segunda-feira, 10 de junho de 2013

Bolsa Família e a Rede de Proteção Social: uma proposta de reflexão aos que são contra.

Tenho recebido alguns poucos e-mails ou postagem que tentam caracterizar o Bolsa Família como "tática de compra de votos". Vamos examinar rapidamente este argumento. Em primeiro lugar vale lembrar que tanto FHC como Aécio reivindicam para o PSDB os méritos da criação desta Rede de Proteção Social. Tem muita gente querendo esta paternidade, discussão, diga-se de passagem, totalmente irrelevante. O debate fundamental e, neste caso nem o PSDB nem qualquer outro parido podem ficar à margem, é o que significa uma Rede Proteção Social. Apenas para ficar em um exemplo simples vamos ficar no valor mensal do BF: 155 reais, o que significa pouco mais de 5 reais por dias. E aqui fica uma proposta para reflexão: porque para os muito pobres 115 reais pode fazer alguma diferença em sua sobrevivência? Qual o efeito multiplicador em comunidades pobres deste 155 reais. Como eles dinamizam micro negócios e fazem movimentar a economia de comunidades pobres ativando negócios de pequenos empórios e armazéns no interior do país? Como as pessoas que recebem o BF conseguem construir uma nova dignidade e a possibilidade de ação cidadã, formando associações para compras coletivas que impulsionam os produtos da Agricultura Familiar? Perguntam-me sobre a porta de saída? Qual porta de saída? Quantos empresários estariam dispostos a investir nestas regiões pobres para gerar emprego e renda? Quando capitalismo vai criar porta de saída para aqueles que estão a margem do mercado? Os que me fazem estas perguntas ou são ingênuos ou agem de má fé. O capitalismo não lucra com os muito pobres e sua ética, fundada na apropriação privada do lucro, apenas mantém os beneficiários do Bolsa Família na condição de miseráveis. Quem tiver (universidade, centro de pesquisas, empresários, sindicatos, igrejas etc. ) mostre-nos exemplos positivos da economia capitalista ajudando a melhorar a vida dos miseráveis. Seremos os primeiros a divulgá-las. Mas até que isto aconteça (se algum dia acontecer) as Redes de Proteção Social terão que ser fortalecidas. E por rede de proteção os governos trabalhistas de Lula e Dilma tem mostrado um campo de ações muito maior do que apenas o bolsa família: a) começa pela convicção do papel do Estado Social (visceralmente oposto aos postulados neoliberais); b) segue com o estímulo à valorização do salário mínimo e do pleno emprego; c) amplia-se no fomento à Economia Solidária; d) Fortalecimento das pesquisas em Tecnologia Social; e) Fortalecimento da Agricultura Familiar; f) Intensificação das ações de segurança alimentar; g) estímulo as ações que favorecem à sociobiodiversidade; h) massificação das condições de acesso à educação. Este é apenas parte de um programa que constitui a Rede de Proteção Social. É para este elenco de ações que convidamos partidos políticos, investidores privados, sindicatos, igrejas e outras instituições da sociedade civil a convergir o debate sobre o futuro do Brasil.

Frederico Drummond é professor de filosofia, terapeuta e especialista em economia e meio ambiente.

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