sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Agricultura urbana em Sete Lagoas é uma resposta a intolerância das multinacionais. Veja porque.

O Paraná tem potencial para se tornar um santuário de diversidade genética - uma espécie de banco de sementes de produtos orgânicos, que poderão vir a ser comercializados no futuro. A opinião é do doutor em agroecologia Miguel Altieri, professor da Universidade de Berkeley na Califórnia e um dos ícones da agroecologia no mundo. Altieri, de origem chilena, visitou o centro de referência de agroecologia em Curitiba, que abrange o Parque Newton Freire-Maia, Fazenda Experimental Cangüiri, Hospital Adauto Botelho, entre outras áreas, num total de 1,5 mil hectares. O local servirá para desenvolver pesquisa, extensão e difusão da agroecologia, através de parceria entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emater, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Iapar, entre outros.
"O Paraná está em posição muito privilegiada, com estrutura oficial de pesquisa e extensão", elogiou Altieri, que ministrou palestra ontem à tarde na Emater. Segundo ele, o fato de o governo estadual estar tentando conseguir o certificado livre de transgênicos é altamente positivo. "É um perfil muito importante", disse.
A agroecologia, explicou, é uma ciência que surgiu como uma crítica à agricultura industrial. "Os Estados Unidos colocaram a agricultura industrial como um modelo a ser seguido. Ela é de fato muito produtiva, mas de pouca vida", afirmou. Segundo ele, a quantidade agrícola produzida nos EUA triplicou nos últimos 50 anos; em contrapartida, o uso de fertilizantes aumentou 20 vezes. "Nos Estados Unidos, 211 agricultores abandonam por dia o campo. Só permanecem os grandes produtores, que recebem subsídios", criticou, acrescentando que entre 1996 e 1998 o governo norte-americano concedeu US$ 23 bilhões em subsídios agrícolas.
Sobre o mercado de produtos orgânicos, Altieri afirmou ser favorável à inclusão deles na merenda escolar. "É um mercado muito amplo, que incentiva os agricultores a optar pelo orgânico."
Transgênicos
Para Altieri, não é possível a produção orgânica conviver com a transgênica numa mesma área. "A contaminação transgênica, diferentemente do pesticida, é para sempre. Fica no sistema e, mesmo que a contaminação seja de apenas 1% no início, esse índice vai aumentar muito com o passar do tempo", falou. "São modelos totalmente incompatíveis." Ele também criticou a pressão de multinacionais, que não permitem o estudo dos impactos ecológicos provocados pelos transgênicos. "Não conhecemos esses impactos justamente porque não existem estudos. Professores que fizeram pesquisa nesse sentido foram expulsos das universidades, por pressão das multinacionais", denunciou.

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