quarta-feira, 17 de junho de 2009

Idéia de morte em Nietzsche

Quero voltar a esta idéia de morte em Nietzsche. Muitos filósofos, Nietzsche inclusive, poderiam afirmar uma noção de ser, desprovido de qualquer sentido daquilo que associamos a uma idéia de Deus: transcendência, totalidade, criação, etc. Ele poderia se declarar ateu e ponto. Mas não me parece ser esta a formulação de Nietzsche. Ele revela estar mais incomodado com uma determinada cultura, que poderia ser fonte de muitos sofrimentos, como a idéia de culpa, punições eternas para seres finitos, etc. E creio (estou declarando que suponho) que Nietzsche identificava em alguns valores como a compaixão e a solidariedade como sinais de fraqueza. De qualquer sorte há um processo de descontrução (detesto este neologismo). E deste processo resultam outras reflexões que podem não ter qualquer referência no filósofo em questão, mas que ele foi catalizador. O sistema organizado do Cristianismo como Igreja estimulou uma forma de crença, que resultava mais em apego à imagem do divino, do que uma experiência do sagrado. E alguns homens se identicam de tal forma a este apego, que experimentam a aniquilação deste modelo de crença como uma morte interior. Em sí esta experiência poderia resultar em um salto para frente, conduzindo a um novo patamar de espiritualidade. Todavia o que vemos são formas de regressões patológicas. Aniquilada a crença surge um enorme vasio que passa a ser preenchido com o consumo (de qualquer coisa). Entendo desta forma o cenário denunciado por Nietzsche, (admitindo que possa ser um tremendo equívoco meu) e constituindo este uma grande identidade com Martin Heidegger. Dionínio e Apolínio são estruturas de nossa psique, quando elas se expressam de forma não dividida. A história da filosofia foi uma permanente exclusão destas duas dimensões: ora um, ora outro. Epicuro X Estoicos: prazer e flagelo do prazer e um moral estoica, que em muitos momentos transformou-se em neurose. Nem Nietzsche, muito menos Heidegger fazem concessões a um tipo de moralismo que conspira contra a vida (Eros)

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