segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Receita de Ano Novo" - C Drummond de Andrade

Gosto deste poema de Drummond por sua atualidade. Ou por sua eternidade. Assim eu e a Lenir compartilhamos com nossos amigos, em outros anos este mesmo poema, que compartilhamos agora. Sei, em seu endereço em outra dimensão, que esta continua sendo também a Receita da Lenir para o ano que em breve se inicia. Por um grande "sincronicidade", na véspera do Natal (dia 24 de dezembro) Lenir completou dois meses do seu natal pessoal (seu renascer em nova dimensão). A todos que nos apoiaram e nos enviaram seus votos de Natal e Boa Festa aqui seguem os novos votos:


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A PRIVATARIA EM DEBATE: UM DOS MAIS IMPORTANTES EVENTOS DA HISTÓRIA DA NOVA REPÚBLICA.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Luis Nassif: A Privataria Tucana marca o fim de uma era.

por Luis Nassif, em CartaCapital

O livro “A Privataria Tucana” marca o desfecho de uma era, ao decretar o fim político de José Serra. A falta de respostas de Serra ao livro – limitou-se a taxá-lo de “lixo” – foi a comprovação final de que não havia como responder às denúncias ali levantadas.

O livro mostra como, após as privatizaçōes, o Banco Opportunity – um dos maiores beneficiados – aportou recursos em paraísos fiscais, em empresas da filha Verônica Serra. Depois, como esse dinheiro entrou no país e serviu, entre outras coisas, para (simular) a compra da casa em que Serra vive.

Tem muito mais. Mostra a extensa rede de pessoas cercando Serra que, desde o início dos anos 90, fazia negócios entre si, utilizando o Banespa, o Banco do Brasil, circuitos de paraísos fiscais, as mesmas holdings utilizadas por outros personagens controvertidos para esquentar dinheiro

Provavelmente o livro não suscitará uma CPI, pela relevante razão de que o sistema de doleiros, paraísos fiscais, foi abundantemente utilizado por todos os partidos políticos, incluindo o PT. Aliás, uma das grandes estratégias de José Dirceu, assim que Lula é eleito, foi mapear e cooptar os personagens estrangeiros da privatização que, antes, orbitavam em torno de Serra.

Essa a razão de ter terminado em pizza a CPI do Banestado, que expunha personagens de todos os partidos.


Nesse imbróglio nacional, a posição mais sensível é a de Serra – e não propriamente para a opinião pública em geral, mas para seus próprios correligionários. Afinal, montou um esquema que em nada ficou a dever a notórios personagens da República, como Paulo Maluf. Jogou pesado para enriquecimento pessoal e da família.

Com as revelações do livro, quebra-se a grande defesa de Serra, algo que talvez a sociologia tenha estudado e que poderia ser chamada de “a blindagem dos salões”. É quando personagens controvertidos se valem ou do mecenato, das artes, ou da proximidade com intelectuais para se blindarem. O caso recente mais notável foi o de Edemar Cid Ferreira e seu Banco Santos.

Serra dispunha dessa blindagem, por sua condição de economista reputado nos anos 80, de sua aproximação com o Instituto de Economia da Unicamp. Graças a isso, todos os pequenos sinais de desvio de conduta eram minimizados, tratados como futrica de adversários.

O livro provocou uma rachadura no cristal. De repente todas aquelas peças soltas da história de Serra foram sendo relidas, o quebra-cabeças remontado à luz das revelações do livro.

Os sistemas de arapongagem, que permitiram a ele derrubar a candidatura de Roseana Sarney no episódio Lunus; o chamado “jornalismo de esgoto” que o apoiou, as campanhas difamatórias pela Internet, as suspeitas de dossiê contra Paulo Renato de Souza, Aécio Neves, o discurso duplo na privatização (em particular apresentando-se como crítico, internamente operando os esquemas mais polêmicos), tudo ganhou sentido à luz da lógica desvendada pelo livro.

Fica claro, também, porque o PSDB – que ambicionava os 20 anos de poder – jogou as eleições no colo de Lula.

Todas as oportunidades de legitimação da atuação partidária foram preteridas, em benefício dos interesses pessoais da chamada ala intelectual do partido.

A perda do bonde do real

No início do real, os economistas enriqueceram com operações cambiais, em cima de uma apreciação do real que matou a grande oportunidade de criação de um mercado de consumo interno. A privatização poderia ter sido conduzida dentro de um modelo de fundos sociais, que permitiria legitimá-la e criar um mercado de capitais popular no país. Mas os interesses pessoais se interpuseram no caminho do projeto político do partido.

O cavalo encilhado

O fim da inflação permitiu o desabrochar de um mercado de consumo de massa, dez anos antes que o salário mínimo, Bolsa Família e Pronaf abrissem espaço para a nova classe média. Estariam assegurados os 20 anos de poder preconizados por Sérgio Motta, não fosse o jogo cambial, uma manobra de apreciação do real que enriqueceu os economistas mas estagnou a economia por uma década. FHC jogou fora a chance do partido e do país. Conto em detalhes essa história no livro “Os Cabeças de Planilha”.

A falta de Mário Covas

Fica claro, também, a falta que Mário Covas fez ao PSDB. Com todas as críticas que possam ser feitas a ele, a Lula e a outros grandes políticos, havia neles o sentimento de povo. Na campanha de 2006, ouvi de Geraldo Alckmin a crítica – velada – à ala supostamente intelectual do PSDB. “Covas sempre me dizia para, nos finais de semana, andar pelas ruas, visitar bairros, cidades, para não perder o sentido do povo”.

Os construtores e os arrivistas

Não se vá julgar impolutos Covas, Lula, Tancredo, Ulisses, o grande Montoro, Grama e outros fundadores do Brasil moderno. Dentro do modelo político brasileiro, montaram acordos nem sempre transparentes, participaram dos pactos que permitiam o financiamento partidário, familiares se aproveitaram das relações políticas para pavimentar a vida profissional. Mesmo assim, imperfeitos que eram – como políticos e seres humanos – havia neles a centelha da transformação, a vontade de deixar um legado, o apelo da redemocratização.

A ala intectual do PSDB

Esses atributos passavam ao largo das ambições da ala intelectual do partido, os economistas financistas de um lado, o grupo de Serra do outro. O individualismo exacerbado, a ambição pessoal, a falta de compromisso com o próprio partido e, menos ainda, com o país, fizeram com que não abrissem espaço para a renovação. Com exceção de Serra, FHC não legou para o partido um ministro sequer com fôlego político. Como governador, Serra não permitiu o lançamento político de um secretário sequer.

A renovação tímida

A renovação do PSDB se deu pelas mãos de Alckmin – ele próprio não revelando um secretário sequer com fôlego para sucedê-lo – e, fora de São Paulo, de Aécio Neves. Ao desvendar as manobras de Serra, o livro fecha um ciclo de ódio, personalismo, de enriquecimento de pessoas em detrimento do país e do próprio partido. No começo, será um baque para o PSDB. Passado o impacto inicial, será a libertação para o penoso reinício político.

Fonte:http://www.viomundo.com.br/politica/luis-nassif-a-privataria-tucana-marca-o-fim-de-uma-era.html

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Maia cria CPI amanhã às 12h - dia 21-12-2011

Por Paulo Henrique Amorim

O Deputado Protógenes Queiroz acaba de postar no twitter: Marco Maia, presidente da Câmara, marcou com ele, Protógenes, no próprio gabinete do Maia, nesta quarta feira, às 12 horas, a criação da CPI da Privataria.

Antes o Conversa Afiada tinha publicado:

No programa Entrevista Record Atualidade, que vai ao ar nesta terça-feira, na Record News, às 22h10, logo após o programa do Heródoto Barbeiro, o deputado Protogenes Queiroz, do PC do B/SP, confia em obter 200 assinaturas para a CPI da Privataria.

O mínimo necessário para instalar uma CPI na Camara são 171 assinaturas.

O que é inédito, segundo Protógenes, ainda mais que há assinaturas de deputados tucanos, do DEM, como o Ephraim Filho, e Almeida Lima, do PPS.

Protógenes tinha esperança de, ainda nesta terça-feira, conseguir a do deputado ACM Neto, do DEM da Bahia.

E o presidente da Camara, Marco Maia, instala ou não instala a CPI, perguntou o ansioso blogueiro ?

Ainda no incio da tarde desta terça-feira, Protogenes recebeu de um intermediário a confirmação de que Maia vai cumprir o regulamento: com as assinaturas mínimas, instala a CPI.

Sobre o recurso aqui mencionado por Mauricio Dias – “Protógenes pode levar a CPI ao Supremo” – Protógenes reconheceu que existe este recurso, que o brasileiro pode, sempre, confiar no Supremo, mas acredita que a própria Câmara saberá reagir aos anseios das redes sociais, da mídia alternativa e da voz das ruas – e instalar a CPI.

Sobre o livro “A Privataria Tucana “, do Amaury Ribeiro Junior – que dá origem à CPI- e as apuracões da Operação Satiagraha que ele presidiu, Protógenes disse que “são as mesmas pessoas de sempre “, que ele conhece desde que trabalhou na apuracão da lavagem de dinheiro no Banestado.

O tesoureiro das campanhas do Cerra e FHC (Ricardo Sergio de Oliveira), a figurinha carimbada do Daniel Dantas, Naji Nahas, a filha do Cerra, a irmã do Dantas, os doleiros Messer, Matalón e Toninho da Barcelona – todos “velhos conhecidos”.

E com a CPI da Privataria, o brasileiro poderá saber onde foi parar o dinheiro apurado com a venda do patrimônio nacional ?

Eles diziam – continua o raciocínio de Protógenes – eles diziam que iam vender a Vale para botar dinheiro na Saúde, na Educação.

Onde foi parar esse dinheiro ?

Protógenes insiste em dizer que vai chamar para depor o presidente do Banco Central no Governo FHC, Armínio Fraga.

Protógenes quer saber por que Armínio Fraga não acabou com o regime das chamadas CC-5, uma forma deslavada de lavar dinheiro.

Protógenes investigou a fundo a composição da dívida externa brasileira, sobretudo, a relação dela com o banco francês Paribas.

Protógenes tem certeza de que o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, diante do livro do Amaury, que corrobora a investigação da Satiagraha, saberá apressar o recurso ao Supremo que reavivará a Satiagraha, abatida provisoriamente no STJ, por obra de um Dr. Macabu.

O STJ considerou que a Satiagraha estava “contaminada?”, porque diante do boicoto de Luiz Fernando Corrêa, diretor da PF, ao trabalho de Protógenes, a Satiagraha recorreu a funcionários da ABIN para localizar endereços no Google.

Um crime !

Uma contaminação letal, bradou o Dr Macabu, que tem um filho no escritório de um dos 4004 advogados de Daniel Dantas, o banqueiro condenado a dez anos cadeia.

Ponderou Protógenes:

Esse raciocínio do Dr. Macabu contamina TODAS as Operações da Policia Federal, que recorre rotineiramente – e legalmente – ao Banco Central, ao Ministro da Fazenda, à Receita Federal …

Protógenes não tem duvida do espírito cívico do Dr. Gurgel, que lidera uma instituição – o MPF – que os brasileiros respeitam e admiram.

Fonte:http://www.conversaafiada.com.br/politica/2011/12/20/protogenes-confia-em-200-assinaturas-e-quer-chamar-o-arminio/

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dossiê Cayman e Privataria Tucana - do portal Luis Nassif

Autor: Luis Nassif
É manobra maliciosa essa história de comparar o livro "Privataria Tucana" ao Dossiê Cayman.

O dossiê era um amontoado de papéis sem nexo e sem lógica. Afirmava que uma tal conta em ilhas Cayman era de propriedade conjunta de Covas, Sérgio Motta, FHC e Serra. Era tão inverossímil que dizia que o nome da conta eram as iniciais dos quatro - Covas não suportava a aliança com Serra e FHC.

Esse dossiê foi veiculado na Folha pelo esquema jornalístico que gravitava em torno de Paulo Maluf desde a CPI dos Precatórios. E o principal crítico de sua inconsistência fui eu. É só conferir no livro "O jornalismo dos anos 90".

Era tão inconsistente que, embora praticasse o mesmo denuncismo que o vitima hoje, o PT não ousou explorá-lo - tinha sido oferecido para Lula - depois que Márcio Thomas Bastos analisou-o e concluiu pela sua inconsistência.

O livro de Amaury Ribeiro Jr tem como base documentos oficiais, obtidos de forma lícita em CPIs, Juntas Comerciais etc.

A diferença entre ambos é tõ gritante que, na época, rebati a farsa do Dossiê Cayman sem dispor de nenhuma informação adicional: apenas analisando o besteirol que era publicado. Agora, tendo toda a velha mídia à sua disposição, Serra limita-se a tentar desqualificar o autor e a fazer comparações descabidas com o Dossiê Cayman.


Entre as postagem dos leitores existe uma em particular que merece ser lida com toda a atenção:trata-se de uma análise de Miguel do Rosário sobre o artigo do Merval, que tentou desqualificar o trabalho do Amaury com argumentos, os mais primitivos.


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/dossie-cayman-e-privataria-tucana

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Líder do PT no Senado pede CPI da Privataria. Tucano reage.

de Olimpio Cruz Neto, assessor da liderança do PT no Senado

O líder do PT, Humberto Costa (PE), defendeu nesta quarta-feira (14/12) que o Ministério Público, a Polícia Federal e Receita Federal reabram as investigações sobre o processo de privatização das teles ocorrido no governo FHC. A declaração foi dada aos jornalistas logo após discurso no plenário do Senado, quando o parlamentar chamou a atenção para a importância do livro “A privataria tucana”, que traz documentos oficiais reforçando as suspeitas de fraudes contra o patrimônio público ocorridas no processo das privatizações no setor de telecomunicações.

O senador pernambucano destacou a contundência do material publicado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr, que traz 112 páginas de documentos oficiais obtidos legalmente durante a investigação.

“Os documentos são contundentes e mostram como essas pessoas conseguiram lavar bilhões de dólares em operações engenhosas e interná-los novamente no Brasil, em negócios de aparência legal. Os documentos são claros e não deixam sombras de dúvidas quanto à participação de dirigentes tucanos e familiares do ex-governador José Serra em negócios escusos, com dinheiro sujo desviado da venda das estatais de telefonia nos anos 90 pelo governo Fernando Henrique Cardoso”.

Segundo Humberto Costa, os documentos falam por si só ao tornar público esquema de lavagem de dinheiro com a participação de líderes do PSDB e pessoas próximas do ex-governador José Serra que “conseguiram mandar para fora do país e trazer para o Brasil dinheiro supostamente proveniente de propinas”, disse. “O livro vale a leitura e, imagino, será objeto de algumas providências legais a serem tomadas por procuradores da República. Até porque muitos dos crimes descritos no livro não prescreveram”, disse.

Para ele, o PSDB precisa entrar no debate em benefício da sociedade. “Quero dizer que aguardo a oportunidade de debater as denúncias trazidas em “A Privataria Tucana” com os nobres colegas do PSDB. Esse vai ser um debate importante a ser feito em benefício da sociedade brasileira e mostrar a verdadeira natureza das privatizações realizadas pelo Brasil no final dos anos 90. É chegada a hora de o Congresso Nacional discutir a fundo uma legislação mais eficaz contra a lavagem de dinheiro”, afirmou.

Diante do sucesso de vendas – as duas edições esgotaram e há uma lista de encomendas nas livrarias brasileiras -, Humberto Costa prevê que nos próximos dias jornais e revistas devem dedicar algumas páginas ao livro “A Privataria Tucana”. Até porque, lembrou o parlamentar, as primeiras denúncias sobre os bastidores das privatizações surgiram em reportagens da revista Veja e da Folha de S.Paulo.

Coisa inusitada

Logo depois de Humberto Costa, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), subiu à tribuna para contestar o discurso do líder do PT, afirmando que o PSDB está fazendo avaliação sobre quais providências serão tomadas pela legenda. Nunes disse que a publicação será objeto de escrutínio cuidadoso. E que aqueles que difundiram calúnia contra o ex-governador José Serra irão “pagar um preço alto por isso”.

Sem dar explicações sobre as denúncias envolvendo as privatizações das teles, Aloysio Nunes – então chefe da Casa Civil na gestão FHC – aproveitou para acusar o PT de espionagem dizendo estranhar que o PT, “useiro e vezeiro em espionar a vida dos outros por meios ilegais”, não tenha conseguido, em nove anos de poder, investigar eventuais irregularidades na venda das empresas.

Em resposta ao senador tucano, Humberto Costa disse que “quem lê o livro vai descobrir que quem gosta e faz dossiês não é o PT e nem os grupos de esquerda”, acrescentando que “são vários os casos em que o jogo bruto da política foi usado por integrantes do PSDB até mesmo contra gente do próprio partido”, o que ele classificou como uma “coisa inusitada”, em referência à informação publicada no livro de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria sido investigado a mando do seu colega de partido, o ex-governador José Serra.

Ao falar que não fez qualquer prejulgamento, o líder petista voltou a cobrar que o próprio PSDB deveria pedir a apuração das denúncias feitas no livro. “É interessante como a oposição se posiciona nesta Casa. São os grandes arautos da moralidade, as vestais da honestidade, que tudo querem investigar. Sai uma nota num jornal, querem convocar o ministro para vir ao Congresso Nacional, pedem a abertura de uma CPI, vão para o Ministério Público. Agora, diante de um livro de 300 páginas, que tem 141 documentos sobre as coisas que estão aqui denunciadas, uma única palavra para se pedir apuração eu não ouço, eu não ouço por parte da oposição”.

Segundo ele, a nenhum parlamentar ou cidadão sério causa alegria qualquer tipo de denúncia que envolva dinheiro público. “Na verdade, se o PSDB entrar, deveria entrar na Justiça para processar o jornalista, para que ele possa ter inclusive a oportunidade de dizer se isso aqui é verdade ou não. Eu desejo sucesso ao PSDB em provar que o que está aqui, aliás, quem tem que provar é o jornalista, em garantir que não seja provado o que está aqui colocado”, disse ele ao lado do senador Aécio Neves.

“[O senador Aloysio] devia ficar também um pouco mais tranquilo porque eu estou aqui só pedindo que se apure, se apure, se apure”, completou.


Confira trecho do discurso de Humberto Costa:

Humberto Costa quer apuração sobre denúncias do livro “A Privataria Tucana”

Senhor presidente, senhoras senadoras, senhores senadores,

Caros ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da Tevê Senado,

O Brasil tem uma oportunidade de revisitar, por esses dias, um dos mais tristes capítulos de sua história política e econômica: a entrega do patrimônio público durante o processo de privatização de empresas estatais conduzida pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

Na última sexta-feira, saiu no mercado editorial nacional o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, premiado repórter investigativo, dono de trinta prêmios nacionais de jornalismo com passagens por jornais importantes como O Globo, Correio Braziliense, Jornal do Brasil, Estado de Minas e pela revista Isto É.

Sei que alguns dos senadores não tiveram a oportunidade ainda de lê-lo. É que o livro está esgotado. Em 48 horas, vendeu nada menos do que 30 mil exemplares. Uma nova tiragem chega às livrarias do país até o final desta semana, de acordo com informações do editor Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, que ajudou Amaury a trazer à tona os bastidores da era das privatizações conduzidas pelo governo Fernando Henrique. O livro também já está sendo editado em formato eletrônico e pode ser comprado em alguns sites de livrarias digitais.

O livro, senhoras senadoras e senhores senadores, traz 112 páginas de documentos oficiais, a maioria inédita. São documentos obtidos de forma legal por Amaury Ribeiro Júnior em cartórios, juntas comerciais, na Justiça Federal e paulista, registros nos Estados Unidos e parte de alguns documentos inclusive da CPI do Banestado, aberta em 2002 aqui no Senado Federal.

Os documentos falam por si só. Mostram como alguns dos mais proeminentes líderes do PSDB, e pessoas próximas do ex-governador José Serra, conseguiram mandar para fora do país e trazer para o Brasil dinheiro supostamente proveniente de propinas. São bilhões de dólares. Eu disse isso mesmo: bilhões de dólares. Isso foi feito de maneira a escapar do Fisco e legalizar dinheiro de origem ilegal, unicamente com o propósito de enganar as autoridades brasileiras.

fonte:http://www.viomundo.com.br/politica/senador-humberto-costa-pede-cpi-da-privataria-aloysio-nunes-reage.html

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Record News comenta os episódios envolvendo a "Privataria Tucana"

Um dos maiores escândalos da República sabotado pela grande mídia.

Um sucesso de vendas cercado por um muro de silêncio

O livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., foi lançado há quatro dias e já é um fenômeno de vendas cercado por um muro de silêncio. Produto de doze anos de trabalho - e, sem dúvida, a mais completa investigação jornalística feita sobre o submundo da política neste século -, o livro consegue mapear o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria sido montado em torno do tucano José Serra. De quebra, coloca o PT em duas saias justas. Ao atirar para os dois lados, o livro-bomba do jornalista acabou conseguindo a façanha de ser ignorado pela mídia tradicional, pelo PT e pelo PSDB.

Maria Inês Nassif



O livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., foi lançado há quatro dias e já é um fenômeno de vendas cercado por um muro de silêncio. Produto de doze anos de trabalho - e, sem dúvida, a mais completa investigação jornalística feita sobre o submundo da política neste século -, o livro consegue mapear o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado em torno do político tucano José Serra - ex-deputado, ex-senador, ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito e candidato duas vezes derrotado à Presidência da República. De quebra, coloca o PT em duas saias justas. A primeira delas é a constatação de que o partido, no primeiro ano de governo Lula, "afinou" diante do potencial de estrago da CPMI do Banestado, que pegou a lavanderia de vários esquemas que, se atingiam os tucanos, poderiam também resvalar para figuras petistas. O segundo mal-estar com o PT é o ultimo capítulo do livro, quando o autor conta a "arapongagem" interna da campanha do PT, que teria sido montada para derrubar o grupo ligado ao mineiro Fernando Pimentel da campanha da candidata Dilma Rousseff. Amaury aponta (como ele já disse antes) para o presidente do partido, Rui Falcão. Falcão já moveu um processo contra o jornalista por conta disso. O jornalista mantém a acusação.

Ao atirar para os dois lados, o livro-bomba do jornalista, um dos melhores repórteres investigativos do país, acabou conseguindo a façanha de ser ignorado pela mídia tradicional e igualmente pelo PT e pelo PSDB. O conteúdo de seu trabalho, todavia, continua sendo reproduzido fartamente por sites, blogs e redes sociais. Esgotado ontem nas livrarias, caminha para sua segunda edição. E já foi editado em e-book.

Os personagens do PSDB são conhecidos. O ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, aparece como o "engenheiro" de um esquema que operou bilhões de dólares durante as privatizações e os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. A mesma tecnologia financeira usada por Oliveira foi depois copiada pela filha de Serra, Verônica, e seu marido, Alexandre Burgeois. Gregório Marin Preciado surge também como membro atuante do esquema. Ele é casado com uma prima do tucano nascido na Móoca, ex-líder estudantil e cardeal tucano.

Embora esteja concentrado nesse grupo específico do tucanato - o empresário Daniel Dantas só aparece quando opera para o mesmo esquema -, o livro não poupa gregos, nem troianos. A documentação da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do Banestado, que forneceu os primeiros documentos sobre lavagem de dinheiro obtido ilegalmente das privatizações, é o pontapé inicial do novelo que se desenrola até as eleições presidenciais do ano passado. A comissão, provocada por denúncias feitas pela revista Isto É, em matéria assinada pelo próprio Ribeiro Jr. e por Sônia Filgueiras, recebeu da promotoria de Nova York, e foi obrigada a repassá-lo à Justiça de São Paulo, um CD com a movimentação de dinheiro de brasileiros feita pelo MTB Bank, de NY, fechado por comprovação de que lavava dinheiro do narcotráfico, do terrorismo e da corrupção, por meio de contas de um condomínio de doleiros sul-americanos.

O material era uma bomba, diz o jornalista, e provocou a "Operação Abafa" da comissão de inquérito, pelo seu potencial de constranger tanto tucanos, como petistas (a CPMI funcionou no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003).

Amaury Ribeiro conta de forma simples intrincadas operações de esfria/esquenta dinheiro ilegal - e, de quebra, dá uma clara ideia de como operava a "arapongagem tucana" a mando de Serra. Até o livro, as acusações de que Serra fazia dossiês para chantagear inimigos internos (do PSDB) e externos eram só folclore. No livro, ganham nome, endereço e telefone.

Nos próximo parágrafos, estão algumas das histórias contadas por Amaury Ribeiro Jr., com as fontes. Nada do que aponta deixa de ter uma comprovação documental, ou testemunhal. É um belo roteiro para a grande imprensa que, se não acusou até agora o lançamento do livro, poderia ao menos tomá-lo como exemplo para voltar a fazer jornalismo investigativo.

1. A arapongagem da turma do José Serra (pág. 25) - Quando ministro da Saúde do governo FHC, José Serra montou um núcleo de inteligência dentro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (a Gerência Geral da Secretaria de Segurança da Anvisa). O núcleo era comandado pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), também delegado. O grupo foi extinto quando a imprensa denunciou que o grupo bisbilhotava a vida dos funcionários. O funcionário da Agência Brasileira de Informações Luiz Fernandes Barcellos (agente Jardim) fazia parte do esquema. Também estava lá o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo de Graças Souza.

Este núcleo, mesmo desmontado oficialmente, teria sido usado por Serra, quando governador, para investigar os "discretos roteiros sentimentais" do governador de Minas, Aécio Neves, no Rio de Janeiro. De posse do dossiê, Serra teria tentado chantagear Aécio para que o governador mineiro não disputasse com ele a legenda do PSDB para a Presidência da República. O agente Jardim, segundo apurou Amaury, fez o trabalho de campo contra Aécio. (Fontes: O agente da Cisa Idalísio dos Santos, o Dadá, conseguiu informações sobre o núcleo de arapongagem de Serra e teve a informação confirmada por outros agentes. Para a "arapongagem" contra Aécio, o próprio Palácio da Liberdade).

2. O acordo entre Serra e Aécio (págs. 25 a 28) - Por conta própria, Ribeiro Jr., ainda no "Estado de Minas" e sem que sua apuração sobre a arapongagem de Serra tivesse sido publicada, retomou pauta iniciada quando ainda trabalhava no "Globo", sobre as privatizações feitas no governo FHC. Encontrou a primeira transação do ex-tesoureiro de campanha de FHC e Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira: a empresa offshore Andover, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que injetava dinheiro de fora para outra empresa sua, em São Paulo, a Westchester. (Fontes: cartórios de títulos e documentos e Juntas Comerciais de São Paulo e do Rio).

Nos mesmos papéis, encontrou outro personagem que usava a mesma metodologia de Oliveira: o genro de Serra, Alexandre Bourgeois, casado com Verônica Serra. Logo após as privatizações das teles, Bourgeois abriu duas off-shores no mesmo paraíso fiscal - a Vex Capital e a Iconexa Inc, que operavam no mesmo escritório utilizado pelo ex-tesoureiro, o do Citco Building. (Fonte: 3° Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo).

Amaury ligou para assessoria de Serra no governo do Estado e se deu mal: as informações, das quais queria a versão do governador, serviram para que o tucano paulista ligasse para Aécio e ambos aparassem as arestas. O Estado de Minas não publicou o material.

3. Ricardo Sérgio de Oliveira, Carlos Jereissati e a privatização das teles - O primeiro indício de que a privatização das teles encheu os cofres de tucanos apareceu no relatório sobre as movimentações financeiras do ex-caixa de campanha Ricardo Sérgio de Oliveira que transitou pela CPMI do Banestado. A operação comprova que Oliveira recebeu propina do empresário Carlos Jereissati, que adquiriu em leilão a Tele Norte Leste e passou a operar a telefonia de 16 Estados. A offshore Infinity Trading (de Jereissati) depositou US$ 410 mil em favor da Fanton Interprises (de Ricardo Sérgio) no MTB Bank, de Nova York.

Comprovação do vínculo da Infinity Trading com Jereissati: Relatório 369 da Secretaria de Acompanhamento Econômico; documentos da CPMI do Banestado.

Comprovação do vínculo de Oliveira com a Franton: declaração do próprio Oliveira, à Receita Federal, de uma doação à Franton, em 2008.

4. Quando foi para a diretoria Internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio tinha duas empresas, a Planefin e a RCM. Passou a administração de ambas para a esposa, a desenhista Elizabeth, para assumir o cargo público. Em 1998, a RCM juntou-se à Ricci Engenharia (do seu sócio José Stefanes Ferreira Gringo), para construir apartamentos. Duas torres foram compradas pela Previ (gerida pelo seu amigo João Bosto Madeira da Costa) ainda na maquete. A Planefin entrou no negócio de Intenet recebeu líquido, por apenas um serviço, R$ 1,8 milhão do grupo La Fonte, de Carlos Jereissati, aquele cujo consórcio, a Telemar, comprou a Tele Norte Leste (com a ajuda de Ricardo Sérgio, que forneceu aval do BB e dinheiro da Previ à Telemar).

5. Em julho de 1999, a Planefim comprou, por R$ 11 milhões, metade de um prédio de 13 andares no Rio, e outra metade de outro edifício em Belo Horizonte. As duas outras metades foram compradas pela Consultatum, do seu sócio Ronaldo de Souza, que morreu no ano passado. Quem vendeu o patrimônio foi a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, reduto tucano. O dinheiro para pagar a metade de Ricardo Sérgio nos imóveis veio da Citco Building, nas Ilhas Virgens Briânicas, a mesma "conta-ônibus" de doleiros que viria a lavar dinheiro sul-americano sujo, de várias procedências.

Amanhã, a Carta Maior contará o que o livro de Amaury Ribeiro Jr. revela das operações feitas pela filha e genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois, e pelo primo Gregório Marín Preciato.


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19196

domingo, 27 de novembro de 2011

PT vai pedir cassação de Bolsonaro por homofobia contra a presidente Dilma.

A liderança do PT na Câmara dos Deputados anunciou nesta sexta-feira 25 que vai enviar uma representação ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa para pedir a cassação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). O pedido baseia-se nas declarações consideradas preconceituosas feitas pelo deputado no plenário da Câmara um dia antes, quando ele sugeriu que a presidenta Dilma Rousseff seria homossexual e pediu que ela explicasse os motivos que a levam a defender as políticas federais contra a homofobia.


'Reincidente', Bolsonaro será alvo de representação na Comissão de Ética da Câmara. Foto: Brizza Cavalcante/Agência Câmara

“É um caso grave e merece a análise da Casa para a cassação do mandato. Ele é reincidente”, disse o líder petista na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP).

Em nota, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, repudiou a manifestação de Bolsonaro afirmando que ele agiu “com total desrespeito à pessoa da presidenta Dilma Rousseff”.

“O PT reafirma com orgulho suas bandeiras históricas contra qualquer tipo de discriminação e preconceito. Esta deve ser uma luta permanente de toda a sociedade que se queira democrática, tolerante e que respeite as diferenças, como, aliás, é da tradição cultural brasileira”, diz a nota.
O deputado Marcon (PT-RS) pediu para que a fala de Bolsonaro fosse retirada do site da Casa, o que acabou acontecendo. “O deputado é reincidente na quebra de decoro parlamentar. Está passando da hora de a Câmara adotar providências, dando um basta a essas agressões que não condizem com o processo civilizatório, com o papel de um parlamentar e tampouco com a democracia”, disse Marcon.

“O deputado direitista tem saudades dos anos de chumbo da ditadura militar e não se conforma com o fato de Dilma ser a comandante das Forças Armadas”, completou.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/pt-vai-pedir-cassacao-de-bolsonaro/

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais um dia de traição do governo MG contra os educadores do Estado.

O texto a seguir reproduz informações do Blog da Beatriz, da direção estadual do SIND-UTE. Trata-se do resumo de uma triste história da educação no estado de Minas, sob a ótica de uma gestão classicamente neoliberal. O governo Anastasia afastou-se totalmente da proposta do Estado Social, inaugurado no Brasil pelo presidente Lula, e que permitiu a criação de uma Rede Proteção Social. A proposta do Estado Social constitui precisamente a grande alternativa para os paises europeus superarem a atual crise do capitalismo que varre todo o continente. O governo de Minas anda na contra-mão. E o resultado é este relatado pela Beatriz:  
Se o dia de hoje pudesse ser resumido em vitória do Governo e derrota do Sindicato, as consequências estariam restritas ao placar de um jogo político.


Mas a realidade da escola pública mineira, o que inclui a situação de seus profissionais, não é um jogo político e com o resultado da votação do projeto de lei substitutivo no. 05, todos que defendem uma educação pública de qualidade perderam. Resta saber quem saiu vitorioso com o resultado deste dia.

Foram 12 horas ininterruptas de discussão no plenário da Assembleia Legislativa.

A categoria optou por sair do subsídio. O Governo do Estado assinou um documento se comprometendo a aplicar o Piso Salarial na carreira. O Governador Antônio Anastasia não cumpriu o compromisso que assumiu.

Nesta noite de quarta-feira 51 deputados estaduais aprovaram o projeto de lei do governo tornando obrigatório o subsídio a partir de janeiro de 2012. A categoria perde novos biênios, quinquênios, trintenários, gratificação de regência, etc, perde o Piso Salarial Profissional Nacional.

Estes deputados estaduais votaram pela retirada de direitos da categoria e aprovaram o projeto de lei do subsídio: Alencar da Silveira Junior, Ana Maria Resende, Anselmo José Domingos, Antônio Carlos Arantes, Antônio Genaro, Antônio Lenin, Arlen Santiago, Bonifácio Mourão, Bosco, Célio Moreira, Dalmo Ribeiro, Deiró Marra, Délio Malheiros, Doutor Viana, Doutor Wilson Batista, Duilio de Castro, Carlos Henrique, Carlos Mosconi, Cássio Soares, Fabiano Tolentino, Fábio Cherem, Fred Costa, Gilberto Abramo, Gustavo Corrêa, Gustavo Valadares, Gustavo Perrella, Hélio Gomes, Henry Tarquinio, Inácio Franco, Jayro Lessa, João Leite, João Vitor Xavier, José Henrique, Juninho Araújo, Leonardo Moreira, Luiz Carlos Miranda, Luiz Henrique, Luiz Humberto Carneiro, Luzia Ferreira, Marques Abreu, Neider Moreira, Neilando Pimenta, Pinduca Ferreira, Romel Anízio, Rômulo Veneroso, Rômulo Viegas, Sebastião Costa, Tenente Lúcio, Tiago Ulisses, Zé Maia, Duarte Bechir.

Quando em janeiro de 2012 você perder os direitos de carreira que já adquiriu ou quando os profissionais de outros estados e municípios tiverem reajuste de 16% e Minas não praticar este reajuste, questionaremos os deputados estaduais que votaram contra a categoria.

Estes deputados estaduais defenderam a categoria: Adalclever Lopes, Adelmo Carneiro Leão, Almir Paraca, André Quintão, Antônio Júlio, Bruno Siqueira, Carlin Moura, Celinho do Sinttrocel, Durval Ângelo, Elismar Prado, Ivair Nogueira, Liza Prado, Maria Tereza Lara, Paulo Guedes, Pompilio Canavez, Rogério Correia, Rosângela Reis, Tadeu Leite, Ulisses Gomes, Sávio Souza Cruz.
 
Fonte: http://blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com/

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Poemas para Lenir.

Seu nome é Lenir,


De repente tudo cessou.

Nem o silêncio contempla minhas miragens.

Entre o primeiro e o segundo trovão cada

intervalo

é o intervalo que o afasta do infinito.

Mas quando tudo cessa? Em vão pronuncio seu nome.

Alguma flor?

Algum jardim que se delineie na primeira vesperal da rosa?

Não.

Definitivamente a rosa se esquiva no primado de todos os perfumes.

E nenhum intervalo vem para compor mínima

sonata de primavera. Porque afinal a soma de todos os intervalos

em pouco ou nada roça o infinito.

Em bom tom pronuncio seu nome – Lenir.

Um verbo que procura seu infinitivo?

A cura de todas as curas? Lenitivos! Porque minha amada se foi?

Haverá transitoriedade perante o amor mil vezes proclamado?

No entanto de novo pronuncio – Lenir.

Uma síntese? Precária demais para se ocultar na outra face do tempo?

Se posso proclamá-la,

Se posso recitá-la,

Por que então partis te?

Nenhum vazio vem para contemplar-me a face.

No entanto franqueio meu coração

Para toda sua substancialidade.

e o verso do seu anverso.

A na antevéspera do outono

conjugo todos os tempos do teu nome. Assim

como se conjuga a vesperal do anti-tempo.

28/10/2011

seu eternamente, Fred

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A Lenir agora é luz que ilumina a nossa paz

A Lenir agora é luz que ilumina a nossa paz. No dia 24 de outubro de 2011 ela fez sua viagem (tenho certeza que não será a última) para uma das moradas do Grande Espírito. Para mim ela continua sendo minha amada eterna; para todos seus conhecidos, ela continua sendo a grande guerreira, que lutou até o fim desta etapa o bom combate. Fiquemos com sua luz, sua paz e com sua coragem.


De seu eterno amado - Fred -
seus filhos Fabricio e Diego,
suas noras Iza e Zana,
seus netos Caio, Catarina, Henrique e Sophia


 

Palavras do meu irmão Paulo para Lenir:
"Lenir sempre foi uma guerreira incansável, admirável. A sua força e energia vital são de uma dimensão incrível. É desta força presente dela que você Fred, os filhos, netos e nós também, amigos e parentes, necessitamos beber para superar este momento difícil.
Agora, liberta, Lenir esta trilhando o seu caminho de Luz. E esta sensação de sua liberdade é o que guardaremos como sentimento mais fundo da sua existência marcante e lutadora. De sua perspicácia, inteligência e beleza.(...)" Paulo, Marcya, Carlos e Yalis.  -
Recebemos muitas outras mensagens de força, na forma de abraços e palavras. Não conseguíriamos aqui reproduzí-las todas. Assim adotamos o telegrama do Paulo como representativo destas mensagens.

A todos que estiveram conosco neste momento, nossa profunda gratidão. Lenir teve a felicidade de receber os abraços de todos seus familiares e amigos.
Mas a Lenir (em luz) e eu fazemos um agradecimento particular a todos os meus alunos e professores colegas, da EE Emílio de Vasconcelos Costas, que vieram trazer-nos conforto.  

Que a luz da  Lenir possa iluminar o caminho de cada um de nós.

Do seu eternamente, Fred. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Frase atribuida ao Dalai Lama

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito.  
Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Um quarto da população brasileira mal sabe ler e escrever. Porque prevalece uma visão neoliberal para a educação?

por Lucas Conejero



Segundo dados da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – 2009) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 14 milhões de brasileiros são analfabetos e 29,5 milhões são analfabetos funcionais, todos trabalhadores humildes, do campo e da cidade. Ou seja, aproximadamente um quarto da população mal sabe ler e escrever. 
Elaborado em 1997 pela Comissão Organizadora do II Congresso Nacional de Educação e aprovado em plenária final, o primeiro Plano Nacional de Educação – Proposta da Sociedade Brasileira definiu metas, diretrizes, prioridades e estratégias de curto, médio e longo prazo. No auge da implantação do neoliberalismo no Brasil, a intenção era resistir, indicar um caminho viável, universalizar o direito à educação e fazer valer o artigo 6º da Constituição de 1988. 
Para isso, a comissão indicou a necessidade de investimentos sem precedentes na educação e a conta fechou em 10% do PIB. À época, o Congresso aprovou 7%, percentual vetado pelo governo FHC. O veto seguiu intacto durante o governo Lula e atualmente cerca de 5% do PIB financiam a educação pública nacional.

“Não podemos aceitar o argumento de que não há recursos. O pagamento da dívida pública, as isenções fiscais para o setor empresarial, o recurso público usado para a copa e as olimpíadas, o dinheiro público que se perde na corrupção. Há verba, é preciso rever as prioridades e garantir o investimento na implementação dos direitos sociais universais”, argumenta o manifesto da ANEL, entidade controlada por estudantes independentes e partidos de esquerda.

Na última semana, o deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), relator do PNE 2011-2020, afirmou que vai apresentar seu parecer em 15 dias e disse defender investimentos entre 7% e 10 % no texto. Direito constitucional e pilar fundamental de qualquer sociedade democrática, a educação representa a única saída para um futuro com progresso e justiça social.

Portanto, o momento é de comprometimento e participação da sociedade civil e da grande imprensa nas mobilizações, mas aqui no Brasil, infelizmente, isso é tão utópico quanto a democratização do ensino de primeiro grau e o fim da corrupção. Seja como for, os movimentos sociais brasileiros seguem escrevendo páginas de resistência na história do país e tenho certeza, vêem com bons olhos o retorno da UNE às trincheiras.

Lucas Conejero

Formado em jornalismo, Lucas Conejero foi diretor do Diretório Acadêmico de Comunicação e Artes e do DCE-Mackenzie. Atuou no departamento de comunicação de instituições do terceiro setor, é editor em um site do Portal Terra e colaborador do site de CartaCapital.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O QUE ESTÃO FAZENDO COM A EDUCAÇÃO NO BRASIL? REPRESSÃO AOS PROFESSORES DO CEARÁ.

Professores da rede estadual de ensino e policiais do Batalhão de Choque entraram em confronto na manhã desta quinta-feira (29) na Assembleia Legislativa, em Fortaleza. Os professores tentaram entrar na Casa quando foram impedidos pelos policiais.

O vereador João Alfredo (PSOL) informou, por meio de seu perfil no twitter, que havia policiais por toda a área, proibindo acesso às galerias. “Acabamos de saber que Batalhão de Choque está na Assembleia Legislativa. Houve quebra-quebra e alguns professores estão feridos”, disse.


Segundo o presidente do Sindicato Apeoc, Anízio Melo, a “orientação do sindicato é resistir”. “Estamos dentro da FM da Assembleia esperando uma posição do parlamento ou do governo”. Segundo Anízio, muitos professores foram feridos durante o confronto. “Estamos recebendo a OAB e dois companheiros que estavam detidos já foram liberados”, disse.

Na noite da quarta-feira (28) cerca de 300 professores estavam acampados na Assembleia Legistativa. A categoria está em greve desde o último 5 de agosto.
Três professores que estavam na AL fazendo greve de fome afirmam que teriam sido agredidos por policiais do Batalhão de Choque.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

NUNCA MAIS DUVIDEM DE NOSSA CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO.

Sobre o fim da greve fizemos uma opção sensata. Além da vitória econômica, temos uma vitória social e política. Criamos uma organização dos trabalhadores mineiros sem precedentes em nossa história. Este patrimônio político é nosso. Qualquer governo terá que pensar duas vezes antes de tentar comprometer nossas carreiras e a qualidade da educação.  E vamos acompanhar passo a passo as negociações. Hoje temos capacidade de articulação, como nunca tivemos. Então é bom não tripudiarem sobre o acordo acertado. No site da Secretaria de Educação um texto diz que o que foi acertado, foi a mesmo proposta apresentada em julho de 2011.
Diz o texto: " Esta proposta é a mesma que havia sido apresentada pelo Governo de Minas ao Sindicato, em reunião realizada em julho de 2011 com a presença de parlamentares."
Não foi.
]Naquela ocasião não houve disposição de reconhecer o Piso e a Carreira. Senhora secretária: não tente diminuir nossa vitória e não brinquem com a capacidade de mobilização dos professores. Não iremos aceitar qualquer tipo de trapaça e retomamos a greve com maior força e maior aprendizado. NUNCA MAIS DUVIDEM DE NOSSA CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO.


Frederico Drummond - professor de filosofia

TERMINA A MAIS LONGA GREVE DOS PROFESSORES DE MINAS

Após um dia de grande expectativa de todos os lados envolvidos na greve dos professores, que completou nesta terça-feira 112 dias de paralisação, a categoria aceitou a proposta do governo e decidiu suspender a greve. Foram mais de oito horas de negociações entre o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) e o Governo de Minas. Após o término desta negociação, o comando de greve se reuniu e após mais duas horas e meia de debates sinalizou pela suspensão da greve, sendo confirmada no fim da noite em votação da categoria, que lotou o pátio da Assembleia com mais de quatro mil pessoas.


Com a condição do fim imediato da greve, o Governo propôs negociar os valores da tabela de faixas salariais, entre 2012 e 2015, reconhecendo a aplicação do piso salarial proporcional no plano de carreira dos professores. Com isso, o Estado consideraria o tempo de serviço e a escolaridade dos profissionais para estipular quanto cada um vai receber. Porém, segundo o Sind-Ute, vai depender exatamente do cumprimento dessa promessa do governo para que a categoria encerre definitivamente a greve. Caso contrário, em assembleia no dia 8 de outubro, a categoria pode voltar a cruzar os braços.

No termo de compromisso firmado entre as partes, o governo se comprometeu ainda a suspender por 15 dias, para debates, a tramitação do projeto de lei que institui o subsídio, nova remuneração dos professores que incorpora ao salário base os benefícios da categoria.

A coordenadora do sindicato, Beatriz Cerqueira, saiu do encontro e chorou ao apresentar a proposta do governo aos professores reunidos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com um tom mais sereno do que o de costume, a sindicalista pediu aos presentes que aguardassem algumas horas já que ainda iria debater com o comando de greve cada ponto da proposta. Após a deliberação, Beatriz deu início à votação das propostas, que resultou na suspensão da greve.

Durante a tarde, com a reabertura das negociações, a coordenadora do Sind-UTE determinou que dois professores, em greve de fome, suspendessem o ato, que durou 8 dias. Os dois passaram por atendimento médico e passam bem.

Designados.

Na reunião entre o Sind-UTE e representantes do governo do Estado, a punição dos professores designados também foi objeto de negociação. Porém, as negociações sobre o assunto seriam retomadas 24 horas após o fim da greve. Uma comissão seria criada imediatamente para tratar da suspensão da exoneração dos profissionais contratados que participaram das paralisações.

Cerca de quatro mil pessoas estavam presentes na assembleia desta terça, segundo a Polícia Militar. Os professores esperaram por mais de cinco horas para que a assembleia tivesse início. Durante todo o dia, a categoria permaneceu no pátio da ALMG e comemorou após a decisão. Os 38 professores que se acorrentaram no plenário da ALMG nessa segunda-feira também se mantiveram firmes com o protesto até a decisão.
Com a suspensão da greve, o acordo prevê que todos os professores voltem às salas de aula já nesta quinta-feira.

Confira abaixo o termo de compromisso assinado entre professores e governo:

Reiterada a plena disposição de permanente diálogo com a categoria dos professores estaduais, o Governo reafirma sua disposição ao entendimento de modo a permitir o retorno pleno da normalidade da rede pública estadual. Para tanto, garante ao Sindicato a participação em comissão de negociação, com a presença de 6 (seis) parlamentares, além dos representantes do Poder Executivo e do Sindicato, com o objetivo de aprimorar e reposicionar na tabela salarial da carreira da educação (em ambas as suas atuais formas de remuneração), com impactos salariais desdobrados de 2012 até 2015, desde que o movimento cesse de imediato.

A comissão será instituída através de resolução imediatamente após a suspensão da greve da categoria e iniciará os trabalhos em até 24 horas após a sua constituição. No curso das negociações, preservados os termos do regimento interno da Assembleia Legislativa, será orientada a liderança do Governo no sentido de paralisação da tramitação do projeto de lei já encaminhado ao Poder Legislativo. A partir da data da suspensão do movimento e retorno integral às atividades, cessa a aplicação de novas penalidades.
Fonte: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=130806,NOT&IdCanal=

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A ditadura volta a Minas Gerais!

por Jose Luiz Quadros de Magalhães


O leitor deve estar pensando: a ditadura voltou? Mas, ela já não está aí há muito tempo? Pois é, o título é só uma provocação, só para chamar atenção. A ditadura já está em Minas Gerais há muito tempo, e o pior é que os mesmos donos de jornais, rádios e redes de TV que se autocensuram, que traem a democracia e os princípios constitucionais de liberdade de expressão são os mesmos que “denunciam” a falta de liberdade em outros países. Hipócritas. Há um problema recorrente nestas pessoas no poder: falta espelho (eles só têm o espelho de narciso). Sempre acusando os outros são incapazes de se perceberem como violadores da Constituição, como violadores da Democracia, da República e das leis. Estes são os piores bandidos (o fora-da-lei com poder supostamente legal).

Existe outra categoria de pessoas perigosas: os que cumprem ordens ilegais. Não posso fazer nada, estou cumprindo ordens, dizem. Esquecem que não estão obrigados a cumprir ordens ilegais ou flagrantemente inconstitucionais. Basta um mínimo de conhecimento jurídico, ou para não pedir muito, basta um mínimo de bom senso. Agredir pessoas é permitido para os que estão fardados? Onde está escrito, em qual lei da república (com letra minúscula, escondida e oprimida está a república que de pública não tem nada), em qual Constituição está escrito que os cidadãos, donos da República (com letra maiúscula, a República que conquistaremos um dia) podem ser tratados pelos seus servidores como lixo, como bandidos. Quem é o bandido nesta história.

E nossas praças privatizadas? E os palácios? Já viram uma República com tantos palácios? Para mim os palácios pertenciam à monarquia e deveriam todos virarem museus públicos. Entretanto nossa república esta cheia de palácios. Só o governador (?) tem três: um palácio de verão, um de inverno (nas Mangabeiras) e um para despacho (eparrei). Acredito que todos eles deveriam virar museus e espaços públicos recreativos. Nas Mangabeiras poderíamos inclusive fazer um clube público, com piscinas públicas como aquelas que encontramos em outros países mais democráticos.

Que patética cena: enquanto meia dúzia de autoridades (otorydadys – conhecem esta espécie? Vem do gênero otorytatys sin nocyonis) fora do mundo, protegidos por centenas de policiais (que deveriam, se agissem de forma constitucional, proteger os cidadãos contra o governo inconstitucional), festejam os bilhões de dólares que poucos vão lucrar às custas dos espaços e dinheiros públicos investidos na Copa do Mundo. As câmeras e os jornalistas das grandes rádios e televisões estavam no lugar errado. Não deveriam estar filmando aquela festa podre, com pessoas, algumas até muito suspeitas. Interessante episódio moderno: centenas de policiais protegendo alguns suspeitos, alguns até respondendo processo; outra centena de policiais atirando balas de borracha e gás lacrimogêneo em pessoas desarmadas, trabalhadores, professores, cidadãos; tudo isto para garantir uma festa realizada com muito dinheiro público para permitir muito lucro privado, onde o povo, o cidadão fica de fora: quantos poderão assistir a um jogo da copa do mundo? Para estes poder o lugar do povo é em frente a TV. Pode ser que os governos eleitos sorteiem junto com as grande empresas alguns ingressos para os que permitem a festa com seu trabalho: todos nós que trabalhamos.

Pergunto-me diariamente: quando é que a ficha vai cair. Quando é que vamos acordar, todos nós, que nunca somos convidados para a festa que a polícia protege. Quando vamos cansar de apanhar da polícia que deveria nos proteger. Será que as coisas já não estão suficientemente claras? Governos eleitos com muita grana do financiamento privado de grandes banqueiros mentem para nós antes das eleições. Não elegemos livremente ninguém, isto não é uma democracia. Escolhemos a cada 4 anos o melhor escritório de marketing. Essas pessoas no poder, na maioria dos casos não nos representam (há exceções). Representam os seus próprios interesses e os interesses daqueles que pagaram sua eleição. Quando vai cair a ficha? A polícia que bate no povo e protege o patrimônio dos ricos e as festas do poder, onde o povo está sempre de fora. Copa do Mundo, Olimpíada, comemorações de grandes corporações (que sustentam a mentira do nacionalismo moderno) onde assistimos vinte e dois milionários correndo atrás da bola sem nenhum outro compromisso a não ser com o sucesso pessoal, a vaidade e o dinheiro. Muito dinheiro. Tem alguns que até choram. Eventos que comemoram e exaltam o melhor, o corpo perfeito, a “performance” perfeita. Há muito que todos estão fora desta festa. Não podemos participar. Somos todos imperfeitos, não temos aquela saúde perfeita, aquele corpo perfeito, aquele patrocinador perfeito. Somos trabalhadores e nosso corpo e mente estão marcados pelo trabalho. Não temos tempo para a perfeição.

Quando é que a ficha vai cair? Até quanto você vai ficar levando “porrada”? Até quando você vai ficar financiando estas festas podres com gente esquisita?

Filmem tudo, tirem foto de tudo, escrevam, falem, não se conformem. Reclamem seus direitos, exijam que os que têm poder econômico e político cumpram a lei e respeitem a República. Processem. Processem. Processem. Toda vez que forem agredidos pelo estado processem, fotografem, filmem. Mandem os filmes e as fotos para todo o mundo saber que aqui em Minas Gerais vivemos uma ditadura econômica, onde os cidadãos são desrespeitados. Onde quem trabalha apanha do governo, é desrespeitado pela polícia. Contem isto para o mundo inteiro, todo dia, toda hora. Não acreditem que a história acabou. Não acreditem que não temos força, que não podemos fazer qualquer coisa. A história está em nossas mãos, mas para construirmos a história que desejamos é necessário sair de frente da televisão e olhar para a vida, para o mundo. Podemos fazer qualquer coisa, inclusive construir uma democracia constitucional republicana, de verdade, real, em nosso país, onde os poderes públicos, onde a polícia sirva ao povo e não às grandes empresas privadas. Mas para isto temos que nos movimentar.

A irracionalidade do sistema está visível, sua incoerência é gritante, resta-nos mostrar diariamente tudo isto para todo mundo ver. O dia que as pessoas tiverem percebido o óbvio tudo mudará radicalmente. Mas é necessário cair a ficha. Desliguem seus televisores, exijam que as coisas, ideias, pessoas sejam livres. Resgate o futebol para o povo, resgatem as praças para o povo, resgatem o dinheiro público para o povo, resgatem as instituições para o povo. Resgatem o governo, a TV, os jornais e rádios, resgatem a polícia e o exército; resgatem a cidade e as praças; resgatem a solidariedade e o amor; resgatem o carinho e o sexo; resgatem a natureza; resgatem as palavras seqüestradas: a palavra liberdade não pertence aos poucos que a seqüestraram. Escrevam o português à moda antiga, ou de um novo jeito. Ninguém é dono das palavras que você fala. Acredite na liberdade de um mundo sem dono, sem podres poderes. Libertem a palavra esperança do cárcere, lugar onde tantos de nós se encontram. Como diria Caetano:
“E aquilo que nesse momento se revelará aos povos


Surpreenderá a todos, não por ser exótico


Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto


Quando terá sido o óbvio”.

Subscreve: Frederico Drummond - professor de filosofia

Greve ilegal? confira o bom texto do jornalista Eduardo Costa, do Hoje em Dia.

por Eduardo Costa
http://www.hojeemdia.com.br/colunas-artigos-e-blogs/chamada-geral-1.319592/greve-ilegal-1.346652

Volto a um assunto já abordado várias vezes nesse espaço, nos últimos três meses, para reafirmar o meu espanto diante da indiferença da sociedade diante da greve dos professores. O fato de o governador não ter se reunido sequer uma vez com a líder dos professores me incomoda, mas, considerando as dificuldades de caixa e os gigantescos números da Educação (são mais de 400 mil profissionais), posso compreender razões apresentadas por seus auxiliares para negar reajuste maior.


O que realmente me corrói é a ausência do meu sindicato - dos Jornalistas -, da OAB, da Assembleia, da Federação das Indústrias, enfim, todos nós, mineiros, que temos o direito e o dever de palpitar, buscar o entendimento e salvar o ano letivo de milhões de jovens pobres desse estado.

Vem um desembargador e dá uma canetada dizendo que o movimento paredista é absurdo... Ora, será que ele toparia viver com R$ 700 por mês? Será que ele acha razoável essa discussão, se o piso deve ser mil e pouco ou R$ 1.500? Outra coisa que me envergonha é a postura de colegas procurando desmoralizar o movimento, com essa história de greve política.

Nós, jornalistas, tínhamos de respeitar os professores, pois, com raras exceções (felizmente, estou entre elas) nossos salários são tão ridículos quanto o deles. Nós estamos jogando no lixo o nosso passado de escola pública, contribuindo para um mundo com aulas ainda mais mentirosas, porque, se esses já desolados professores forem humilhados, será o fim de toda e qualquer esperança...

Eles estão no fundo do poço. Aqui, trechos da carta que me enviou o professor Elivelto Aparecido Nunes, atualmente, fora do ofício por questões de sobrevivência: "Sou professor, mas não estou dando aula nesse momento. É com muita tristeza que venho acompanhando toda a greve. Falo sobre o desequilíbrio de forças entre professores e todo resto. (...) Sou como você, Eduardo. Vim de baixo, família humilde, faculdade com muito esforço. O Brasil não é pobre; é injusto e conservador. Sei também que educação é a única ferramenta capaz de mudar isso. É por isso que ela é tão maltratada. Sei que a maioria do povão gosta e confia no seu trabalho. Por isso nunca se esqueça de Inácia de Carvalho, dos pardos, pretos e pobres desta Minas tão rica. Faça o que puder por estes. Não digo tomar bandeira partidária e afins até porque não é seu papel. A classe mais humilde não tem conhecimento e nem posições políticas e por isso não tem o retorno que por direito é seu. Obrigado de um professor triste, desanimado como a grande maioria da classe".

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

111 dias de greve dos professores: QUEM SE IMPORTA?

111 dias de greve dos professores: semente de uma educação pública de qualidade.


por  Gilvander Moreira[1]

“Tive sede e me destes de beber. Tive fome e me destes de comer.” (Mateus 25,35). Parodiando, podemos dizer: “Estava em greve, na luta por justiça e estavas a meu lado, viestes atender ao meu clamor."

Dia 26 de setembro de 2011, a greve das/os professoras/res da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais completa 111 dias e segue por tempo indeterminado até o dia em que o Governador Antonio Anastasia (PSDB + DEM) deixe de ser intransigente, se abra ao diálogo e atenda às justas e legítimas reivindicações dos professores que participam da mais longa greve da história de Minas.

Há 8 dias, a professora Marilda de Abreu Araújo e o técnico em Educação Abdon Geraldo Guimarães estão em greve de fome na Assembleia Legislativa de Minas. Marilda, 59 anos, de Divinópolis, MG, é professora há 32 anos. Ela disse: “Estou em greve de fome há 8 dias para que o governador Anastasia pare de ser intransigente e se abra ao diálogo. Participei de todas as greves em 32 anos como professora. O que mais me marca nessa greve é a intransigência do governador de Minas.”

Abdon, 39 anos, de Varginha, é pai de três filhas, duas das quais gêmeas de três meses. Ele diz: “Estamos com nossos salários cortados há 2 meses e já se vai para o 3º mês sem salário. As dificuldades para quem está na greve são enormes. Ao Anastasia peço respeito aos educadores. Atenda as nossas justas reivindicações. Reivindicamos pouco: apenas o piso salarial nacional, garantido pela Lei Federal 11.738/08, hoje, R$1.187,00 que em janeiro de 2012 passará para R$1.384,00.”

O prof. Dr. José Luiz Quadros, no artigo “Greve dos professores em Minas Gerais”, ao defender com veemência a justeza da greve e das reivindicações dos educadores, alerta que o governo de Minas, ao contratar professores para substituir os que estão em greve, está intimidando e criando um dilema moral para o povo mineiro. Diz ele: “Como professores poderão aceitar participar de um processo de escolha para substituir colegas que se encontram em greve? Esta perspectiva de falta de compromisso com a categoria, falta de solidariedade com o colega, de priorizar um projeto egoísta de se dar bem (bem?) com o desemprego do outro é lamentável. Lamentável mesmo que o estado cause este constrangimento e mais lamentável quem aceita esta proposta. Como este professor fará quando daqui alguns anos ele não conseguir viver dignamente com o salário de fome que recebe. Ele fará greve? Ora, não vai adiantar nada uma vez que não terá força moral para esperar solidariedade das outras pessoas.”

A postura de intransigência do Governo do Estado revela a total ausência de ética imprescindível ao cargo e à tarefa que assumiu. A decisão por convocar novos professores para assumirem a cadeira dos que estão em greve acentua a dimensão antiética deste governo. A atual greve dos professores reivindica dignidade para toda a classe trabalhadora de professores. Os que estão contratados e os que ainda não. Trata-se de uma luta mais ampla. Por uma educação pública de qualidade que passa necessariamente pela valorização dos/as professores/as.

Aos professores que se sentem inseguros diante do corte de salários, do dia de trabalho, de retaliações, calúnias e difamações por parte do Governo estadual, da mídia e da sociedade, recordo o que disse Jean Cocteau, Mark Twain e tantos outros: "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez". Sei que há milhares de professores que estão sem dormir, porque se preocupam também com os estudantes. Saibam que vocês, queridas/os educadoras/res, estão plantando sementes da educação pública de qualidade em Minas Gerais.

A Mídia, à exaustão, vem alardeando, que os professores em greve, ao fazerem passeatas, atrapalha o trânsito. Assim, a Mídia não vê para onde os professores em greve apontam. Vê apenas o dedo dos nossos heróicos educadores. Um vereador míope chegou ao absurdo de propor um projeto de lei na Câmara de Belo Horizonte para proibir manifestação pública dentro do perímetro da Av. do Contorno, alegando que as passeatas atrapalham o trânsito. Digo: Quem atrapalha o trânsito não são os professores em greve e nem os movimentos populares ou sindicatos que, de cabeça erguida, dentro de prescrição constitucional, lutam manifestando publicamente suas reivindicações. Logo, quem está atrapalhando o trânsito é o governador Anastasia, o TJMG e todas as autoridades que não escutam os clamores dos professores empobrecidos. Se o Governador Anastasia fosse um democrata, já teria se aberto ao diálogo e a negociação séria com os educadores. O SINDUTE buscou diálogo com o governador durante seis meses, antes de iniciar a greve, mas não foi atendido. Agora vem dizer que só negocia se a greve acabar. Não negociava antes da greve, irá negociar sem a pressão da greve? Ao continuar com essa intransigência, o futuro político do Anastasia será efêmero. Anastasia, seu barco vai afundar! O prefeito Márcio Lacerda, dia 24/09/2011, já teve o seu futuro político sepultado por mais de 2 mil militantes que se manifestaram pelas ruas de BH no “Fora Lacerda”.

As/os professoras/res de Minas estão interpelando a consciência de toda a sociedade. Não há espaço para neutralidade. Ou se compromete e engaja na luta ao lado dos educadores tão discriminados no 2º estado que mais arrecada impostos e que paga um dos piores salários aos professores ou assuma que é omisso, cúmplice e covarde, pois se trata de causa da educação pública, assunto que deve ser uma prioridade absoluta de todos/as.

A greve dos mil operários da reforma do Mineirão durou apenas alguns dias. O governo tremeu na base e se abriu para a negociação imediatamente. “As obras da COPA não podem atrasar”, dizem. A educação pública pode ficar no fundo do poço? Minas terá futuro sem uma educação pública de qualidade?



Queridos pais e estudantes, a hora exige que toda a sociedade se junte na luta ao lado dos professores que lutam não apenas por melhores salários, mas por uma educação pública de qualidade. Se os professores forem derrotados, toda a sociedade será derrotada. Isso não pode acontecer. Lutemos até a vitória!

A educadora Marilda e o educador Abdon, em greve de fome há 8 dias, estão nos dando um grande exemplo de doação de vida em prol do bem maior que é educação pública de qualidade para todos.

Obs.: Eu já escrevi 4 pequenos textos que ajudam a entender e a se posicionar diante da greve dos professores em Minas:

A greve dos professores é justa?

Greve dos professores de Minas: marco histórico.

Professores em greve até a conquista do Piso Salarial Nacional.

106 dias de greve dos professores de Minas Gerais: greve de fome X tropa de choque.

Esses 4 pequenos textos estão disponibilizados na internet em vários blogs, inclusive em www.gilvander.org.br



Belo Horizonte, MG, Brasil, 26 de setembro de 2011

[1] Mestre em Exegese Bíblica, professor, frei e padre carmelita, professor de Teologia Bíblica, assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brEste endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. – www.gilvander.org.br – www.twitter.com/gilvanderluis


 
Subscreve: Frederico Drummond - Professor de Filosofia

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DESEMBARGADOR RONEY OLIVEIRA DESCONSIDEROU PEDIDOS DE URGÊNCIA DO SIND-UTE MG

Se o Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais(TJMG) tivesse ouvido o Sind-UTE/MG saberia que a entidade ajuizou várias medidas judiciais e administrativas perante o TJMG para que os direitos dos servidores e dos estudantes fossem garantidos. A principal medida distribuída exatamente para o Relator, Roney Oliveira, a Cautelar nº 0419629-72.2011.8.13.0000, pleiteava além da liminar para sustar o corte do ponto dos grevistas, convocação urgente do Estado para audiência de conciliação, nos moldes do art. 764, § 3º, CLT. Isso em 05.07.2011, quando a greve só contava com vinte e sete dias.


No entanto, o Desembargador, em 08.07.2011, optou por indeferir esse pedido, sob o argumento de que não haveria urgência. O Sind-UTE/MG ainda apresentou pedido de reconsideração, reiterando a urgência e insistindo na apreciação do pedido de audiência de conciliação, isso em 15.07.2011. Mas, novamente, afastando a urgência e o perigo, o Relator Des. Roney Oliveira, indeferiu a reconsideração em 28.07.2011.

Diante desse quadro e da completa omissão do Estado, indagamos: de quem é a abusividade em decorrência da manutenção da greve por mais de cem dias?

Efetivamente, os fins sociais da lei estão atendidos com o completo abandono da categoria e seu sindicato pelos órgãos estatais que deveriam ao menos ouvi-lo?

Pretende-se mesmo garantir às crianças e adolescentes o direito à educação com os salários de fome pagos aos profissionais da educação, cujo Piso Salarial, até o momento, não ultrapassa R$ 369,00?

A decisão do Desembargador não respeita a categoria e não traz a paz e a justiça que se esperava. E se desejasse realmente o restabelecimento da confiança mútua e a manutenção do diálogo entre as partes envolvidas, desde 05.07.2011, que o Tribunal de Justiça deveria ter inaugurado audiência de conciliação para se evitar o ponto de tensão observado.

O Sind-UTE/MG APRESENTOU RECURSO NESTA SEGUNDA-FEIRA (19.09.11), PARA MODIFICAÇÃO DA DECISÃO DO DESEMBARGADOR RONEY OLIVEIRA.
Fonte: Blog Beatriz Cerqueira.

Poderemos perder nossos empregos, mas ganharemos em dignidade.

Aos meus alunos e seus pais,



Esta greve não pertence mais ao professores, por isto não podemos pará-la. Esta greve pertence a história e por ela será julgada. Será vista como um momento da história de Minas, em que seus professores preferiram o sacrífio do desemprego para garantir o direito de todos à verdadeira educação, ao exercicio da compaixão e à luminosidade da justiça.
Esta é uma daquelas decisões que fazem a vida valer a pena. Poderemos perder nossos empregos, mas ganharemos em dignidade. Afinal é isto que tentamos ensinar aos nossos alunos. Vocês se recordam de uma de nossas últimas aulas que refletimos sobre a música do s Titãs (Comida)?
Fizemos um exercício em classe analizando as nossas muitas fomes: de comida, de bebida, mas também fome de amor, fome de felicidade, fome de compartilhamento. Agora, caros alunos, compartilho com vocês nossa fome de justiça, mesmo sabendo que poderemos pagar com nossos empregos, a busca da saciedade deste valor tão caro para todos nós. Aprendemos isto em nossas aulas de Ética e Filosofia Política.
  
A todos um afetuoso abraço.

Frederico Drummond - professor de filosofia contratado pelo Estado de MG

Carta Aberta ao Desembargador Ronei Oliveira

Belo Horizonte, 17 de setembro de 2011.

“Na aplicação da Lei, o Juiz atenderá aos fins Sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”(Art. 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro)



A gente não quer só comida/ A gente quer comida / Diversão e arte

A gente não quer só comida / A gente quer saída / Para qualquer parte...

A gente não quer só comida / A gente quer bebida / Diversão, balé

A gente não quer só comida / A gente quer a vida / Como a vida quer...

********
A gente não quer / Só dinheiro /A gente quer dinheiro E felicidade

A gente não quer / Só dinheiro / A gente quer inteiro / E não pela metade...

(Comida – Titãs)


Caríssimo Senhor Desembargador:

Foi com imensa tristeza que soube de Vossa decisão de determinar o imediato retorno dos professores mineiros ao trabalho, ou seja, às salas de aula. Não posso negar, também que fiquei surpreso ao ler o
teor do texto que fundamenta/justifica a decisão de Vossa Senhoria.

Como cidadão, professor, e, como o Senhor, funcionário público remunerado pela população – inclusive a dos “grotões mineiros” em que, segundo vosso texto, fruto de vosso insuspeito conhecimento de
causa, as crianças vão à escola “mais atraídos pelo pão do que pelo ensino” –, também considero importante que “na aplicação da Lei, o Juiz atenderá aos fins Sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.” Mas, pergunto, Senhor Desembargador, estaria mesmo a vossa decisão colaborando para o bem comum?

No plano nacional, a nossa primeira Constituição, de 1824, já determinava que a educação elementar seria pública e gratuita. Em nosso passado recente, a Magna Constituição de 1988 garante esse mesmo direito e expande ao determinar a natureza pública e subjetiva do mesmo. O mesmo faz, como não poderia deixar de fazê-lo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1991) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996).

Veja, Senhor Desembargador, em Minas Gerais a primeira legislação para a instrução pública, a Lei no. 13, é do ano de 1835. Ou seja, foi uma das primeiras leis que nossos legisladores acharam por bem aprovar porque reconheciam, mesmo dentro de limites às vezes estritos, a importância da educação pública. De lá para cá, se contarmos, veremos centenas de atos legislativos que, como aquela Lei fundadora, vieram garantir o legítimo direitos dos cidadãos a uma educação pública, gratuita e de qualidade.

No entanto, poderíamos perguntar: estariam esses direitos sendo garantidos de fato? Sabemos que não, e não apenas para os dos “grotões mineiros”. E isto não apenas hoje.

Ensina-nos a história da educação mineira que desde o século XIX tem-se muito claro que os professores constituem elemento fundamental para a qualidade da escola. No entanto, desde lá também se sabe o quão difícil é garantir a entrada e permanência dos professores na profissão. Veja, Senhor Desembargador, o que dizia um Presidente da Província de Minas em 1871, isto é, há 140 anos: “À par da crêação das escolas normaes devem se augumentar os vencimentos dos professores. Não se pode esperar que procurem seguir carreira tão pouco retribuída aquelles, que, depois de instruídos nas escolas normaes, sejão convidados para outros empregos com esperança de um futuro lisongeiro”. [Antonio Luiz Affonso de Carvalho, Presidente da Província de Minas Gerais, em 02/03/1871]

Passados todos estes anos, e não são poucos, o que demonstram, hoje, a experiência dos professores mineiros e as mais diversas pesquisas acadêmicas é que em breve faltarão professores para a escola básica brasileira. Aliás, para algumas disciplinas essa falta já é sentida hoje. Mas não apenas isto. O mais grave é que, independentemente do número, verifica-se que a profissão perdeu, de vez, o poder de atrair/seduzir jovens talentos. Ou seja, a tarefa socialmente relevante e culturalmente fundamental de conduzir as
novas gerações ao mundo adulto já não atrai parcela significativa (e necessária) de sujeitos dessa mesma sociedade. É como se os jovens estivessem dizendo: não vale a pena jogar o melhor das minhas energias nessa tarefa, apesar de sua relevância social e cultural.

Veja, pois, Senhor Desembargador, que o poder público mineiro vem lesando, há séculos, nossas crianças em seu mais que legítimo direito à educação. E, convenhamos, a considerar o atual salário dos professores mineiros, mesmo se comparado ao Vosso tempo de “vacas magras”, a atual administração estadual nada fez para atacar o problema. Muito pelo contrário, o agravou com a famigerada política de subsídio. Considere, pois, Senhor Desembargador, que as “queridas vacas”, como dizia a adorável professora do Drummond,
estão tão magras que em breve delas não teremos nem o leite, nem a carne, nem o osso e nem mesmo o berro!

É louvável, Senhor Desembargador, a Vossa preocupação com a fome das crianças dos “grotões mineiros”, assim como com a garantia do direito à educação para a toda a população mineira e com os danos causados pela greve ao alunado. Por outro lado, não posso concordar que essa greve seja abusiva ou que precisaria se arrastar ad aeternum. Parece-me, aqui, que uma das formas de a Justiça contribuir para garantir, na aplicação da Lei, os “fins Sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”, seria obrigar Estado mineiro a cumprir, sem subterfúgio, a legislação existente e instruí-lo a reformar a péssima Carreira Docente em vigor. Esta contribui mais para a desmotivação do professorado do que lhe acena com os justos ganhos decorrentes da busca por mais e melhor formação e da comprovada experiência adquirida no exercício da profissão.

Sabemos, Senhor Desembargador, que a justa decisão daquele que, mantido pelo poder público, tem o dever e a legitimidade para decidir, é, também, aquela que interpretando a Lei, de mãos dadas com a
experiência passada, descortina, no presente, o futuro que pretende criar. A Justiça, Senhor Desembargador, se faz quando se tem em mente os problemas (futuros) que nossas soluções criarão ou
deixarão de criar. A Justiça se faz, também, quando combate injustiças duradouras e possibilita a criação de condições de uma duradoura justiça!

Se o direito à educação de qualidade não se faz apenas garantindo o acesso, este direito está, hoje como ontem, ameaçado, e sua garantia não se faz na sala de aula e no pátio da escola, mas nas ruas e na
praças ocupadas pelos professores em greve. Neste momento, a continuidade da greve como forma de obrigar a administração estadual a responder, de fato, à situação humilhante dos professores estaduais com melhores salários e condições de trabalho, é a única forma de garantir o direito à educação, em cuja defesa todos nos irmanamos.

As crianças que freqüentam a escola pública e as famílias que pagam impostos para que o Estado a garanta, Senhor Desembargador, “não querem só comida”. Querem tudo a que têm direito! Têm direito, inclusive, a professores sejam felizes e satisfeitos com seus salários e suas condições de trabalho! Professor que foi, aluno que aprendeu com alguma professora nos bancos de uma escola, o Senhor Desembargador deve saber também que a única forma de fazer uma boa escola ou uma boa escola é que os professores tenham, eles também, os seus direitos reconhecidos e protegidos. Eles não querem “só comida”!

Finalmente, Senhor Desembargador, é preciso lembrar que, contrariamente o ditado popular, nem sempre onde há fumaça há fogo. E, às vezes, pode haver fogo se haver fumaça. Para isto, bastaria ver a Praça da Liberdade na sexta feira. O “gás de pimenta” pode “ser fogo”, como disse, em mensagem eletrônica uma professora que lá estava: “Para quem nunca inalou gás de pimenta, a sensação é a seguinte: um fogo na cara, um ódio no coração e muita tosse”. Mesmo sem a cobertura da fumaça, foi lá que o Estado de Minas,
por meio de seus agentes legalmente constituídos, nos deu uma péssima lição de cidadania. Penso, Senhor Desembargador, que o episódio da Praça da Liberdade, este sim, merecia uma rápida investigação e a punição exemplar daqueles que, atualizando o que há de pior em nossa história, violentaram não apenas os professores, mas todos nós, cidadãos deste país. Logo, imagino, também ao Senhor.

Acalentando o sonho de que nossas crianças e jovens possam ter garantido o direito a uma escola de qualidade e que os professores mineiros tenham garantido o seu legítimo direito a lutar pelos seus
direitos, envio cordiais saudações.

Luciano Mendes de Faria Filho

Professor de História da UFMG
Coordenador do Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil –
1822/2022

sábado, 17 de setembro de 2011

Na Praça da Liberdade, BH: Circo e Opressão. Confira o relato do 16 de setembro, na "festa" do DIA 1000 Para a Copa.

O texto que reproduzo abaixo é do colega Euler. Foi ontem, 16 de setembro. Esta foi uma data simbólica para o governo e os professores. Um grande painel marcava a contagem regressiva dos 1000 dias que faltam para a Copa do Mundo. A outra contagem, esta registrada no grande painel da consciência (ou de sua falta) marva os 100 dias que os professores lutam para que uma Lei Federal seja cumprida no estado de Minas, pelo governo do estado, por aqueles que deveriam zelar pelas Leis. Confira o detalhe dos relatos:


Acabo de chegar da Praça da Liberdade, que virou hoje um palco de guerra, graças à truculência do governo. Cerca de 3 mil educadores lá estiveram (estivemos) para acompanhar a contagem regressiva para a Copa do Mundo. Mas, logo nos demos conta de que não éramos bem vindos e muito menos nossos nomes figuravam entre os convidados do governo. A praça estava toda cercada com grades e tropa de choque, cavalaria, cachorros treinados, homens da polícia armados com escopeta e cassetetes.


Do lado de dentro, bem em frente ao Palácio, três dezenas de bravos educadores encontravam-se acorrentados desde às 6h da manhã. Do lado de fora, lá estávamos nós. Gritávamos palavras de ordem e os colegas acorrentados repetiam ou puxavam os gritos de guerra contra o desgoverno que descumpre uma lei federal e vem se recusando a pagar o nosso piso salarial.

Por volta de 16h30 já havia um bom número de educadores em greve. Quando o relógio apontava as 19h já podíamos contar algumas centenas de bravos guerreiros e guerreiras. Houve um momento em que o efetivo da polícia de choque aumentou e começou a se movimentar, tanto em nossa direção, quanto em direção aos colegas acorrentados. A praça estava cercada por grades e nós começamos a gritar que poderíamos invadir aquele local, numa demonstração de que não aceitaríamos qualquer investida contra os colegas acorrentados, que resistiam desde cedo, inclusive ficando um bom tempo sem alimentos e sem poder ir ao banheiro.

Numa certa altura, recebemos a informação de que havia uma negociação em curso envolvendo alguns deputados da oposição, dirigentes sindicais, e o governo. Depois, a colega Lecioni, diretora do Sind-UTE, informou-nos que havia sido feito uma negociação através da qual o governo aceitava retomar as negociações com o sindicato na terça-feira, às 9h, na ALMG, com a participação do presidente daquela Casa, Dinis Pinheiro. Concordaram em suspender o projeto de lei do governo para abrir a negociação. Em troca, os colegas acorrentados teriam que sair do local onde estavam e se juntar aos demais colegas. Por maioria dos que estavam lá dentro - entre acorrentados e apoiadores, incluindo os dirigentes sindicais - aceitou-se a proposta. É bom destacar que entre os acorrentados a maioria desejava continuar a resistência. Mas, prevaleceu a compreensão de que graças à ação da base da categoria naquele dia, o governo fora obrigado a retomar as negociações, embora ainda não saibamos se ele vai descumprir, mais uma vez, a palavra empenhada. Mas, como estamos em greve, temos a garantia da nossa capacidade de pressionar novamente.

Contudo, logo em seguida o governo começou a nos provocar, ao estacionar três ônibus num local que ficava entre os educadores que protestavam e o ato do governo, onde acontecia showzinhos para a seleta elite de convidados presentes.

Neste momento, o pessoal começou a gritar ainda mais e a protestar contra essa tentativa de impedir a visibilidade dos manifestantes. Por sua vez, a tropa de choque do governo agiu com truculência, espancando e jogando gás de pimenta nos nossos combativos educadores. Em função disso, nossos colegas começaram a derrubar as grades, e a polícia de choque aumentou o efetivo e atuou com a habitual violência. Um colega saiu sangrando muito do local, uma outra teria desmaiado, outros foram agredidos, vários tomaram gás de pimenta no rosto, mas os educadores resistiram e mudaram de posição, para outro local.

A polícia tentava acompanhar as mudanças de rota dos educadores em greve e apoiadores e por toda parte as grades eram arrancadas pelos educadores, e recolocadas pela polícia, até que os educadores dispersos se concentraram no extremo oposto ao ponto inicial (do lado direito do Palácio da "Liberdade").

Muitas palavras de ordem, gritos de protestos e cantos e apitos, e eis que a polícia dispara cinco bombas de efeito imoral, que chegaram a acertar pelo menos dois colegas que estavam próximos de mim, além da fumaça e do cheiro insuportável. Houve uma rápida dispersão, até que nos concentramos novamente no outro extremo, atravessando toda a praça cercada de grades e polícia de choque.

A Praça da Liberdade (?), ganhara, ali, a aparência de uma praça da ditadura, da ausência de liberdade, de uma verdadeira guerra contra os educadores em luta por direitos constitucionais. Os acontecimentos dessa noite lembram seguramente os tempos da ditadura militar. Dois colegas nossos saíram levemente machucados com as bombas de efeito imoral. Estou aguardando que me enviem vídeos e fotos do ocorrido, já que muito provavelmente a imprensa não mostrará o que aconteceu. Ou como aconteceu.

Na prática o que vimos pode ser um espelho do que será a Copa do Mundo: um acontecimento no qual o povo mineiro ficará excluído. Alguns moradores que tentaram se aproximar do evento não conseguiram. Outros, ao perceberem o tumulto causado pela polícia de choque acabaram desistindo.

Mas, os educadores não. Permaneceram (permanecemos) por lá durante várias horas, apesar de toda a tentativa da repressão de nos afastar daquele local. Do telão externo percebemos o contraste entre os shows que aconteciam lá dentro, e a exclusão física e social imposta aos de baixo, ali representados pelos educadores em greve. Um retrato fiel da realidade.

Mais uma vez, parabenizo aqui os bravos guerreiros e guerreiras que lá estiveram, desde os colegas que ficaram acorrentados durante o dia e com isso arrancaram uma promessa de negociação com o governo, patrocinada pelo Legislativo. Parabenizo também aos quase três mil educadores, das mais diferentes regiões de Minas, que lá compareceram. Pude conversar com muitos guerreiros, e notei que tinha colegas de Unaí, de Pará de Minas, entre outras cidades, além, é claro, dos colegas de toda grande BH.

Ficou evidenciado que temos uma turma de luta, um verdadeiro NÚCLEO DURO DA GREVE pela base que não tem medo de polícia, nem as ameaças do governo, nem de cara feia de secretária, nem de chantagem de diretor de escola, nem de manipulação da mídia vendida, nem de omissão ou conivência dos demais poderes constituídos. Estamos dispostos a permanecer em greve e lutar pelos nossos direitos pelo tempo que for necessário. Um forte abraço e até daqui a pouco, pois agora vou comer alguma coisa, já que minha última refeição foi no almoço, às 13h.
Até daqui a pouco, com novas análises! Venceremos!!!!!


***

Incorporo ao texto acima o depoimento da combativa RENATA, publicado aqui no blog, que transcrevo a seguir:

"oi,

Pela primeira vez na vida me senti ameaçada pela polícia. Tomei spray de pimenta na cara, minha garganta está ardendo até agora.

Esclarecendo os fatos.

Estávamos na Praça da Liberdade na inauguração do relógio da copa gritando "é greve, é greve, é greve, é greve, é greve, até que o Anastasia pague o piso que nos deve". A praça estava cercada, pois um grupo majoritariamente feminino altamente perigoso, professores, estaria na praça manifestando sua indignação. Tudo bem até aí. Ficamos do lado de fora da grande e gritando fortemente. Na hora que a inauguração começou ele mandou os ônibus estacionarem na nossa frente e nós começamos a gritar "polícia é para ladrão". Neste momento os policias jogaram gás de pimenta sobre a gente. Eu estava bem em frente a grade e tomei um jato bem na cara e posso garantir que até este momento a única coisa que estávamos fazendo era gritar.


Já tinham nos roubado o direito de ir e vir em uma Praça chamada da Liberdade e também queriam nos calar.

Para quem nunca inalou gás de pimenta, a sensação é a seguinte: um fogo na cara, um ódio no coração e muita tosse. Na hora eu acho que esqueci tudo. A vontade é de avançar em cima dos policiais e passar por cima de qualquer um é inexplicável, não sei se tem alguma toxina no gás que provoca tanto ódio na gente. Comecei a andar junto com o pessoal e a gritar mais alto entre as tosses, aí milagrosamente eu me lembrei que estava acompanhada de uma colega, Bernadete, e me lembrei que ela tem asma e recuei para procurá-la. Felizmente ela conseguiu se proteger com sua blusa de frio.

Depois deste momento as coisas esquentaram um pouco, mas chega de falar. Provavelmente daqui a pouco o youtube estará cheio de vídeos para assistirmos, pois a mídia deve dizer apenas que somos vândalos.

A greve está chegando ao extremo, nos tratam como bandidos na Praça da LIBERDADE. Mandam nos substituir por pessoas não qualificadas. Nos fazem uma promessa de piso para 2012 que iguala o salário dos professores que só tem Ensino Médio, antigo magistério, ao dos professores com mestrado.

Aonde a educação em Minas pode chegar deste jeito?

Mais uma vez peço seu apoio para a divulgação da VERDADE.


Abraços

Renata".




FICA A NOSSSA PERGUNTA: QUEM PAGARÁ POR ESTES CRIMES COMPRA O POVO?