domingo, 30 de maio de 2010

SOCIOAMBIENTAL REPRESENTA SETE LAGOAS (MG) NA 4a CNTI EM BRASILIA.

O método de Governança Comunitária Colmeiativa foi um dos assuntos tratados entre os participantes do painel de Tecnologias Sociais, da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizado em Brasília, no período de 26 a 28 de maio. Visto como um processo de elevada efetividade social a metodologia do Colmeiativa figura entre as chamadas Tecnologias Sociais e alinha-se entre os programas conhecidos como Desenvolvimento Local Participativo (DLP). O professor Frederico Drummond, pesquisador da empresa Socioambienal Corporativa, com sede em Sete Lagoas, MG, teve oportunidade de conversar sobre o desenvolvimento do método com Irma Passoni, gerente executiva do Instituto do Tecnologia Social Brasil. Irma é uma entusiasta deste trabalho e destacou a contribuição do doutor Murilo Drummond em suas pesquisas com as Abelhas Nativas, eixo estruturante do Colmeiativa. Na 4ª CNCTI, Irma foi a relatora do Painel Tecnologias Social, que aconteceu no segundo dia desta conferência, em um dos momentos de maior importância do evento. Depois de realizar um breve histórico das tecnologias sociais no Brasil foram destacadas as Quatro Dimensões deste trabalho, da seguinte forma agrupadas: 1) Conhecimento, ciência e tecnologia; 2) Participação, cidadania e democracia; 3) Educação e 4) Relevância Social. Os técnicos da Socioambiental Corporativa aproveitaram para comentar a integração destas dimensões no Colmeiativa, lembrando que o conceito de Governança Comunitária Autogestinária não é nada mais do que a sistematização das experiências que vem sendo realizada em todo o Brasil, por diversos grupos que atuam com ações de inclusão e emancipação social, econômica e política. “O esforço das comunidades assumirem sua condição de atores e sujeitos de sua própria emancipação promove uma releitura da chamada inserção cidadã”, disse Frederico, lembrando que a ação pedagógica do Colmeiativa atua precisamente com programas de capacitação em Tecnologia de Gestão Participativa. O professor Murilo acrescentou que já está pronto o DVD Caminhada da Colheita, um documentário que mostra o cotidiano das comunidades do Maranhão que atuam com as Abelhas Nativas. Estão prontas também, disse ele, as cartilhas usadas na capacitação deste programa.
No município de Sete Lagoas, os diretores da Socioambiental deverão procurar a parceria de empresas que possuem compromisso publico com o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente como são exemplos os grupos IVECO Sete Lagoas, a AMBEV, a indústria de laticínio Itambé dentre outras. O professor Frederico considera que o bairro conhecido como Cidade de Deus, no município de Sete Lagoas, poderia ser o alvo prioritário desta ação.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

(...)AS LEIS NÃO BASTAM/OS LÍRIOS NÃO NASCEM DA LEI(...) Trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade - Nosso Tempo.

Como professor de filosofia tenho meus vícios filosóficos. Mas tenho também o ofício. E desta forma para falar de determinado assunto que não é minha especialidade (legislação), sinto-me mais confortável buscando a companhia de um poema como Carlos Drummond de Andrade, citando-o como o fiz acima. Mas o que tem a filosofia e a poesia com assuntos da legislação ambiental? Vejamos: Em seu desassossego o poeta declara em alto e bom som – “As Leis não bastam. Os líricos não nascem da Lei”. Se a Lei não é bastante para fazer nascer um Lírio, em que ordem de valores devo fazer minhas buscas?
O mais próximo que temos como ordem simbólica é a representação do lírio como elemento da paz e da pureza. Desta forma que Lei iria nos socorrer para alcançar esta ordem ontológica de paz.
Provavelmente a mesma ordem, como professor de filosofia, tento obter de alguma outra ordem de justiça. Falamos dos Direitos Humanos e, como por espanto, nos deparamos como outro valor ainda mais poderoso: o Direito destes Humanos terem sua casa preservada (OIKO). E mais: observamos que esta Morada reside em uma ser chamado Gaya, que está sendo destruído de forma acelerada. Rapidamente abro a Constituição Brasileira de 1988 em busca de abrigo. E lá está escrito (em seu artigo 225):
Todos têm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Um ambiente ecologicamente equilibrado é um bem comum do povo. E mais, poder público e sociedade civil têm o dever de defendê-lo.
Então porque, em face de uma declaração tão robusta e bela, que se equipara ao um Lírio, temos este sentimento de que AS LEIS NÃO BASTAM?
Que outro pronunciamento, lei ou discurso seriam necessários para declarar de forma mais explícita a urgência deste direito. Os Lírios não sentam à mesa com o agro-negócio, nem com os fertilizantes químicos, nem com lucros individualmente apropriados. Então é preciso dizer: as Leis não bastam, porque agora temos apenas que exercitar as Leis. O que mais é preciso?

Frederico Drummmond
Professor de Filosofia e Ecologia

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Lula não é bobo e nem ingênuo. Quem defende nossas reservas de urânio e a matriz energética limpa?

Recebí do meu colega de pós-graduação o economista Wilson, o e-email abaixo, dirigido à jornalista Eliane Castanhêde. Para quem se interessar o Wilson dirige a MP Consultoria Bureau de Estratégia e Finanças. Seu artigo é excelente e um exemplo de reflexão sobre as razões da autonomia da economia brasileira no mercado internacional de urânio. Vale apena a leitura. Mais uma vez é bom recordar: Lula não é bobo e nem ingênuo.


Brasília DF, 19mai2010.

Sra. Eliane Castanhêde
Prezada Jornalista,


"O Brasil se meteu nessa pela ânsia de ocupar um lugar de liderança no cenário internacional e acabou batendo de frente com os Estados Unidos. Será que o objetivo era brigar com os grandes para se sentir um deles"(Folha de São Paulo, edição pela internet, 19.05.2010)
Não nos parece exata sua avaliação de que o Brasil busca meramente liderança no cenário internacional ao empenhar esforço diplomático por uma solução negociada na questão nuclear iraniana. O grande objetivo brasileiro, não do PT ou de Lula, mas objetivo brasileiríssimo, é conseguir espaço no mercado mundial do átomo.
Sem dúvida limitada, há fortes indícios de que sua avaliação possa ser resultado de pressões políticas pré-eleitorais da direção do jornal.
Considere: há estimativas de que esse mercado hoje já movimentaria US$100 bilhões/ano, nada despresível para nosso País que conta uma das maiores reservas mundiais do minério.
Observe o estudo de Departamento de Estado Norte-Americano, ele é importante: há atualmente no mundo, em operação, cerca de 400 usinas atômicas, número que deverá atingir 2.500 nos próximos 50 anos, por conta da busca mundial por uma matriz energética mais limpa, pela substituição do carvão e do petróleo.
Adicione-se a isso o incremento do uso da energia do átomo para fins medicinais e científicos.
Esse mercado, aquele montante de vendas poderá, no mínimo, ser quintuplicado nesse período.
Você não acompanhou a movimentação dos EUA e seu veto na extração e beneficiamento de minério de urânio da Mina de Pitinga, no Amazonas, pelo Estado Brasileiro ? Nesse caso, lembre-se, a PREVI, dona da empresa Mineração Taboca, que explorava a mina, trouxe para o Conselho de Administração da Previ o presidende da Indústria Nuclear Brasileira, que administra Angra I e II. A idéia era dar passos em direção àquele mercado.
Mas o governo dos EUA vetaram a exploração brasileira de urânio em novas minas, sob o argumento de que nos bastava para Angra I e II a produção baiana de urânio ... Você nem imagina quantas toneladas de urânio estão já prontas ao processamento, ali, apenas enssacadas e enterradas, extraídas que foram pela Empresa Mineração Taboca, ao longo de décadas, quando da extração de estanho. Os minérios eram extraídos juntos e separados manualmente, enssacados e enterrados novamente. E estão lá, ainda, mas centenas de trabalhadores ficaram com câncer e muitos morreram.
Mas veio o veto do governo norte-americano. E é isso que está em jogo: SOBERANIA BRASLEIRA NA INDÚSTRIA E NO MERCADO MUNDIAL DO ÁTOMO, nossas reservas de urânio deixarem de compor o montante de reservas norte-americanas. Não o lugar do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Ingenuidade sua acreditar nessa bobagem. Este é simbólico; aquela é de fato o que conta, por representar avanço tecnológico e inserção econômica na Nova Economia Verde.
Mas, você, tão linda, temos certeza de não considera escrever para os Simpsons, tal como a duplinha que apresenta o Jornal Nacional da Globo. Estamos certos de que você conseguirá fugir com dignidade da pauta do jornal, de fazer cada vez melhor ... penso que todos nós merecemos o melhor.
E, acredite, não somos ingênuos, tudo observamos e estamos com todos os governos brasileiros que historicamente deixaram de compor com a política do "alinhamento automático" em troca de coca-cola ou de um fim-de-semana em Nova Iorque.
Do Itamaraty, nos orgulhamos da Escola de Santiago Dantas, de quem o Ministro Amorim é um legítimo e valiosíssimo herdeiro e representante. Esperamos que Serra, Dilma ou Marina, ao serem eleitos, pragmáticos, devotados e nacionais, mantenham a política externa hoje perseguida.

Linda foto, Eliane.
Felicidades.

Wilson Roberto Correa

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O IMPÉRIO CONTRA ATACA. OS SENHORES DAS ARMAS. AVATAR. ESCOLHA SEU ROTEIRO.

O texto abaixo foi postado no Blog do Luis Nassif. O texto é, digamos, bem comportado. É preciso ir além. É preciso denunciar a truculência dos SENHORES DAS ARMAS. Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, sob o argumento que lá existiam armas nucleares, todos se calaram. O desastre foi o que se presenciou em seguida. Com a atitude de boicotar um acordo de paz os Estados Unidos mais uma vez mostra toda a beligerância do seu Imperialismo. Os povos da América Latina, da África, da Ásia e os cidadãos pacíficos de toda a Europa e do Canadá saberão dar uma resposta a esta truculência. A história mostratá com quem está a razão.


Denise Chrispim Marin, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA- O Itamaraty não escondeu nesta terça-feira, 18, a sua indignação com a atitude dos Estados Unidos de ignorar o acordo extraído pelo Brasil e a Turquia do governo iraniano e enviar uma proposta de novas sanções contra o Irã ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Como reação, os chanceleres do Brasil e da Turquia encaminharão nesta semana uma carta a cada membro do Conselho.

No texto, que na prática funcionará como uma denúncia da posição dos Estados Unidos e aliados, Brasil e Turquia defenderão que o acordo traz exatamente os termos exigidos por essas potências e censurarão o fato de Washington não ter dado um prazo para que o Irã pudesse colocá-lo em marcha antes de colocar a máquina das sanções em ação.

“O acordo (de Teerã) é o acordo que eles propuseram. Nós (Brasil e Turquia) apenas estávamos viabilizando uma maneira de chegar ao acordo que estava sobre a mesa. Todas as dificuldades foram superadas”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “Recusar o acordo não é uma atitude construtiva”, arrematou, para em seguida admitir que essa reação poderá “melindrar” o Irã.

Segundo o chanceler, as negociações conduzidas pelas delegações turca e brasileira no último final de semana permitiram eliminar todas as resistências e novas exigências do Irã em relação à proposta de acordo de outubro do ano passado.

Conforme argumentou, o governo iraniano aceitou o depósito de 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido na Turquia em um prazo de 30 dias e o recebimento, um ano depois, dos elementos combustíveis para o reator de Teerã.

O Irã, portanto, recuou em sua exigência de que a troca fosse simultânea. Segundo Amorim, o governo iraniano também se dispôs a informar à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em uma semana sobre o acerto e a dar continuidade às negociações para a recuperação da confiança internacional na finalidade pacífica de seu programa nuclear. Da mesma forma, acatou a presença de inspetores da AIEA – imposição implícita no texto do acordo e que significa uma garantia clara de que o Irã não enriquecerá urânio a 20%.

Na avaliação de Amorim, o acordo de Teerã pode ser considerado um “passaporte para uma solução negociada e pacífica”. Nesse sentido, o mínimo esperado dos EUA e de seus aliados seria uma manifestação de boa vontade, que poderia ser traduzida no prazo de pelo menos um mês para que o Irã cumprisse os termos iniciais do acordo.

“Ignorar o acordo é desprezar a busca de uma solução pacífica e negociada”, declarou Amorim. “Nenhum especialista do país mais anti-Irã do mundo acha que o Irã pode fazer uma bomba atômica em um mês”, reagiu.

Amorim decidiu retornar hoje a Brasília, inesperadamente. Sua agenda para os próximos dias previa a tarefa de acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Cúpula Iberoamericana, em Madri, e em visita bilateral a Lisboa. Ainda hoje, conversou com os ministros de Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, e da China, Yang Jiechi, cujos governos acataram a proposta de resolução com novas sanções ao Irã. Diante da imprensa, Amorim preferiu não confrontar com as decisões da China e da Rússia.

Insatisfação

A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, também deixou claro que não ficou satisfeita com os Estados Unidos e seus aliados terem aparentemente ignorado o acordo firmado com o Irã em conjunto com a Turquia.

“O Brasil não se envolverá em nenhuma discussão sobre a resolução neste ponto porque sentimos que há uma nova situação”, disse a embaixadora.

“Houve um acordo ontem que foi muito importante, acrescentou”.

Com informações da Reuters

terça-feira, 18 de maio de 2010

João Drummond reafirma a sua vocação de editorialista, em Sete Lagoas, MG



In Memoriam é um livro inédito de Joaquim Dias Drummond – Nhô Quim, entregue aos cuidados da família em 1966. No ano de 2010, quando se completa 35 anos de sua morte, esta peça vem à publicação pela primeira vez, com alguns objetivos de
relevante importância.Ao mesmo tempo em que nos trás elementos de um conto da vida real, com lances dramáticos, emocionantes, intrigantes e mesmo cômicos, se reveste também da condição de documento histórico. Na trajetória de Nhô Drummond, ainda criança, e de sua família, chega até os dias atuais dados e informações do Brasil que nascia como republica. Os hábitos e costumes de uma época são aqui retratados com fidelidade pelo autor, que ao revelar a saga de sua família, em visão particular, projeta sua observadora e meticulosa inteligência, de historiador em detalhes importantes de uma época da nossa história. Fala sobre as fazendas, ainda com seus escravos, já alforriados, mas fieis aos seus senhores, fala do ciclo do café e da imigração estrangeira, da implantação do sistema ferroviário no Brasil, das relações conturbadas de regiões, ainda sob o jugo de coronéis e de jagunços, a espera paciente das letras mediadoras da Lei. Este livro permite que o leitor viaje por parte de nossa história, e a observe de uma privilegiada janela, que foram os olhos atentos e observadores de Nhô Quim.
Um homem que foi ao mesmo tempo, protagonista e uns dos relatores da história de Sete Lagoas. Numa época em que as memórias se perdem com facilidade, esquecidas em depósitos empoeirados, transformadas em lixos ou materiais descartáveis, este livro serve também de alerta, para que cuidemos melhor de nosso passado.
É nele que se encontram muitas das respostas sobre este futuro incerto e desconhecido, para onde inadvertidamente caminhamos, e que com certeza teremos de dar conta um dia às futuras gerações.
João Drummond

segunda-feira, 17 de maio de 2010

CNT/Sensus confirma, em pesquisa, o avanço de Dilma.

Levantamento CNT/Sensus, divulgado hoje, confirmou a tendência de crescimento da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Se o primeiro turno fosse agora, ela teria 35,7% das preferências, vencendo José Serra (33,2%), Marina Silva (7,3%) e José Maria Eymael (1,1%).

Em janeiro, na edição passada da pesquisa, José Serra estava na frente da pré-candidata do PT, com 40,7%. Dilma Rousseff recebeu, naquele mês, 28,5% das intenções. Se a eleição de outubro para presidente da República fosse decidida em segundo turno entre Dilma e Serra, a petista venceria por 41,8% a 40,5%. Na pesquisa realizada em janeiro, Serra estava na frente com 44%. Dilma recebeu, na época, 37,1% da preferência.

Caso a disputa no segundo turno fosse entre Dilma e Marina, a petista ganharia com 51%, deixando Marina com 21%. Esta foi a primeira vez que a pesquisa simulou esta hipótese de segundo turno.

Dilma também aparece em primeiro lugar na pesquisa espontânea, com 19,8%. Neste tipo de pesquisa, os entrevistados apontam quem eles pretendem votar na eleição de outubro, sem que o entrevistador apresente nomes. Esta é a primeira vez que Dilma fica na frente do presidente Lula na pesquisa espontânea de intenção de voto.

Na espontânea, Serra fica em segundo lugar com 14,4%. Marina Silva (PV), Ciro Gomes (PSB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Aécio Neves (PSDB) foram citados por menos de 1% dos entrevistados. Na última pesquisa espontânea, em fevereiro, Dilma foi apontada por 9,5% dos entrevistados. O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) estava com 9,3% e a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PV), com 1,6%.

Pesquisa Vox Populi mostra dianteira de Dilma Roussef

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, cresce e já lidera a preferência para as eleições presidenciais deste ano, tanto no primeiro como no segundo turno.

Segundo pesquisa do instituto Vox Populi, divulgada na noite de sábado (15) pelo canal de televisão Band, Dilma tem 38% das intenções de voto na consulta estimulada, com um aumento de nove pontos percentuais em relação ao levantamento de janeiro.

José Serra, pré-candidato do PSDB, caiu três pontos percentuais e está agora com 35%. Marina Silva, do PV, se manteve no patamar de 8%. Os indecisos representam 11%, e os votos brancos e nulos estão em 8%.

No cenário de segundo turno, Dilma superaria Serra por 40% a 38%. Como a margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais, os dois candidatos estão tecnicamente empatados tanto na simulação de primeiro turno como na de segundo turno.

Na pesquisa espontânea, quando o eleitor responde aos pesquisadores em quem votar, Dilma também é indicada como a melhor opção dos eleitores. Ela aparece com 19% das intenções de voto, e o adversário tucano, com 15%.

Os eleitores dos estados do Nordeste preferem Dilma, onde tem a maior aprovação: 45%. Na divisão de gêneros, a pré-candidata do PT tem mais aprovação entre os homens brasileiros, com 42% dos votos, e 34% são das mulheres. Para Serra, o cenário é mais equilibrado: 35% dos seus votos são de mulheres e 34% de homens.

O Vox Populi consultou 2.000 eleitores em 117 cidades de 23 estados e o Distrito Federal. Os dados foram levantados entre os dias 8 e 13 maio. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 11.266/2010.

O DIA EM QUE A DIPLOMACIA DO PRESIDENTE LULA MUDOU O CURSO DA HISTÓRIA MUNDIAL.

O acordo assinado pelo Irã nesta segunda-feira em torno de seu programa nuclear foi uma vitória da diplomacia brasileira e uma resposta aos Estados Unidos, na avaliação do analista iraniano Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã.

"Apesar das dificuldades em conseguir o acordo, o presidente Lula arriscou sua fama internacional para conseguir intermediar uma proposta que trouxesse o governo iraniano de volta à mesa de negociações", disse Marandi à BBC Brasil.
Para o analista, o Brasil responde às críticas de outros países ocidentais, como os EUA e seus aliados, que não acreditavam que Lula e seu corpo diplomático pudessem fazer algo diferente do que já havia sido tentado.

"Lula calou a boca dos EUA e da secretária de Estado (dos EUA), Hillary Clinton, que mais de uma vez menosprezou os esforços turcos e brasileiros." Para Marandi o Brasil teve o maior crédito, pois a Turquia não estava com o mesmo grau de otimismo em relação a um possível acordo.

"O mérito foi do Brasil, pois o país arriscou sua reputação e sofreu as maiores críticas ao se aproximar do Irã. E ainda conseguiu dar mais ânimo aos turcos em acreditar na possibilidade de se chegar a um acordo", enfatizou ele.

Proposta
O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast, disse que o país vai enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de combustível para um reator nuclear a ser usado em pesquisas médicas em Teerã.

O entendimento anunciado nesta segunda-feira e assinado em frente a jornalistas em Teerã tem como base a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU), do final do ano passado, que previa o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

Marandi salientou que ainda precisam ser conhecidos detalhes do acordo, como, por exemplo, a questão de como se dará a supervisão do transporte do urânio à Turquia e o papel da AIEA em colocar observadores.

Fonte: Site Uol

quinta-feira, 13 de maio de 2010

OS NÚMEROS DA CORRUPÇÃO NO BRASIL.

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que conta com o apoio de entidades de representação da sociedade civil, movimentos e organizações sociais e religiosas, divulgou nesta quinta-feira (4) balanço que contabiliza 623 cassações de mandatos políticos do ano 2000 até 9 de setembro de 2007, englobando quatro eleições, sendo todos relativos a casos de corrupção.

Nesse número, não estão incluídos políticos que perderam cargos em virtude de condenações criminais. Do total de 623 cassações registradas, quatro são de governadores e vice-governadores (Flamarion Portela, de Roraima, e Cássio Cunha Lima, da Paraíba, este último mantido ainda no cargo por força de liminar do TSE), seis são senadores e suplentes (entre eles João Capiberibe, do Amapá, e Expedito Júnior, de Rondônia), oito deputados federais, 13 deputados estaduais, 508 prefeitos e vice-prefeitos, além de 84 vereadores.

Por partidos, o ranking de cassações é liderado pelo Democratas (antigo PFL), com 69 casos, ou 20,4% do total. Em segundo lugar aparece o PMDB, com 66 casos, ou 19,5%, enquanto o PSDB aparece em terceiro lugar, com 58 ocorrências, ou 17,1% dos casos.

O PP aparece em quarto lugar, com 26 casos, ou 7,7% do total, seguido pelo PTB (24 casos, ou 7,1%) e PDT (23 ocorrências, ou 6,8%). O PT aparece em décimo lugar, com dez ocorrências, ou 2,9%. Ao todo, 21 partidos compõem o ranking. Nesse caso, foram considerados apenas os "cabeças de chapa", ou seja, não houve contabilização dos vices e suplentes.

Nas últimas quatro eleições, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral registrou cassações em todos os 26 estados e no Distrito Federal. O maior número foi em Minas Gerais, com 71 casos. Depois aparecem Rio Grande do Norte, com 60; São Paulo, com 55; e Bahia, com 54 cassações. Acre e Distrito Federal tiveram apenas uma cassação por corrupção eleitoral, cada.

Serra: vários pregos, sempre a mesma ferradura

por Flávio Aguiar

O incômodo de Serra com a entrevista de dois de seus agentes econômicos revelando como a coligação tuco-dema vai ferrar o Brasil, impondo-lhe uma recessão como a que o FMI e UE agora fazem cair sobre a Grécia é muito expressivo.

Mas não só do passa-moleque que se está preparando para o eleitor. É claro que a função do candidato, nessa altura, fica sendo mais a de espalhar uma cortina de cinzas sobre o verdadeiro Cavalo de Tróia que querem por de volta na economia brasileira, além do freio nos dentes do povão brasileiro – essa eterna “fonte de inflação” para os economistas desse grupo.

Também fica evidente que o teor programático das intervenções do candidato é não ter teor algum. Serra não pode expor o “verdadeiro” programa que se trama no seu bastidor, ou até nas suas costas. Então suas frases e intervenções ficam assim como desossadas, sem esqueleto que as sustente, como uma geléia exposta ao sol e sem prato que a sustente pelas laterais.

O candidato vai a Minas e desqualifica o Mercosul. Diante da grita dos nossos vizinhos, mais a que certamente ouviu de alguns empresários de seu apoio, apressa-se a correr para a Folha de S. Paulo para dizer que pretende “flexibilizar” o Mercosul para permitir mais acordos bilaterais. Quer dizer: diz e não diz, sofisma, tergiversa, quer convencer os ouvintes/leitores que vinho, vinagre, e ainda água e azeite são a mesma coisa.

Depois vai a um “programa policial” e anuncia que vai criar um Ministério da Segurança. A declaração – estapafúrdia em si – provoca mal-estar em suas hostes, pois vêm nisso um estado a inchar. Ele vai logo corrigindo, dizendo que em contrapartida vai fechar a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Bom, há algum sentido nisso, porque para a visão tuco-dema o Brasil não precisa de uma SAE. Já temos o Departamento de Estado em Washington, o FMI, o Banco Mundial e os Chicago Boys para nos orientar, para que mais? Além disso, o que a coligação tuco-dema talvez queira fechar mesmo são as bocas dos ministros Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães.

Mas a única comparação numérica que se pode fazer entre as duas entidades citadas, uma projetada e a outra existente, é a da quantidade de letras que compõem os seus nomes. Agora já não se trata de introduzir um Cavalo de Tróia, mas um Elefante Branco. É algo como dizer: “eu vou construir um novo edifício de dez pisos na Esplanada dos Ministérios, com trinta escritórios por andar, mais o bar, o restaurante, o cafezinho, a segurança, e ainda o anexo que sem dúvida virá depois, criando uma certa confusão redundante com o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Secretaria de Assuntos Penitenciários, talvez o Ministério da Defesa também. Em contrapartida, vou fechar esses três andares no Bloco O da mesma Esplanada, onde funciona a SAE, e redirecionar seus funcionários não sei bem para onde ainda, mas isso se arranjará”.

Quer dizer, sem plano consistente ou inconsistente que seja, a que se referir como horizonte ou moldura, a fala do candidato fica ao sabor da sua circunstância. Está certo que Ortega y Gasset nos disse que “o homem é o homem e suas circunstâncias”. Mas nos disse também que “o que não é destino é frivolidade”. Sem destino manifesto, a fala do candidato fica dispersa em sua circunstância, como a biruta dos aeroportos, ao sabor dos ventos. E quem nasceu para biruta de aeroporto jamais chegará a galo de campanário.



Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

ONU CONCEDE AO PRESIDENTE LULA PRÊMIO DE "CAMPEÃO MUNDIAL DE LUTA CONTRA A FOME"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira o prêmio de "Campeão Mundial da Luta contra a Fome", concedido pelo Programa Mundial de Alimentação da ONU (Organização das Nações Unidas).

A condecoração foi entregue a Lula pela diretora-executiva do programa, Josette Sheeran, durante a abertura do evento "Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar", realizado em Brasília.

"O presidente Lula tem demonstrado sua liderança na luta contra a fome, elevando ao mais alto nível da agenda internacional a necessidade de atender as pessoas pobres, desnutridas e com fome", disse Josette.

O prêmio já foi entregue, em anos anteriores, a Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, a Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, e ao ex-presidente da Gana John Kufuor.

Combate à fome - Lula afirmou, durante a abertura do evento, que os dirigentes mundiais precisam se comprometer mais com os esforços para o combate à fome. Segundo o presidente, em geral, os políticos depois de eleitos esquecem os pobres porque quem os cerca são os ricos.

"Normalmente somos eleitos pelos mais pobres, mas, quando [os políticos] ganham as eleições, quem tem acesso aos gabinetes não são os mais pobres, são os mais ricos. Normalmente o orçamento é feito para aquelas pessoas que já estão organizadas. E, quando a gente vai ver, não sobra nada para quem não tem sindicato nem direito a protestar."

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Grito da Terra, clamor dos povos

Frei Beto dispensa apresentação e comentários. Mas quero destaca uma frase sua do artigo postado abaixo: "capitalismo é ontologicamente incompatível com o equilíbrio ecológico". Eu vou além: o capitalismo é ontologicamente autofágico. A Bolívia nos trás um exemplo de superação desta autofagia. Leia abaixo:


Por Frei Betto

Os gregos antigos já haviam percebido: Gaia, a Terra, é um organismo vivo. E dela somos frutos, gerados em 13,7 bilhões de anos de evolução. Porém, nos últimos 200 anos, não soubemos cuidar dela e a transformamos em mercadoria, da qual se procura obter o máximo de lucro.

Hoje, a Terra perdeu 30% de sua capacidade de autorregeneração. Somente através de intervenção humana ela poderá ser recuperada. Nada indica, contudo, que os governantes das nações mais ricas estejam conscientes disso. Tanto que sabotaram a Conferência Ecológica de Copenhague, em dezembro de 2009.

A Terra, que deve possuir alguma forma de inteligência, decidiu expressar seu grito de dor através do vulcão da Islândia, exalando a fumaça tóxica que impediu o tráfego aéreo na Europa Ocidental, causando prejuízo de US$ 1,7 bilhão.

Em reação ao fracasso de Copenhague, Evo Morales, presidente da Bolívia, convocou, para os dias 19 a 23 de abril, a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra. Esperavam-se duas mil pessoas. Chegaram 30 mil, provenientes de 129 países! O sistema hoteleiro da cidade entrou em colapso, muitos tiveram de se abrigar em quartéis.

A Bolívia é um caso singular no cenário mundial. Com 9 milhões de habitantes, é o único país plurinacional, pluricultural e pluriespiritual governado por indígenas. Aymaras e quéchuas têm com a natureza uma relação de alteridade e complementaridade. Olham-na como Pachamama, a Mãe Terra, e o Pai Cosmo.

Líderes indígenas e de movimentos sociais, especialistas em meio ambiente e dirigentes políticos, ao expressar o clamor dos povos, concluíram que a vida no Planeta não tem salvação se perseverar essa mentalidade produtivista-consumista que degrada a natureza. Inútil falar em mudança do clima se não houver mudança de sistema. O capitalismo é ontologicamente incompatível com o equilíbrio ecológico.

Todas as conferências no evento enfatizaram a importância do aprender com os povos indígenas, originários, o sumak kawsay, expressão quéchua que significa “vida em plenitude”. É preciso criar “outros mundos possíveis” onde se possa viver, não motivado pelo mito do progresso infindável, e sim com plena felicidade, em comunhão consigo, com os semelhantes, com a natureza e com Deus.

Hoje, todas as formas de vida no Planeta estão ameaçadas, inclusive a humana (2/3 da população mundial sobrevivem abaixo da linha da pobreza) e a própria Terra. Evitar a antecipação do Apocalipse exige questionar os mitos da modernidade - como mercado, desenvolvimento, Estado uninacional - todos baseados na razão instrumental.

A conferência de Cochabamba decidiu pela criação de um Tribunal Internacional de Justiça Climática, capaz de penalizar governos e empresas vilões, responsáveis pela catástrofe ambiental. Cresce em todo o mundo o número de migrantes por razões climáticas. É preciso, pois, conhecer e combater as causas estruturais do aquecimento global.

Urge desmercantilizar a vida, a água, as florestas, e respeitar os direitos da Mãe Terra, libertando-a da insaciável cobiça do deus Mercado e das razões de Estado (como é o caso da hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu).

Os povos originários sempre foram encarados por nós, cara-pálidas, como inimigos do progresso. Ora, é a nossa concepção de desenvolvimento que se opõe a eles, e ignora a sabedoria de quem faz do necessário o suficiente e jamais impede a reprodução das espécies vivas. Temos muito a aprender com aqueles que possuem outros paradigmas, outras formas de conhecimento, respeitam a diversidade de cosmovisões, sabem integrar o humano e a natureza, e praticam a ética da solidariedade.

Cochabamba é, agora, a Capital Ecológica Mundial. Sugeri ao presidente Evo Morales reeditar a conferência, a exemplo do Fórum Social Mundial, porém mantendo-a sempre na Bolívia, onde se desenrola um processo social e político genuíno, singular, em condições de sinalizar alternativas à atual crise da civilização hegemônica. O próximo evento ficou marcado para 2011.

Pena que o governo brasileiro não tenha dado a devida importância ao evento, nem enviado qualquer representante. A exceção foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que representou a Câmara dos Deputados.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org


Este texto é uma publicação da revista Caros Amigos

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Arrogante, opaco, antidemocrático: este é o Conselho de Segurança da ONU, que o próximo presidente do Brasil terá que encarar.

Quando leio as críticas feitas ao presidente Lula sobre sua atuação na ONU não posso deixar de me perguntar: a que interesses servem estas críticas? Afinal o podereso Conselho de Segurança, que reune 5 países com poder de veto(China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia), tem a prerrogativa de autorizar uma guerra ou mandar encerrá-la. E afinal de contas, esta estrutura reflete a estrutura do poder mundial. Já foi maior no passado e tende a ser cada vez menos no presente e no futuro. Esta percepção o presidente Lula tem. O próximo presidente da república do Brasil não poderá deixar de lado este desafio. Mas é preciso talento e coragem. O artigo abaixo, publicado na revista Carta Capital reflete esta questão:

Arrogante, opaco, antidemocrático e à beira de se tornar irrelevante e ilegítimo. Todos esses adjetivos foram proferidos no último mês contra o Conselho de Segurança, o órgão político mais poderoso da Organização das Nações Unidas. As críticas, que por muito tempo se centraram na desequilibrada composição do Conselho, se acentuaram com acusações de falta de transparência no organismo que, paradoxalmente, prega a abertura no mundo, mas não a pratica em casa.

As normas provisórias de funcionamento do Conselho de Segurança estabelecem que as reuniões ocorram de forma pública, recordou o embaixador Vanu Gopala Menon, representante permanente de Cingapura junto à ONU. “Mas essa premissa de transparência foi evitada durante anos em nome da suposta efetividade”, acrescentou. “Supõe-se que é mais fácil selar acordos para salvar o mundo em reuniões na sala de trás do que no fórum”, disse Menon aos representantes dos 15 Estados-membros do Conselho em uma sessão aberta realizada este mês para revisar os “métodos de trabalho” do organismo.

Apesar de 16 anos de tentativas para reformar o Conselho de Segurança, os cinco membros com poder de veto (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia) continua se negando a ceder qualquer dos privilégios que têm, que incluem realizar em segredo reuniões sobre assuntos delicados dentro e fora do âmbito das Nações Unidas. O representante permanente da Nova Zelândia, embaixador Jim McLay, rechaçou a ideia de que é assunto do Conselho decidir sobre seus métodos de trabalho. “É tão ilegítimo como argumentar que os cidadãos não têm interesse válido nos procedimentos de seus tribunais, ou nas leis das legislaturas que elegem”, disse McLay.

Além dos cinco integrantes com poder de veto, os outros atuais membros não permanentes do Conselho de Segurança, eleitos por dois anos e por regiões geográficas, são Brasil, Áustria, Bósnia-Herzegovina, Gabão, Japão, Líbano, México, Nigéria, Turquia e Uganda.

O poder do Conselho está no fato de ser o único órgão da ONU com mandato para declarar a guerra ou a paz. Mas os cinco membros permanentes estão ali por acordo da comunidade internacional, como estabelece a Carta da ONU, e os outros dez são escolhidos “para servir aos 187 Estados que não têm o privilégio de se sentar de maneira permanente nesta sala, frequentemente a portas fechadas” , disse McLay. Cedo ou tarde, disse, um opaco e isolado Conselho de Segurança perderá credibilidade e não terá o apoio da maioria, podendo levar seu papel para manter a paz internacional a se esgotar, ou mesmo se perder completamente. Semelhante Conselho corre risco de ser visto como “irrelevante, e, pior, ilegítimo”.

A proposta de ampliar a quantidade de membros permanentes e não permanentes continua sem solução devido aos desacordos que persistem entre os 192 países da ONU. Brasil, Alemanha, Índia e Japão estão há mais de uma década batendo sem sucesso nas portas do Conselho por cadeiras permanentes sem poder de veto. Uma iniciativa de abolir o veto nunca chegou a ser considerada seriamente.

O representante da Índia na ONU, Hardeep Singh Puri, acredita que “os avanços reais” são mínimos. “Alguns membros permanentes continuam argumentando que a reforma dos métodos de trabalho não pode ser debatida pelos que não são membros”, afirmou. Isto mostra que as muitas falhas do Conselho “são apenas sintomas de uma doença mais profunda em suas estruturas e composição”, acrescentou.

Em nome dos 118 integrantes do Movimento de Países Não Alinhados, o embaixador do Egito, Maged Abdelaziz, acusou o Conselho de Segurança de se arrogar poderes que jazem na Assembleia Geral da ONU. O órgão “deveria deixar de usurpar funções e faculdades da Assembleia Geral e do Conselho Econômico e Social quando se ocupa de problemas que foram tradicionalmente competência desses órgãos”, afirmou.

Menon disse à IPS que tem anos as pressões sobre o Conselho, e em especial sobre seus cinco membros permanentes, para modificar formas de funcionamento a fim de garantir mais transparência, prestação de contas e eficácia. “Isto pode ser o menos polêmico dos assuntos vinculados à reforma, porque a todos interessa que esse órgão seja mais acessível, responsável e eficaz”, afirmou. Mas é evidente que a frustração prevalece devido ao ritmo lento das reformas. Os cinco integrantes permanentes “creem que a eficácia não deve ser sacrificada no altar da transparência, e que só eles podem ser os mestres das formas de trabalho”, disse Menon.

Na verdade, alguns pequenos avanços foram registrados, sobretudo pelos “esforços de membros não permanentes em questões com as entrevistas coletivas e nas discussões com outros países, sobretudo aqueles que contribuem com tropas” para as forças de paz da ONU, disse Menon. Por sua vez, o professor de política e estudos internacionais Setphen Zunes, da Universidade de São Francisco, disse à IPS que “em uma era de notável difusão do poder na comunidade internacional, é uma ironia a discussão de alguns dos assuntos mais importantes das Nações Unidas continuar nas mãos de apenas cinco Estados”.

fonte:http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=9&i=6588

terça-feira, 4 de maio de 2010

É PRECISO POLITIZAR O DEBATE ELEITORAL PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DO BRASIL.

Acabei de ler dois artigos na internet sobre a disputa eleitoral em 2010: um do Cesar Maia o outro do Emir Sader. Conheci pessoalmente os dois. Cesar Maia é apenas dois anos mais novo do que eu. Na época do golpe militar no Brasil, em 1964, Maia era ligado ao Partidão (PCB). Foi exilado, preso, voltou à vida política passando pelo PDT, PMDB, PTB, desembarcando finalmente no Democratas, partido que representa a direita brasileira. Os Democratas, no Brasil, são herdeiros da Arena, grupo político de sustentação à ditadura militar, chamado depois de PFL.
Emir Sader foi meu professor de Ciência Política na USP em 1971. Foi ligado à POLOP e ao PCBR. Voltei a ouvir novamente o Emir quando iniciou-se o processo de formação do Partido dos Trabalhadores. Emir é filiado ao PT. Testemunho por ele uma grande admiração e respeito.
Porque estas breves biografias? Recomendo que cada um faça seu próprio julgamento lendo os respectivos blogs de cada um dos citados. Cesar Maia, do DEM, apóia Serra e faz oposição vigorosa ao PT. Emir Sader, do PT, apóia Dilma e faz oposição vigorosa ao PSDB, DEM, PPS (antigo Partidão - hoje também ligado aos grupos de direita). O gênio do Stanislaw Ponte Preta não poderia compor melhor enredo. Ponte Preta certa vez escreveu:
"É difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a assolar o País. Pouco depois da "redentora", cocorocas de diversas classes sociais e algumas autoridades que geralmente se dizem "otoridades", sentindo a oportunidade de aparecer, já que a "redentora", entre outras coisas, incentivou a política do dedurismo (corruptela de dedo-durismo, isto é, a arte de apontar com o dedo um colega, um vizinho, o próximo enfim, como corrupto ou subversivo — alguns apontavam dois dedos duros, para ambas as coisas), iniciaram essa feia prática, advindo daí cada besteira que eu vou te contar".
Pois bem: Festival de Besteiras à parte é preciso restaurar o pensamento político ou a reflexão política no presente debate eleitoral para a presidência da República do Brasil. Vamos lá.
O noticiário de hoje continua farto de informações sobre as condições muito favoráveis à economia brasileira. Depois de 8 anos no governo o Partido dos Trabalhadores tem o direito de reivindicar a autoria compartilhada, dos bons resultados e da sua boa gestão na economia brasileira, sob o comando do presidente Lula.
A expansão da democracia econômica e política constituem efetivamente o principal legado. Sendo assim a pergunta que fica para politizar este debate é a seguinte: que partido ou partidos políticos no Brasil terão melhores condições de levar à frente este projeto de aprofundamento da democracia. O receituário neoliberal, fortemente defendido pelo PSDB, encerrou carreira entre 2008 e 2009 depois da última grande crise do capitalismo global. O nascente modelo que chamamos de Economia Solidária ou Social (do qual o Brasil é grande expressão) continua ganhando espaços internacionais. África do Sul e Índia são bons exemplos. A China é outra coisa, tanto quanto a Rússia. Serve também de exemplo a este novo modelo econômico o Canadá francês. Resumidamente, o modelo a que nos referimos liquida com hegemonia do capital privado e inclui novos atores. O novo cenário (que avaliamos como cenário de transição) é composto de empresas estatais, empresas sociais e empresas capitalistas. Isto significa dizer que, ao contrário do receituário neoliberal, está fora de propósito qualquer solução privatista da economia e que o sistema tributário deverá ser o grande promotor de distribuição da renda nacional. A agricultura familiar deverá se expandir ainda mais, assim como os sistemas cooperativos de produção, comercialização e finanças. A Secretaria de Economia Solidária, hoje um braço do Ministério do Trabalho, deverá ser alçada a condição de Ministério com assento e maior papel no BNDS, Banco Central, Banco do Brasil e CEF. O melhor exemplo internacional que podemos citar é o do sistema Desjadins do Canadá (www.desjardins.com). Vale ainda recordar, para fúria da direita brasileira, que assim como no Canadá, também no Brasil é fundamental a participação de organizações como a Central Única dos Trabalhadores, da Força Sindical e outras Centrais Sindicais na montagem de um sistema financeiro solidário e democrático, de propriedade dos sócio-trabalhadores. Esta seria uma das poucas formas alternativas a autofagia do capitalismo e um alternativa à verdadeira sustentabilidade econômica, ambiental, social e política.
Este é o debate necessário à eleição do novo presidente da República do Brasil.

Frederico Drummond
Prof de Filosofia e Meio Ambiente

domingo, 2 de maio de 2010

O ROTEIRO DE GOLBERY

Por Mino Carta

Parece-me ouvir a gargalhada borbulhante do general Golbery do Couto e Silva enquanto o Supremo Tribunal Federal nega a revisão da Lei da Anistia pedida pela OAB. Golbery é personagem a merecer estudos profundos na qualidade, em primeiro lugar, de imbatível conhecedor da alma dos privilegiados do Brasil. Sem dar-se conta disso, eles se portam conforme o figurino traçado por quem já foi tido como o Merlin do Planalto.
Não cabe, obviamente, enxergar em Castello Branco ou em Ernesto Geisel reencarnações do rei Artur. Não passaram de títeres nas mãos do seu chefe da Casa Civil. João Figueiredo lá pelas tantas, quando explodiram as bombas do Riocentro, tentou livrar-se do titereiro e conseguiu. Nem por isso escapou ao roteiro preestabelecido por Golbery. Com a inestimável contribuição de um professor gaúcho, Leitão de Abreu, que falava alemão mas não conhecia a alma dos privilegiados.

Protagonista brasileiro da guerra fria, atento ao descompasso entre as sístoles e diástoles da política nativa, Golbery criou a ideologia do golpe de 1964 e, a partir de dez anos depois, ditou as regras da distensão que virou abertura. Fatais a derrota das Diretas Já, a enésima consagração da conciliação das elites na Aliança Democrática e a eleição indireta de janeiro de 1985. Disputada por quem Golbery previamente escolhera, Tancredo Neves e Paulo Maluf.

Chamaram o que se seguiu de redemocratização. Da mesma forma, teimaram em batizar o golpe de revolução. Palavras sem significado, cultivadas por uma elite responsável pelo atraso do Brasil, a despeito das extraordinárias vantagens que a natureza conferiu ao País. Hoje, Golbery se riria com o aval que o Supremo dá à Lei da Anistia por ele excogitada e finalmente imposta pela ditadura.

O voto do STF agrada aos candidatos Dilma, Serra e Marina. Não há um, um somente, que se queixe. E não se exclua que os ministros do Supremo tenham votado pela manutenção – belas e inesquecíveis exceções Carlos Ayres Brito e Ricardo Lewandowski – na certeza de contribuir para a paz geral da nação em um ano eleitoral. O que move os senhores da corte, da política, da mídia? O inesgotável medo do retrocesso ou a inesgotável vocação conciliatória?

Busca-se a acomodação em proveito do status quo. Para tanto, qualquer marola é incômoda. Este pessoal deveria é ter medo de algo temido por Golbery: “Se as coisas continuarem como estão – dizia ele –, ainda acabaremos pendurados num poste, menos eu, que morro logo”. Pergunto-me se, no caso, era sincero. Pois a aposta dos destinatários da ameaça se faz até hoje na resignação do povo.

Alguns pronunciamentos da votação do STF soaram com clangor, elaborados a indicar estudo exaustivo, e demorados como os discursos de Fidel Castro. Propõe-se, a bem da sacrossanta verdade, reescrever a história do Brasil, sem entender que nada se constrói a caminho da contemporaneidade do mundo sobre alicerces podres, ao contrário do que fizeram outros países, em épocas diversas e até bem recentes. Temos de concluir, entretanto, que mais uma vez a história assume a versão dos vencedores. A ditadura, portanto, cujos efeitos perduram.

Impressionou-me especialmente o voto do ministro Eros Grau. Há quem me diga que ele se pronuncia, por exemplo, contra a extradição de Cesare Battisti porque, embora vítima de certas confusões em relação à história italiana, sente-se atingido nas entranhas pela perseguição por ele mesmo sofrida nos tempos da ditadura. O ministro agora sustenta que a anistia foi ampla, geral e irrestrita, e decidida em sintonia entre os torturadores e suas vítimas.

Grau chega ao desplante de citar Raymundo Faoro, um dos maiores pensadores do Brasil de sempre. Recordo a batalha travada por Faoro, então presidente da OAB, e posteriormente nas páginas da IstoÉ, que eu dirigia, contra uma lei destinada a envergonhar qualquer país aspirante à democracia. Hoje Raymundo, que esbanjava um ferino senso de humor, também cairia em uma gargalhada. Acre, entretanto. Como ensinou Spinoza, não tinha medo e tampouco esperança.

fonte:Carta Capital