG, passando pelo Parque Estadual do Sumidouro, pelas grutas da Lapinha (Lagoa Santa) e Rei do Mato, e a chegada na Gruta de Maquiné (Cordisburgo).

Nesse percurso, o visitante terá a oportunidade de conhecer e se aprofundar sobre a importância científico-cultural da região de Lagoa Santa, rica em biodiversidade, em arqueologia, paleontologia e espeleologia. Com investimentos previstos de R$ 10 milhões, a Linha Lund deve ser implantada até o fim do ano que vem, com os receptivos turísticos das Grutas da Lapinha, Rei do Mato e Maquiné e o Museu dos Primeiros Americanos no Parque Estadual do Sumidouro.

1 - Ocupação da América
A Teoria de Clóvis é a mais aceita pelos cientistas para explicar a ocupação da América. A ideia central da teoria é que os primeiros americanos, vindos da Sibéria, tenham atravessado o Estreito de Bering e chegado ao Alasca há cerca de 11,5 mil anos. A travessia foi possível pois a Terra sofria efeitos da Última Glaciação e o rebaixamento dos oceanos criou um caminho entre a Europa e a América.

Vida dedicada à arqueologia

Nascido em Copenhague, na Dinamarca, Peter Wilhelm Lund viajou em 1825 para o Brasil, onde percorreu as então províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde coletou grande quantidade de material, que enviava para o Museu de História Natural da Dinamarca. Retornou à Europa em 1829 para atualizar os estudos de zoologia e botânica. Três anos depois, voltou definitivamente ao Brasil.

Ao lado do botânico Ludwig Riedel, viajou por Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Em Minas, estudou uma enormidade de fósseis encontrados nas cavernas próximas a Curvelo. Dedicou-se também às pesquisas arqueológicas. Estudou as montanhas da Serra do Espinhaço, recolheu material e remeteu-os para a Sociedade Real de Antiquários do Norte, em Copenhague.

Em 1842, já havia explorado mais de 200 cavernas na região e descrito 115 espécies de animais - entre eles o célebre tigre de dentes de sabre (Smilodon populator). Em 1843, encontrou na região vestígios de homens pré-históricos, cujos estudos definiram as características daquele que ficaria conhecido posteriormente

como o Homem de Lagoa Santa. Esta cidade, aliás, foi adotada como base de operações por Lund, por ser o centro de uma área repleta de cavernas.

Alegando falta de recursos, em 1845, Lund terminou repentinamente o trabalho nas cavernas, empacotando e doando a vasta coleção, com 20 mil itens, ao rei Cristiano VIII da Dinamarca. Devido à sua saúde frágil, resolveu não voltar à Europa, permanecendo em Lagoa Santa até a morte.


Visitação pública
Gruta Rei do Mato e Grutinha

Diferentemente do fóssil humano, as pinturas rupestres da Grutinha podem ser vistas por qualquer um. Basta parar o carro ou descer do ônibus na BR-040 (Brasília-Rio de Janeiro), em frente ao trevo de acesso a Sete Lagoas, onde fica a entrada da Gruta Rio do Mato, aberta diariamente, das 8h às 17h, com ingresso a R$ 10. O acesso à Grutinha é gratuito.

ROTEIRO PARA O EMPREENDEDORISMO SOLIDÁRIO

Os valores dos consumidores estão mudando em todo o mundo, e isso tem se refletido em seu comportamento diante dos produtos, das marcas e das empresas. “Há uma nova tendência, e espero que não seja passageira: as causas sociais são a nova forma de status”, declara Mitch Markson, diretor global de Criatividade e Consumo da agência de Relações Públicas Edelman.
Markson fez essa afirmação durante a apresentação, em São Paulo, da terceira edição da pesquisa Good Purpose, realizada pela Edelman em dez países (Alemanha, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Inglaterra, Itália e Japão). O estudo é realizado anualmente com o objetivo de saber como as ações de responsabilidade social e ambiental afetam os negócios das empresas. A pesquisa ouviu cerca de 6000 pessoas entre 18 e 64 anos - consumidores comuns, e não líderes de opinião.
Uma das mudanças de valores mais significativas é que encontrar felicidade em consumir parece fazer parte do passado. “Agora, mais é menos”, diz Markson, baseado nos dados da pesquisa. “Apenas 16% dos consumidores ouvidos neste ano disseram encontrar satisfação em fazer compras. No ano passado, eram 25%. Entre os consumidores brasileiros, a diferença é ainda maior: 29% disseram encontrar satisfação em ir às compras em 2008, enquanto este ano foram apenas 14%”, revela Markson.

Causas sociais e ambientais motivam o consumidor

Entre as maiores preocupações dos consumidores, tanto no Brasil quanto no mundo, estão: proteger o meio ambiente, aumentar a qualidade dos serviços de saúde, reduzir a pobreza, amenizar a fome e a falta de moradia e que todos tenham oportunidades iguais na educação.

Muitos dados da pesquisa mostram que os consumidores reconhecem as boas causas e estão dispostos a apoiar as marcas e empresas que as praticam. Eis a síntese de alguns números, que revelam duas tendências: as porcentagens de resposta positiva são invariavelmente superiores às do ano passado, e os índices brasileiros são sempre mais altos que a média mundial:

81% dos consumidores brasileiros recomendariam uma marca que apóia uma boa causa (média mundial: 64%).
82% dos consumidores brasileiros ajudariam uma marca a promover seus produtos se houvesse uma boa causa por trás deles (média mundial: 59%).
Entre dois produtos com preço e qualidade semelhantes, 71% dos consumidores brasileiros escolhem um deles pela causa social (média mundial: 43%). O segundo fator que pesa na escolha, no Brasil, é design e inovação, com 18% (média mundial: 34%).
75% dos consumidores brasileiros disseram ter comprado, no último ano, um produto de uma marca que apóia uma boa causa, mesmo que não fosse o mais barato (média mundial: 61%)
Se o preço não fosse um fator determinante, 80% dos consumidores brasileiros prefeririam um carro híbrido, e apenas 20%, um carro de luxo (médias mundiais: 67% e 33%, respectivamente); 79% iriam preferir uma casa ambientalmente correta, e 21%, uma casa grande (médias mundiais: 70% e 30%, respectivamente).
76% dos brasileiros têm uma opinião melhor sobre empresas que integram as boas causas aos seus negócios, independentemente dos motivos pelos quais o fazem (média mundial: 59%).
89% dos consumidores brasileiros dizem esperar que as marcas façam algo para apoiar uma boa causa (média mundial: 64%)
75% dos brasileiros procuram marcas que façam mais do que apenas oferecer um bom produto ou serviço (média mundial: 58%)
86% dos consumidores brasileiros querem que as marcas os ajudem a fazer uma diferença positiva no mundo (média mundial: 63%).
83% dos brasileiros mudariam de marca se outra marca, de qualidade semelhante, apoiasse uma boa causa (média mundial: 67%)
67% das pessoas no Brasil conhecem marcas que apóiam boas causas por meio de seus produtos e serviços. Em 2008, esse número era de 50%
De acordo com Mitch Markson, os brasileiros revelaram-se os mais otimistas e os que demonstraram mais compaixão entre os consumidores ouvidos na pesquisa; os japoneses foram os mais céticos. No Brasil, 64% disseram estar pessoalmente envolvidos no apoio a uma boa causa, enquanto a média mundial foi 52%.

Um número tão acima da média talvez seja explicado pelo conceito abrangente de “boa causa” compreendido pelos brasileiros, segundo Letícia Lyra, diretora de Consumo e Saúde da Edelman Brasil. “Os brasileiros consideram como envolvimento em boas causas não só ações como trabalho voluntário, mas até a doação de dinheiro ou de uma cesta básica”, afirma Letícia. “Mas, os dados mostram que os brasileiros têm vontade de se engajar em alguma causa, e comprar um produto que apóie uma causa social talvez seja reflexo disso.”

Eles falam, mas eles fazem?

Índices tão altos de sensibilidade a causas sociais e ambientais, tanto no Brasil como no mundo, geram uma dúvida: os consumidores não estariam simplesmente declarando os valores em que acreditam, e não seu comportamento? Em outras palavras, disseram o que gostariam de fazer quando vão às compras, e não o que realmente fazem? Muitas pesquisas sobre o comportamento do consumidor, como algumas do Instituto Akatu, mostram que existe essa distância entre falar e fazer. Além disso, há pouca informação disponível ao consumidor sobre os atributos de sustentabilidade dos produtos, mostrando quais seus impactos sociais e ambientais positivos, tornando difícil transformar a intenção em atitude.

Para Mitch Markson, esses índices altos devem ser compreendidos como uma “janela”. “Certamente há uma porcentagem dessas pessoas que falam, mas não fazem”, acredita. “Mesmo assim, esses índices são bastante significativos.” Um dos dados da pesquisa Good Purpose mostra que pelo menos a preocupação com os temas da sustentabilidade já chegou ao cotidiano das pessoas. No Brasil, 78% declararam sentir que está se tornando cada vez mais inaceitável, em sua comunidade, não se esforçar para mostrar preocupação com o meio ambiente ou para ter um estilo de vida mais saudável.

Em relação à falta de informações sobre os produtos, Markson ressalta que ela é real, mas não determinante: “para apoiar as boas causas sociais e ambientais, o consumidor faz sua escolha baseado na marca, e não no produto”. Ele destaca, entretanto, que há uma enorme oportunidade para que as informações sobre os impactos sociais e ambientais do produto sejam destacados. “Os consumidores têm de ser lembrados o tempo todo sobre os atributos do produto, desde a publicidade até o ponto de venda. Dessa forma, podem ter mais ação na hora da compra, transformando valores em atitude”, acredita Markson.

A nova era da Responsabilidade Social Mútua

Diante da postura dos consumidores revelada pela Good Purpose 2009, Mitch Markson avalia que a grande pergunta para as empresas é: “como dar mais sentido à experiência de compra?” Uma das conclusões da pesquisa é que o consumidor espera que as marcas tenham um papel cada vez maior no envolvimento com questões sociais e que as empresas dêem cada vez mais atenção tanto aos seus negócios como às necessidades da sociedade.

Markson acredita que a Responsabilidade Social Empresarial deve agora se tornar a Responsabilidade Social Mútua. “No passado, a Responsabilidade Social Empresarial dizia como as empresas tinham de fazer o bem. Agora, a Responsabilidade Social Mútua é sobre o que podemos fazer juntos - empresas, marcas, consumidores, governos”, explica. “Não se trata de assinar um cheque, mas de ter um compromisso permanente e sustentável transformando-se em uma relação entre empresas e consumidores.”

Além de assumir esses compromissos, as empresas devem contar isso ao consumidor: 81% dos brasileiros não vêem problema se as empresas fizerem propaganda de suas causas sociais. “Mas, as empresas devem compartilhar o que estão fazendo, e não se gabar”, enfatiza Markson. “Se fizerem isso de maneira sustentável, terão a aprovação dos consumidores. Se fizerem apenas por ‘marketing verde’, não terão".


Fonte:http://mercadoetico.terra.com.br/

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

'Era Lula' foi a melhor fase da economia brasileira dos últimos 30 anos, diz FGV

O período de junho de 2003 a julho de 2008 foi a fase de maior expansão para a economia brasileira das últimas três décadas, indica estudo divulgado nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Nesses cinco anos, a indústria se expandiu, as vendas do comércio registraram alta e a geração de emprego e renda cresceram.
A análise foi realizada pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, coordenado pelo ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, e teve participação de mais seis economistas.
Segundo o estudo, que considerou dados a partir de 1980, o bom desempenho da economia começou seis meses após a posse do presidente Lula e se prolongou por 61 meses. O segundo melhor período foi entre fevereiro de 1987 e outubro de 1988, na gestão do ex-presidente José Sarney.
O menor período recessivo, de acordo com o levantamento, foi também no governo atual e durou seis meses: de junho de 2008 a janeiro de 2009, quando o país conviveu com a recessão. Mesmo sendo menos afetado do que outros países, o Brasil sofreu nesse período reflexos da crise financeira internacional.
O maior intervalo de baixo desempenho, classificado de recessivo, por se estender por meses seguidos, ocorreu entre junho de 1989 e dezembro de 1991, prolongando-se até janeiro de 1992, num total de 30 meses. Essa fase crítica começou em meio à campanha pela primeira eleição direta para a Presidência da República depois do regime militar (1964-1985).
De acordo com o estudo, nas três décadas analisadas, o Brasil passou por oito ciclos de negócios entre intervalos de fases boas e ruins. Os períodos recessivos duraram, em média, 15,8 meses e os de expansão, 28,7 meses.


Fonte: Da Agência Brasil

José Roberto Arruda, eleito pelo partido Democratas, teve a prisão decretada pelo STJ.

Dia após dia a democracia fortalece suas instituições, demonstrando uma nova era da história da repúplica brasileira: após a descoberta, pela polícia federal, do envolvimento do governador José Roberto Arruda (eleito pelo partido Democratas) em práticas de um esquema de corrupção, foi decretada sua prisão pelo STJ, como noticiou a agência Estado:

BRASÍLIA - O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Fernando Gonçalves, concordou com o pedido do Ministério Publico para a decretação da prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de tentar corromper testemunhas e obstruir a Justiça no processo que investiga esquema de corrupção desmantelado pela operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. Gonçalves convocou a Corte Especial do STJ para referendar o decreto da prisão do governador.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Jobim anuncia exoneração de general após declaração sobre plano de direitos humanos.

O ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou nesta quarta-feira a exoneração do general da ativa Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército.
Santa Rosa, segundo reportagem publicada hoje pela Folha, afirmou que a comissão da verdade, criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), seria formada por "fanáticos" e viraria uma "comissão da calúnia".
O ministro não apresentou justificativa para a exoneração do general, apenas confirmou sua saída do cargo. "Acabei de encaminhar ao presidente da República a exoneração do chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército. Ele está à disposição do comando do Exército. O assunto está absolutamente encerrado."
Segundo a reportagem, Santa Rosa, que é general de quatro estrelas (maior patente militar) e parte do Alto Comando do Exército, disse que os integrantes da comissão seriam os "mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder".
Na nota que circula na internet, ele diz: "Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A história da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada [1420-1498] viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar 30 mil vítimas por ano".
Consultado pela Folha, o Comando do Exército disse que o texto do general é uma "carta pessoal a um amigo" e não traduz a posição da Força, pois quem fala pelo Exército é o comandante, general Enzo Martins Peri.
A reportagem está tentando contato com o Exército para comentar a decisão de Jobim.


Fonte:MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Europa tem um papel indispensável na construção das alternativas. Mas será capaz de trocar a segurança pela ousadia? Quarta Hipótese

Uma das características mais marcantes da cultura política que se articula nos Fóruns Sociais Mundiais (FSMs) é a aposta no multiprotagonismo. Ao contrário do que ocorria em períodos anteriores, não há sujeitos sociais – classes, sensibilidades políticas ou regiões do mundo – vistos como mais importantes ou estratégicos que outros.

Apesar de sua heterogenidade evidente, a Europa expressa um conjunto de tradições que serão provavelmente indispensáveis na construção das novas alternativas. As revoluções que marcaram os séculos 18 a 20 inspiram o desejo de revirar de alto a baixa ordens sociais injustas – ainda que nosso objetivo não seja mais, hoje, a “conquista” do poder. O welfare state, mesmo sem questionar a essência das relações capitalistas, revela a possibilidade de reduzir a desigualdade e construir serviços públicos excelentes. Mais recentemente, há maio de 1968 e sua crítica radical a todas as estruturas de submissão social. Retomada depois no movimento pacifista dos anos 1980 e no associativismo europeu do final do século passado, ela é certamente uma das fontes principais em que o FSM e o altermundismo beberam.

Visto de fora e de longe, porém, o continente dá hoje a impressão de estar distante destas tradições. Parece inseguro e intimidado, diante emergência, na cena mundial, de novos atores — que enxerga como interessados em roubar seu espaço. Refugia-se nas vitórias do passado: o poderio econômico, o padrão de vida e consumo, a estabilidade e conquistas sociais que restaram dos “anos gloriosos”. Nos últimos anos, a própria União Européia – que, apesar de suas contradições despontava como um ator ambicioso nas relações internacionais – refluiu e passou a se debater em crises internas.

Esta dificuldade de buscar o novo contagia os a sociedade civil, os movimentos sociais e a esquerda institucional. É temerário divisar, no panorama do Velho Continente hoje, um movimento que possa cumprir o papel dos camponeses bolivianos ou indianos; uma ação operária inovadora como as ocupações de fábricas na Argentina; um processo de afirmação social parecido ao dos imigrantes nos Estados Unidos ou jovens das periferias do Brasil. No vácuo aberto por esta paralisia, o que tem se afirmado são as tendências mais retrógradas. Vitórias dos partidos de direita em quase toda parte; afirmação de lideranças grotescas, como Berlusconi; avanço da xenofobia.

As visões estrangeiras têm sempre o risco da superficialidade. Mas o papel que a Europa pode cumprir na construção das alternativas requer tal diálogo. Por isso, este texto se fecha com duas opiniões telegráficas, de quem muito espera dos europeus

A primeira é em favor de uma abertura aos imigrantes. A Europa foi capaz de atrair, para seu território, uma diversidade étnica e cultural incomparável, expressão de uma riqueza de conhecimentos, experiências e técnicas sociais talvez nunca antes reunida. Mas esta potência formidável é desperdiçada, porque os imigrantes são vistos apenas como braços para o trabalho rude e fontes de problemas. Livrá-lo das humilhações e perseguições que os constrangem seria suficiente para trazer à tona uma vibração cultural de enorme poder renovador, hoje sufocada. Os europeus sabem disso: em países como os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina, sua presença em outros tempos, na condição de emigrados, foi decisiva para transformar muito positivamente os costumes, a cultura, as próprias lutas sociais.

A segundo palpite é, como receita contra o pessimismo, um Velho Continente menos… eurocentrado. Os europeus têm toda razão de se orgulhar das conquistas políticas da modernidade. Graças a suas lutas, surgiram e se consolidaram instituições que tornaram as sociedades humanas mais justas e livres, nos últimos séculos. Entre muitas outras, a democracia contemporânea, a liberdade de imprensa, o voto universal, a representação por meio de partidos políticos, a separação entre os poderes, a laicidade.

Mas que fazer se mudanças sociais profundas estão corroendo a eficácia de algumas destas instituições, esvaziando seu sentido, tornando-as inócuas? E se, além disso, estão surgindo – inclusive em outras partes do mundo — formas políticas novas para restabelecer e aprofundar os mesmos princípios emancipadores que animaram os desbravadores da Renascença, os filósofos do Iluminismo ou os teóricos do Socialismo?

Fechar os olhos a estas inovações e lastimar a realidade – porque elas não correspondem às fórmulas previstas pelos grandes sábios europeus?

Uma atitude alternativa, construída a partir de outras tradições européias, poderia ser descrita reunindo dois dos célebre slogans estampados nas barricadas de Paris, em maio de 1968. Um deles provoca os que perderam a esperança: “O tédio e contra-revolucionário”. O outro sugere um sentido e uma urgência para a ação: “Corra, companheiro, o velho mundo está atrás de você”…

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Pós-capitalismo e o Espaço para uma nova hegemonia: 3 Hipótese

Muitas vezes a didática nos obriga a ser repetitivo, então vamos lá: tenho dito que nenhum modo de produção é monolítico, mas genemônico. Não sendo monolítico todos também possuem fissuras. São estas fissuras as janelas para um outro modo de produção. Esta é a natureza da dialélica. A geração dos pensadores e ativistas da minha geração - anos 60/70 - acostumou-se com idéia que os processos revolucionários são constitutidos de embates físicos. Uma visão sistêmica e dialética da história nos mostra que isto é uma grande tolice. Rosa Luxemburgo já sabia disto nos idos dos anos de 1920. É preciso rever seus escritos. É nesta linha que apresentamos a Terceira Hipótese, como a seguir:

A janela de oportunidades aberta pela crise não se fechou. Mas para aproveitá-la, é preciso um novo gênero de alternativas

A difusão dos valores e lógicas pós-capitalistas está criando rapidamente condições para um passo adiante. Já é possível antever o momento em que será possível pensar em políticas contra-hegemônicas. Elas disputarão espaço com as atuais. Estarão apoiadas nas relações sociais de colaboração que se expandem e serão favorecidas pelos desarranjos na ordem internacional em vigor.

Formular estas alternativas, porém, requer um grande esforço político e teórico. Porque elas diferem tanto das estratégias de tipo leninista (cujo objetivo essencial era enfraquecer a classe adversária e criar condições mais favoráveis à conquista do poder de Estado) quanto das social-democratas (que não questionavam a natureza das relações capitalistas).

O sentido das novas alternativas deve ser abrir espaço para a multiplicação das relações sociais de sentido pós-capitalista, mesmo enquanto as lógicas “de mercado” ainda predominam. Isso pode ser feito por três caminhos, entre outros.

A) Desmercantilizar aspectos importantes da vida social instituindo, em substituição às leis do lucro, as dos direitos. O acesso à terra e à água; à saúde e educação de qualidade; aos bens culturais e artísticos ou à vida em cidades humanizadas devem ser assegurados a todos os seres humanos do planeta, independentemente de contrapartida monetária. A decisão de instalar um aqueduto ou uma rede de acesso rápido à internet, numa aldeia africana ou num vilarejo pobre do Brasil, não pode estar subordinada ao poder aquisitivo da população local. Trata-se de bens indispensáveis a uma vida contemporânea digna. As sociedades devem assegurá-los por meio de medidas redistributivas – inclusive impostos internacionais.

Este processo não deve ser visto como meio para “inclusão” de todos nas relações capitalistas — mas como substituição destas por outras, de natureza mais avançada. Por isso, não se trata de desmercantilizar apenas as atividades pelas quais o capital pouco se interessa (por agregarem pouco valor de troca) e sim as que expressam as tendências sociais e culturais mais recentes. Capacitar-se a produzir conteúdos para as novas mídias ou ter acesso a um tratamento genético de última geração devem ser considerados direitos humanos.

A generalização progressiva de uma renda cidadã, inclusive em escala planetária, é peça fundamental desta estratégia. Ela cria alternativas à mercantilização do trabalho – uma das engrenagens principais para promover a acumulação de riquezas e a submissão social no capitalismo. Significa que ninguém será obrigado a assalariar-se, para viver com dignidade. Viabiliza, como forma substituta de organizar a produção, as redes ultra-eficazes de trabalho colaborativo, que serão tratadas no tópico a seguir.

Além disso, está se tornando econômica e politicamente possível. Os cerca de 5 trilhões de dólares usados pelos bancos centrais para salvar instituições financeiras atingidas pela crise seriam suficiente para assegurar, durante um ano, cerca de 2 dólares por dia, a cada habitante do planeta. Segundo as Nações Unidas, metade da população mundial sobrevive com uma renda inferior a esta.

B) Favorecer a expansão as relações de produção colaborativas. A hegemonia das relações capitalistas jamais foi capaz de eliminar por completo as relações de trabalho não-mercantis – expressas, por exemplo, nas cooperativas operárias ou na chamada “economia da doação” (“gifty economy”). A novidade recente é que estas relações já não se limitam às margens da produção de bens e serviços. A internet e a possibilidade de produzir à distância estão multiplicando as redes mundiais de trabalho e colaboração. Elas viabilizaram o surgimento do Linux e estão por trás de todas as ferramentas mais inovadoras e atraentes da web: o Google, o Facebook, o Mozilla e o Open Office, entre outros. Introduziram um sistema de troca de bens artísticos que está corroendo as bases da indústria cultural – e estabelecendo padrões inéditos de acesso à música, ao cinema ou às notícias… Desafiaram com sucesso, em diversos países e oportunidades, o controle político antes exercido pela mídia de mercado, ao permitir a circulação de informações e análises antes omitidas.

Tais redes desafiam dois dogmas cruciais do capitalismo. Elas mostram que o trabalho colaborativo pode ser altamente eficaz: a Microsoft está sendo suplantada em vastos terrenos da informática e da internet porque desconfiou desta potência, e apostou na força do trabalho mercantil e comandado hierarquicamente. Elas também revelam que a defesa dos interesses egoístas não é a única, nem a mais importante, motivação dos seres humanos para a produção social. Ao criar e disponibilizar um plugin ou um gadget para o Facebook ou o Google Waves, um jovem desenvolvedor não se move principalmente pelo dinheiro, mas pelo desafio intelectual de resolver problemas relevantes para os quais ainda não há solução.

Um dos temas centrais de uma política pós-capitalista deve ser a busca de meios que consolidem e multipliquem as redes de trabalho e colaboração. É preciso, por exemplo, reformular por completo as leis atuais de “proteção” às patentes, à propriedade intelectual e aos direitos autorais. Caso caricatural de anacronismo, elas restringem o que deveriam promover: a circulação mais livre e ampla possível dos produtos intelectuais da humanidade. Como alternativa, precisam surgir formas não-mercantis de remunerar, com recursos públicos, o esforço de um desenvolvedor de software, de um criador de música ou de produtor de notícias que trabalha em rede. Não se trata de algo utópico, mas simplemente de generalizar para outras atividades produtivas o sistema de redistribuição que tornou possíveis, há séculos, por exemplo, as universidades públicas…

C) Criar as bases de uma nova democracia, em rede e pós-representativa. Se os sistemas políticos estão em crise em todo o mundo, é preciso buscar, para este fenômeno, causas globais. Elas estão provavelmente relacionadas ao esvaziamento da democracia representativa. As enormes novidades econômicas dos últimos trinta anos deram-se num ambiente ideológico que valorizava os mercados, não as decisões conscientes . A globalização transferiu parte importante das decisões que afetam as sociedades para uma esfera internacional colonizada pelo capital, e “livre” de qualquer respeito à democracia. O agigantamento e a desterritorialização dos mercados financeiros criaram um poder sem controle – e capaz de impor sua vontade aos Estados. Surgiu criminalidade internacional — que se beneficia do fluxo sem controle de capitais, tem enormes somas de dinheiro disponível e interesse concreto em estar presente nos palcos institucionais. Todos estes fatores fizeram dos parlamentos e das eleições – as peças fundamentais da democracia representativa – algo próximo a um simulacro, que desperta entre as sociedades algo entre a apatia e a repulsa.

A resposta do pós-capitalismo, porém, não pode ser uma batalha (de antemão perdida) para restaurar as velhas instituições. Precisa estar conectada com o novo. A ideia de que política é um conjunto de ações, desejos, opções e responsabilidades que se pratica todos os dias – ao invés de se transferir, a cada quatro anos a nossos “representantes”. A noção de que o Estado é importante, como espaço público em que se legitima e consolida parte dos direitos conquistados – mas nada substitui a sociedade como locus onde se criam, experimentam e aperfeiçoam novas relações.

A proposta de criar democracias de alta intensidade, nas quais as populações, ao invés de simplesmente eleger representantes, possam examinar, refletir e agir sobre aspectos relevantes da vida coletiva, hoje neglicenciados pelas instituições. Reverter os processos de alienação, que nos impedem de refletir sobre o que produzimos e levam a enxergar o inaceitável como “natural”. Mapear coletivamente, por exemplo, as emissões de CO2 de uma determinada região e discutir as maneiras de reduzi-las. No plano nacional, transferir para instrumentos de democracia direta, com uso de comunicação em rede, um conjunto cada vez mais amplo de questões. Se os bancos espalham terminais remotos para que os clientes operem diretamente suas contas bancárias; e se a TV usa o telefone e a internet para que os espectadores decidam os rumos dos reality shows, por que as instituições não podem consultar os cidadãos sobre os principais projetos de lei que alterarão sua vida?

Como, porém, promover reformas políticas, se elas precisam ser aprovadas pelos que se beneficiam do atual sistema? Aqui, é preciso usar criatividade e rejeitar as soluções únicas. Embora refiram-se a situações muito particulares, experiências como as da Bolívia e Equador, que reorganizaram seu sistema político com ampla participação popular em Assembléias Constituintes merecem ser analisadas.

É provável, porém, que na maioria dos países as instituições “democráticas”, embora esvaziadas, sejam mais estáveis. Nestes casos, a invenção política pode originar inovações que servem de aprendizado e se reproduzem pela força do exemplo. Em diversos países da Europa, os poderes locais têm autoridade relevante e, em muitos casos, são dirigidos por governantes abertos à democracia. Por que não estimulá-los a lançar, por exemplo, experiências de “Orçamento Participativo 2.0”, em que os cidadãos são chamadas a decidir permanentemente, via internet e ou em reuniões presenciais, sobre prioridades e alocação de recursos?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O pós-capitalismo atual não se constroi principalmente no Estado, mas nas relações quotidianas.

Esta constitui a hipótese 2.

Já a algum tempo temos discutido as possibilidades da economia solidária, da ação (e poder) local, do poder das organizações não governamentais locais, da estrutura em rede, viabilizada por tecnologias como a Internet, da agricultura familiar, da empresa de pequeno porte familiar urbana. Estas são apenas algumas referências de algo que já está acontecendo como uma revolução estrutural e não apenas compensatória. Acompanhe:

No cálculo político dos que apostaram na possibilidade de um colapso do capitalismo, faltou sempre um elemento essencial: no lugar deste sistema, o quê? Um conjunto tão vasto e complexo de relações sociais pode simplesmente desaparecer, sem algo que as substitua – e sem que a inércia as recomponha?

Na raiz destas questões, há dois fenômenos político-teóricos, de caráter distinto. O primeiro é o fracasso simultâneo da socialismo leninista e da social-democracia – as duas tradições em que bifurcou, no século 20, o pensamento anticapitalista predominante (o anarquismo inviabilizou-se antes). Esta derrota tem sentido histórico positivo (por abrir caminho para uma crítica muito mais profunda às sociedades “de mercado”), mas produz, por enquanto, uma enorme lacuna. Provisoriamente, não há alternativa sistêmica ao capitalismo. Nesta fase, o desejo de virar a página precisa, portanto, materializar-se em ambições políticas de outra natureza – ainda que de mesma intensidade… É decisivo, por exemplo, alimentar as formas de resistência e alternativa que se desenvolvem no interior das relações capitalistas – um exemplo clássico é a economia solidária.

O segundo fenômeno é uma descoberta política. Uma das marcas da pós-modernidade é a difusão do capitalismo. Ele já não concentra a extração de valor na fábrica, nem o exercício de poder no Estado. Procura associar-se à própria vida – daí o termo biopoder, criado por Michel Foucault e aprofundado por Toni Negri.

Mas disso decorre um avesso. Também o pós-capitalismo pode ser tramado nas relações quotidianas – não apenas a partir do Estado e da fábrica. Os modelos de produção e criação colaborativa, nos quais não há apropriação privada dos saberes, estão conquistando terreno em pontos cada vez mais próximos aos centros mais dinâmicos da vida econômica e social: a informática e a antiga “indústria cultural”, por exemplo. Poucos anos após o surgimento dos blogs, o antigo oligopólio da mídia entrou em crise e está abrindo espaço para um novo paradigma, que pode dar a todo ser humano o direito de participar das narrativas sociais do presente.

Quem continuar concebendo a transformação social como um processo que começa com a tomada do poder será, contudo, incapaz de levar estes movimentos em conta – ou de perceber sua relevância e ajudar a aprofundá-los. O raiz do pessimismo não estará, portanto, nos fatos – mas na falta de olhos para enxergá-los…

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O capitalismo está mais débil: primeira hipótese.

No dia 29 de janeiro passado postamos a introdução de um artigo de Antonio Martins, intitulado "Da grande implosão às alternativas – Quatro hípoteses provocadoras". A partir de hoje passamos a publicar os textos de cada uma destas hipótes. Na sequência iremos promover um debate sobre as questões abordadas. O desafio, como bem lembra Antonio Martins, é trabalhar os novos referencias conceituais de superação dos estrangulamentos que nos conduziu o capitalismo. Para facilitar a leitura e o debate postaremos cada hipótese em dias distintos. Lembrete: o fórum de reflexões dos pontos aqui levantados é constituído pela turma de pós graduação em Economia e Meio Ambiente da Universidade Federal do Paraná.

Eis a primeira das quatro hipóteses:

1. O capitalismo está mais débil. A volta de medidas regulatórias contradiz a mercantilização. E surgiram, na arena política e geopolítica, novidades que perturbam o sistema

A tese central dos que sustentam o pessimismo diante da crise é a recomposição relativamente rápida da economia mundial. Ela se deu sem que tenha havido mudanças produndas – e com expressiva socialização das perdas. Este argumento, verdadeiro, esconde três tendência menos estrepitosas, porém provavelmente mais profundas. Primeira: estão voltando, de forma crescente e generalizada, as medidas que limitam a liberdade dos capitais. Nas finanças e no comércio internacional, multiplicam-se os atos de regulação dos governos. Em diversos países, rearticulam-se a noção, os mecanismos e os órgãos encarregados do planejamento. Estas ações eram anátemas até há pouco, por um um motivo claro. O campo privilegiado de expansão do capital, desde o início dos anos 1980 é a mercantilização da vida. Do uso do sistema telefônico à manipulação do genoma, todas as relações sociais precisam converter-se num território “livre” de qualquer regulação consciente – submetido, portanto, apenas à lógica dos mercados.

A reversão atual não resultou de um giro estratégico: respondeu a uma emergência. Ela não inviabiliza, é evidente, o capitalismo; mas corta sua rota atual de expansão e – segunda tendência – introduz no cenário político um elemento de liberdade: os mesmos Estados que hoje salvam bancos podem instituir amanhã a renda cidadã, ou universalizar o direito à Saúde. Antes da crise, a eleição nos Estados Unidos de um presidente disposto a lutar por uma política redistributiva no Healt Care seria inimaginável. Obama pode até perder sua batalha, mas neste exemplo estão a novidade e o sentido do novo cenário político.

A terceira tendência é o desarranjo de um cenário geopolítico que dividia o mundo entre centro e periferia. Embora também não seja indispensável para a manutenção das sociedades “de mercado”, esta divisão mostrou-se extremamente funcional. Ela poderá sofrer, nas próximas décadas, uma mutação de dimensões não vistas desde que as navegações – e depois a indústria – colocaram a Europa no centro do planeta. Os sobressaltos que esta transição produzirá nas relações mundiais de poder são desconhecidos – e precisam ser examinados e explorados com perspicácia, por quem pretenda superar o capitalismo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Presidente do Vox Populi fala do quadro eleitoral que aponta o crescimento da Dilma

Janeiro terminou cheio de boas notícias para Lula, pensando no seu projeto principal, aquele ao qual dedica seu melhor esforço: dar a vitória a Dilma em outubro.
Nas duas pesquisas nacionais divulgadas nos últimos dias, os resultados são-lhe todos favoráveis: sua popularidade subiu, sua candidata melhorou, o principal adversário parou ou retrocedeu um pouco, aumentou a tendência à polarização.
A primeira foi feita pela Vox Populi entre os dias 14 e 26 e a segunda pela Sensus, entre os dias 25 e 29, as duas em janeiro. Nelas, não há nenhum resultado que surpreenda pelo ineditismo, tudo sendo coerente com o panorama que outras pesquisas, feitas no correr de 2009, já apontavam.
Elas apenas mostram que a passagem do tempo está contribuindo para provocar a situação desejada pelo presidente.
Ambas testaram duas hipóteses nas perguntas de intenção estimulada de voto, uma com e outra sem o nome de Ciro Gomes. Nos dados da Vox, Serra continua liderando, mas com vantagem significativamente menor.
Com Ciro na lista, Serra tem 34% e Dilma 27%, ele 11% e Marina 6%. Sem, Serra sobe para 38%, Dilma fica com 29% e Marina com 8%. Na Sensus, Serra teria 33% e Dilma 28%, ficando Ciro com 12% e Marina com 7%. No outro cenário, Serra 41%, Dilma 28% e Marina 10%.
Olhando para o que tínhamos há alguns meses, as mudanças são grandes. Não faz muito tempo, Serra reunia, sozinho, intenções suficientes para vencer a eleição em primeiro turno, ao fazer mais que a soma de seus oponentes.
Nessas pesquisas, mesmo no cenário sem Ciro, a possibilidade parece remota.
A dianteira de Serra sobre Dilma foi o que mais mudou. Na pesquisa anterior da Vox, feita em meados de dezembro, sua vantagem passava de 20 pontos percentuais, que se reduziram a 7% ou 9% agora.
Algo parecido acontece nos dados da Sensus, embora sua pesquisa anterior seja de novembro: a diferença entre os dois iria de 5%, com Ciro na lista, a 13%, sem ele.
O encurtamento da vantagem do governador em relação à ministra já tinha sido constatado em outras pesquisas feitas em dezembro. O Datafolha, por exemplo, havia indicado uma queda de 21 para 14 pontos entre agosto e o final de 2009, depois dela ter estado em 25% alguns meses antes.
As duas pesquisas concordam que a candidatura de Ciro se mantem em um patamar entre 10% e 15%, mais perto do limite de baixo que de cima dessa faixa. E ambas mostram que Serra é quem mais se beneficia da retirada de Ciro das listas, pois é quando seu nome delas consta que Serra se sai pior.
É fácil se confundir na interpretação desses resultados, deles deduzindo que “Dilma precisa de Ciro”. Trata-se, no entanto, de um equívoco, que decorre de não se considerar o nível de conhecimento muito desigual que ainda há entre os candidatos.
Serra e Ciro são os únicos que muitos eleitores conhecem, pois disputaram eleições nacionais, coisa que nem Dilma, nem Marina fizeram. A proporção dos que nunca sequer ouviram falar nelas permanece perto de 35%.
Quando essas pessoas consideram listas onde estão os nomes dos dois, optam, na maioria das vezes, por um ou outro. E, quando um sai, pelo que resta.
Ou seja, não é que “Ciro tira mais votos de Serra que de Dilma”, apenas que quem não conhece (ainda) Dilma ou Marina tende a ir para Serra quando só resta ele de conhecido. Isso fica aritmeticamente claro nos dados da Sensus:
Dilma permanece exatamente igual nos cenários com e sem Ciro, mostrando que, quando ele sai, ela não ganha (por enquanto) nem um ponto.
À medida, no entanto, que avançar o conhecimento das duas, o que vai acontecer mais rapidamente de agora para frente, esse efeito se reduzirá. Aí sim será possível falar alguma coisa sobre a transferência de votos de Ciro (ou qualquer outro candidato) para os demais. As pesquisas de agora nada dizem sobre esse fenômeno.
Com Ciro parado e Marina sem dar mostras de crescer, outro dos projetos de Lula para as eleições está se materializando. Tudo indica que teremos a polarização que ele sempre buscou, um embate PT vs. PSDB já no primeiro turno, em que ele tudo fará para que os eleitores confrontem seu governo ao do antecessor.
Ajudando a entender seus resultados eleitorais (e o que permitem antever), as pesquisas mostram que Lula sobe mais um degrau em um tipo de popularidade que não conhecíamos em nossa experiência como país democrático.
Há tempos se sabe que ele tem, atualmente, uma avaliação positiva quase consensual, mas é sempre surpreendente constatar que ela continua a melhorar. No final de janeiro, segundo os dados da Vox, 74% dos brasileiros achavam seu governo “ótimo” ou “bom”, ou seja, 3 em 4 pessoas. Como outros 20% consideram o governo “regular”, restam 6% para reprová-lo.
Com uma insatisfação desse porte, podemos ter uma ideia do tamanho do desafio que aguarda Serra.
Correio Braziliense
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Fonte:

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NOSSO TEMPO

Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.
(...)

O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta,
um verme.

Versos do poema Nosso Tempo, de Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"Estaca Zero" e "Piquetes"

Estaca Zero era o nome de uma coluna semanal, que o meu avô, jornalista Nho Quim Drummond (falecido) mantinha em um jornal, da cidade mineira de Sete Lagoas. Nho Quim tinha dois lados singulares: era um polemista político, sempre cobrando que os projetos municipais saissem da Estaca Zero. Sobreu muita represália por isto. Mas tinha um lado conservador (meio udenista) que proclamava a prioridade dos atos morais segundo a visão da tradicional familia mineira. Mais tarde Nho Quim criou uma coluna chamada Piquetes. Registros rápidos de fatos ocorridos na cidade. Abro neste Blog um espaço com esta identificação: PIQUETES.

1 - O vice-presidente José Alencar afirmou nesta segunda-feira que o crescimento da ministra Dilma Rousseff nas pesquisas é fruto do desejo da população pela continuidade do atual governo. Pesquisa do instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostrou nesta segunda-feira que a ministra-chefe da Casa Civil subiu 6,1 pontos percentuais nas intenções de voto, para 27,8 por cento, se aproximando do líder, o governador paulista, José Serra (PSDB), que teve uma variação positiva para 33,2 por cento.

2 - Líderes do MST são soltos - Os três militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) presos em Imbituba, no Sul do Estado, foram soltos no sábado. Os advogados conseguiram um habeas-corpus do Tribunal de Justiça (TJ) de Santa Catarina. A presidente da Associação Comunitária Rural de Imbituba, Marlene Borges, que estava no Presídio Santa Augusta, em Criciúma, foi a primeira a deixar a prisão, por volta das 19h. Grávida de três meses, ela disse que foi presa por motivos políticos e que agora pretende descansar.

3 - Envolvido na Operação Transparência e denunciado pelo Ministério Público Estadual por corrupção passiva, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional, o vice governador de Santa Catarina Leonel Pavan ficou desgastado politicamente e precisou adiar sua posse. Agora, depois de encaminhar carta à Assembleia Legislativa para que os 40 deputados autorizem o Tribunal de Justiça a avaliar a denúncia, Pavan sente-se em condições políticas de assumir o governo. A conversa entre o governador e o vice deve ocorrer, hoje ou amanhã, para acertarem os detalhes da transmissão do cargo

Diferença entre tucano e petista caiu de 10,1% para 5,4% em cenário com a candidatura Ciro Gomes

Segunda, 01 de Fevereiro de 2010, 12h01
estadao.com.br

A centésima pesquisa do Instituto Sensus, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra que a diferença entre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) e pré-candidata petista Dilma Rousseff caiu de 10,1% para 5,4% - dentro dos 3% da margem de erro da pesquisa.

O tucano aparece com 31,8% e a ministra, 27,8%. Neste cenário, o deputado federal Ciro Gomes (PSB) aparece com 11,9%.
Marina Silva (PV) subiu de 5,9% para 6,8%. No segundo turno, a diferença entre Serra e Dilma cai de 18,6% para 6,9%.

No primeiro cenário, Serra cresce de 31,8%, em novembro de 2009, para 33,2% em janeiro deste ano; Dilma subiu de 21,7% para 27,8%; Ciro Gomes (PSB), caiu de 17,5% para 11,9%; e Marina Silva (PV) subiu de 5,9% para 6,8%.

Com Ciro está fora da disputa, Serra cresce 0,2 pontos percentuais, com 40,7% em janeiro.

Dilma sobre para 28,5% - tinha 23,5% em novembro. Marina também cresce, de 8,1% para 9,5%, Brancos e nulos caíram de 13,8% para 11,4%.

Na pesquisa espontânea, o presidente Lula lidera com 18,7%, mesmo sem poder disputar um terceiro mandato.

Dilma Rousseff ultrapassa Serra pela primeira vez

- 9,5% a 9,3%. Aécio Neves tem 2,1%, seguido de Marina Silva, com 1,6% e Ciro Gomes, 1,2%. Outros, 1,9%; branco e nulo, 2,6%.

Na simulação para um eventual segundo turno, Serra tem 44% contra Dilma, com 37,1%.

Em novembro de 2009 os números eram 46,8%, 28,2%, respectivamente.Nos outros dois cenários, Ciro Gomes perde tanto para Serra (47,6% a 26,7%) como para Dilma (43,3% a 31%).

Lula

A popularidade do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua crescendo já dentro de um patamar elevado. Segundo a pesquisa, a aprovação do governo atingiu em janeiro 71,4% ante 70% registrados em novembro de 2009. Já a aprovação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu de 78,9% em novembro do ano passado para 81,7% em janeiro deste ano.

Atualizado às 12h6, com informações de Leonardo Goy, da Agência Estado