Um gato de preto
discreto me espia.
Apenas pressinto
o que sugere
de trágico.
Um gato no canto
escuro e oculto
de minha quase
presença
concreta e bruta.
Somos os dois
acuados e de quatro
para um bote de morte.
O gato me ama.
O gato me trai.
O gato me espia.
No canto
um gato de luto
que canta ou mia.
(Um gato que luta
em minhas garras fatais?)
Disfaço de rato
mas o gato
me percebe e chora.
Um tal gato negro
em noite de lua
miando de medo
de minha presença
demência.
Frederico Drummond
in "O Anjo Vingador"
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