segunda-feira, 29 de junho de 2009

FILOSOFIA CLINICA DEBATE SEU MÉTODO

Recebi mais um convite do Instituto Interseção para um Café Filosófico em São Paulo. Veja mais detalhes:
O Instituto Interseção e a Livraria Martins Fontes convidam para mais um café filosófico clínico, dia 02 de julho, quinta-feira, das 19h30 às 21h30, na Livraria Martins Fontes - Av. Paulista, 509 - São Paulo.
O texto abaixo constitui uma apresentação do Instituto Interseção sobre a Filosofia no consultório:

Como surgiu a Filosofia Clínica?

"Essa idéia nada mais é do que um resgate do papel terapêutico que a filosofia já possuía em suas origens. Na década de 80, o movimento denominado filosofia prática inicia esse resgate, com vistas à construção de uma atividade de ajuda-ao-outro. Seu ponto de partida é um questionamento: se a psiquiatria e a psicologia utilizam a filosofia em seus métodos, por que um filósofo não poderia utilizar a metodologia própria da filosofia para ajudar as pessoas em suas questões cotidianas? O filósofo assume a função de cuidador, investido do conhecimento produzido em toda a história da filosofia.

No Brasil, o filósofo gaúcho Lúcio Packter, inspirado no trabalho da filosofia prática, propôs a filosofia clínica: um instrumental específico, próprio, adequado à realidade brasileira, e diferente dos trabalhos em filosofia prática. Packter recorta e seleciona do conhecimento filosófico, a metodologia necessária para desenvolver a atividade de ajuda-ao-outro, organizando-a de maneira flexível, de modo que não construiu uma teoria adequada a diversas pessoas, mas um instrumental de pesquisa que permite a construção do trabalho para cada pessoa em especial.

Características

Entre as atividades de ajuda-ao-outro, a Filosofia Clínica destaca-se por não trabalhar com teorias prévias, tipologias ou conceitos de normalidade. Aquele que procura ajuda é a medida, e como medida, é quem determina de que maneira poderá ser auxiliado. Pensar junto com o outro é o trabalho do filósofo clínico, norteado pelo respeito à legitimidade do modo de ser deste outro.

O que busca ajuda é chamado partilhante porque é aquele que partilha, que toma parte em, que participa ativamente de todo o processo clínico, compartilhando sua vida e suas questões com o filósofo clínico. Por sua vez, o filósofo clínico acolherá o partilhante e suas questões e partilhará com ele o conhecimento produzido pela filosofia, auxiliando-o a refletir sobre suas questões e dificuldades, a levantar e estudar possibilidades, a definir, construir e percorrer caminhos. Não se trata de teorizar sobre o sofrimento alheio, mas de auxiliar o outro a lidar com suas questões, diante das circunstâncias e possibilidades existentes.

Não se trata de um mero aconselhamento pautado em referenciais filosóficos, colocando em risco a vida das pessoas. Há uma série de procedimentos clínicos, estruturados de modo a permitir a identificação de sinais e sintomas que indiquem a necessidade de um trabalho interdisplinar, pois apesar de ser a mãe das ciências, a filosofia admite os limites e as especificidades de cada área do conhecimento e, por isso, o filósofo clínico não se habilita a trabalhar todo e qualquer problema. Há problemas de ordem orgânica, química, que precisam ser tratados com medicamentos. Há situações em que o instrumental da Filosofia Clínica não possui elementos adequados para o trabalho. Conferidas essas possibilidades, o filósofo clínico encaminha – mesmo que por precaução, para mera exclusão de possibilidades, ou ainda para um trabalho interdisciplinar – o partilhante para um profissional competente naquela área de atuação."

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