Nos prospectos de uma escola de Portugal encontrei as citações que reproduzo abaixo:
“A primeira citação foi retirada de uma obra sábia e perturbadora de Fernando Pessoa e é uma passagem do seu “ Livro do Desassosego “ Vivemos pela ação, isto é pela vontade (...) Agir eis a inteligência verdadeira (...) O governo do mundo começa em nós mesmos.”
O autor inglês é o professor Lawrence Stenhouse e que diz mais ou menos o mesmo por outras palavras “São os professores que em última análise, ao compreendê-lo, mudarão o mundo da escola”.
Precisamos agir tendo presente uma afirmação de Paulo Freire “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” .
De forma emblemática encontramos nestas referências um ponto em comum: a ação e a transformação de nós mesmos como fundamento de qualquer processo de mudança através da educação.
Ao ser colocado desta forma a idéia de Stenhouse sobre o professor-pesquisador ganha uma dimensão especial: o autor nos trás a noção de que o ato de ensinar e aprender/pesquisar são indissociáveis. Isto estabelece não apenas uma nova metodologia para a prática pedagógica, mas também uma nova ética fundada na práxis. Naturalmente Stenhouse não vê o aluno como “ratos de laboratórios”, prontos para o sacrifício da experimentação. O educando também é um agente ativo deste processo. Para não distanciar muito de nossa realidade podemos afirmar que o Brasil é um celeiro neste processo de pesquisa-educação.
Existe uma experiência que vale ser lembrada.
Em 23 de fevereiro de 1961 o então prefeito de Natal-RN. Djalma Maranhão colocou em prática um experimento pedagógico, de elevada adesão popular, conhecido como “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”. A força de processo educativo era tão grande que um dos feitos do Golpe Militar de 64 foi a aniquilação da experiência. Comenta a prática pedagógica das professoras desenvolvida por meio de pequenos projetos – Unidade de Trabalho. Estas eram organizadas em torno de grandes temas a partir dos quais as disciplinas eram desenvolvidas de forma integral. Paulo Freire teve importante participação neste legítimo método de ensino-aprendizagem.
A pesquisa do seu próprio fazer exige método e disciplina, mas exige antes de mais nada envolvimento afetivo e emocional. E a razão é básica: esta é a natureza mesma da prática da autocrítica legítima, que nos obriga ao esforço de um olhar distanciado de nosso cotidiano; um olhar com os olhos de quem eu olho. Também não é tarefa simples e, em alguns momentos os limites de distanciamento pode nos parecer cruel. Mas é possível. E a experiência de Djalma Maranhão mostra isto de forma exemlar.
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