Correspondência a um colega de pós-graduação:
Estou repetindo um argumento já postado para outro colega. Mas considero pertinente face a suas colocações.
Em minha avaliação o conceito de ecoeficiência possui sérias restrições para dar conta de um projeto ambiental inclusivo. Afirmo mesmo que o conceito está revestido de ambigüidades. Lembrando as palavras de Stephan Schmidheiny o prefixo "eco" refere-se tanto à economia como à ecologia. Todavia em sua própria definição a ecoeficiência tem muito pouco de ecologia, estando mais associada aos princípios ambientais de inserção neoliberal.
Este aliás foi um expressivo campo de tensão nas disputas hegemônicas entre o pensamento neoliberal e os conceitos ecológicos presentes no pensamento marxista.
Vale lembrar que o empresariado de maior estatura internacional adotou a cartilha do novo modelo, pactuado na Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre Gerenciamento Ambiental, organizada pela Câmara Internacional do Comércio. Através da assinatura de um catálogo de diretrizes intitulado “Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável”, esta conferência, que ocorreu no ano de 1991, também estimulou a adoção de práticas administrativas que efetivem esta nova estratégia de progresso econômico. A adoção imediata dos pressupostos do Relatório Brundtland pelas nações mais poderosas e pelo empresariado internacional não ocorreu por mudança de prioridades: o Desenvolvimento Sustentável nasceu no âmago do pensamento da classe dominante, e utiliza os pressupostos do conservacionismo juntamente com um ensinamento do universo econômico de gestão de negócios: o “Princípio da Precaução”. Este Princípio foi percebido como uma oportunidade inigualável de superar o risco e a incerteza através de investimentos e estudos localizados.O que vale dizer que se o ambientalismo for apenas uma face rejuvenecida do capitalismo global o "o futuro para novas gerações" é um grande falácia.
Um abraço
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