segunda-feira, 30 de julho de 2012

Porque não houve repercussão para a matéria de capa da ISTO É?

http://www.istoe.com.br/reportagens/2925_OS+DOCUMENTOS+DO+MENSALAO+MINEIRO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

domingo, 29 de julho de 2012

Avaliação de papéis que provam ligação Valério-Azeredo

Por Jotavê

Comentário do post “Os documentos que comprovam relação entre Valério e Azeredo”

A revista Carta Capital disponibilizou ontem à noite os documentos que embasaram a reportagem de Leandro Fortes. Com eles em mãos, já é possível fazermos uma avaliação mais sóbria.

Marcos Valério, através de seu advogado, alega que a lista é falsa. É possível que seja, mas não é provável. O motivo é simples. Os valores que constam nos recibos correspondem, na quase totalidade dos casos, aos valores constantes das listas. Mais ainda. Quando há DIVERGÊNCIA entre os valores da lista e os constantes nos recibos, essa divergência obedece a um padrão uniforme que, como veremos, REFORÇA a hipótese de a lista ser autêntica.

Vamos, antes de passar à análise dos dados, entender o material que a revista tem em mãos. Trata-se, por um lado, de um volume encadernado com o registro de doações recebidas pelo PSDB mineiro em 1998 e dos valores pagos pelas agências de Marcos Valério. Desse volume constam tanto os pagamentos contabilizados quanto os feitos por baixo do pano. A evidência disto é a discrepância entre os valores declarados pelo PSDB e os valores constantes do documento. Os pagamentos totais constantes da contabilidade secreta de Marcos Valério somam mais de 100 milhões de reais.

Além desse volume encadernado, há uma série de comprovantes de depósito ou de transferência bancária feitos (todos) pela agência SMP&B de Marcos Valério em nome de pessoas e empresas listadas (todas) no volume encadernado. Há comprovantes de todos os pagamentos? Não, não há. Não esperem encontrar um recibo com o depósito na conta de Gilmar Mendes, por exemplo, ou de Aécio Neves, até porque, se esses pagamentos aconteceram de fato (e já não tenho motivos para duvidar de que isso tenha acontecido, diante dos documentos apresentados), certamente foram feitos em espécie.

Se comparamos os recibos com os pagamentos declarados na lista, a concordância é quase total. Eis aqui a lista dos recibos que correspondem exatamente aos valores discriminados na lista. Listei-os por ordem decrescente de valor para fazer uma observação importante a seguir:

Maria Cristina Cardoso de Mello 175.000,00

Maurílio Borges Bernardes 125.000,00

Fábio Valença 91.457,28

Jaldo Retes Dolabela 53.025,00

Afonso Celso Dias 50.000,00

Luiz Flávio Vilela Mesquita 50.000,00

Nei Martins Junqueira 50.000,00

Vagner Nascimento Junior 30.000,00

Antônio Marum 25.000,00

Cláudio Pereira 25.000,00

Ermino Batista Filho 25.000,00

Gilberto Rodrigues de Oliveira 25.000,00

Gilberto Wagner/

Mario Luis P. Pereira 25.000,00

Márcio Luiz Murta 25.000,00

Baldomedo Artur Napoleão 23.000,00

Edson Brauner da Silva 20.000,00

Honório José Franco 20.000,00

Ivone de Oliveira Loureiro 20.000,00

Maria Ângela Arcanjo 20.000,00

Marlene Arlanda Caldeira 20.000,00

Martins Adélio Gomes 20.000,00

Olavo Bilac Pinto Neto 20.000,00

Ricardo Desotti Costa 20.000,00

Rosane Aparecida Moreira 20.000,00

Wilfrido Albuquerque Oliveira 20.000,00

Ajalmar José da Silva 15.000,00

Arnaldo Francisco Penha 15.000,00

Clemente Sarmento Petroni 15.000,00

Francisco Ramalho 15.000,00

João Manoel Rathsam 15.000,00

Maria Olívia de Castro Oliveira 15.000,00

Maurício Antônio Figueiredo 15.000,00

Obed Alves Guimarães 15.000,00

Odair Ribeiro Vidal 15.000,00

Sonia Maria Salles Campos 15.000,00

Eder Antônio Madeira 12.000,00

Geruza Pereira Cardoso 12.000,00

Naylor Andrade Vilela 12.000,00

Maria Eustáquia de Castro 11.000,00

Aldimar Dima Rodrigues 10.000,00

Alencar Magalhães da Silveira Jr. 10.000,00

Grupo Hum Prop./Marketing 10.000,00

Marcelo Jerônimo Gonçalves 10.000,00

Rui Resende 10.000,00

Tarcísio Henriques 10.000,00

Vilda Maria Bittencourt 10.000,00

José Augusto Ribeiro 9.000,00

Antônio de Pádua Luma Sampaio 8.000,00

Silvana Vieira Felipe 8.000,00

Cláudio de Faria Maciel 7.000,00

Heloísa Helena Barras Escomini 5.000,00

Nelson Antônio Prata 5.000,00

José Roberto del Calle 4.000,00

Maria Aparecida Vieira 2.500,00

Maria da Conceição Almeida Alves 2.500,00

Antônio Milton Sales 2.000,00


Reparem que, se excetuarmos os quatro primeiros pagamentos, todos os outros têm valores iguais ou menores a 50 mil reais. Ou seja, nos casos em que os valores constantes na contabilidade de Marcos Valério COINCIDEM com os depósitos feitos em conta corrente, os valores são relativamente baixos. Como veremos a seguir, existem abundantes evidências de que valores maiores que 50 mil foram divididos em vários depósitos. Quem estava recebendo não queria acender sinais de alerta no Banco Central e na Receita Federal. Mesmo nos quatro primeiros casos, reparem que o terceiro e o quarto referem-se a pagamentos de mercadorias ou serviços. Têm valores exatos, até a casa dos centavos, e muito provavelmente foram feitos de forma regular, com nota fiscal e tudo.


Agora, os casos em que os valores depositados não batem com os valores declarados. Pus entre parênteses os valores que constam da contabilidade:


Alfeu Queiroga de Aguiar dois depósitos de R$25.000,00


(R$133.222,00)

Amilcar Viana Martins Filho R$6.000,00

(R$255.500,00 + R$211.726,40 (referente a multa))

Cantídio Cota de Figueiredo R$40.000,00

(R$53.000,00)

Carlos Welth Pimenta Figueiredo R$12.000,00

(R$59.000,00)

Custodio de Mattos R$20.000,00

(R$120.000,00)

Elmo Braz Soares R$6.000,00

(R$120.000,00)

Geraldo Magela Costa R$40.000,00

(R$ 5.000,00 – único caso de valor menor)

Humberto Candeias Cavalcanti R$3.000,00

(R$53.000,00)

João Batista de Oliveira R$7.000,00

(R$35.000,00)

José Pinto Resende Filho R$7.500,00 + R$15.000,00

(R$22.500,00 – fica claro o parcelamento)

Kemil Said Jumaira R$9.000,00

(R$59.000,00)

Luciano Claret Gonçalves R$15.000,00 + R$30.000,00

(R$45.000,00 – fica claro o parcelamento)

Paulo Abi Ackel R$50.000,00

(R$100.000,00)

Olinto Dias Godinho R$20.000,00

(R$120.000,00)

Romeo Anisio Jorge R$100.000,00

(R$200.000,00)

Sebastião Navarro Vieira R$9.000,00

(R$40.000,00)

Wanderley Geraldo de Ávila R$21.000,00

(R$43.900,00)

Como se vê, os poucos valores DISCORDANTES que temos entre recibos e contabilidade da SMP&B não afetam a credibilidade do documento. Pelo contrário, a reforçam. Em todos os casos, temos valores altos que foram pulverizados em diversos depósitos, para driblar o Banco Central e o fisco. Em dois casos (José Pinto Resende Filho e Luciano Claret Gonçalves), temos o retrato completo da operação toda de pulverização, com a soma dos recibos batendo exatamente com o valor declarado na contabilidade de Marcos Valério.

Agora, a pergunta principal. É possível que esta lista tenha sido falsificada? É possível, mas não é provável. A única possibilidade que consigo imaginar é a de alguém pegando a lista original e ACRESCENTANDO nomes que não estavam nela. Marcos Valério diz que o documento é falso. O cartório em que ele tem firma diz que a assinatura é dele. É preciso fazer uma perícia e verificar a autenticidade dessa assinatura. Se for dele, o Ministro Gilmar Mendes está exatamente na mesma posição que a maioria dos réus do mensalão. Recebeu dinheiro não contabilizado de campanha (sabendo disso ou não), e ainda por cima mentiu ao dizer, agora, que não recebeu coisa nenhuma. Por aquilo que sabemos até aqui, essa lista tem tudo para ser autêntica, e é um crime que a mesmíssima imprensa que deu publicidade ao grampo sem áudio envolvendo Demóstenes Torres, Gilmar Mendes e Policarpo Jr. não se preocupe em pelo menos investigar a fundo os dados fornecidos na reportagem da revista Carta Capital.


Em tempo: será que o Gilmar Dantas (*) também vai à Dra Cureau atormentar o Nassif e o ansioso blogueiro ? Bem que ele tentou antes e depois desistiu. – PHA

Continue acompanhando o caso da lista de Marcos Valério. Os detalhes surgem a cada hora.

http://blogln.ning.com/profiles/blogs/apareceu-o-novo-e-provavelmente-verdadeiro-documento-que-comprova

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Vivendo no fim dos tempos: o Apocalipse segundo Zizek. O colapso global do capitalismo.

Em seu novo livro, "Vivendo no fim dos tempos" (Boitempo Editorial), Slavoj Zizek defende que o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Ele identifica os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. Zizek apresenta sua obra como "parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta".

Redação

Não deveria haver mais nenhuma dúvida: o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Slavoj Žižek identifica neste livro os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. E pergunta: se o fim do capitalismo parece para muitos o fim do mundo, como é possível para a sociedade ocidental enfrentar o fim dos tempos?

Para explicar porque estaríamos tentando desesperadamente evitar essa verdade, mesmo que os sinais da “grande desordem sob o céu” sejam abundantes em todos os campos, Žižek recorre a um guia inesperado: o famoso esquema de cinco estágios da perda pessoal catastrófica (doença terminal, desemprego, morte de entes queridos, divórcio, vício em drogas) proposto pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, cuja teoria enfatiza também que esses estágios não aparecem necessariamente nessa ordem nem são todos vividos pelos pacientes.

De acordo com Žižek, podemos distinguir os mesmos cinco padrões no modo como nossa consciência social trata o apocalipse vindouro. “A primeira reação é a negação ideológica de qualquer ‘desordem sob o céu’; a segunda aparece nas explosões de raiva contra as injustiças da nova ordem mundial; seguem-se tentativas de barganhar (‘Se mudarmos aqui e ali, a vida talvez possa continuar como antes...’); quando a barganha fracassa, instalam-se a depressão e o afastamento; finalmente, depois de passar pelo ponto zero, não vemos mais as coisas como ameaças, mas como uma oportunidade de recomeçar. Ou, como Mao Tsé-Tung coloca: ‘Há uma grande desordem sob o céu, a situação é excelente’”.

Os cinco capítulos se referem a essas cinco posturas.

O capítulo 1, “Negação”, analisa os modos predominantes de obscurecimento ideológico, desde os últimos campeões de bilheteria de Hollywood até o falso apocaliptismo (o obscurantismo da Nova Era, por exemplo).

O capítulo 2, “Raiva”, examina os violentos protestos contra o sistema global, em especial a ascensão do fundamentalismo religioso.

O capítulo 3, “Barganha”, trata da crítica da economia política, com um apelo à renovação desse ingrediente fundamental da teoria marxista.

O capítulo 4, “Depressão”, descreve o impacto do colapso vindouro, principalmente em seus aspectos menos conhecidos, como o surgimento de novas formas de patologia subjetiva.

E, por fim, o capítulo 5, “Aceitação”, distingue os sinais do surgimento da subjetividade emancipatória e procura os germes de uma cultura comunista em suas diversas formas, inclusive nas utopias literárias e outras.

Žižek é otimista quanto ao que pode surgir desse processo de emancipação e apresenta sua obra como parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta. Para ele, engajar-se nessa luta significa endossar a fórmula de Alain Badiou, para quem mais vale correr o risco e engajar-se num Evento-Verdade, mesmo que essa fidelidade termine em catástrofe, do que vegetar na sobrevivência hedonista-utilitária. Rejeita, assim, a ideologia liberal da vitimação, que leva a política a renunciar a todos os projetos positivos e buscar a opção menos pior.

Trecho do livro

“Essa virada na direção do entusiasmo emancipatório só acontece quando a verdade traumática não só é aceita de maneira distanciada, como também vivida por inteiro: ‘A verdade tem de ser vivida, e não ensinada. Prepara-te para a batalha!’. Como os famosos versos de Rilke (“Pois não há lugar que não te veja. Deves mudar tua vida”), esse trecho de O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, só pode parecer um estranho non sequitur: se a Coisa me olha de todos os lados, por que isso me obriga a mudar? Por que não uma experiência mística despersonalizada, em que ‘saio de mim’ e me identifico com o olhar do outro? E, do mesmo modo, se é preciso viver a verdade, por que isso envolve luta? Por que não uma experiência íntima de meditação?
Porque o estado ‘espontâneo’ da vida cotidiana é uma mentira vivida, de modo que é necessária uma luta contínua para escapar dessa mentira. O ponto de partida desse processo é nos apavorarmos com nós mesmos.
Quando analisou o atraso da Alemanha em sua obra de juventude Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx fez uma observação sobre o vínculo entre vergonha, terror e coragem, raramente notada, mas fundamental:

É preciso tornar a pressão efetiva ainda maior, acrescentando a ela a consciência da pressão, e tornar a ignomínia ainda mais ignominiosa, tornando-a pública. É preciso retratar cada esfera da sociedade alemã como a partie honteuse [parte vergonhosa] da sociedade alemã, forçar essas relações petrificadas a dançar, entoando a elas sua própria melodia! É preciso ensinar o povo a se aterrorizar diante de si mesmo, a fim de nele incutir coragem.”

Sobre o autor

Slavoj Žižek nasceu em 1949 na cidade de Liubliana, Eslovênia. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós‑modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é diretor internacional do Instituto de Humanidades da Universidade Birkbeck de Londres.

Vivendo no fim dos tempos é o seu sétimo livro traduzido pela Boitempo. Dele, a editora também publicou Bem‑vindo ao deserto do Real!, em 2003, Às portas da revolução (escritos de Lenin de 1917), em 2005, A visão em paralaxe, em 2008, Lacrimae Rerum, em 2009, Em defesa das causas perdidas e Primeiro como tragédia, depois como farsa, os dois últimos em 2011.

Ficha técnica
Título: Vivendo no fim dos tempos
Título original: Living in the end times
Autor: Slavoj Žižek
Tradução: Maria Beatriz de Medina
Orelha: Emir Sader
Páginas: 368
ISBN: 978-85-7559-212-0
Preço: R$ 52,00
Editora: Boitempo

Texto e fonte: revista Carta Maior - http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20488