terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Assim é, se lhe parece! Reflexões

No começo da década de 70 participávamos de um seminário no Centro Acadêmico de Ciências Sociais na USP e claramente conseguíamos distinguir três grupos de opinião. Um formado por todas as tendências próximas do pensamento marxista (os ativistas europeus, passando depois por Mao e indo a Che - sem excluir a Teologia da Libertação); o segundo grupo identificava-se como o existencialismo de Sartre (o Sartre ativista) e podíamos identificar admiradores de Bertrand Russel ("Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade."B. Russel), os bicho grilo de McLuhan e outros menos notórios. Entre os existencialistas alguns se aproximavam mais de Nietzsche. Naquele meio, marcadamente politizado e ideologizado mostrar admiração por Nietzsche era uma afronta. Neste ambiente o que nos ficou foi um legado ambivalente: um filósofo nos qual se apoiavam todos os que buscavam saídas no niilismo, no pessimismo e no individualismo. E é este o legado que ficou. Mas há um segundo legado: a contribuição de Nietzsche para a teoria psicanalítica. É curioso que hoje, ao lê-lo, vejo em seus conceitos mais metáforas do que uma visão sociológica do poder, da ideologia e da privação da liberdade. O que é por exemplo Vontade de Poder? Vontade pode se equivaler a desejo? “Super Homem” pode ser visto como Meta-homem? Como um arquétipo de uma humanidade amadurecida? As respostas se embaraçam e não consigo construir qualquer juízo sobre o padrão ético que emerge do pensamento de Nietzsche. Assim é!

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