terça-feira, 6 de outubro de 2009

Apontamentos sobre o início do Capitalismo Mercantil

Série: História da Filosofia Moderna – Unidade I

Entendo que poderíamos tratar de todas as transformações que marcaram o início do Renascimento, como a Reforma e Contra-reforma religiosa, o mercantilismo, o novo humanismo, entre outros. Todavia entendo que devemos procurar os eixos fundamentais destas mudanças, que permitem entender que a partir do final do século XV, um processo de grande mudança estava em curso em toda a Europa. E sem dúvida um marco central desta mudança constitui o esgotamento de um modo de produção - o feudal e a emergência de um novo modo - que foi o mercantilismo. Na minha visão são as condições históricas concretas que desencadeiam novas formas de conhecer o real. Então nos deparamos com uma nova ética, uma nova estética, novas concepções políticas, novas teorias científicas e naturalmente com nova visão filosófica. Neste ambiente a Reforma protestante foi fundamental: ela forneceu a base ideológica para o mercantilismo: a prosperidade é uma benção de Deus. O lucro não é um conceito entendido na Idade Média. O sentido das trocas no feudo era mais comunal. O surgimento de um mercado, como um sistema econômico, é que permite também a construção do conceito de acumulação. É esta acumulação que cria os novos ricos, moradores dos burgos .A contra reforma da Igreja Católica terá que enfrentar estes novos desafios.
Em seu livro "Convite à Filosofia Ed. Ática, São Paulo, 2000" a professora Marilena Chauí, embora reafirmando o caráter arbitrário das "demarcações históricas" - vai mais além: ela distingue uma Filosofia da Renascença (do século XIV ao século XVI) da Filosofia Moderna. E, de fato, o período, embora marcado por uma grande efervescência de novas idéias é claramente um período de transição. Os renascentistas percebiam um claro esgotamento do modelo escolástico, mas ainda não haviam conseguido criar um novo padrão epistemológico.
O resgate de alguns conceitos originário do platonismo e do hermetismo foram assim resumido por Chauí, consolidando os seguintes conceitos: “idéia da Natureza como um grande ser vivo; o homem faz parte da Natureza como um microcosmo (como espelho do Universo inteiro) e pode agir sobre ela através da magia natural, da alquimia e da astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas (a simpatia) entre as coisas; o homem pode, também, conhecer esses vínculos e criar outros, como um deus”. Se para alguns pode parecer estranho esta visão vale recordar as correntes contemporâneas que possuem forte influência deste pensamento, como o pensamento ecológico, o conceito de Universo como um holograma ou até mesmo alguns princípios da teoria sistêmica.

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