domingo, 30 de agosto de 2009

MAQUIAVEL: LEITURA DE CABECEIRA DO PSOL E PV?

Um dos pontos que distingue as idéias defendidas no Príncipe em relação aos antecessores de Maquiavel diz respeito ao objetivo de governar. Os pensadores anteriores afirmavam que a vida política se fundava principalmente na defesa da liberdade e da justiça. Ao contrário, Maquiavel desenvolveu uma tese baseada na idéia de que no governo o mais importante não consistia em defender a liberdade do povo, mas em conservar-lhe a paz. Uma mudança equivalente na escala de prioridades se lê com toda nitidez na obra em análise de Maquiavel. Nela, o autor remete à antiga liberdade das Repúblicas, apenas para notar que ela tende a torná-las mais reticentes ao governo de um príncipe. Seguidas vezes afirma que o principal dever de um governante deve ser o de cuidar de sua própria segurança e força, ao mesmo tempo em que garante que seus súditos vivam ‘estavelmente e em segurança’.
Maquiavel define seu objetivo como sendo o de expor um conjunto de regras que capacite a formação de um governante forte. Ele não vê a sociedade como possuidora de evolução sistemática, de modo que acredita ser necessária a intervenção do príncipe nos rumos do Estado, objetivando a ordem social. Considera imprescindível ao governante, especialmente ao novo governante, a determinação na busca de seus objetivos prioritários, chegando a enunciar que quem dessa forma agisse, tornaria seu Estado mais seguro e firme do que se o tivesse governado por longos anos.
Em relação à unificação italiana, tema este que recebe destaque especial nos últimos capítulos d’O Príncipe, Maquiavel teorizou sobre a necessidade do nascimento de um Estado moderno, centralizado, político, ou melhor, teorizou sobre um Estado italiano único. Seu objetivo era o de salvar a Itália da situação em que ela se encontrava no século XVI, descentralizada e, conseqüentemente, suscetível a ataques de outros Estados mais bem organizados, como a França e a Espanha, suas vizinhas. Sobre esse aspecto, Maquiavel tinha por modelo, na construção do Estado italiano, a Roma Antiga, especialmente em seu período imperial, em que ocorreram importantes fatos, como uma grande expansão do território.

Em relação à moral tem sido muito intensa a discussão sobre tal aspecto, sendo considerada por muitos o ponto central de sua teoria. Algumas análises d’O Príncipe chegam a considerar essa obra como a que foi responsável pela separação entre a moral e a política. A Renascença exerceu uma tarefa histórica: criar as bases da ciência, da filosofia, da economia e da política nos quase quinhentos anos que se seguiram.

Este é o seu peso. Uma das grandes inovações de Maquiavel foi estabelecer o que, na atualidade o filósofo José Arthur Gianotti, professor da Universidade de São Paulo (USP) chamou de “zona cinzenta da moralidade” (o espaço da negociação política). É provável que esta seja uma leitura atualizada para o Partido Verde (PV) e pelo PSOL (dissidência do PT): de que outra forma se justificaria suas alianças com virtuais inimigos de todas as teses da ecologia, principalmente considerando que uma de suas críticas mais contundentes ao PT é precisamente por sua iniclinação pontual ao pragmatismo político?

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