segunda-feira, 19 de maio de 2014

A COPA E OS DONOS DO PODER

Quem tem dinheiro compra, quem não tem está fora. Esta é a linguagem do mercado. Esta linguagem não foi inventada nem pelo Lula, nem pela Dilma, muito menos pelo PT. Esta linguagem foi inventada pelos capitalistas.


Antes de você apontar sua metralhadora para a organização da Copa no Brasil é melhor apontá-la para seus patrocinadores: o capital financeiro. A hipocrisia que circula na rede é tão grande que parecem esquecer que a mercantilização do esporte em geral e do futebol em particular começou lá trás, quanto esporte virou mercadoria. O nome disto é reificação e constitui uma das denúncias mais contundentes do critico social Karl Marx. Então se você quiser sabotar a copa é bom entender todo o processo de alienação que alimenta todos os estádios de futebol em todos os cantos do mundo. Vejo que no meio dos que clamam contra a copa estão os torcedores de todos os times nacionais. Quem banca estes times? Quem financia seus estádios? Quem paga salários milionários para jogadores de futebol? Finalmente - quem são os verdadeiros donos do Capital e sistematicamente subtraem recursos da educação e da saúde pública, porque há quase 500 anos só entendem esta prática, a linguagem do mercado. Quem tem dinheiro compra, quem não tem está fora.

EM TEMPO; Disseram-me que no caso da Copa, a construção dos Estádios teve como origem Recursos Públicos e na compra e salário de um jogador o recurso é Privado. ESTA DISTINÇÃO É MAIS UMA FALÁCIA. Vejamos porque:

a) Os recursos públicos tem uma de suas principais origens de receita nos tributos, dinheiro que pertence teoricamente ao coletivo do povo, não podendo assim ser destinado ao uso dos negócios privados. Em tese ele deveria se destinar em sua totalidade àqueles que deram sua origem - novamente o coletivo do povo. incluindo os banqueiros (os donos do Itau, Bradesco etc) como pessoa física e assemelhados (donos - pessoa física da Globo e assemelhados). Um forte pleito da classe média é o investimento pelo Estado em infra-estrutura, como estradas de todos os tipos, portos, barragens etc. Mas é a classe média o principal beneficiária destes investimentos? Claro que não. Quem são então? São aqueles que, em virtude destes investimentos, têm seus cursos reduzidos e seus lucros aumentados. Ou seja os maiores beneficiários dos pleitos da classe média são os donos do Capital. Vale lembrar que QUALQUER QUE SEJA O GOVERNO (Trabalhista, Socialista, Social-democrata, Neoliberal) a prioridade dos investimentos será sempre para os titulares do PODER, ou seja, a classe hegemônica. O PT chegou ao GOVERNO, mas nunca ao PODER. Estas são coisas muito diferentes. Daí da para receber que a briga com a COPA o buraco é mais embaixo. É claro que um PODER é hegemônico, mas não único (ou monolítico). O PODER é disputado por outras forças sociais como os DONOS do TRABALHO (assalariados, agricultores familiares, micro-empresa familiar urbana, empreendedores individuais, cooperativas da Economia Social e a parcela do ESTADO que representa estes poderes. O nome de tudo isto é ECONOMIA PLURAL.

b) Outra questão central é a origem do Capital das empresas, entendido por muitos como de origem privada. E sendo privado, este Capital poderia ele comprar e gastar o que quisesse em estágios e salários de jogadores. Mas não é assim que funciona.
O Capital das empresas tem em geral duas origens principais: o valor de venda das mercadorias (a margem adicionada a um produto) e o valor da mais-valia. A Mais-Valia é a diferença que o trabalhador agrega com seu trabalho ao produto (a) e o valor do seu salário (b). A massa do valor agregado do trabalho é sempre maior do que a massa do valor de todos os salários pagos. Em uma cooperativa legítima esta diferença a mais do valor agregado pelo trabalho é distribuída entre todos os sócio-trabalhadores. Em uma empresa convencional esta diferença é apropriada pelo empresário. Então alguém argumenta a mais-valia é remuneração do empresários pelo seus riscos no investimento (capital, tecnologia e equipamentos). Bobagem - capital, tecnologia e equipamentos são o que chamamos de "trabalho congelado" ou como diz Marx " trabalho morto". Isto significa que em algum momento da cadeia este dinheiro deixou de ser entregue aos que o geraram, o seja os donos do trabalho. Se queremos falar em algum tipo de Capitalismo Social o lucro das empresas precisaria ser reinvestido integralmente (deduzido a depreciação dos equipamentos e novos investimentos em tecnologia) em benefícios sociais. O empresários teria seu salário como todos os trabalhadores, como acontece em uma cooperativa. Para que não pensem que não tenho referencial empírico aqui vai: TODA A REGIÃO DO QUEBEC no Canadá funciona assim.

Isto é um modelo real de não exploração do trabalho e de não alienação. Considerado estes considerandos poderemos então falar dos gastos com a COPA e todos os outros gatos privados e públicos no Brasil. Data vênia (eita Supremo) os que pensam em contrário são estas minhas considerações.