segunda-feira, 8 de junho de 2009

No Domínio da Antropologia Filosófica - 6

5 – A Mística: Força Motriz da Práxis da Solidariedade
Em um seminário, promovido pela fundação Perceu Abramo, sobre Mística e Espiritualidade, diversas opiniões foram expressas sobre os significados mais profundos desta vivência, que se mostra mais forte do que o chamamos de crença.
Quem se move por uma mística não aceita a angústia como a última palavra. Porque o que entra em crise é a nossa projeção da utopia.
(Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra / e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer./ Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina / e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras. C. Drummond)
São cristalizações históricas que não conseguem conter o grande sonho e, na prática, impedem a sua realização na vida das pessoas e das nações. A experiência mística é uma herança universal. É possível identificá-la em todas as civilizações e no cotidiano dos indivíduos. Mesmo quando há uma tendência a padronizá-la, domesticá-la e até torná-la propriedade de alguns iniciados. Porém, essa mística do compromisso ético e solidário relaciona-se fortemente com a mística da contemplação que é o saboreamento da presença da divindade na obra da criação e no trabalho humano. A mística se expressa conforme a conjuntura e a cultura: aparece como indignação, protesto, conflito, disputa, articulações. Mas não pode perder a dimensão da gratuidade: a ternura, o lazer, o ócio, a festa, a poesia, a celebração e a reza. A felicidade com que sonhamos deve realizar-se, desde já.

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