domingo, 7 de junho de 2009

No Domínio da Antropologia Filosófica - 1

QUEM É O HOMEM?

Qual desafio nos coloca esta indagação face às reflexões propostas pela Antropologia Filosófica? O tema, proposto possui uma direção: interpretar o ser humano no domínio de suas características constitutivas, incluindo sua realidade bio-psíquica-espiritual-transcendente.
Não é uma tarefa fácil e, do meu ponto de vista, cercada de questionamentos fundamentais sobre a especificidade de uma disciplina que se identifica no domínio simultâneo da Antropologia e da Filosofia, em uma ambiente de sínteses.
De início somos alertados de que “a explicação de quem é o homem não é uma simples análise existencial, nem uma síntese como a realizada pelos estudantes das ciências positivas”, porque estamos face uma disciplina filosófica e “que trata da essência, da universalidade, do ser humano”.
Logo em nossas primeiras reflexões desta disciplina, nos foi colocado o seguinte questionamento:
“Sempre interessou ao homem saber quem ele é. Você considera que a pergunta Quem é o homem?", que impulsiona o estudo da Antropologia Filosófica equivale ou é sinônimo da pergunta: "Que é o homem?", que motiva o estudo das ciências positivas? Você consegue explicar qual é o lugar ou função da Antropologia Filosófica”
O debate assim parte de um confronto entre duas indagações: o que distingue a indagação de QUEM É O HOMEM?, de outra indagação – O QUE É O HOMEM? Naturalmente não estamos buscando distinções de classes gramaticais indicadas por pronomes relativos, embora tais distinções precisem estar presentes.
Superada este nível de questionamento focaremos a questão fundamental: estamos buscando circunscrever reflexões que iluminem a natureza fundamental do ser humano. Mas ainda temos uma questão. Porque situar esta busca no âmbito de uma disciplina intitulada Antropologia Filosófica? Esta nos parece uma questão não resolvida. Vejamos porque?
O filósofo Max Scheler é considerado um dos principais filósofos ligado a Antropologia Filosófica.O centro do pensamento de Scheler era a sua teoria do valor. De acordo com Scheler, o ser-valor de um objeto precede a percepção. A realidade axiológica dos valores é anterior à sua existência. Os valores e seus correspondentes opostos existem em uma ordem objetiva.
Sem desconsiderar a relevância deste filósofo e sua grande contribuição para uma filosofia humanista, não pude deixar de questionar o sentido e o propósito desta ciência tal como por ele formulada. Pesquisando a questão encontrei uma importante reflexão de Heidegger precisamente nesta direção. Reproduzo abaixo a tradução do texto deste filósofo:
“(...) Que é isto, filosofar, se a problemática filosófica é tal que encontra seu lugar e seu centro na essência do homem?
Enquanto estas questões não sejam desenvolvidas e precisadas no seu encadeamento sistemático, não se poderão ver os limites essenciais da idéia de uma antropologia filosófica. Só a discussão destas questões fornece uma base ao debate sobre a essência, os direitos e o papel de uma antropologia filosófica no seio da filosofia. Sem cessar surgirão novas tentativas de uma antropologia filosófica que poderão se apresentar com argumentos plausíveis e defender o papel central desta disciplina sem, no entanto, poder fundá-la sobre a essência da filosofia. Sem cessar também aparecerão adversários da antropologia que poderão fazer notar que o homem não está no centro dos entes e que uma "infinidade" de entes encontram-se "a seu lado", uma refutação do papel central da antropologia filosófica que não é em nada mais filosófica que sua afirmação.
Assim uma reflexão crítica sobre a idéia de uma antropologia filosófica não somente ilumina sua imprecisão e sua fatal insuficiência, mas manifesta antes de mais nada que não dispomos nem de uma base nem de quadros necessários para um exame aprofundado de sua essência.(...)”(http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/wfsection/article.php?articleid=360)
Mas estas reservas não impedem de refletir sobre a questão inicial: Quem é o homem?
Usamos a referência ao brilhante teólogo Leonardo Boff para estabelecer a referência do olhar que propomos sobre esta pergunta. Leonardo Boff conseguiu na sua práxis elaborar uma profunda visão do ser humano, como um ser holístico, planetário e ecológico. Em campos diferentes, mas atuando de forma pioneira fomos buscar dois outros pesquisadores, comprometidos com a verdade dos seus trabalhos: o primeiro Teilhard Chardin (detalhamos abaixo seus histórico) ou outro François Brune, um padre, teólogo, poliglota e profundo conhecedor dos fenômenos paranormais. Pode parecer uma reunião inusual de pensadores. Mas esta excentricidade é apenas aparente: todos os pesquisadores relacionados têm em comum um profundo compromisso da sua espiritualidade e uma coragem incomum por trafegarem em áreas tabu, marcadas pelo preconceito e juízos fundamentalistas.

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