quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dilma: a(o) Anti-Cristo?

Há muito, não se via e nem se ouvia tanto absurdo, a respeito de um candidato à Presidência, como está sendo propagado e forjado nestas eleições, levianamente, contra Dilma Rousseff.
Primeiro, o alarde dos argumentos de que ela foi terrorista e de que não podia nem pisar em solo norte-americano. Após suplantadas estas falácias, veio outra tentativa de desestabilizá-la: a questão da quebra do sigilo fiscal (sem nenhuma prova de que a mesma estivesse, direta ou indiretamente, envolvida). Agora, emergem, na internet, ambas sem fundamento plausível e sem prova, a terceira e a quarta leva de argumentos ridículos; um verdadeiro show de barbaridades: a de que nem Cristo, querendo, impede a vitória da candidata e a que questiona a sua orientação afetivo-sexual.
Muitos já devem ter recebido o email, cujo teor afirma que Dilma, em suposta entrevista, teria afirmado que nem Cristo, querendo, tira-lhe a vitória. Onde está a gravação ou o vídeo (com voz e/ou imagem) da candidata fazendo esta afirmação? A resposta é uníssona: na maldade de alguns(mas) eleitores(as) – insatisfeitos(as) com o resultado das pesquisas, que continuam apontando a possibilidade de vitória de Dilma no primeiro turno.
Cada pessoa é livre para fazer a sua escolha, é lógico. E uma das grandes riquezas da nossa Democracia reside, particularmente, nesta liberdade. Mas “satanizar” uma pessoa, como estão fazendo com Dilma, com argumentos absolutamente débeis, é, no mínimo, ridículo.
E, na leva dos discursos absurdos, não faltam os que até o câncer, de que fora acometida a candidata, é levado em consideração – como uma “arma” que Satanás tem nas mãos para que o Vice de Dilma, oportunamente, assuma a Presidência (Vice este que, também, já está maldito na língua de muitos(muitas) que se afirmam cristãos(ãs))!
Paira um temor (nas mensagens que venho recebendo – especialmente de alguns evangélicos), movido por emoções e bastante irracionalidade, de que, caso eleita, Dilma interferirá, negativamente, no funcionamento das igrejas, como se isto fosse uma intenção dela (nunca foi!) ou como se um(a) Presidente(a), sozinho(a), tivesse este supra-poder de "rasgar" uma Constituição formal como a nossa. Para estas pessoas, imaginar interferências em templos é questão de poder; quase de “vida ou morte”, como se a salvação estivesse contida dentro de paredes. Daí o evidente desequilíbrio delas.
Realmente, trazer Cristo para a disputa presidencial, para ver se isto tira votos de Dilma, é a prova de que alguns(mas) fanáticos(as) estão desesperados ou quase beirando a imbecilidade.
Os argumentos (todos que tenho visto) utilizados para tentar desestabilizar a campanha de Dilma Rousseff são infundados, muito frágeis, facilmente desmontados.
Até da orientação sexual da candidata já se ouve especular, como se houvesse algum problema, que a incapacitasse para governar, caso ela fosse lésbica. E isto, sendo verdade, é da conta de quem? Em que aspecto a orientação afetivo-sexual de uma pessoa, como um dado isolado, qualifica-a ou a desqualifica para administrar? Em nenhum.
Tenho muito a elogiar quando penso em Serra ou em Marina (por exemplo), mas já fiz a minha escolha e ela é muito sólida: votarei em Dilma, porque tenho muito mais razões para fazê-lo (e falo pela racionalidade – não por questões de fé). Minha fé, cristã de berço, nada tem a ver com os representantes que escolho.
O problema, que atualmente põe o Brasil em atraso (com relação a vários países), encontra-se no Congresso: bancadas que legislam por doutrinas (tomando discursos fundamentalistas, como se estivessem em altares de templos), esquecendo-se de que o Estado brasileiro é LAICO – ou seja, não deve, em suas decisões, levar em conta nenhuma vertente doutrinário-religosa. O Estado deve ser o porta-voz da legalidade com embasamento unicamente científico.
Os(as) que estão criando e repassando estas mensagens distorcidas contra Dilma são fundamentalistas - e muitos(as) optaram por Marina, não por sua história de vida ou política (também, bastante admirável), mas por a mesma ser evangélica (e Marina seria, então, “a ação e a voz divinas” no comando da nação, cujo Deus é o Senhor destes(as) eleitores(as). Se não for o Senhor deles(as), não serve!).
Por isto, frente a esta perseguição a Dilma, é como se eu ouvisse, claramente, Cristo exclamar: “Perdoai-lhes, Pai, pois não sabem o que fazem.”
Há diversos preconceitos que circundam a candidatura de Dilma: por ser mulher, por ter lutado contra a Ditadura Militar - o que deveria ser motivo de orgulho para todos(as) nós -, por ser a mais provável sucessora de Lula, etc.
Não há nada de comprovado, na suposta biografia de Dilma que andam repassando pela internet, que desabone a sua moral, a sua competência ou a sua integridade. Muito pelo contrário: a sua história a dignifica muito.
Já está comprovado que todas as pessoas que se destacaram na luta contra o regime militar no Brasil (a exemplo da corajosa então jovem Dilma Rousseff) foram acusados / fichados dos mais horrendos crimes, justamente porque, de modo corajoso, ousaram enfrentar - como poucas(os) - uma estrutura de atrocidades mantida pelos militarem que se apropriaram do poder no país por tantos anos.
É justamente pela personalidade tão marcada pela coragem, que, desde jovem, Dilma vem assumindo posições e cargos estratégicos no Brasil em prol de uma sociedade mais livre, justa, solidária e progressista.
Quanto ao argumento de que Dilma foi "terrorista", esse é falso e, em parte, distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável.
Como bem lembra Jorge Furtado, “José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.” A conquista da liberdade, tão sonhada e sólida (como o é em nossos dias de Constituição de 1988), devemos, especialmente, a estas pessoas.
Tenho inúmeras razões para votar em Dilma (o meu texto ficaria muito longo se eu elencasse, aqui, todas estas razões) e mais motivos ainda para que o projeto de Lula seja, a cada dia, mais consolidado no país – cuja chance, acredito, estar na escolha de Dilma para a Presidência. Mas repito: cada pessoa é absolutamente livre para escolher. A escolha, com decência e sem atacar de modo infundado quem quer que seja é, sem dúvida, mais bonita.
Dilma, ao meu ver, é a candidata mais preparada para assumir o comando político-administrativo do país e já é possível antever o fato histórico de termos a primeira Presidenta da República!
Fico envergonhado, como cidadão de senso crítico e atento ao passado histórico do nosso país, quando recebo emails, scraps ou mensagens frágeis, de teor infundado, cujo objetivo é, tão somente, tentar desestabilizar a candidatura de Dilma Rousseff ou manchar a sua imagem.
Felizmente, Dilma (destemida, desde cedo) não tem se abatido por esta leva de barbáries. É como se suas forças, pelo contrário, estivessem todas renovadas para, em breve, governar o Brasil!
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Enézio de Deus Silva Júnior

Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM
Mestrando em Família na Sociedade Contemporânea, UCSAL
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental
Especialista em Direito Público
Advogado - 0AB-BA 20.914

(71) 9962-5340

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DENÚNCIA: UMA CENTRAL DE TRUCULÊNCIA CONTRA A CANDIDATA DILMA

Para facilitar a divulgação nesta última semana de campanha, foi feita uma compilação dos emails falsos que circulam nesta campanha sobre Dilma Rousseff e seus respectivos desmentidos. Cada link remete ao leitor ao texto em questão.

Espalhem, é importante:

A morte de Mário Kosel Filho: http://migre.me/1pfAb
A Ficha Falsa de Dilma Rousseff na ditadura http://migre.me/1pfCc
O porteiro que desistiu de trabalhar para receber o Bolsa-Família http://migre.me/1pfEJ
Marília Gabriela desmente email falso http://migre.me/1pfSW
Dilma não pode entrar nos Estados Unidos http://migre.me/1pfTX
Foto de Dilma ao lado de um fuzíl é uma montagem barata http://migre.me/1pfWn
Lula/Dilma sucatearam a classe média (B) em 8 anos: http://migre.me/1pfYg
Email de Dora Kramer sobre Arnaldo Jabor é montagem http://migre.me/1pfZH
Matéria sobre Dilma em jornais canadenses é falsa: http://migre.me/1pg1t
Declarações de Dilma sobre Jesus Cristo – mais um email falso: http://migre.me/1pg2F
Fraude nas urnas com chip chinês – falsidade que beira o ridículo: http://migre.me/1pg58
Vídeo de Hugo Chaves pedindo votos a Dilma é falso: http://migre.me/1pg6c
Matéria sobre amante lésbica de Dilma é invenção: http://migre.me/1pg7p

domingo, 26 de setembro de 2010

Leonardo Boff: A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso ”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o livro “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avaliza para fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a mídia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa que fala que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vêm Lula e tanta outra s lideranças. Não há mais lugar para coronéis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa mídia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da mídia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança de que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual haja um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência a terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a mídia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocolonial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou, o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito da má vontade deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

(*) Leonardo Boff - Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quem ameaça a democracia?

Especial para a Rede Brasil Atual - Publicado em 24/09/2010

Rio de Janeiro – Um debate entre colunistas de veículos da imprensa convencional promovido na quinta-feira (23) pelo Clube Militar no Rio de Janeiro serviu como reunião de "preparação" dos setores mais conservadores da sociedade brasileira. Eles pediram "vigilância" aos militares sobre um eventual governo de Dilma Rousseff (PT), em virtude do que consideram ser ameaças à democracia e à liberdade de expressão. Esses riscos se tornariam mais concretos em caso de vitória da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, nas próximas eleições.

Organizado com o apoio do Instituto Millenium com o tema "A Democracia Ameaçada – Restrições à Liberdade de Expressão", o debate com os representantes da grande mídia atraiu muito mais público do que a palestra do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, realizada no começo do mês no Clube da Aeronáutica. Participaram do debate os jornalistas Merval Pereira, da Rede Globo, Reinaldo Azevedo, blogueiro e colunista da revista Veja, e Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

Composta em sua maioria por militares da reserva, a plateia ouviu dos debatedores conselhos de prudência e vigilância em relação a um eventual terceiro governo consecutivo de esquerda no Brasil. Entre as "ameaças" citadas, o destaque foi para o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (III PNDH), para as mudanças na produção cultural e para as conferências setoriais realizadas pelo governo Lula.
O representante da Abert afirmou que "a liberdade de expressão e de imprensa no Brasil está assegurada pelo Artigo 5º da Constituição". Ele reconheceu que “no Brasil, as instituições felizmente têm amadurecido muito nos últimos anos". Moura, no entanto, fez um alerta: “É importantíssimo que a gente se mantenha sempre atentos para proteger a liberdade de expressão e de imprensa no país. Essa vigilância terá que ser diuturna, e não podemos em momento algum nos descuidar”, defendeu.

Moura afirmou que a Abert monitora atualmente cerca de 400 propostas legislativas para o setor de comunicação, sendo que 380 dessas propostas são contrárias aos interesses da entidade. O dirigente citou uma série de medidas do governo Lula que "preocuparam a Abert" nos últimos oito anos, como a ameaça de expulsão do correspondente do New York Times, Larry Rother, e as propostas de criação do Conselho Nacional de Jornalismo e da Agência do Cinema e Áudio Visual (Ancinav), além do PNDH e da realização das conferências setoriais.

Merval Pereira também criticou o governo Lula após afirmar que escreveu mais de duas mil colunas nesses oito anos. Aproveitou para avisar e divulgar o lançamento de um livro com uma coletânea de cerca de 200 colunas que falam "sobre o aparelhamento do Estado" no governo petista, entre outros temas. "Há um método neste governo desde o primeiro momento. Todos os passos na tentativa de controlar a imprensa não foram arroubos de grupos isolados. O controle da produção cultural do país é um objeto de estudo e de trabalho do governo federal. Existe uma tese, não é uma coisa por acaso. Desde o primeiro momento eles tentaram e tentam controlar a produção de notícias e a produção cultural no país”, disse.

"Limites do PT"
O jornalista da Rede Globo alertou ainda que a sociedade brasileira tem que estabelecer "os limites do PT", e que a imprensa é fundamental para isso. "O Lula e o grupo que o cerca sabem que existe limite para eles. A sociedade já havia dado os limites do PT, e o PT não pode ultrapassar esses limites", analisou. Mas, para ele, desde a tentativa de aprovação do Conselho Nacional de Jornalismo e da Ancinav, setores do governo teriam testado limites. "Mas, eles sabem que a sociedade brasileira é moderna e que os meios de comunicação no Brasil são muito fortes, muito atuantes, e continuam tendo uma influência muito grande", aliviou.

Em um eventual governo Dilma, segundo Merval, o PT certamente fará novas tentativas nessa linha. "Eles vão testar sempre os limites, vão reapresentar de diversas maneiras esses projetos. Por isso, o governo está tentando fazer uma maioria no Senado para que não seja barrada nenhum tipo de emenda constitucional que tente passar por lá. Mas, acho que essa maioria que parece que o governo vai obter no Congresso é tão heterodoxa e heterogênea que não há nenhum tipo de programa de governo que possa ser aprovado por uma gama de partidos que vai do PP ao PCdoB", ponderou.

Ditadores e democratas
Fiel ao seu estilo, Reinaldo Azevedo mostrou-se mais duro e até raivoso nas críticas ao ato contra o "golpismo midiático", realizado na quinta-feira (23) em São Paulo pelos movimentos sociais. O jornlaista acusou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins, de estar por trás da manifestação – por supostos elos com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

"O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, calculem, abriga hoje uma manifestação contra a liberdade de imprensa. Quem diria, um sindicato defendendo a censura e o Clube Militar defendendo a democracia! Os senhores que no passado fizeram a ditadura e deram o golpe agora querem democracia e eu me pergunto: os que hoje estão pedindo ditadura no ato lá de São Paulo queriam democracia em 64? Não, não queriam", atacou.

"É uma vergonha que o sindicato participe disso. Um dos principais promotores dessa patuscada que acontece em São Paulo é funcionário do senhor Franklin Martins, cujo compromisso com a democracia é de todos aqui conhecido", insistiu.

Azevedo endossou o alerta contra as "ameaças" à democracia no Brasil: "Há ameaça à liberdade sim, ela está configurada. A sociedade brasileira tem reagido, mas o preço da liberdade é a eterna vigilância", pregou. A seguir, comparou o presidente brasileiro ao venezuelano Hugo Chávez: "Se você permitir que avancem, eles avançam. O chavismo do Lula consiste em testar permanentemente os limites, ele é chavista tanto quanto as instituições brasileiras lhe permitem ser chavista", disse.

O colunista de Veja chamou o PNDH de "Plano Nacional Socialista de Diretos Humanos" e afirmou que o governo pretende “criar uma comissão de redação para decidir o que pode ou não ser publicado" no país. Também não faltaram críticas ao processo de conferências setoriais levado a cabo pelo governo, com nova estocada no ministro da Secom. "O Franklin Martins está agora mesmo com o resultado das várias conferências que eles fizeram, ocupado em criar propostas de Projetos de Lei para apresentar para o Congresso que vem aí. As conferências de comunicação, de cultura e de direitos humanos pregaram a censura à imprensa. Se eles fizerem uma conferência de culinária, vão pregar a censura à imprensa. É uma tara", ironizou.

VOX POPULI CONTRARIA DATAFOLHA E MOSTRA QUE DILMA PODE VENCER NO PRIMEIRO TURNO.



Menos de dois dias após a Datafolha ter tentado mostrar mudanças no cenário eleitoral, o Instituto Vox Populi publica sua pesquisa, com resultado francamente favorável a Dilma. O Vox Populi tratabalha com uma amostra mais consistente com o universo de eleitores e uma menor margem de errro.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O QUE A CAMPANHA DO SERRA PRETENDE COM ESTE TIPO DE PROVOCAÇÃO?


O QUE A CAMPANHA DO SERRA PRETENDE COM ESTE TIPO DE PROVOCAÇÃO?
1 - CRIAR CLIMA PARA VIOLÊNCIA?
2 - MANDAR RECADO DE GOLPE?
3 - ATÉ QUE PONTO CHEGA O DESPESPERO DE UMA ELITE REVANCHISTA?



Esta imagem está sendo distribuida por este e-mail: PSDB [redetucana=redepsdb.org.br@mcsv66.net]

Por acusações ao PT, MP pede abertura de inquérito contra Serra

São Paulo - O Promotor Silvio Hiroshi Oyama, da da 259ª Zona Eleitoral de São Paulo, acolheu uma representação do PT e determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar crimes de calúnia eleitoral, injúria e difamação cometidos cometidos por José Serra (PSDB). O candidato à Presidência da República fez acusações contra o partido governista. O processo ainda passará pelo Juiz Eleitoral e depois vai para a Policia Federal, órgão competente para investigar os fatos.

No dia 30 de agosto, José Eduardo Dutra, presidente da legenda, formalizou representação ao Ministério Público Eleitoral. Ele acusa Serra calúnia eleitoral, injúria e difamação. Isso porque Serra vinculou a Dilma Rousseff (PT) a violação do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas, vice-presidente do PSDB. O tucano ainda usou termos como "crime contra a democracia", "espionagem" e "chantagem". O discurso ocorreu na sede da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista.

domingo, 19 de setembro de 2010

Consolidar a ruptura histórica

Por Leonardo Boff - Teólogo


Para mim o significado maior desta eleição é consolidar a ruptura que Lula e o PT instauraram na história política brasileira. Derrotaram as elites econômico-financeiras e seu braço ideológico, a grande imprensa comercial. Notoriamente, elas sempre mantiveram o povo à margem da cidadania, feito, na dura linguagem de nosso maior historiador mulato, Capistrano de Abreu,”capado e recapado, sangrado e ressangrado”. Elas estiveram montadas no poder por quase 500 anos. Organizaram o Estado de tal forma que seus privilégios ficassem sempre salvaguradados. Por isso, segundo dados do Banco Mundial, são aquelas que, proporcionalmente, mais acumulam no mundo e se contam, política e socialmente, entre as mais atrasadas e insensíveis. São vinte mil famílias que, mais ou menos, controlam 46% de toda a riqueza nacional, sendo que 1% delas possui 44% de todas as terras. Não admira que estejamos entre os países mais desiguais do mundo, o que equivale dizer, um dos mais injustos e perversos do planeta.Até a vitória de um filho da pobreza, Lula, a casa grande e a senzala constituíam os gonzos que sustentavam o mundo social das elites. A casa grande não permitia que a senzala descobrisse que a riqueza das elites fôra construida com seu trabalho super explorado, com seu sangue e suas vidas, feitas carvão no processo produtivo. Com alianças espertas, embaralhavam diferentemente as cartas para manter sempre o mesmo jogo e, gozadores, repetiam:”façamos nós a revolução antes que o povo a faça”. E a revolução consistia em mudar um pouco para ficar tudo como antes. Destarte, abortavam a emergência de um outro sujeito histórico de poder, capaz de ocupar a cena e inaugurar um tempo moderno e menos excludente. Entretanto, contra sua vontade, irromperam redes de movimentos sociais de resistência e de autonomia. Esse poder social se canalizou em poder político até conquistar o poder de Estado. Escândalo dos escândalos para as mentes súcubas e alinhadas aos poderes mundiais: um operário, sobrevivente da grande tribulação, representante da cultura popular, um não educado academicamente na escola dos faraós, chegar ao poder central e devolver ao povo o sentimento de dignidade, de força histórica e de ser sujeito de uma democracia republicana, onde “a coisa pública”, o social, a vida lascada do povo ganhasse centralidade. Na linha de Gandhi, Lula anunciou: “não vim para administrar, vim para cuidar; empresa eu administro, um povo vivo e sofrido eu cuido”. Linguagem inaudita e instauradora de um novo tempo na política brasileira. A “Fome Zero”, depois a “Bolsa Família”, o “Crédito consignado”, o “Luz para todos”, a “Minha Casa, minha Vida, a “Agricultura familiar, o “Prouni”, as “Escolas profissionais”, entre outras iniciativas sociais permitiram que a sociedade dos lascados conhecesse o que nunca as elites econômico-financeiras lhes permitiram: um salto de qualidade. Milhões passaram da miséria sofrida à pobreza digna e laboriosa e da pobreza para a classe média. Toda sociedade se mobilizou para melhor. Mas essa derrota inflingida às elites excludentes e anti-povo, deve ser consolidada nesta eleição por uma vitória convincente para que se configure um “não retorno definitivo” e elas percam a vergonha de se sentirem povo brasileiro assim como é e não como gostariam que fosse. Terminou o longo amanhecer.Houve três olhares sobre o Brasil. Primeiro, foi visto a partir da praia: os índios assistindo a invasão de suas terras. Segundo, foi visto a partir das caravelas: os portugueses “descobrindo/encobrindo” o Brasil. O terceiro, o Brasil ousou ver-se a si mesmo e aí começou a invenção de uma república mestiça étnica e culturalmente que hoje somos. O Brasil enfrentou ainda quatro duras invasões: a colonização que dizimou os indígenas e introduziu a escravidão; a vinda dos povos novos, os emigrantes europeus que substituirem índios e escravos; a industrialização conservadora de substituição dos anos 30 do século passado mas que criou um vigoroso mercado interno e, por fim, a globalização econômico-financeira, inserindo-nos como sócios menores.Face a esta história tortuosa, o Brasil se mostrou resiliente, quer dizer, enfrentou estas visões e intromissões, conseguindo dar a volta por cima e aprender de suas desgraças. Agora está colhendo os frutos.Urge derrotar aquelas forças reacionárias que se escondem atrás do candidato da oposição. Não julgo a pessoa, coisa de Deus, mas o que representa como ator social. Ceslo Furtado, nosso melhor pensador em economia, morreu deixando uma advertência, título de seu livro A construção interrompida(1993):”Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta no devir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromer o nosso processo histórico de formação de um Estado-Nação”(p.35). Estas não podem prevalecer. Temos condições de completar a construção do Brasil, derrotando-as com Lula e as forças que realizarão o sonho de Celso Furtado e o nosso.

Leonardo Boff autor de Depois de 500 anos: que Brasil queremos, Vozes (2000).

sábado, 18 de setembro de 2010

O fim um ciclo em que a velha mídia foi soberana.

Por Luis Nassif

Dia após dia, episódio após episódio, vem se confirmando o cenário que traçamos aqui desde meados do ano passado: o suicídio do PSDB apostando as fichas em José Serra; a reestruturação partidária pós-eleições; o novo papel de Aécio Neves no cenário político; o pacto espúrio de Serra com a velha mídia, destruindo a oposição e a reputação dos jornais; os riscos para a liberdade de opinião, caso ele fosse eleito; a perda gradativa de influência da velha mídia.
O provável anúncio da saída de Aécio Neves marca oficialmente o fim do PSDB e da aliança com a velha mídia carioca-paulista que lhe forneceu a hegemonia política de 1994 a 2002 e a hegemonia sobre a oposição no período posterior.
Daqui para frente, o outrora glorioso PSDB, que em outros tempos encarnou a esperança de racionalidade administrativa, de não-sectarismo, será reduzido a uma reedição do velho PRP (Partido Republicano Paulista), encastelado em São Paulo e comandado por um político – Geraldo Alckmin – sem expressão nacional.
Fim de um período odioso
Restarão os ecos da mais odiosa campanha política da moderna história brasileira – um processo que se iniciou cinco anos atrás, com o uso intensivo da injúria, o exercício recorrente do assassinato de reputações, conseguindo suplantar em baixaria e falta de escrúpulos até a campanha de Fernando Collor em 1989.
As quarenta capas de Veja – culminando com a que aparece chutando o presidente – entrarão para a história do anti-jornalismo nacional. Os ataques de parajornalistas a jornalistas, patrocinados por Serra e admitidos por Roberto Civita, marcarão a categoria por décadas, como símbolo do período mais abjeto de uma história que começa gloriosa, com a campanha das diretas, e se encerra melancólica, exibindo um esgoto a céu aberto.
Levará anos para que o rancor seja extirpado da comunidade dos jornalistas, diluindo o envenenamento geral que tomou conta da classe.
A verdadeira história desse desastre ainda levará algum tempo para ser contada, o pacto com diretores da velha mídia, a noite de São Bartolomeu, para afastar os dissidentes, os assassinatos de reputação de jornalistas e políticos, adversários e até aliados, bancados diretamente por Serra, a tentativa de criar dossiês contra Aécio, da mesma maneira que utilizou contra Roseana, Tasso e Paulo Renato.
O general que traiu seu exército
Do cenário político desaparecerá também o DEM, com seus militantes distribuindo-se pelo PMDB e pelo PV. Encerra-se a carreira de Freire, Jungman, Itagiba, Guerra, Álvaro Dias, Virgilio, Heráclito, Bornhausen, do meu amigo Vellozo Lucas, de Márcio Fortes e tantos outros que apostaram suas fichas em uma liderança destrambelhada e egocêntrica, atuando à sombra das conspirações subterrâneas.
Em todo esse período, Serra pensou apenas nele. Sua campanha foi montada para blindá-lo e à família das informações que virão à tona com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr e da exposição de suas ligações com Daniel Dantas.
Todos os dias, obsessivamente, preocupou-se em vitimizar a filha e a ele, para que qualquer investigação futura sobre seus negócios possa ser rebatida com o argumento de perseguição política.
A interrupção da entrevista à CNT expôs de maneira didática essa estratégia que vinha sendo cantada há tempos aqui, para explicar uma campanha eleitoral sem pé nem cabeça. Seu argumento para Márcia Peltier foi: ocorreu um desrespeito aos direitos individuais da minha filha; o resto é desculpa para esconder o crime principal. Para salvar a pele, não vacilou em destruir a oposição, em tentar destruir a estabilidade política, em liquidar com a carreira de seus seguidores mais fiéis. Mesmo depois que todas as pesquisas qualitativas falavam na perda de votos com o denuncismo exacerbado, mesmo com o clima político tornando-se irrespirável, prosseguiu nessa aventura insana, afundando os aliados a cada nova pesquisa e a cada nova denúncia. Com isso, expôs de tal maneira a filha, que não será mais possível varrer suas estripulias para debaixo do tapete.
A marcha da história
Os episódios dos últimos dias me lembram a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim. Dejetos, lixo, figuras soturnas, almas penadas, todos sendo varridos pela água abundante e revitalizadora da marcha da história.
Dia após dia, mês após mês, quem tem sensibilidade analítica percebia movimentos tectônicos irresistíveis da história.
Primeiro, o desabrochar de uma nova sociedade de consumo de massas, a ascensão dos novos brasileiros ao mercado de consumo e ao mercado político, o Bolsa Família com seu cartão eletrônico, libertando os eleitores dos currais controlados por coronéis regionais.
Depois, a construção gradativa de uma nova sociedade civil, organizando-se em torno de conselhos municipais, estaduais, ONGs, pontos de cultura, associações, sindicatos, conselhos de secretários, pela periferia e pela Internet, sepultando o velho modelo autárquico de governar sem conversar.
Mesmo debaixo do tiroteio cerrado, a nova opinião pública florescia através da blogosfera.
Foi de extremo simbolismo o episódio com o deputado do interior do Rio Grande do Sul, integrante do baixo clero, que resolveu enfrentar a poderosa Rede Globo.
Durante dias, jornalistas vociferantes investiram contra UM deputado inexpressivo, para puni-lo pelo atrevimento de enfrentar os deuses do Olimpo. Matérias no Jornal Nacional, reportagens em O Globo, ataques pela CBN, parecia o exército dos Estados Unidos se valendo das mais poderosas armas de destruição contra um pequeno povoado perdido.
E o gauchão, dando de ombros: meus eleitores não ligam para essa imprensa. Nem me lembro do seu nome. Mas seu desprezo pela força da velha mídia, sem nenhuma presunção de heroísmo, de fazer história, ainda será reconhecido como o momento mais simbólico dessa nova era.
Os novos tempos
A Rede Record ganhou musculatura, a Bandeirantes nunca teve alinhamento automático com a Globo, a ex-Manchete parece querer erguer-se da irrelevância.
De jornal nacional, com tiragem e influência distribuídas por todos os estados, a Folha foi se tornando mais e mais um jornal paulista, assim como o Estadão. A influência da velha mídia se viu reduzida à rede Globo e à CBN. A Abril se debate, faz das tripas coração para esconder a queda de tiragem da Veja.
A blogosfera foi se organizando de maneira espontânea, para enfrentar a barreira de desinformação, fazendo o contraponto à velha mídia não apenas entre leitores bem informados como também junto à imprensa fora do eixo Rio-São Paulo. O fim do controle das verbas publicitárias pela grande mídia, gradativamente passou a revitalizar a mídia do interior. Em temas nacionais, deixou de existir seu alinhamento automático com a velha mídia.
Em breve, mudanças na Lei Geral das Comunicações abrirão espaço para novos grupos entrarem, impondo finalmente a modernização e o arejamento ao derradeiro setor anacrônico de um país que clama pela modernização.
As ameaças à liberdade de opinião
Dia desses, me perguntaram no Twitter qual a probabilidade da imprensa ser calada pelo próximo governo. Disse que era de 25% - o percentual de votos de Serra. Espero, agora, que caia abaixo dos 20% e que seja ultrapassado pela umidade relativa do ar, para que um vento refrescante e revitalizador venha aliviar a política brasileira e o clima de São Paulo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Aécio deixará o PSDB e pretende fundar um novo partido"

1 - Carta Capital: Aécio deixará PSDB
Enviado por luisnassif, sex,
17/09/2010 - 15:10

Autor da matéria da Carta Capital: "Aécio disse que vai sair do PSDB"
Bob Fernandes Direto de Sao Paulo

Maurício Dias, editor especial, é o autor da capa da Carta Capital que chegou às bancas nesta sexta-feira (17) com o título:
"Aécio deixará o PSDB. O ex-governador de Minas pretende fundar um novo partido
e comandar uma oposição moderada". Conversei há pouco com Maurício Dias.


Terra - Maurício, embora a pergunta seja óbvia, você tem segurança
sobre essa informação que publicou?
Mauricio Dias - Óbvio, óbvio, óbvio. Foi
um jantar há duas semanas em Copacabana e tenho testemunhas.

Terra - Na casa de quem?
Maurício Dias - Isso eu não posso falar, mas tenho certeza de que vocês conseguem essa informação muito rapidamente.

Terra - Qual é o miolo da sua matéria?
Maurício Dias - Trata de um jantar que houve há duas semanas em Copacabana na casa de um empresário.

Terra - Sim, estou aqui com a revista. Você diz que em algum momento desse jantar, ele teria dito: "eu vou sair do PSDB", essa é a informação nuclear?
Maurício Dias - Essa é a informação central.

Terra - Falei com Aécio há pouco, e ele desmente cabalmente.
Maurício Dias - Claro que a reação do Aécio teria que ser essa
de ficar bravo, isso cria algum constrangimento para ele, imagino.

Terra - O que mais você conclui nessa sua matéria?
Maurício Dias - Se a gente fosse se mover pela lógica, não há nenhuma novidade em o Aécio sair do PSDB, e é um jeito parecido com o do avô dele, Tancredo, que um dia disse "o meu MDB não é o MDB de (Miguel) Arraes", e daí ele saiu para fundar o PP.

Em tempo, o jantar teria ocorrido na residência do empresário Alexandre Accioly.

Do Blog do Noblat
2 - Indignado, Aécio desmente que sairá do PSDB

Há pouco, o ex-governador Aécio Neves, de Minas Gerais,
telefonou para o jornalista Mino Carta, diretor da revista Carta Capital. Estava
indignado com a edição da revista que começou a circular hoje com a reportagem
de capa: Aécio deixará o PSDB.


3 - Aécio e a mãe de todas as batalhas

Eduardo Kattah, de O Estado de S.Paulo

BELO HORIZONTE - O ex-governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), disse ontem (16) que uma eventual derrota do tucano Antonio Anastasia na sucessão estadual pode representar também a derrota de um futuro projeto presidencial por ele liderado. Pela primeira vez desde o início da campanha, Aécio, candidato ao Senado, vinculou o resultado da disputa pelo Palácio Tiradentes à hipótese de, na volta ao Congresso, se firmar como liderança nacional do PSDB e futuramente voltar a pleitear uma candidatura à Presidência.

Na véspera de mais uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado - hoje (17) Lula faz comício em Juiz de Fora, na Zona da Mata, ao lado da presidenciável do PT, Dilma Rousseff, e do candidato da base aliada em Minas, Hélio Costa (PMDB) -, Aécio disse que a eventual derrota de Anastasia "seria a vitória de interesses externos a Minas Gerais".

"E talvez a derrota do projeto de Minas. Eu acho que nós podemos pensar sim num projeto nacional para Minas Gerais no futuro, mas projeto nacional, até mesmo do governo federal, passa pela eleição de Anastasia agora em outubro", afirmou o ex-governador durante atividade de campanha em Itajubá, no sul mineiro.

4 - Sanção da Comissão de Ética Pública a Erenice

Tânia Monteiro, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A reunião extraordinária da Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu aplicar censura ética imediata à ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra pelo fato de não ter apresentado à Comissão a Declaração Confidencial de Informações (DCI). Por três vezes após Erenice assumir o cargo, no início de abril, foi solicitado esse documento a ela, que ignorou os três pedidos. Essa sanção vale por três anos e é um fator negativo na hora de avaliação de seu currículo para novos postos. A DCI traz informações sobre atividades anteriores nos últimos meses, atividades paralelas à função pública, bens, direitos e dívidas, e situações que suscitam conflito de interesse.

5 - ''O Stevam é um avião na Casa Civil''

ENTREVISTA Rubnei Quícoli,
Empresário e consultor

Fausto Macedo - O Estado de S.Paulo

Personagem central da queda da ministra Erenice Guerra, da Casa Civil, o empresário e consultor Rubnei Quícoli, de 49 anos, apontou ontem um novo personagem na trama, que identifica como Stevam. "Ele é um avião, tem uma porta aberta na Casa Civil e outra no BNDES", afirma Quícoli.

Segundo ele, em meio às negociações para aprovação de projeto destinado à implantação de energia solar no Nordeste - empreendimento estimado em R$ 9 bilhões que não saiu do papel - surgiu Stevam, cerca de 25 anos. "Ele é a ligação do governo com a Capital Consultoria", diz o consultor, que diz representar a EDRB do Brasil Ltda, em Campinas (SP).
A Capital Consultoria citada por Quícoli pertence a um dos filhos da ex-ministra e opera em Brasília. Sua especialidade é o lobby comercial nas entranhas da administração federal.


6 - Os jornalistas tucanos, por Marcos Coimbra

por Marcos Coimbra

Quando, no futuro, for escrita a crônica das eleições de 2010, procurando entender o desfecho que hoje parece mais provável, um capítulo terá de ser dedicado ao papel que nelas tiveram os jornalistas tucanos.

Foram muitas as causas que concorreram para provocar o resultado destas eleições. Algumas são internas aos partidos oposicionistas, suas lideranças, seu estilo de fazer política. É bem possível que se saíssem melhor se tivessem se renovado, mudado de comportamento. Se tivessem permitido que novos quadros assumissem o lugar dos antigos. Por motivos difíceis de entender, as oposições aceitaram que sua velha elite
determinasse o caminho que seguiriam na sucessão de Lula. Ao fazê-lo, concordaram em continuar com a cara que tinham em 2002, mostrando-se ao País como algo que permanecera no mesmo lugar, enquanto tudo mudara. A sociedade era outra, a economia tinha ficado diferente, o mundo estava modificado. Lula e o PT haviam se transformado. Só o que se mantinha intocada era a oposição brasileira:
as mesmas pessoas, o mesmo discurso, o mesmo ar perplexo de quem não entende por que não está no poder.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Na pauta ambientalista e outras pautas.

Recebí do meu colega Wilson, o e-mail que reproduzo abaixo

Brasília DF, 16.09.2010.

Parabenizo o GREENPEACE pela iniciativa de constranger o Estado Japones pelo crime que está a levar baleias à extinção. Tudo que essa organização fizer a esse respeito será visto com os melhores olhos, receberá sempre apoio e admiração incondicionais.

Creio, contudo, que outras áreas merecem atenção; nelas não são identificados movimentos e ações do Greenpeace, WWF e de quaisquer outras ONGs

a) recuperação de áreas degradadas e florestas destruídas pela agricultura dos EUA em seu próprio país;

b) legislação norteamericana permissiva à exploração agrícola nos EUA, permitindo que agricultores norteamericanos "compensem" 100% da destribuição de suas matas em suas práticas agrícolas, através da mera aquisição com títulos tipo REDD e outros relativos à manutenção de florestas em pé em outros países, de modo a fugirem de sua responsabilidade pela preservação do meio ambiente nos EUA. Essa legislação está no Senado americano para votação e não há movimento do GreenPeace e de outras ONGs a respeito, ao contrário, há um apoio tácito à atuação da ONG Avoided Deflorestation Partners que faz lobbie no Senado dos EUA para aprovação daquela lei que isentaria 100% da devastação ambiental agrícola nos EUA, 100%, 100% ... é inadmissível algo assim;

c) inexistência nas legislações ambientais dos EUA e da maior parte senão da totalidade dos países europeus de exigências de manutenção de matas ciliares em rios, corregos e nascentes; é premente (urgente e importante) a criação de legislação nesses países tal como o Código Florestal Brasileiro, que desde os anos 30 instituiu a proteção da água no Brasil;

d) instalação de base norte americana sobre o Aquífero Guarany, no Chaco Paraguaio , buscando militarizar a questão da água na América Latina;

e) apoio político e militar a Israel na desapropriação dos mananciais do Estado Palestino e distribuição proporcionalmente desfavorável de água ao povo palestino, seu legítimo proprietário.

f) retomada da construção de usinas nucleares nos EUA e em todo o mundo;

g) suspensão do plano de desativação das usinas nucleares pelo governo da Alemanha , sine die;

h) além do Brasil, somente Suécia, Dinamarca e Holanda desenvolvem o replantio de florestas em todo o mundo, ainda que para destinação comercial, para a produção de papel e celulose; floresta nativa, nem pensar. Nao é aceitável algo assim !

Onde o Greenpeace, WWF e outras ONGs nessas questões ?

Cordialmente,

Wilson Roberto Correa

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A TV GLOBO ESTÁ PREPARANDO UM GRANDE GOLPE PARA A VÉSPERA DAS ELEIÇÕES. SERÁ?

Pode até ser paranóia, mas a tentativa de um grande golpe organizado pelo TV Globo, na véspera das eleições presidenciais, continua repercutindo formentemente na globosfera. Depois da sucessão de armações patrocinadas por Veja, Folha, Globo e outros chamados por Paulo H Amorin de "PIG", esta hipótese não pode ser desconsiderada. Estive em São Paulo na semana do Sete de Setembro e, qual não foi minha surpresa, quando meu neto e minha nora me perguntaram "porque estão dizendo que Dilma é uma criminosa?". Perguntei a eles onde tinham ouvido isto e eles disseram que "todo mundo a escola estava comentando". Expliquei ao meu neto, que neste caso, eu, seu avô também era um criminoso, porque tinha sido um militante contra o regime militar de 64. Contei para ele que em 1964 um grupo de civís (Magalhães Pinto à frente) apoiado por militares preferiram ignorar a Lei e a Constituição do Brasil e depuseram à força um presidente eleito pelo voto democrático. O nome deste presidente era João Goullar, um fazendeiro do Rio Grande do Sul. Deposto o presidente este regime de força implantou o terror nas escolas, nos teatros, nos jornais, no cinema, no Congresso Nacional, matando aqueles que defendiam a volta da democracia. Naquela época, nós, os defensores da democracia fomos chamados de terroristas. Mas nós sabíamos quem eram os terroristas.Nós sabíamos quem impedia o retorno da democracia. Lutar contra isto foi o nosso crime. Perguntei, então, à minha nora, se ela se lembrava da Resistência Francesa contra a invasão do exercito alemão? Perguntei se ela se lembrava um pouco da história de Tiradentes? Sim, ela se lembrava um pouco. Mas naquele momento tive um sentimeto de vazio. Como nossa história, a história do Brasil estava sendo de forma tão vil deturpada. Foi então que me ocorreu como a ditatura militar de 64 ainda estava entranhada em muitos dos nossos cidadãos. Particulamente em alguns segmentos da classe média paulistana. Sou formado em ciências sociais e filosofia, mas não consegui elaborar uma resposta para mim satisfatória deste forte preconceito. Um dia, nós historiadores, poderemos contar para nossos netos a história real dos "anos de chumbo".


A direita prepara o golpe fatal, o definitivo
Como será a bala de prata na campanha
Deu no blog do Nassif, uma hipótese bastante plausível:
Qual a bala de prata, a reportagem que será apresentada no Jornal Nacional na quinta-feira que antecederá as eleições, visando virar o jogo eleitoral, sem tempo para a verdade ser restabelecida e divulgada?

Ontem, no Sarau, conversei muito com um dos nossos convivas. Para decifrar o enigma, ele seguiu o seguinte roteiro:

1. Há tempos a velha mídia aboliu qualquer escrúpulo, qualquer limite. Então, tem que ser o episódio mais ignóbil possível, aquele campeão, capaz de envergonhar a velha mídia por décadas, mas fazê-la acreditar ser possível virar o jogo. Esse episódio terá que abordar fatos apenas tangenciados até agora, mas que tenham potencial de afetar a opinião pública.

2. Nas pesquisas qualitativas junto ao eleitor médio, tem sobressaído a questão da militância de Dilma Rousseff na guerrilha. Aliás, por coincidência, conversei com a Bibi que me disse, algo escandalizada, que coleguinhas tinham falado que Dilma era "bandida" e "assassina". Aqui em BH, a Sofia, neta do meu primo Oscar, disse que em sua escola - em Curitiba - as coleguinhas repetem a mesma história.

As diversas pesquisas de Ibope e Datafolha devem ter chegado a essa conclusão, de que o grande tema de impacto poderá ser a militância de Dilma na guerrilha. A insistência da Folha com a ficha falsa de Dilma e, agora, com a ficha real, no Supremo Tribunal Militar, é demonstração clara desse seu objetivo.

Assim como a insistência de Serra de atropelar qualquer lógica de marketing, para ficar martelando a suposta falta de limites da campanha de Dilma – em cima de um episódio que não convenceu sequer a Lúcia Hipólito.

Aliás, o ataque perpetrado por Serra contra Lúcia – através do seu blogueiro – é demonstração cabal da importância que ele está dando à versão da falta de limites, mesmo em cima de um episódio que qualquer avaliação comezinha indicaria como esgotado.

A quebra de sigilo é apenas uma peça do jogo, preparando a jogada final.

A partir daí, meu interlocutor passou a imaginar como seria montada a cena.

Provavelmente alguém seria apresentado como ex-companheiro de guerrilha, arrependido, que, em pleno Jornal Nacional, diria que Dilma participou da morte de fulano ou beltrano. Choraria na frente da câmera, como o José Serra chora. Aí a reportagem mostraria fotos da suposta vítima, entrevistaria seus pais e se criaria o impacto.

No dia seguinte, sem horário gratuito não haveria maneiras de explicar a armação em meios de comunicação de massa.

Será um desafio do jornalismo brasileiro saber quem serão os colunistas que endossarão essa ignomínia - se realmente vier a ocorrer -, quem serão aqueles que colocarão seu nome e reputação a serviço desse lixo.

Essa loucura - que, tenho certeza, ocorrerá - será a pá de cal nesse tipo de militância de Serra e de falta de limites da mídia. Marcará a ferro e fogo todos os personagens que se envolverem nessa história.

Incendiará a blogosfera. Todos os jornalistas que participarem desse jogo serão estigmatizados para sempre.

Todas essas possibilidades são meras hipóteses que partem do pressuposto da falta de limites total da velha mídia.

Mas a hipótese fecha plenamente.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O DESMONTE DA FALSA MATÉRIA DA VEJA.

Mais uma nota desmentindo cabalmente a matéria caluniosa da revista Veja sobre o suposto tráfico de influência na Casa Civil foi emitida na tarde de hoje, segunda-feira (13), desta vez pelos Correios. Com essa, jásomam seis as notas oficiais que resgatam a verdade dos fatos edesmonta, uma a uma, as ilações levantadas pela revista da editoraAbril.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) afirmou em nota oficial que suas ações estão de acordo com a legislação vigente e que os contratos em vigor com a empresa de transporte aéreo de carga MTA (Master Top Airlines Ltda). “resultam de processos licitatórios regulares e transparentes que estão disponíveis para consulta na páginados Correios na internet”. A empresa afirma ainda que os Correios têm contratos com mais seis empresas para o transporte aéreo de carga e que “todos passaram pelosmesmos crivos das leis 8.666/93 e 10.520/02”.“A ECT reafirma sua determinação de manter a excelência dos serviços prestados, atransparência da sua gestão, o profissionalismo de sua diretoria e dosseus mais de 109 mil empregados, e que, a despeito de tentativas dedesqualificá-la, continua merecendo o reconhecimento da população comouma das instituições mais confiáveis do Brasil”, diz a nota.

As informações foram dadas em resposta à reportagem da revista Veja que apontava Israel Guerra, filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, como mediador em contratos com a estatal. Para intermediar aoperação, teria sido cobrada uma propina de 6% do empresário FábioBaracat, ex-sócio da MTA.

ANAC também repudia informações falsas da Veja. Outra instituição pública que emitiu nota desmentindo a revista foi a Anac(Agência Nacional de Aviação Civil). Ela disponibilizou cópias doprocesso que renovou a concessão da empresa MTA. De acordo com aassessoria de imprensa da agência, os documentos presentes no processo comprovam que não houve irregularidade na renovação da permissão da empresa.Em nota divulgada no domingo (12), a Anac afirmou que a decisão favorável à MTA em 18 de dezembro aconteceu porque a empresa apresentou a certidão que faltava para comprovar que sua situação previdenciáriaestava regular. A revista havia insinuado que a decisão deu-se por pressão de lobistas. Principal fonte da reportagem desmentiu a revista. Ainda no sábado (11), logo que a revista chegou às bancas, o empresário FábioBaracat, principal “fonte” da reportagem, divulgou uma nota desmentindoa Veja. Segundo ele, a revista mentiu aos leitores. Na versão fantasiosa da Veja, Baracat, suposto dono da empresa Via Net e sócio da MTA, queria ampliar a participação de suas companhias nos Correios e, para isso, ele teria pago a supostapropina de aproximadamente 6% sobre um contrato de R$ 84 milhões.O empresário diz na nota que foi surpreendido com a matéria: “Primeiramente, gostaria de esclarecer que não sou e não fui funcionário, representante da empresa Via Net, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado na reportagem. Apenas conheço a empresa e pessoas ligadas a ela, assim como diversos outros empresários do setor”.Ele também negou “qualquer relacionamento pessoal ou comercial com a Ministra Erenice Guerra, embora tivesse tido de fato a conhecido, jamais tratei de qualquer negócio privado ou assuntos políticos com ela”.Disse ainda que ao procurá-lo, a revista só perguntou sobre a relação da MTA com o Coronel Artur, atual Diretor de Operações dos Correios. E concluiu dizendo que se sentia como “mais uma personagem de um joguete político-eleitoral irresponsável do qual não participo, porém que afetam famílias e negócios que geram empregos”.

Em resposta, a revista divulgou outra nota em que tenta se defender, dizendo que a reportagem “não foi construída com base em declarações, mas em intensa apuração jornalística e sobre documentação, parte da qual ainda não foi publicada”.

Mas parece que a "documentação" carece de credibilidade. Empresa citada desconfia que Veja falsificou documentos.

A empresa Via Net, citada na reportagem da Veja como pagadora da suposta propina para viabilizar contrato com o Correio, também divulgou nota, com a qual nega a existência do contrato reproduzido pela revista.Segundo a Via Net, são completamente falsas as informações da revista sobre a relação de Fabio Baracat com a empresa. “Fabio Baracat nunca foi sócio, procurador ou gestor, e tampouco pertenceu algum dia ao quadro de funcionários da empresa, fatos essesque podem facilmente ser comprovados”.

A Via Net Express diz na nota que não reconhece o contrato apresentado na reportagem, “não assinou esse suposto contrato, não conhece a Capital Assessoria, não conhece seus sócios, nunca manteve qualquer contato e qualquer tipo de relação comercial com a mesma”. Afirma também que não possui nenhum tipo de contrato de prestação de serviços com o Correio, nem compra serviços de transposte aéreo nas aeronaves do Correio.

Ou seja, não sobra quase nada de verdade na falsa reportagem da revista.Diante do festival de calúnias levantadas pela revista, a Via Net Express diz na nota que “buscará os esclarecimentos necessários, para em seguida adotar as medidas judiciais cabíveis”.

Erenice processa revista e quer direito de resposta.

Quem também já formalizou a disposição de levar a Veja às barras dos tribunais é a ministra Erenice Guerra, principal vítima das falsas denúncias levantadas pela revista. Em nota, Erenice afirmou nesta segunda-feira que contratou um escritório de advocacia para processar a revista Veja por causa das calúnias levantadas pela publicação - todas já contestadas por meio de uma outra nota à imprensa, no sábado. Assinada pela Casa Civil, a primeira nota afirma que a reportagem é caluniosa e visa apenas “atingir a honra, bem como envolver familiares”da ministra. Segundo Erenice, quando foi procurada pelo repórter autor das aleivosias, ela e seus familiares forneceram todas as respostas cabíveis a cada uma das interrogações feitas pela revista.

“De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos”, denuncia Erenice.“

Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista Veja, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por DANOS MORAIS quanto para que me garanta o DIREITO DE RESPOSTA”, diz a nota.

No texto, ela lamenta “que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos”.

Lula: Erenice continua no cargo.

A nota de Erenice Guerra e os esclarecimentos que a ministra já prestou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovaram a confiança de Lula na ministra e opresidente já avisou que, se depender da vontade dele, Erenice fica no cargo. Os dois se encontraram domingo à noite no Palácio da Alvorada –residência do presidente. A própria ministra tomou a iniciativa de solicitar a abertura de procedimento na Comissão de Ética Pública da Presidência para que o episódio seja apurado. Ela reafirmou que abre mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.No início da tarde, a comissão, que fiscaliza a conduta de servidores na administração pública federal, confirmou a abertura de um procedimento preliminar a pedido da ministra. O relator é o advogado Fábio Coutinho. Ele tem um prazo de 10 dias para analisar o caso e, se necessário, solicitar documentos e ouvir pessoas envolvidas, incluindo Erenice. O prazo pode ser prorrogado, mas Coutinho disse pretender finalizar o relatório antes das eleições, em 3 de outubro.

0 Nassif revela como jornalista da Veja montou a falsa reportagem

O jornalista Luis Nassif, que conhece a Veja por dentro e é autor de vários textos denunciando o “jornalismo de esgoto”que a revista pratica, publicou em seu blog um “roteiro” com o caminho percorrido pelo jornalista Diego Escosteguy --autor da matéria da Veja-- que mostra como foi possível dar "ares de verdade" a uma falsa reportagem.

Segundo Nassif, Veja publicou a própria prova do crime de calúnia.

“O jogo da manipulação consiste em pegar um conjunto de informações soltas, depois compor um roteiro à vontade do freguês, uma peça de ficção mas que contenha alguns ingredientes reais”, conta Nassif, e detalha: Como fez o Diego?

1. Levantou um contrato da Via Net Express com a Capital (do filho da Erenice) em que se fala em taxa de sucesso de 6%.
2. Diz que, pela Via Net, quem assina é o seu dono Fábio Baracat. Naverdade, Baracat nada tem a ver com a empresa, a não ser oferecerserviços eventuais.
3. Levanta matérias recentes da imprensa, sobre as ligações da MTA com a ANAC e os Correios.
4. Ponto: tem os contratos da MTA junto aos Correios e a comissão de 6%. Cruza uma com outra e tem-se o valor da propina.
5. Para fechar o elo, diz que Erenice “indicou” o tal coronel Quá-Quá para a ANAC. A prova: a assinatura dela na indicação. Mas, não informa que todas as indicações para cargos públicos passam pela Casa Civil.
6. A partir dessa soma admirável, a revista faz toda sorte de elucubrações. Fala em financiamento do esquema, em reuniões fechadas, sem celular nem caneta e o escambau.

Nassif mostra ainda que a Veja aponta como “suspeito” um trecho do contrato que é texto padrão de qualquer contrato de consultoria.

“Deveria fazer parte da formação dos chamados repórteres invesgativos conhecimento básico sobre contratos”, ironiza Nassif.“A revista precisava mostrar a “prova” do pagamento de 6% de propina. Mas esse percentual não vinha separado: estava em um parágrafo inteiro que não podia ser suprimido. Precisou, então, publicar o parágrafo inteiro para expor o número mágico dos 6%. Publicando, matou ela própria sua matéria. E aí fica-se sabendo que a taxa de sucesso nada tinha a ver com a ANAC, com contratos com os Correios, com renovação de concessão. Masapenas no caso de obter financiamentos – que, pelas declarações do Baracat, nunca foram obtidos.

sábado, 11 de setembro de 2010

Empresa de filha de Serra expôs dados de 60 milhões de brasileiros, revela Carta Capital.

Decidir.com, que se dedicava a encontrar a “oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”, contou com silêncio de BC, Banco do Brasil e Ministério da Fazenda

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 11/09/2010, 10:50

Última atualização às 11:06

São Paulo – Durante 20 dias, os dados fiscais de 60 milhões de brasileiros ficaram expostos à visitação pública na internet. Foi em janeiro de 2001, graças à ação da Decidir.com, empresa que tinha entre os sócios Verônica Serra, hoje promovida a ponto central da campanha do pai, José Serra, devido à violação de seu sigilo.

A revista Carta Capital deste fim de semana revela, na reportagem Sinais trocados, o intrincado episódio, que ficou sem resposta do Banco Central e do Ministério da Fazenda, ambos sob controle do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. O presidente da Câmara naquele momento, Michel Temer (PMDB), pediu em vão ao presidente do BC, Armínio Fraga, que explicasse a violação, que permitiu também o acesso dos dados do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF).

O jornal Folha de S. Paulo chegou a falar sobre o caso, mas sem citar Verônica Serra e sua sócia, Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, e sem dar sequência aos fatos. De acordo com a reportagem de Leandro Fortes, levar adiante outra investigação envolvendo Serra, que já figurava em uma apuração sobre desvio de dinheiro das privatizações, poderia enterrar as pretensões do tucano de ser candidato à Presidência no ano seguinte – daí o silêncio dos meios de comunicação de grande circulação.

Decidir.com

A Decidir.com teria obtido acesso aos dados de milhões de brasileiros graças a uma operação inexplicada com o Banco do Brasil, também sob a presidência de um tucano, Paolo Zaghen. A empresa, inativa desde 2002 no país, dedicava-se supostamente a “orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas”. Mas, na própria página da corporação, havia outra explicação: “Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado.” Nas palavras de Leandro Fortes, tratava-se de um balcão facilitador montado nos Estados Unidos tendo como sócias a filha do então ministro da Saúde e a irmã de um banqueiro que participou ativamente das privatizações do governo FHC.

De acordo com o livro Os porões da privataria, que será lançado em 2011 pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., a Decidir.com foi financiada basicamente pelo Banco Opportunity, de Dantas, e rapidamente transferiu sua sede e parte de seu patrimônio, de R$ 10 milhões, para um paraíso fiscal. As duas Verônicas, Dantas e Serra, decidiram deixar a “empresa-camaleão” em março de 2001. Durante, portanto, a “operação-abafa” feita em torno do caso.

Empresa de filha de Serra expôs dados de 60 milhões de brasileiros, revela Carta Capital.

Decidir.com, que se dedicava a encontrar a “oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”, contou com silêncio de BC, Banco do Brasil e Ministério da Fazenda

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 11/09/2010, 10:50

Última atualização às 11:06

São Paulo – Durante 20 dias, os dados fiscais de 60 milhões de brasileiros ficaram expostos à visitação pública na internet. Foi em janeiro de 2001, graças à ação da Decidir.com, empresa que tinha entre os sócios Verônica Serra, hoje promovida a ponto central da campanha do pai, José Serra, devido à violação de seu sigilo.

A revista Carta Capital deste fim de semana revela, na reportagem Sinais trocados, o intrincado episódio, que ficou sem resposta do Banco Central e do Ministério da Fazenda, ambos sob controle do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. O presidente da Câmara naquele momento, Michel Temer (PMDB), pediu em vão ao presidente do BC, Armínio Fraga, que explicasse a violação, que permitiu também o acesso dos dados do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF).

O jornal Folha de S. Paulo chegou a falar sobre o caso, mas sem citar Verônica Serra e sua sócia, Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, e sem dar sequência aos fatos. De acordo com a reportagem de Leandro Fortes, levar adiante outra investigação envolvendo Serra, que já figurava em uma apuração sobre desvio de dinheiro das privatizações, poderia enterrar as pretensões do tucano de ser candidato à Presidência no ano seguinte – daí o silêncio dos meios de comunicação de grande circulação.

Decidir.com

A Decidir.com teria obtido acesso aos dados de milhões de brasileiros graças a uma operação inexplicada com o Banco do Brasil, também sob a presidência de um tucano, Paolo Zaghen. A empresa, inativa desde 2002 no país, dedicava-se supostamente a “orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas”. Mas, na própria página da corporação, havia outra explicação: “Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado.” Nas palavras de Leandro Fortes, tratava-se de um balcão facilitador montado nos Estados Unidos tendo como sócias a filha do então ministro da Saúde e a irmã de um banqueiro que participou ativamente das privatizações do governo FHC.

De acordo com o livro Os porões da privataria, que será lançado em 2011 pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., a Decidir.com foi financiada basicamente pelo Banco Opportunity, de Dantas, e rapidamente transferiu sua sede e parte de seu patrimônio, de R$ 10 milhões, para um paraíso fiscal. As duas Verônicas, Dantas e Serra, decidiram deixar a “empresa-camaleão” em março de 2001. Durante, portanto, a “operação-abafa” feita em torno do caso.