Para não ficarmos reféns de apenas
algumas fontes veja o material que postei em meu Face - http://www.facebook.com/frederico.drummond. Existe
uma forma de organização nova que a minha geração não conheceu e que foi
viabilizada e potencializada pelas redes sociais e internet. Os processos de
mobilização são mais rápidos, embora a adesão política e ideológica mais
rarefeita. Os grupos que se reúnem não representam uma única bandeira. São
grupos de todas as vertentes que acabam se agrupando em um espaço físico comum
para manifestar "contra tudo". Esta forma de organização pode perder
o foco e isto me parece que tem ocorrido. Vi em um site que o III Encontro
Nacional do Movimento Passe Livre teve o apoio logístico do MST.
Desta forma o que percebo é que o
MPL é muito semelhante a outros movimentos urbanos ou rurais, desvinculados das
ações de trabalhadores como os sindicatos. O Movimento dos Sem Teto também
possui esta feição e entre eles existe um sentimento de "causa
comum". Não podemos jogar o MPL na mão na direita e estarmos atentos para
não sermos manipulados pela imprensa de direita, embora vejamos cada vez mais
uma inspiração dos movimentos dos Anarquistas europeus, na coordenação do
movimento.
Mestrado
Este é o texto final
da dissertação de mestrado sobre o MPL. A dissertação é rica, mas é
significativa as dificuldades de apontas resultados mais conclusivos. Vejamos:
"É extremamente
difícil, embora necessário, finalizar este percurso de aproximação da relação
entre a participação política e a constituição dos sujeitos militantes do
Movimento Passe Livre. Após dois anos destinados a este contexto, pudemos tecer
reflexões e questionamentos que não são passíveis de serem esgotados em uma
dissertação de mestrado, devido à sua complexidade que
escapa às palavras, à escrita e ao tempo destinado à conclusão desta pesquisa.
Contudo, ainda assim, consideramos estas análises importantes na construção de
compreensões acerca da participação política e da constituição do sujeito,
podendo contribuir para o conhecimento científico, para os protagonistas desta
dissertação (os militantes do Passe Livre) e para aqueles que acreditam que a
participação em movimentos sociais ou em outras formas de coletivo se configura
como uma alternativa aos impasses sociais, históricos, culturais, políticos,
financeiros e subjetivos da contemporaneidade. As análises terão que parar
por aqui, mas o movimento dos sujeitos que circulam no Passe Livre continua,
assim como o trânsito de outros sujeitos em outros movimentos sociais e lutas
coletivas, requerendo novos estudos e olhares teórico-metodológicos que venham
a contribuir para a compreensão das múltiplas “catracas” a que estamos
submetidos, assim como pelos múltiplos saltos que os sujeitos possam,
coletivamente, realizar sobre elas."
escapa às palavras, à escrita e ao tempo destinado à conclusão desta pesquisa.
Contudo, ainda assim, consideramos estas análises importantes na construção de
compreensões acerca da participação política e da constituição do sujeito,
podendo contribuir para o conhecimento científico, para os protagonistas desta
dissertação (os militantes do Passe Livre) e para aqueles que acreditam que a
participação em movimentos sociais ou em outras formas de coletivo se configura
como uma alternativa aos impasses sociais, históricos, culturais, políticos,
financeiros e subjetivos da contemporaneidade. As análises terão que parar
por aqui, mas o movimento dos sujeitos que circulam no Passe Livre continua,
assim como o trânsito de outros sujeitos em outros movimentos sociais e lutas
coletivas, requerendo novos estudos e olhares teórico-metodológicos que venham
a contribuir para a compreensão das múltiplas “catracas” a que estamos
submetidos, assim como pelos múltiplos saltos que os sujeitos possam,
coletivamente, realizar sobre elas."
Vale, todavia buscar alguns pontos
de origens do movimejto.
Aparentemente foi no estado de Santa
Catarina que iniciou sua organização, embora a referência usada tenha sido uma
luta relacionada ao custo dos transposte na Bahia (estas informações estão
detalhadas no site www.mpl.com.br) A fundação
oficial do movimento acontceu no espaço do V Fórum Social Mundial.
Os estados do sul do Brasil revelam
ligações dos membros com familiares (pais e outros) pertencentes ao PT e-ou a
Agricultura Familiar e-ou o MST. (vale lembrar ainda que outro importante
centro de difusão do Anarquismo é Goiânia e Salvador).
Esta influência nos parece
fundamental no processo de “tomada de consciência”, ainda que estes jovens com
toda a energia transformadora nunca viveram processos libertários nos últimos
vinte anos. Viram seus pais participando de greves e/ou de ações partidárias,
com resultados precários. Mas eles mesmos não encontraram canais de
participação que promovessem a grande “libertação geral”, conforme utopia e
bandeiras da maioria dos partidos de esquerda.
O movimento possui claramente um foco nas
contradições de uso do espaço urbano, embora haja uma verbalização apenas
difusa da natureza capitalista destas contradições ( ver site - http://comandopasselivre.blogspot.com.br/2012/02/principios-do-comando-de-luta-2012.html),
onde pode-se ler o seguinte trecho:
Na reunião inicial
do ano de 2012 foram tirados princípios que nortearam a luta do comando, os
princípios são:
- Classismo :
No sistema capitalista existe a relação de luta de classe, que separa em dois
mundo antagônicos a realidade dos possuidores do meio de produção (a burguesia)
e de outro lado os proletários que não tem nada além de sua própria força de
trabalho para vender aos capitalista, essa realidade também se aplica na luta
do transporte de uma lado o donos das empresas ,o governo (gestores do
capitalismo) etc., de outro lado usuários (quem em sua grande maioria são
proletários, estudantes, desempregados) e trabalhadores da área do transporte
,isso implica que péssimas condições do transporte coletivo e preços abusivos.
A não conquista do passe livre está extremamente ligado a questão
da dinâmica da luta de classes, o transporte não tem qualidade, os preços são
altos e estudantes e desempregados não tem passe livre para dar mais lucros aos
empresários. Por isso defendemos a união de todos esses setores oprimidos
(estudantes e trabalhadores) para lutar pela conquista de nossos direitos!
- Ação
Direta/Luta Combativa : A nossa vitória deve ser resultado de nossa própria
luta, como frisa o lema da associação internacional dos trabalhadores ‘’ A
emancipação dos trabalhadores será obra do próprios trabalhadores ‘’ e também
deve ser expressada por métodos combativos de luta sem esperar
intermediários ou negociações com espaços burgueses, só a luta combativa nos
trará a vitória!
A ação direta por
nós reivindicada se expressa por: bloqueios de ruas, ocupações, piquetes,
protesto combativos! Só a ação direta nós trará a vitória!
- Democracia de
base : A democracia de base significa que serão as própria massas que
estarão exercendo o poder, avançando coletivamente por sua própria experiência
de luta, a democracia de base se expressa para nós na defesa da assembléias
gerais como órgão regulares do comando, aonde cada militante é um voto.
Formaremos, também,
comissões em que os responsáveis serão elegíveis e amovíveis para garantir
maior inserção de todos nos trabalhos e evitar controle por qualquer grupo.
- Autonomia
frente a partidos e governos : O Comando de Luta Pelo Passe Livre e Contra
Aumento da Tarifa se declara autônomo frente a partidos e governos, não
estamos nos declarando apartidários, mas, sim, como independentes de
qualquer partido, governo, empresa ou fundação privada. A luta entre partidos
faz parte da luta histórica da classe trabalhadora e por isso não defendemos o
‘’apartidarismo’’, mas nos posicionamos contra programas políticos
reformistas e burgueses, defendidos pelos partidos eleitoreiros.
- Anti-governismo
: Pela impossibilidade da existência de
um “governo dos trabalhadores” dentro do Estado burguês, como nos exemplifica
claramente o governo do PT, é que se faz a necessidade de nos assumirmos
anti-governistas. Deste modo, nos posicionamos contra os governos de
"esquerda" tanto quanto os de direita, bem como qualquer governo
gestor do Estado capitalista ou qualquer organização estudantil que esteja
atrelada ao governismo, como, por exemplo, a UNE que é totalmente ligada ao
governo do PT.
Logo, nós do Comando de Luta Pelo Passe Livre e Contra o Aumento
da Tarifa nos posicionamos contra qualquer entidade governista como UNE/CUT!
Não serão aceito no
Comando de Luta Pelo Passe Livre e Contra o Aumento da Tarifa a filiação de
militantes ligados a essas respectivas entidades, pois qualquer unidade com
setores pelegos não implica senão na quebra de unidade de classe! A unidade
real da classe trabalhadora se faz por meio da cisão com a burocracia seja ela
estudantil ou sindical. Qualquer aliança com governistas, justificada ou não,
em nome de pretensa necessidade da ‘’unidade’’ da classe trabalhadora é falsa!
A atual conjuntura da luta de classe exige uma ruptura imediata com entidades
governista!
Ou seja, aparentemente não existe
uma teoria de suporte ao movimento, mas uma teoria que se tenta construir na
ação do movimento, onde a ideia da liberdade coletiva e uma vida "sem
catracas" passa a ser fundamental. Em princípio a orientação se funda nos
movimentos Anarquistas europeus.
É apenas uma suposição (sem base em
pesquisas) que a estrutura de articulação em rede via internet e redes sociais
configura um modelo de ordenamento Anarquista, o que significa que o comando se
apoia em uma estrutura de valores consensados. As grandes mobilizações neste
caso só são possíveis tendo como base palavras de ordem de sentido muito
prático e muito simples, como é a chamada contra 20 centavos (Nem um centavo a
mais).
Um comentário:
Espero que eu possa aprender um pouco desse tipo de coisa, eu acho que todos nós temos que aprender, espero ver isso em Itaim Bibi
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