sábado, 25 de dezembro de 2010

Para catadores, trabalho de coleta seletiva garantiu dignidade no governo Lula

São Paulo - Cerca de duas mil pessoas esperaram, por horas, a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira (23), último dia da Expocatadores na capital paulista. A maior parte deles tinha a mesma expectativa. Baianos, mineiros, paranaenses e catadores de outros estados dividiam o espaço com trabalhadores de outras nacionalidade, como peruanos e equatorianos. O evento teve caráter internacional.

Adalvina Ribeiro, de 62 anos, é catadora de materiais recicláveis em Maringá (PR). Há três décadas ela trabalha dessa forma e mostrava com orgullho a foto que estampava a capa de um jornal local, em que ela abraçava o presidente Lula em uma visita à cidade, há cinco anos.

Ela revela que, hoje, sua atividade pode ser vista como uma profissão de verdade. "Eu sou catadora e vou continuar com muito orgulho", explica. Dona Adalvina sabe que seu cotidiano pode melhorar, e parte dessas mudanças não envolve decisões políticas.

"O catador é importante, só que precisamos que as pessoas se conscientizem. Todo mundo tem de nos ajudar a separar o lixo", avisa. "Mas eu gosto de lixo limpinho", pede a paranaense, com um sorriso no rosto.
Legislação

O mestre de cerimônia do evento, paramentado de modo peculiar, incentivava o coro: "Não, não, não à incineração". A queima de resíduos é considerada uma das maiores vilãs pelos catadores, que consideram que a solução pode representar vantagens para prefeituras e problemas para eles. Pressionadas pelo poder econômico, as administrações poderiam colocar em risco a profissão relacionada à separação de materiais recicláveis.

Entusiasmado com o protesto contra os incineradores, Ubiratan Santa Bárbara, líder da Cooperativa de Agentes Ecológicos de Canabrava (Caec), de Salvador (BA), analisa que há alternativas. Para ele, a Lei de Resíduos Sólidos assinada por Lula facilitará o trabalho diário da categoria.

A legislação recém modificada responsabiliza empresas pela chamada "logística reversa", que é o recolhimento de produtos descartáveis pelos fabricantes. A medida favorece a integração de municípios na gestão dos resíduos e responsabiliza mais setores da sociedade pelo lixo gerado.

Ubiratan pede às prefeituras que vejam os catadores com "bons olhos" e passem a apoiar as cooperativas e a coleta seletiva. "Eles têm de ver que não será um favor para nós, catadores, mas sim para a sociedade e para o meio ambiente", ensina. E avisa: "É com a iniciativa de vocês (prefeitos) que isso chegará aos cidadãos catadores".
Referência

A experiência brasileira despertou o interesse de outros países. A catadora Luana Guanaluiza, uma das líderes da associação de catadores da cidade de Quito, no Equador, conta que veio até o Brasil para saber como o governo brasileiro conseguiu fazer com que o trabalho dos catadores pudesse ser reconhecido.

"No Equador não somos reconhecidos por ninguém, nem pelo governo", lamenta. "Lula é o primeiro presidente do mundo que oferece pelo menos um dia de sua agenda para os catadores", reconhece.

De fala humilde, mas convicta, Matilde Ramos, da liderança do Movimento Nacional Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) em nome de todos os catadores fez um balanço do governo Lula, e , por muitas vezes, o deixou acanhado.

Sempre com o olhar direcionado a Lula, nem Matilde nem o presidente escondiam a emoção. Ao agradecer a presença e o compromisso de ter aderido à luta dos catadores, Matilde olhando para o presidente e lhe indagou firmemente: "Graças a você conseguimos sair de uma vida desumana. O senhor tem dimensão do que fez pela gente?. Ele reage com com um abraço.

Fonte: Rede Brasil Atual

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PAZ E PROSPERIDADE.


SE FOR
APENAS UMA UTOPIA
FAREMOS DE SUA ENERGIA
O MOTIVO DE NOSSA PARTILHA,
PARA QUE TODOS OS DIAS
SEJA NATAL EM NOSSA CASA COMUM.
PARA QUE TODOS OS DIAS
SEJA NATAL
EM NOSSAS INQUIETAÇÕES, EM NOSSAS SINGULARIDADES.
SEJA NATAL EM NOSSA FOME
E NOSSA SACIEDADE.
SEJA A COMUNHÃO
O ATO MAIS SIMPLES,
POSTO QUE O MAIS COMPLETO
DE TODAS AS NOSSAS MANHÃS.


Votos de Lenir e Fred, Fabrício e Iza, Diego e Zana,
Votos compartilhados do Caio, Catarina, Henrique e Sophia, meus netos.
Votos compartilhados de Nelly e Batista, pais da Lenir
Votos compartilhados de Inez e Roberto (em memória), meus pais.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

PAZ E PROSPERIDADE


Esta foi uma foto que recebí do meu irmão Quim Drummond. Pela sua beleza resolví adotar como minha própria mensagem de natal. Por isto agradeço Quim duplamente: pela bela mensagem e pela sua sensibilidade que transfiro a todos os meus amigos ou apenas leitores deste Blog como símbolo de paz e prosperidade.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ABNT lança norma de responsabilidade social

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou no último dia 08, em São Paulo (SP), NBR ISO 26000, norma internacional de responsabilidade social. A iniciativa é resultado de cinco anos de trabalho e fruto de parceria de 450 especialistas e 42 organizações de mais de 90 países.

O Brasil e a Suécia lideraram mundialmente o processo de construção do mecanismo. O lançamento mundial foi realizado pela International Organization for Standardization (ISO), no dia 1º de novembro, em Genebra (Suíça). “O desafio agora é a sua implementação e demonstrar os valores e as oportunidades que se abrem”, destacou o vice-secretário geral da ISO, Kevin McKinley.
O instrumento contém orientações sobre sete temas-chave da responsabilidade social, tais como: governança; transparência; ética; sustentabilidade; engajamento dos stakeholders; operações justas de comércio e voluntariado; leis internacionais e locais aos direitos humanos; e normas internacionais de conduta seguindo padrões da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O mecanismo fornece orientações para todos os tipos de organizações, independentemente do porte ou localização, sobre conceitos, termos, definições e todas as questões referentes à responsabilidade social e desenvolvimento sustentável e sua implementação nas organizações.

A ISO também contempla um guia de integração para diagnóstico, revisão e melhoria de práticas, com ferramentas e sugestões de como as ações podem ser comunicadas. As diversas orientações objetivam enfatizar a credibilidade da organização em torno do tema. Ao contrário das outras normas da ISO, a 26000 não é certificável nem tem caráter de sistema de gestão.

A nova norma é um guia de aplicação voluntária, mas as organizações que a adotarem poderão ser beneficiadas em vários aspectos como, por exemplo: vantagem competitiva; reputação; capacidade de atrair e manter trabalhadores ou sócios, clientes ou usuários, melhor relacionamento com empresas, governos, mídia, fornecedores, clientes e a comunidade em que atua.

“Os temas centrais da norma vão promover o equilíbrio social e regular a concorrência internacional”, explicou Eliane Belfort, diretora do Comitê de Responsabilidade Social (Cores) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade que sediou o lançamento do evento. O grupo de trabalho brasileiro que participou da elaboração da norma contou com a participação de 70 organizações. As empresas envolvidas representavam as cinco regiões do país e 25 setores da economia.

Sustentabilidade nos processos produtivos

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) também anunciou que publicará, até fevereiro de 2011, os requisitos gerais de sustentabilidade de processos produtivos. Durante o período de consulta pública, a proposta de texto recebeu a contribuição de mais de 30 grandes empresas, de diferentes setores.

“O programa consiste em consolidar uma plataforma de práticas de sustentabilidade em processos produtivos, a maioria prevista em lei, para atender aos mercados mais exigentes. Importante ressaltar que é de caráter voluntário e terá a certificação somente para os casos em que os fornecedores queiram atestar a utilização desses requisitos”, comentou explicou o diretor da Qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo.

Para definir os requisitos de sustentabilidade dos processos produtivos, o Inmetro utilizará, além dos requisitos consagrados na legislação, experiências anteriores em certificações desenvolvidas em setores produtivos que envolvem conceitos de sustentabilidade, tais como os programas de certificação de florestas, dos produtos de base florestal (papel, celulose, madeira etc.), de cachaça, das frutas e da fibra de sisal.

Os requisitos se baseiam em princípios de impactos ambientais, sociais e econômicos já praticados nos processos produtivos. A grande maioria está contemplada na legislação brasileira. Dentre outros, abordam questões como racionalidade no uso dos recursos naturais, descarte de resíduos, adequadas condições de trabalho, utilização de equipamentos de proteção individual, entre outros.

Entre em Contato

ABNT
Telefone: (21) 3974-2300
Site: www.abnt.org.br

Inmetro

Telefone: (21) 2563-2800
Site: www.inmetro.gov.br

Fonte: Portal http://www.responsabilidadesocial.com/http://www.colmeiativa.blogspot.com/

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Antropologia. Uma ciência da dominação?

O início dos anos 70 era recorrente no meio universitário a noção de que a antropologia era fundamentalmente uma ciência a serviço do capital, como poder hegemônico. Nas salas de aula os professores desta disciplina ( a professora Ruth Cardoso era uma boa exceção ) mal conseguiam dar as suas aulas, tendo que enfrentar as turbulências de um momento político, no auge da ditadura militar. Mas porque os ativistas de esquerda manifestavam uma tal ira contra a antropologia? O que ela continha de tão ameaçador, como um vírus letal capaz de aniquilar as consciências em processo de politização, com uma forte leitura marxista da história?
Apenas para situar o problema, dentro da perspectiva colocada no Fórum de nossos estudos iremos pontuar algumas questões, que constituíam desafios importantes para a intelectualidade engajada da época. Em linhas gerais poderiam destacar pelo menos três eixos fundamentais:
a)      Havia, e ainda há, uma teoria nas ciências humanas que a organização societária expressa uma forma de organização da vida social superior da organização tribal. A idéia básica é que o futuro de todas as tribos era um dia virar uma sociedade e, que isto representava um progresso para os humanos, que valia um investimento tanto político como científico. Não se admitia que a cultura tribal poderia ser preferível à organização societária, pelo seres que compartilhavam deste modo de vida. A vida tribal era sinônimo de atraso. E era precisamente neste espaço que se observaram os principais focos de estudo da antropologia. A tribo desfrutava de um isolamento que permitia ao investigador construir leis de relacionamento (fundada na estrutura da família tribal, nas relações de parentesco, na religião “primitiva”, nos tabus, nos ritos de iniciação entre outros) interpessoal sugestivo de alguma permanência ou universalidade, como estrutura. Não se esperava encontrar os mesmos traços culturais de uma tribo para outra, mas admitia-se a existência de estruturas com potencial de universalidade. As tribos precisavam ser isoladas e preservadas, como se faz com animais em extinção. Outros tentavam “emancipar” os humanos tribais, libertando-os de estruturas confinadoras. No Brasil, para os índios Kaiowas a produção de excedentes para a comercialização era inadmissível. Desta forma eles muitas vezes optaram trabalhar em esquemas de elevada exploração para fazendeiros, do que possuir uma cultura de milho, por exemplo, que gerando um excedente os permitira negociar, para fazer compras de outros bens necessário à tribo. Conheci antropólogos, muito bem intencionados, que viviam anos entre estes grupos étnicos, tentando convencê-los à mudanças de seus hábitos.
b)      O outro eixo fundava-se na noção da ausência de história na organização tribal. Não sendo uma estrutura de classe não possuíam história, tal como a entendemos.E não estando na história estes povos “estariam condenados” a uma existência linear, desprovida de progresso. Partia-se do pressuposto que era uma questão de tempo: logo estes povos  fariam seu contato com “os civilizados” iniciando seu aprendizado para um novo modo de vida. Alguns antropólogos consideravam fundamental criar salvaguardas, para que esta integração processar de forma menos predatória. Em última instância a relação era sempre dentro de um enfoque de poder:  o poder do civilizado versus a fragilidade do silvícola. O fato é que o pensamento marxista nunca chegou a produzir uma teoria que incluísse estes povos na estrutura burguês versus proletariado. Algumas vertentes tratavam-nos como povos explorados, portanto com algum potencial revolucionário.
c)      Todo este quadro estará com referência no padrão de análise dos povos dominadores: a forma de vida do homem tribal, seu habitat era extremamente hostil aos “invasores”.  E este habitat poderiam ser regiões montanhosas, como a morada dos vietcongs ou o terreno árido das tribos do deserto, no oriente médio.
d)      Qualquer que fosse o eixo de análise havia um ponto que a antropologia ajudou a construir: a noção do diverso, apenas como diverso, nem inferior, nem supeior. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Energia dos Mitos Fundadores: nossa busca de uma destinação teleológica para a humanidade rumo ao hiper-coletivo.

Meu trabalho de conclusão do curso de Filosofia foi intitulado: "Mitos Fundadores, Crises e Pespectivas do Partido dos Trabalhadores". A professora Marilena Chaui desenvolve o conceito dos "mitos fundadores" na história do Brasil. Recupero uma referência da professora: (...) “À maneira de todo 'fundatio' este mito impõe um vínculo interno com o passado como origem, isto é, com um passado que não cessa nunca, que se conserva perenemente presente e, por isto mesmo, não permite o trabalho da diferença temporal e da compreensão do presente enquanto tal"(...).

Para mim foi um achado esta contribuição de Chauí. Depois encontrei em diversos outros autores o papel dos Mitos, com uma força muito maior do que eu poderia originalmente conceber: bons exemplos estão no estruturalismo, que nos fala de um Inconsciente Estrutural e dos conceitos de arquétipo trabalhado por Jung. Porque fui buscar estas fontes? Sempre me perguntei sobre a origem da energia mobilizadora de alguns conceitos, como por exemplo o de "libertação". Eu tive vários companheiros que morreram sob tortura, colocando o ideal de liberdade acima da própria vida. Havia uma motivação que eu chamaria de "não-racional" e uma convicção de que no final a Verdade venceria. Esta é no fundo a visão do Reino, proclamada pelas religiões abraamicas, que está presente no judaismo (Marx era judeu) e no cristianismo e, neste sentido, é uma visão teleológica. O Bem é para o onde caminha inexoravelmente a história. Se a história possui uma destinação teleológica qual o sentido de nossas escolhas e o papel da nossa liberdade? Somos de alguma forma prisioneiros de um final que já está escrito? Esta é a dimensão ontológica do Ser que estudamos?
É possível que encontremos em Sartre um esforço de elaborar esta reflexão. Senão vejamos.
O ano de 1977 foi particularmente simbólico para muitos de minha geração. A grande maioria dos partidos de esquerda, que exerciam alguma ação contra o regime militar no Brasil, já estava dizimada. Um sentimento de desesperança em relação ao nosso sonho socialista teimava em ganhar proporções. Foi neste ambiente que proclamei, no poema acima, como uma condenação continuar buscando a liberdade e a vida. Carlos Takaoka, um artista plástico, que ganhara há pouco tempo a liberdade, depois de ficar cinco anos na prisão, como prisioneiro político, leu meu poema e retrucou-me com outro poema, em que ele recusava a vida como uma condenação, mas como um ato de liberdade. Sem sabermos estávamos no coração dos temas mais caros ao filósofo Jean Paul Sartre. Mesmo porque a visão que tínhamos dele era de um anarquista, que com sua pregação criava vacilações nas opções políticas do povo francês. Passados 30 anos vejo-me face a face com o Anjo Vingador. Se a história não possui um sentido teleológico qual a nossa bússola? E se Deus não nos presenteará com a Terra onde jorra o Leite e o Mel, resgatando nossos pecados da vacilação pequena burguesa, o que será de nós? Enfim que espécie de prisão é a vida, onde construímos nossos projetos de liberdade e prometemos aos filhos certos atos de bravura? Tomamos na prateleira o livro Sentimentos do Mundo, do poeta Carlos Drummond e defrontamos com um trecho do poema Elegia 1938 (1938?):


“(...) Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
E sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.(...)”
E no final o poeta proclama:
“(...) Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.(...)”

Nem a deliciosa alienação do sono, nem o conforto da impotência nos resgatam, nos levando a aceitar a “injusta distribuição” no sossego de não fazer qualquer escolha.

Sartre fazendo a defesa de sua ética existencialista (e sua dimensão profundamente humanista) nos lembra: - “O que as pessoas, obscuramente, sentem, e que as atemoriza, é que o covarde que nós lhe apresentamos é o culpado por sua covardia. O que as pessoas querem é que nasçamos covardes ou heróis.” Porque afinal se em minha covardia ou em minha alienação não posso sozinho dinamitar Manhattan, porque me responsabilizam pela guerra, pela chuva e o desemprego? “O que o existencialista afirma é que o covarde se faz covarde, que o herói se faz herói” – diz Sartre. E que dinamitar Manhattan ou não é um escolha inteiramente minha, pela qual responderei. E que se este ato expressar uma atitude voluntariosa ou conseqüente será uma conseqüência de minha exclusiva liberdade.

Somos então prisioneiros da liberdade? Não é isto que nos afirma Sartre, de vez que ser prisioneiro já é um condicionante. Parece existir aí um aparente paradoxo e é sobre este ponto que vou dirigir minhas reflexões.

Somos condenados à liberdade? Farei algumas reflexões:

Sartre é uma figura emblemática e em minha opinião o mais importante filósofo do século XX. Manteve uma vida ativa como professor, escritor, crítico social, ativista político, deixando um legado na filosofia que ainda não foi inteiramente assimilado: o compromisso humanista existencial com a liberdade. Sartre fez esta trajetória sem cair em qualquer forma de niilismo e/ou alienação. Ao contrário: a existência humana é a única ancoragem para sua ética, construída como um ato fundamental de escolha, dentro da liberdade. Eu gosto da metáfora de Adão e Eva expulsos do paraíso. O que é o paraíso? Um estado de não escolha, de total indiferenciação. A comerem o fruto da Árvore do Bem e do Mal eles ganham consciência (perdem a ingenuidade) e entram em um estado que precisam fazer escolhas. Eles são condenados a escolhas. Qualquer que seja a escolha possível, com todos os limites da alienação, dos condicionamentos culturais e outros limites, estará sempre condenado a uma escolha. E este é um ato solitário, ainda que se dê no espaço social e na história. Porque escolho não fazer apropriações individuais da produção social? Nada me obriga a isto. Porque escolho que a vida deve ser defendida como valor supremo? Instinto de conservação da espécie? Pode ser. Mas porque este mesmo instinto não me impede de escolher dizimar meus iguais com armas de destruição em massa, com políticas de exclusão social, com atos de colonialismo e dominação. Que instinto é este? E não podemos fugir do seu exameE se Deus de fato não existir? Será esta de fato a pergunta relevante? Vejo dois conceitos caminharem muito próximo: o de materialismo e ateísmo. Qual a relevância desta proposta? Excluindo as atitudes mais neuróticas, que transformam qualquer visão em fundamentalismo, a questão central deveria ser outra; sendo mais preciso - deveria caminhar na direção de nos olharmos como humanos. Quais nossas singularidades? Sabemos que somos herdeiros do Big Ban. Isto não é pouco. Esta ancestralidade me liga à história do próprio universo. Sabemos nossa condição de seres relacionais. Somos gregários. E principalmente, sabemos que sabemos todas estas coisas. Mas somos seres que possuem a mesma trajetória dos entes vivos: somos efêmeros. Somos realmente efêmeros? Se o único espaço em que posso realizar de minha experiência de vida é o agora, cada agora contém uma eternidade. A morte soe acontecer. "Todavia, toda vida é indagação do achado" (diz Drummond). Indagação do depois de agora. Daqui a 10 dias vence o aluguel. Não tenho como pagar hoje e não tenho perspectiva de pagá-lo no depois de hoje. Meu sofrimento do depois de hoje é agora. Por isto sofro agora com minha finitude. Desta forma me convém acreditar que sou infinito. Afinal uma série numérica é infinita! Porque eu também não poderia sê-lo? E se for assim vou vier agora minha eternidade: o pós tempo - o pós história. E é provável que o pós tempo exista. Pois se o tempo é, o é em face de do não-tempo. Ou seja, posso aliviar agora meu sofrimento com a vivência do não-tempo. De mais a mais a experiência do divino é em mim que se concreta. Este humano-divino é uma experiência real. Nela esta minha transcendência e minha imanência. E em todos os casos a pergunta inicial não faz qualquer sentido, porque equivale a perguntar - e se Deus existir? Este divino continua sendo uma experiência que se realiza agora, em mim e para mim.

A impressão que ficamos após a leitura de "O Existencialismo é um Humanismo" é de que Sartre, embora afirme em contrário, confere à experiência de liberdade de escolha uma dimensão divina; ele absolutiza a responsabilidade do humano singular, transformando esta escolha em um padrão de transcendência dos seres singulares para os seres "categoria". Sartre repete o tempo todo sobre a inexistência de uma natureza humana, mas impressão que tenho é que ele deixa de considerar as contribuições da antropologia, da psicologia social e da ecologia social. O conceito de Teia da Vida, presente na Teoria de Santiago (Maturana e Varela) nos lembra que a cognição é uma propriedade da vida; que existe um padrão de rede desde as micro-particulas até os conjuntos mais complexos. Um padrão que é anterior ao próprio surgimento dos organismos vivos. Um padrão que está presente na organização da matéria. Este padrão cria uma ética da ecologia profunda, onde a liberdade é a liberdade comprometida, mas a liberdade possível. Não existe outra forma de liberdade. A escolha é a escolha possível e condicionada por este padrão: pode ser a cultura, o inconsciente (Freud e Jung) e visão de classe (Marx). Sartre parece conferir demasiado valor ao cogito (Kant), deixando de considerar dimensões como a intuição nos processos de escolha. A intuição é uma experiência (como tal um fenômeno e uma fato da existência) que nos confere um sentido de certeza. É com base nesta certeza que faço minhas escolhas. Não me parece que haja um grau de liberdade significativo quando o que me movimenta é a certeza, resultante de um insigt.

Conhecer Sartre é conhecer sua motivação íntima: como esta responsabilidade que ele nos conta se constrói na história. Sartre sabia que existem pelo menos dois grandes filtros que balizam nossas escolhas: o inconsciente (Freud) e a visão de classe (Marx). O limite íntimo destas escolhas é que me parece estar em questão. Volto minha lembrança a Carlos Takaoka e a todos como ele que passaram por provações físicas e psicológicas profundas, como os prisioneiros de guerra, como Sartre. De todas as guerras. Nunca soube se o Takaoka era ateu ou não, se era materialista ou idealista. Naturalmente o Takaoka possuía forte influência de usa origem oriental. Falávamos sobre a natureza e sentido de nossas escolhas e do nosso engajamento político. Criticávamos as noções de necessidade (imperativos) histórica, como muito determinista para qualquer forma de liberdade. Então ele me contou o seguinte Koan (trata-se um dito ou ato de um mestre Zen).

- Um jovem monge perguntou ao seu mestre: O que é mais importante: carregar o Buda ou lavar os pratos? Ao que o mestre respondeu: O mais importante é lavar o Buda e carregar os pratos.

O pensamento ocidental é muito marcado por alternativas excludentes e o Takaoka me lembrava que uma ética assentada em escolhas excludentes era estranha para ele. Porque existindo ou não uma divindade a sacralidade dos humanos justificavam uma opção humanista. E este provavelmente foi o maior legado de Sartre. Novamente citando Drummond ele nos lembra em sua poesia nossas escolhas pessoais de uma ordem superior e justa. Mas são nossas escolhas. Ninguém nos obriga a isto. Nenhum determinismo da natureza ou da história, nenhum determinismo transcendental teológico. Afinal não existe nenhuma racionalidade a ser desvendada. Todas elas, incluindo sua falta, resultam de nossas escolhas. Não há o que decifrar. Existem apenas escolhas Mas parecem ser escolhas que dormem e às vezes acordam, no mais fundo de nossa intuição. No primeiro e último verso do poema Nosso Tempo, Drummond brinda-nos com estas palavras:

"Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
as leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.
(...)
O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta,
um verme."

domingo, 12 de dezembro de 2010

Economia Solidária, Fórum Social e da Unesco

Por Jean-Louis Laville

http://alternatives-economiques.fr/blogs/laville/2010/02/10/economie-solidaire-forums-sociaux-et-unesco/#more-18
O anti-movimento de globalização, que comemorou seu décimo aniversário em Porto Alegre, dedicou um grande espaço para debate sobre economia solidária, preparou três dias antes do primeiro fórum e do mundo primeira feira de economia solidária. Com isso, ele é realmente práticas críticas tornar visível a ordem dominante e examinar suas possibilidades para o futuro. É uma oportunidade para discutir a Terceira Conferência Internacional da Cátedra UNESCO "Trabalho e sociedade solidária" [1] . Organizado pelas redes americanas (RILESS) e Europa (EMES [2] ), que reuniu participantes de África, América e Europa. A falta de sintetizar as discussões, forças de quatro linhas podem ser identificadas em uma leitura pessoal destes .

sábado, 11 de dezembro de 2010

Obsolescência Planejada na curva de vida dos trabalhadores

De Renato Araujo
Obsolescência é a condição que ocorre a um produto que deixa de ser útil, mesmo estando em perfeito estado de funcionamento. Ou seja, são produtos deliberadamente projetados para deixar de funcionar em um curto espaço de tempo. São as porcarias industrializadas que consumimos em nosso dia-a-dia crentes que estamos adquirindo produtos de uma boa qualidade. Entretanto, a qualidade deles são boas para quem os produz, pois, esses produtos são fabricados visando a minimização dos custos e a maximização dos lucros. Por isso os produtos precisam ser baratos e frágeis, tendo sua obsolescência planejada para serem trocados seguidamente. Sendo caros, as pessoas não aceitariam sua má qualidade.

Com o avanço da tecnologia os produtos eletrônicos, como o celular, evoluíram em desing e funcionalidades. Agora esses pequenos aparelhos, dos quais somos atualmente dependentes, estão sendo projetados para deixar de funcionar em poucos anos, ou até menos. Cheguei a conclusão que os celulares não estragam mais, eles são produzidos pelo sistema da obsolescência planejada, sendo assim, são projetados para “estragar” em um determinado prazo. Imagina toda essas campanhas publicitárias para vender novos aparelhos de celular se os aparelhos durassem anos como era antigamente. Tem pessoas que trocam de celular de acordo com a moda. É somente a empresa lançar um novo modelo que este consumidor já se desfaz do seu aparelho “antigo” e adquire um novo.

Numa economia capitalista o tabalho é reificado - transformado em mercadoria. E como qualquer mercadoria está sujeito à "lei da obsolescência planejada". Os vendedores de trabalho, quando jovens, atendem melhor a lógica a acumulação capitalista. A suposta racionalidade da economia mercantil cuida de excluir provedores de trabalho, que pela idade, estão mais sujeitos a "gastos de manutenção". O saber deste provedores já foi incorporado pelas novas tecnologias, não sendo mais necessários ao sistema.

A luta contra a degradação acelerada da vida.

Autoria: Lucien Sève. É filósofo, autor de Penser avec Marx aujourd’hui. Tome 2: L’Homme, La Dispute, Paris, 2008
Na maior parte das empresas francesas, funcionários são considerados velhos a partir do 40 anos: “O mundo das empresas faz dos assalariados de mais de 45 anos idosos prematuros, privando-os notadamente do direito à formação”, observa Serge Guérin8. Aos poucos, os meios empresariais se livram desses “senhores” por meio de um conjunto de ferramentas que vão desde a aposentadoria precoce até a licença. “Na França, o índice de atividade entre 55 e 64 anos (38,3%) é um dos mais baixos da Europa9”. Para milhares de quinquagenários, o fim da vida profissional transforma-se em pesadelo e a aposentadoria ganha uma conotação fortemente negativa.

A importância desse drama social e humano é levada em conta? No momento em que a expectativa de vida em bom estado atinge e ultrapassa os 80 anos de idade, os 50 anos tornam-se mais do que nunca a idade-chave para a preparação da passagem da vida profissional à terceira idade ativa que deve ser a “aposentadoria” – com a condição de que essa nova fase permita às pessoas se lançarem a outras atividades e competências humanamente dignas. No entanto, os quinquagenários são insuportavelmente maltratados diante de nossos olhos pela gestão de “recursos humanos” em nome da lucratividade.
Muitos se deram conta recentemente, com a série de suicídios na empresa France Telecom, do suplício que pode ser esse “gerenciamento pelo terror”. Porém, não basta apenas colocar em exame a ditadura que exerce a lucratividade, é preciso também ampliar o campo de visão para o conjunto de suposições que regem a vida, desde o acesso ao trabalho até a aposentadoria.
A crise atual não é apenas financeira, econômica, social, ecológica, mas também antropológica. O gênero humano é ameaçado em seus valores e existência civilizada pela implacável lógica que faz tanto da atividade mental quanto física uma mercadoria rentável ou descartável. Na França de amanhã serão contabilizados mais de 20 milhões de aposentados. Em que estado eles se encontrarão se, em massa, esperarem anos por um emprego decente, e em seguida se depararem com uma vida de trabalho mais ou menos alienada, cujo caminho leva à meia-idade, que terminará numa aposentadoria imposta e pressionada pela exploração dos “idosos” como um nicho de mercado? A degradação acelerada de vidas seria menos grave que o derretimento das calotas polares, e não nos ameaça como uma catástrofe de grandes proporções?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Programa de ecoeficiência: um sessentão vale por três vintões.

- Responsabilidade social com ecoeficiência: contrate um e leve três.
- Inclua os (as) sessentões na preservação sócio-ambiental.

- Programa de ecoeficiência: um sessentão vale por três vintões. (mas não esqueça os de vinte – tem muita serventia)
- SALVE os (as) sessentões (azul, dourado, branca!!!!)

Em tempo: aproveite de veja meu curriculo.

I - Resumo das Principais Experiências
- Formador em programas de auto-gestão comunitária, desenvolvimento de habilidades e atitudes solidárias, capacitação para planejamento participativo comunitário, análise de viabilidade de empreendimentos solidários.Difusão dos fundamentos da economia social.
- Gestor de Projetos e Coordenação de Programas de Responsabilidade Social, Cooperativismo e Sustentabilidade.
- Grande conhecimento em Marketing Social, Comércio Justo, Pesquisa de Mercados Solidários e Micro-finanças.
- Relações Institucionais com empresas parceiras tais como Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Trabalho e Emprego, SEBRAE, Petrobrás, Fundação Banco do Brasil, Sistema Desjardins (Canadá) e UNIPAZ.

II - Formação:

- Filosofia – Licenciatura Plena- Centro Universitário Claretiano.
- Ciências Sociais – USP/PUC (disciplinas específicas)

Especialista:

- Pós-graduação em Economia e Meio Ambiente – UFPA (fase de conclusão do TCC)

A democracia da transparência: Veja como funciona o WikiLeaks


O site de vazamento de documentos secretos WikiLeaks ganhou notoriedade pela primeira vez em meados deste ano, quando divulgou um vídeo no qual militares dos Estados Unidos fuzilam iraquianos de um helicóptero.

Criado por Julian Assange, o site é considerado um novo ícone do jornalismo investigativo e também vem sendo duramente condenado como risco à segurança internacional.

Desde julho de 2007, o WikiLeaks publica documentos delicados por meio do que descreve como "vazamento com princípios". O site já abrigou mais de 1 milhão de documentos, desde o manual da prisão de Guantánamo até a lista de filiados do Partido Nacional britânico, de extrema-direita.

Seu vazamento de mais alto impacto havia sido em abril deste ano, com um vídeo de 2007 que aparentemente mostra um helicóptero dos EUA disparando contra um grupo em Bagdá, matando dois funcionários da agência de notícias Reuters. Assange não viaja aos EUA desde então, por receio de ser preso.

Desde então, contudo, o site voltou às manchetes de todo o mundo com vazamentos de milhares de documentos das guerras do Afeganistão e do Iraque e, em seu mais recente "lançamento", 250 mil documentos secretos diplomáticos dos EUA.

O WikiLeaks depende de donativos, mas sabe-se pouco sobre a origem e as dimensões de seu financiamento. Recentemente, Assange disse que vive como nômade, carregando um computador em uma mochila e suas roupas em outra. Após manter-se discreto por vários anos, suas aparições públicas vêm se tornando mais frequentes.

Fonte: Folha - Portal UOL

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WikiLeaks: o rei está nú e não podemos ficar indiferente.

A MÁQUINA DE MOER GENTE -
O TERRORISMO NORTE-AMERICANO
- Laerte Braga -
O maior feito do site WikiLeaks foi e continua sendo o de jogar na lata do lixo a hipocrisia norte-americana sobre democracia, direitos humanos, coisas que tais.

O que era uma nação é hoje um complexo conglomerado terrorista associado a Israel. Tem controle total sobre a Europa (extintas nações como Grã Bretanha, Alemanha, por exemplo, hoje colônias). Dizima países como o Paquistão, o Iraque, o Afeganistão, a Colômbia. Volta suas garras para nações africanas e patrocina o massacre sionista contra o povo palestino, versão contemporânea do Holocausto.

O momento em que o terrorismo atinge o ápice. A mais poderosa potência militar de todo o mundo pratica toda a sorte de ações criminosas possíveis para manter seu poder (está falida e com graves problemas econômicos e sociais).

Prisões indiscriminadas e sem ordem judicial, campos de concentração, tortura, sequestros, assassinatos seletivos, estupros, massacres de grande monta, nada que se possa comparar a al-Qaeda, grupo de principiantes tal o poder do terrorismo dos EUA.

O nível de atrocidades cometidas pelo conglomerado EUA-Israel Terrorismo S/A supera a ficção criada por Ian Fleming, seu principal personagem, James Bond e colocado sobre os ombros da Spectre. Chantagem, extorsão, assassinatos, etc. São aprendizes na ficção do horror espalhado por norte-americanos e sionistas.

As ditaduras militares em qualquer lugar do mundo têm o costume de imputar acusações a seus adversários e de tentar desmoralizá-los junto à opinião pública, forma sistemática de manter o tacão do medo sobre os povos do mundo.

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, já está rotulado como “criminoso sexual”, com ordem de prisão emitida (e cumprida pela Inglaterra, colônia europeia dos EUA) pela Interpol e segundo muitos, uma sentença de morte decretada pela Casa Branca, a ser cumprida pela CIA, em nome da segurança nacional, expressão que costuma caracterizar barbárie.

Os mais de duzentos mil documentos já revelados e exibindo toda a realidade que Hollywood não mostra são de tal ordem que não há como descrever toda a boçalidade de sucessivos governos dos EUA na construção do terror que espalham por todos os cantos do planeta.

E uma falácia. Não têm o menor interesse no controle do tráfico de drogas. Nem na Colômbia, ou no Afeganistão. Pelo contrário, grandes bancos, gigantes do mundo financeiro, costumam ser socorridos pelos quatrocentos bilhões de dólares que o tráfico movimenta por ano em todo o mundo.

Um dado interessante e até agora desconhecido do grande público, já que a empresa (EUA-Israel Terrorismo S/A) tem o controle da mídia privada e dita grande na maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil.

Quem manda é a senhora Obama. O presidente branco pintado de negro não toma decisões sem ouvir a senhora em questão. Exceto pulos fora da alcova gerada pelo matrimônio.

Num episódio de uma das séries mais assistidas na tevê americana Law and Order –CriminalIntent – o casal de detetives que investiga a morte de um guarda penitenciário federal, percebe que naquela prisão existem presos desconhecidos, suspeitos de “terrorismo”. Um terceiro detetive, que se associa a investigação, ao ouvir os relatos das práticas permitidas pelo Ato Patriótico (documento assinado por Bush e que permite tortura – falso afogamento – entre elas), afirma textualmente – “li no original,1984” –. Referência ao romance de George Orwell sobre o grande irmão, o controlador e benfeitor de tudo e todos.

“Ele põe os grandes olhos sobre mim”, do tempo que Caetano Veloso era vivo.

Há estragos causados por aqui, no Atlântico Sul.

O comandante da Força Aérea Brasileira, brigadeiro Juniti Saito assentou-se à mesa do Comandante Militar do Sul, general Doug Fraser, num jantar na embaixada dos EUA. Saiu de lá ardoroso defensor dos caças F-18, como melhor “instrumento de trabalho” para a defesa do Brasil. O fato está documentado num telegrama do ex-embaixador Clifford Sobel à Casa Branca. O brigadeiro tem o aval do ministro da Defesa (do Brasil não é) Nelson Jobim.

O chanceler escolhido pela presidente eleita Dilma Rousseff, Antonio Patriota, já deixou claro, segundo documentos do site que os iranianos não são confiáveis. Passou os quase oito anos do governo Lula dizendo o contrário. “A gente nunca sabe quando eles estão sendo sinceros”.

Imagine se sinceridade fosse critério indispensável para o exercício da diplomacia a moda Patriota?

Máquina de moer carne humana. Em dimensões mundiais, sem qualquer respeito pelo que quer que seja que não os tais interesses norte-americanos.

É o que o WikiLeaks revela ao mundo.

Como esse mundo vai ficar após toda essa enxurrada de barbárie tornada pública não sei.

O grande temor é que o Big Brother, transformado em prostíbulo via televisão, ganhou contornos de espetáculo, permeando o lar de cada família com direito a pegar o celular e executar.

Em Roma o circo vinha pelo polegar do imperador satisfazendo a sede de sangue da multidão.

Aqui sai de Washington, Tel-Aviv, se materializa em toda a sorte de violências e brutalidades possíveis na defesa da “democracia” e dos “direitos humanos”.

De quebra o distinto cidadão tem o direito de contemplar a estátua da Liberdade e ver a neve caindo no Natal.

E Sylvester Stallone fardado de "nossos rapazes" garantindo em forma de pastelão da pior qualidade “the american dream”.

O pesadelo dos outros povos do mundo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Série Café Filosófico: APOLOGIA DE SÓCRATES - Platão

(...) Amor é compromisso
com algo mais terrível do que o amor?(...)

(Poema: Mineração do Outro – Carlos Drummmond de Andrade)



Um texto escrito por Platão citando um outro filósofo paradigmático e, que independentemente de ter sido historicamente real, é tão real quanto a força dramática do trecho do poema de Drummond de Andrade transcrito acima.
Em primeiro lugar não custa repetir os traços elegantes, fortes e dramáticos da Apologia. Eu encerraria aqui qualquer pretensão de comentário, se o texto se apresentasse apenas como um poema. Mas, sem deixar de ser poema de feição apaixonada é também uma elaboração filosófica e é, sobretudo um repto. Senão vejamos:

Qual a essência da “Apologia”? – De uma forma quase grosseira, diria que a obra é um libelo em defesa da Verdade. Mas de que verdade estamos falando, uma vez que esta verdade é um compromisso com uma coerência, daquilo que Sócrates tinha como mais valioso que a própria vida. A Verdade pode ser terrível? Sem dúvida e, nesta medida, ela chega ser “não humana”; ela é divina. É uma medida da dimensão absoluta de Deus, assim como acreditava Sócrates.

Sendo acusado de corromper os jovens e de ateísmo, Sócrates é levado a julgamento e finalmente, condenado à morte.

Na Apologia Platão pretende reproduzir a defesa de Sócrates perante seus acusadores e sua postura perante a sentença.

Para Sócrates, ao acusá-lo, seus juizes praticavam um ato ignóbil, injusto e maldoso. Cabia a Sócrates através dos seus argumentos impedir seus juizes de cometer uma maldade; esta era o sentido de sua defesa. Sócrates não receava sua condenação; mas sendo condenado, não teria sido capaz de impedir os seus juizes de alcançar a verdade.
Mesmo esta nova afirmativa em face do próprio discurso da Apologia revela alguns paradoxos: em todo o texto há um sentido de predestinação e fatalidade. Sócrates esperava ser condenado. É como se ele soubesse que estava jogando um jogo de cartas marcadas. Mas sendo assim porque o tamanho empenho na sua defesa? Arriscamos a dizer que seu compromisso com a verdade obrigava-o a esta defesa, ainda que seu desfecho já fosse esperado.


O singular é que Sócrates é citado como um marco no surgimento deste período da filosofia, que identificará na introspecção o caminho do conhecimento. A expressão “conhece-te a ti mesmo”, tornou-se a divisa deste filósofo. “Por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens têm de si mesmos a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que o período socrático é antropológico”.
A leitura à Apologia de Sócrates é tão sedutora, que uma pequena pesquisa mostra outras visões sobre o mesmo assunto. E é claro que estas opiniões se multiplicam.

Em um texto da professora Marilene Chauí (in Convite à Filosofia) ela assim se expressa sobre a Apologia:

“(...) Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno – a cicuta – e obrigado a suicidar-se.
Por que Sócrates não se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia”.O julgamento e a morte de Sócrates são narrados por Platão numa obra intitulada Apologia de Sócrates, isto é, a defesa de Sócrates, feita por seus discípulos, contra Atenas.(...)”


Como já dissemos e, ao contrário do que diz a professora Chauí, Sócrates faz a sua defesa: ele precisava fazê-la. Não para alterar o resultado de um julgamento que ele já antevia o resultado, mas como um compromisso com a maieutica: é preciso manter o compromisso de dar à luz à verdade.

Aqui vemos a figura de um arquétipo: o Sócrates Herói, aquele que se despoja da própria vida para salvar valores universais.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Café Filosófico: com Parmênides nasce a metafísica e a lógica.

Não se sabe ao certo, mas Parmênides nasceu em Eléia na Grécia. Até onde é sabido, ele não foi um seguidor, um colaborador de um mestre ou apenas um elaborador de um pré-pensamento, podendo ser considerado um homem inovador de pensamento avançado para sua época.

Sua doutrina foi mostrada num poema cujo titulo é “Da Natureza”, onde os sentidos para o filósofo eram considerados como enganadores e a multidão das coisas sensíveis eram dados como uma mera ilusão. Nesse poema foi atribuído três pontos importantes do seu pensamento, estes eram chamados de ‘vias’ à pesquisa, que eram: verdade absoluta, opiniões falaciosas ou da falsidade absoluta e a outra era a opinião plausível.

Entender o pensamento deste filósofo não é tarefa simples. Vamos ver a seguir que uma expressão sua, que parece uma brincadeira de estudantes, constitui a base do pensamento lógico. Dizia Parmênides: O ser é e não pode deixar de ser; o não-ser não é e não pode deixar de não ser.

Vamos aprofundar o sentido desta reflexão: Parmênides afirmava que o devir, o fluxo dos contrários, é uma aparência, mera opinião que formamos porque confundimos a realidade com as nossas sensações, percepções e lembranças. O devir dos contrários é uma linguagem ilusória, não existe, é irreal, não é. É o Não-Ser, o nada, impensável e indizível. O que existe real e verdadeiramente é o que não muda nunca, o que não se torna oposto a si mesmo, mas permanece sempre idêntico a si mesmo, sem contrariedades internas. É o Ser.

Pensar e dizer só são possíveis se as coisas que pensamos e dizemos guardarem a identidade, forem permanentes. Só podemos dizer e pensar aquilo que é sempre idêntico a si mesmo. Por isso somente o Ser pode ser pensado e dito. Nossos sentidos nos dão a aparência mutável e contraditória, o Não-Ser; somente o pensamento puro pode alcançar e conhecer aquilo que é ou existe realmente, o Ser, e dizê-lo em sua verdade. O logos é o ser como pensamento e linguagem verdadeiros e, portanto, a verdade é a afirmação da permanência contra a mudança, da identidade contra a contradição dos opostos.

Parmênides introduz a idéia de que o que é contrário a si mesmo, ou se torna o contrário do que era, não pode ser (existir), não pode ser pensado nem dito porque é contraditório, e a contradição é o impensável e o indizível, uma vez que uma coisa que se torne oposta de si mesma destrói-se a si mesma, torna-se nada.

O filósofo defendia a tese que os sentidos atestavam o devir, o nascer e o morrer, do calor e do frio, do dinamismo e da estaticidade, portanto o ser unido com o não-ser daria todo o enraizamento do erro (opiniões falaciosas) pela admissão da simples probabilidade da coexistência e também da passagem de um (ser) para o outro (não ser) e vice-versa (do não-ser para o ser).

Neste patamar, esse filósofo, afirma que reconhecia a possibilidade e a legitimidade do certo tipo de discurso que desse conta dos fenômenos e das aparências sem ir contra os princípios: o ser é e o não-ser não é. Para isso foi buscado, a seu modo, dar conta dos fenômenos expondo a opinião plausível além da falaciosa.

Dizia que o erro dos indivíduos foi ter falado e concebido que, assim como o dia e a noite eram opostos, o ser e o não-ser também seguiria o mesmo raciocínio, porem foi observado no fragmento oitavo que as forças contrarias, pois tanto a luz quanto a escuridão são iguais, portanto são seres e não-seres.

Então para finalizar, para Parmênides, o erro dos humanos está em não compreenderem que a força dos contrários está incluída numa força única superior, ou seja, numa unidade necessária, que se denominava a unidade do ser, pois as forças opostas são iguais e necessárias, pois em sua essência não carrega o nada e sim a igualdade de pertencer a força do ser.

Parmênides teve uma grande importância nos estudos metafísicos devido as características encontradas em seu poema, foi também considerado o fundador da metafísica ocidental com a distinção do ser e do não-ser. Deixou uma forte base para todo o pensamento filosófico - cientifico da conceituação e da definição do ser e do não-ser. Portanto até hoje suas idéias ainda são questionadas a respeito do assunto abordado e do vir-a-ser, que é a mera ilusão.

sábado, 4 de dezembro de 2010

"A Rede Social" é muito mais que um filme sobre Facebook

São Paulo - Um nerd sem habilidades sociais, mas querendo se tornar descolado. Um par de gêmeos mauricinhos com dinheiro e ideias, mas não espertos o bastante para executá-las. Um brasileiro estudando em Havard com mau gosto para roupas e movido pelo eterno impulso de satisfazer o pai. Bem-vindo a era das relações de mentirinha de "A Rede Social", em que as emoções e expressões estão apenas a um toque de distancia.

Dirigido por David Fincher ("O Curioso Caso de Benjamim Button" e "Clube da Luta"), a partir de um roteiro de Aaron Sorkin ("Jogos de Poder" e a série de TV "The West Wing"), baseado no livro "Bilionários por Acaso", de Ben Mezrich, o filme tem como mote o nascimento do Facebook, mas seria reducionista demais dizer que trata apenas dos bastidores da criação de um site.

"A Rede Social" aspira, e consegue em boa parte do tempo, ser o retrato de uma geração que nasceu com o boom da Internet e, ao chegar à idade adulta, descobre que a interação humana não é necessária para haver interatividade.

O filme começa com diálogos incessantes e pouco importa do que se depreende deles. O objetivo é entender que os jovens se interessam por informação -- em grande quantidade, pouco importa sua qualidade ou profundidade. O mesmo se aplica aos relacionamentos, sejam amorosos ou simples amizades.

Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg, de "Zumbilândia") difama sua namorada Erica (Rooney Mara) na Internet depois de levar um fora dela. Não bastasse isso, inventa um site onde garotas "competem" por votos para serem escolhidas as mais bonitas de Harvard.

O que começa com uma brincadeira, se torna alvo de um processo milionário envolvendo a criação de um site de relacionamentos que mais tarde viria a ser -- e é até hoje --conhecido como Facebook. Ele enfrenta os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss (Armie Hammer) e o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), sempre com a mesma pose parte blasé, parte nerd.

Zuckerberg é uma figura paradoxal. Com pouco trato para laços sociais, se torna o criador do site de relacionamentos mais usado do mundo. Apesar de manter os nomes reais dos personagens, o filme de Fincher não se preocupa em ir, no que se refere à questão de biografia, além daquilo que já se conhece da repercussão da criação do site, dos processos e tudo o que os envolvem.

O diretor cria "A Rede Social" com um thriller sobre disputas intelectuais e relacionamentos reduzidos a códigos de computação. Logo de início, é Eduardo que ganha a simpatia do público como um personagem frágil e sempre preocupado em não decepcionar seu pai. Mark, ao contrário, é sutilmente arrogante, com olhar soturno parece não deixar de analisar nenhum ângulo de qualquer situação -- o que parece transformá-lo numa figura fria e calculista.

Só com a entrada de Sean Parker (Justin Timberlake), Mark vai se convencer da possibilidade de ganhar dinheiro com o site. Sean, um dos criadores do Napster, que revolucionou a forma como as pessoas distribuem música, ganha a confiança de Mark com seu modo divertido e bon vivant, e eles se tornam parceiros.

Fincher sempre foi um diretor de apuro técnico o que, muitas vezes, esfria seus filmes ou deixa as emoções enterradas bem lá no fundo. Aqui essas características são bem pertinentes. Os jovens criadores do Facebook são herdeiros -- ou porque não filhos? -- daqueles yuppies depressivos de "Clube da Luta". Se distribuir socos era uma forma de interação social no filme de 1999, aqui, uma conexão com a Internet pode trazer efeitos mais perigosos do que uma noite de troca mútua de sopapos.

"A Rede Social" é um daqueles filmes que chegam a ser assustadores por serem capazes de captar com tanta sagacidade o momento em que vivemos. Daqui a alguns anos, quando outras obras se debruçarem novamente sobre esse período, provavelmente o retratarão com senso mais crítico -- mas sem o frescor e a confusão de levar para a tela a vida do lado de fora do cinema naquele momento.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

(Fonte: Reuters)

Bactéria que "come" arsênico altera definição da vida

Washington - Um estranho lago salgado na Califórnia abriga uma bactéria igualmente estranha, que sobrevive à base de arsênico e que redefine a vida tal qual a conhecemos, disseram pesquisadores na quinta-feira (1º).

A bactéria não só "come" arsênico como também incorpora esse elemento tóxico diretamente ao seu DNA, segundo os pesquisadores.

A descoberta mostra como os cientistas sabem pouco a respeito das formas de vida na Terra, e pode ampliar enormemente o campo de busca por seres em outros planetas ou luas, disse a equipe financiada pela Nasa.

"A vida tal qual a conhecemos exige elementos químicos particulares e exclui outros", disse Ariel Anbar, da Universidade Estadual do Arizona, em nota. "Mas essas são as únicas opções? Quão diferente a vida pode ser?"

O estudo, publicado na revista Science, demonstra que um dos mais notórios venenos da Terra pode também ser a matéria-prima para a vida de algumas criaturas.

Anbar, Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa, e seus colegas encontraram essa cepa especial da bactéria "Halomonadaceae" no lago Mono, na Califórnia, que foi formado numa região vulcânica, com minerais muito densos, inclusive o arsênico.

O lago está repleto de vida, mas não de peixes. Ele também contém as bactérias. "A vida é principalmente composta dos elementos carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo", escreveram os pesquisadores na Science.

Esses seis elementos compõem os ácidos nucleicos - o A, C, T e G do DNA - e também as proteínas e lipídios. Mas teoricamente não há razão pela qual outros elementos não poderiam ser usados. Só que a ciência nunca havia encontrado nenhum ser vivo que os usasse.

Nessa pesquisa, os pesquisadores cultivaram micróbios do lago em uma solução de água com arsênico, contendo apenas uma pequena quantidade de fósforo.

A cepa GFAJ-1 da bactéria "Halomonadaceae" cresceu quando havia só arsênico e só fósforo, mas não sem ambos os elementos. "Este organismo tem uma dupla capacidade", disse em nota Paul Davies, da Nasa e da Universidade Estadual do Arizona. "Ele pode crescer com fósforo ou com arsênico. Isso o torna muito peculiar, embora fique aquém de ser alguma forma realmente 'alienígena' de vida, pertencente a um tronco diferente da vida, com uma origem em separado."

Mas a descoberta sugere que os astrobiólogos - cientistas que procuram vida extraterrestre - não precisam restringir sua busca aos planetas que contém os mesmos elementos que a Terra.

"Nossas descobertas são um lembrete de que a vida tal qual a conhecemos pode ser muito mais flexível do que geralmente supomos ou podemos imaginar", disse Wolfe-Simon.

"Se algo aqui na Terra pode fazer uma coisa tão inesperada, o que mais a vida pode fazer que ainda não vimos? Agora é a hora de descobrir."

Fonte: Rede Brasil Atual