quarta-feira, 30 de março de 2011

Representantes da Forças Armadas Brasileiras mentem sobre a verdadeira história do Brasil.

 Em nota relativa aos 47 anos do golpe, comandantes dizem que objetivo era evitar regime ditatorial indesejado pela nação


Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Publicado em 29/03/2011, 12:00

São Paulo – Às vésperas do 47º aniversário do golpe militar brasileiro, os presidentes dos clubes militares (Aeronáutica, Exército e Marinha) divulgaram nota na qual reafirmam que o objetivo daquele movimento foi impedir "a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial" indesejado pela nação. Regime, a saber, "comunista, atrelado a ideologias antagônicas ao modo de ser do brasileiro".
Os militares contestam a tentativa de se dar outras explicações para a motivação do movimento que, segundo eles, visava a defender a democracia. "Por maiores que sejam alguns esforços para 'criar' uma versão diferente da real, os acontecimentos registrados na memória dos cidadãos de bem e transmitidos aos seus sucessores são indeléveis, até porque são mera repetição de acontecimentos similares registrados em outros países", diz o documento.
Datado de 24 de março, uma semana antes do aniversário do golpe – em 31 de março, segundo os militares, ou 1º de abril – o manifesto é assinado pelos presidentes do Clube Militar, general Renato César Tibau da Costa, do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral, e do Clube de Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Batista. Ainda segundo eles, a imprensa "escrita e falada" da época foi implacável no relato dos fatos, "todos inadmissíveis em um país democraticamente organizado".
A crítica se dirige ao governo e mesmo a líderes militares. "À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais entre as quais Comandantes Militares que procuravam conduzir seus subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia".
No texto, não há referências à Comissão da Verdade defendida pelo atual governo, para analisar o período da ditadura brasileira (1964-1985). No final do ano passado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou o Brasil por crimes cometidos pela ditadura na região do Araguaia, nos anos 70.

terça-feira, 29 de março de 2011

Um homem chamado José.

O resgate do humanismo.

Não são muitos os pessonagens que entram em nossa vida de uma forma tão singular como o Zé Alencar.  Nós que levantamos as bandeiras do socialismo, que proclamamos as virtudes das ações libertadoras da democracia profunda, que pregamos contras as mazelas do capitalismo, poderiamos nos omitir. Poderíamos mesmo? Eis a questão. Lula, com sua profunda intuição, percebeu isto antes de todos nós. Quando chamou José Alencar para seu parceiro de chapa, nas eleições presidenciais, não era apenas de uma referência de empresário "do bem" que ele  contava. Zé de Alencar resgatou em nós o humanismo, tão fora de moda em globalizações e que tais. Zé de Alencar nos libertou do medo de pensar, Os brasileiros aprenderam a amá-lo de verdade. Ele não fazia média para ganhar intelectuais de esquerda. Apenas era ele mesmo. E este ser ele mesmo, nunca será apenas. Se a solidariedade é um valor tão precioso, o Zé nos ensinou mais; ensinou-nos a prática da compaixão. Agora ele é eterno. E já não mais será perguntado - "E agora José" - porque sua humanidade emerge como o sabor e o aroma do café matutino, nas Gerais de todas as Gerais.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Doutor Lula, por Coimbra

da Redação Carta Capital - 28 de março de 2011 às 12:10h

Talvez para o desalento da colunista Dora Kramer e a inveja de Fernando Henrique Cardoso, na próxima quarta-feira 30 o ex-presidente Lula recebe o título de professor honoris causa da Universidade de Coimbra, a mais importante e antiga de Portugal.
A presidenta Dilma Rousseff estará presente à cerimônia solene, marcada para as 11 da manhã. Também participarão o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e Pedro Pires, presidente de Cabo Verde. O título foi proposto pela Faculdade de Direito em reconhecimento ao “prestígio internacional de Lula, a atenção que este tem dedicado aos grandes problemas do mundo e a sua influência na preservação da amizade que une Portugal e o Brasil”, segundo nota da universidade.
Lula segue para Portugal em avião de carreira, da TAP, domingo 27, e em Lisboa, na terça, receberá outra honraria, o ambicionado Prêmio Norte-Sul, concedido pelo Conselho da Europa, todos os anos, a personalidades dos dois hemisférios. A premiada do Norte desta vez é a canadense Louise Arbour, comissária dos direitos Humanos da ONU.

domingo, 27 de março de 2011

A luta por um Brasil solidário

A visão mercantilista que acompanhou a ascensão da hegemonia neoliberal invadiu o mundo. A sofisticação do consumo elevou o acesso a bens a requintes inimagináveis há pouco tempo, enquanto a grande maioria da humanidade continua sem acesso a bens elementares que garantam minimamente uma sobrevivência digna.


O acesso a bens que as politicas sociais do governo brasileiro promoveu ao longo dos últimos anos tem permitido uma democratização social que nunca havíamos assistido. Tem permitido que bens essenciais possam chegar a quem vivia marginalizado do mercado e de condições de vida minimamente aceitáveis.

No imenso universo dos que apoiaram o governo Lula, - permitindo que, como nunca um presidente tivesse unificado um país tão diverso social e geograficamente, - se congregaram contingentes diferentes. Antes de tudo a imensa massa pobre, desconhecida por outros governos, que os mantinha preventivamente à margem, temerosos, discriminadores. Esses pobres se tornaram o principal contingente de apoio a Lula e a Dilma, os principais beneficiários dos complexos e contraditórios processos de transformação porque passa o Brasil.

Se juntaram a eles os beneficiários da bonança econômica de uma politica que soube captar o potencial do novo cenário internacional com as possibilidades não aproveitadas do Brasil, para promover um circulo virtuoso que beneficia a todos. Contingentes que não tem simpatia pela esquerda e por Lula, mas que conviveram harmoniosamente com o progresso que o país vive e o prefere a incertezas de mudança.

Um novo Brasil, econômica e socialmente, foi surgindo – sobre isto não há dúvida. Temos agora, além de terminar com a miséria – objetivo prioritário do governo Dilma -, que trabalhar, com todos os meios possíveis, para a construção de um Brasil solidário, humanista, com valores que correspondam à sociedade mais justa que começamos a construir.

O elemento de maior força do mundo em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra, tudo é mercadoria, em que os direitos não contam, conta o poder do dinheiro – é sua concepção de mundo. Esta – conhecida como o modo de vida norteamericano – se fundamenta na luta de todos contra todos pelo acesso aos bens no mercado, na busca individual do sucesso, não importando a situação dos demais e, até, lutando para os que demais se deem mal, para que alguns poucos se deem bem. É isto que provoca os sentimentos ruins do “os aeroportos estão parecendo rodoviárias”, dos que, ao invés de se contentarem que setores populares estão tendo acesso ao que era até aqui reservado para uma minoria, deixam despertar em si os piores sentimentos de privilégio, de discriminação, até mesmo de racismo.

O acesso ao consumo é um direito fundamental para uma vida digna, negada à grande maioria dos brasileiros até recentemente. Mas esse acesso não garante, por si só, que seja acompanhado da consciência da justiça social que impulsiona as politicas que tornaram possível esse acesso e essa democratização social que torna o Brasil menos injusto.

Constituem ainda uma minoria os que estiveram com Lula e estão com Dilma porque o Brasil se torna menos injusto, menos desigual, com seus governos. A maioria, provavelmente, - inclusive seus maiores beneficiários, os pobres – os apoia pelos benefícios – reais, justos – a que tem tido acesso.

Essa nova maioria social e politica que foi se gerando no Brasil – e que permitiu três vitórias consecutivas contra as elites tradicionais, da direita – só poderá se consolidar ao nível da consciência social, se essa ascensão social for acompanhada por novos valores, não os da ascensão individual no mercado, mas os da solidariedade. Somente quanto se disseminar, da mesma forma que os benefícios das politicas do governo, os sentimentos de indignação contra as injustiças, contras as arbitrariedades, contra a fragilidade dos mais desprotegidos diante da violação dos seus direitos – somente aí estaremos realmente vivendo em um Brasil novo, solidário, humanista.

Para isso, as políticas de educação, de cultura, de direitos humanos, de luta contra as discriminações, dos direitos das mulheres, de comunicação – e tantas mais – têm que se articular para ajudar a promover novos valores. Valores que façam com que ninguém seja plenamente feliz, enquanto sobrevivem injustiças, violências, violações de direitos elementares da cidadania. Enquanto não formos todos cidadãos, conscientes do que vive o Brasil e dos objetivos que temos que alcançar, para sermos econômica, social e culturalmente uma sociedade justa e solidária.

Texto de  Emir Sader

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um novo modelo para o Brasil: o caminho do bom senso.

Fui aluno do professor Ladislau Dowbor em um curso sobre Economia Solidária, realizado na USP. Dowbor é brilhante. Sua visão de mundo resulta, além de sua vasta formação acadêmica, de um olhar cuidadoso de cada canto deste planeta. O professor Ladislau foi consultor especial em paises africanos, latinos, europeus, além de vários organismos internacionais. Certa vez comentei com o professor a desesperança de muitos militantes de esquerda, depois das experiências fracassadas do socialismo, principalmente na antiga União Soviética e indaguei-o sobre que referencial ele poderia sugerir, como inspiração da construção da verdadeira democracia econômica e social. O professor não tinha nehuma receita. Nem se mostrou desconfortável com isto. Na meia hora seguinte falou da estrutura de poder mundial e do que ele chama de contrapeso a esta estrutura. Finalmente, sorrindo, o professor Dowbor disse que, em suas horas de maior inquietação, preferia dedicar-se ao cuidado de roseiras, que ele tinha plantado em sua casa. Os estudos do professor Dowbor, e suas roseiras, continuam sendo grande fonte de inspiração.
Confiram o texto publicado em Carta Maior.


Frederico Drummond

O economista Ladislau Dowbor elaborou um documento intitulado “Brasil: um outro patamar - Propostas de estratégia”, que incorpora o cerne das discussões travadas no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) ao longo dos últimos cinco anos, com objetivo de esboçar uma “Agenda Brasil” para a década que se inicia.
O documento busca desenhar em grandes traços o novo referencial, tanto nacional como internacional, que incide sobre os rumos desta década. “O Brasil encontrou o seu rumo ao transformar o seu maior desafio, a pobreza, e a falta de capacidade de compra que a acompanha, em vetor de expansão do conjunto da economia. A distribuição, ao estimular a demanda, é que faz crescer o bolo”, diz Dowbor.
A Carta Maior está publicando quatro dos principais capítulos deste trabalho - um a cada dois dias, com o link para a versão integral do texto.
Publicamos hoje a segunda parte: "Um novo modelo: o caminho do bom senso".

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O Brasil optou pelo enfrentamento da desigualdade como seu eixo estratégico principal. A materialização da estratégia se deu através da ampliação do consumo de massa. A visão enfrentou fortes resistências no início, mas os efeitos multiplicadores foram-se verificando no próprio processo de ampliação das políticas. Com a visão de bom senso de que o principal desafio do Brasil, a exclusão econômica e social de quase a metade da sua população, podia ser um trunfo, o país encontrou um novo horizonte de expansão no mercado interno. A crescente pressão da base da pirâmide social brasileira por melhores condições de vida, articulada com a determinação do governo de promover as mudanças, gerou um círculo virtuoso em que o econômico, o social e o ambiental encontraram o seu campo comum.

Os avanços sociais sempre foram apresentados no Brasil como custos, que onerariam os setores produtivos. As políticas foram tradicionalmente baseadas na visão de que a ampliação da competitividade da empresa passa pela redução dos seus custos. Isto tem duas vertentes. Enquanto a redução dos custos pela racionalização do uso dos insumos e pelo aproveitamento das novas tecnologias produtivas e organizacionais é essencial, pelo avanço de produtividade que permite, a redução de custos pelo lado da mão de obra reduz o mercado consumidor no seu conjunto, e tende a ter o efeito inverso. Ao reduzir o mercado consumidor, limita a escala de produção, e mantém a economia na chamada “base estreita”, de produzir pouco, para poucos, e com preços elevados.

É importante lembrar que faz todo sentido, para uma empresa individual, achar que com menos direitos sociais ou menores salários poderia reduzir os seus custos, tornando-se inclusive mais competitiva relativamente aos seus concorrentes. Mas a aplicação desta visão ao conjunto das empresas resulta em estagnação para todos. Em termos práticos, o que faz sentido no plano microeconômico, torna-se assim um entrave em termos mais amplos, no plano macroeconômico. As políticas redistributivas aplicadas de forma generalizada, atingindo portanto o conjunto das unidades empresariais, geram também mercados mais amplos para todos, reduzindo custos unitários de produção pelas economias de escala, o que por sua vez permite a expansão do consumo de massa, criando gradualmente um círculo virtuoso de crescimento. Se sustentada por mais tempo, esta política passa a pressionar a capacidade produtiva, estimulando investimentos, que por sua vez geram mais empregos e maior consumo.

A expansão simultânea da demanda e da capacidade produtiva promove desenvolvimento sem as pressões inflacionárias de surtos distributivos momentáneos. A espiral de crescimento passa a ser equilbrada. E a verdade é que os setores que estagnam em termos salariais e de direitos sociais, também tendem a se acomodar em termos de inovação em geral.

Esta compreensão dificilmente se generaliza com explanações teóricas apenas. No entanto, a constatação de que funciona quando aplicada de maneira sustentada, e que viabiliza os negócios de cada um, convence muita gente, que vê os resultados práticos. De certa forma, o Brasil encontrou o seu rumo ao transformar o seu maior desafio, a pobreza, e a falta de capacidade de compra que a acompanha, em vetor de expansão do conjunto da economia. A distribuição, ao estimular a demanda, é que faz crescer o bolo.

Uma segunda mudança, também ditada pelo bom senso, encontra-se na ampliação das políticas sociais em geral, envolvendo a educação, a saúde, a formação profissional, o acesso à cultura e à internet, à habitação mais digna. Aqui também está se invertendo uma visão tradicional. A herança teórica, das simplificações neoliberais, é de que quem produz bens e serviços, portanto o setor produtivo privado, gera riqueza. Ao pagar impostos sobre o produto gerado, viabiliza as políticas sociais, que representariam um custo. Deveríamos portanto, nesta visão, maximizar os interesses dos produtores, o setor privado, e moderar as dimensões do Estado, o gastador. A realidade é diferente. Quando uma empresa contrata um jovem engenheiro de 25 anos, recebe uma pessoa formada, e que representa um ativo formidável, que custou anos de cuidados, de formação, de acesso à cultura geral, de sacrifícios familiares, de uso de infraestruturas públicas as mais diversas, de aproveitamento do nível tecnológico geral desenvolvido na sociedade.

As políticas sociais não constituem custos, são investimentos nas pessoas. E com a atual evolução para uma sociedade cada vez mais intensiva em conhecimento, investir nas pessoas é o que mais rende. A compreensão de que os processos produtivos de bens e serviços e as políticas sociais em geral são como a mão e a luva no conjunto da dinâmica do desenvolvimento, um financiando o outro, sendo todos ao mesmo tempo custo e produto, aponta para uma visão equilibrada e renovada das dinâmicas econômicas.

Um terceiro elemento chave é a política ambiental. A visão tradicional amplamente disseminada apresenta as exigências da sustentabilidade como um freio à economia, impecilho aos investimentos, entrave aos empregos, fator de custos empresariais mais elevados. Trata-se aqui simplesmente de uma conta errada, e amplamente discutida já em nível internacional, com a refutação do argumento da externalidade. Fazer o pre-tratamento de emissões na empresa, quando os resíduos estão concentrados, é muito mais barato do que arcar depois com rios e lençóis freáticos poluídos, doenças respiratórias e perda de qualidade de vida.

Para a empresa ou uma administração local, sai realmente mais barato jogar os dejeitos no rio, mas o custo para a sociedade é incomparavelmente mais elevado. Desmatar a Amazônia gera emprego durante um tempo, mas não o mantém, a não ser com a progressão absurda da destruição. Aprofundar os investimentos em saneamento básico, em contrapartida, gera empregos, reduz custos de saúde, e aumenta a produtividade sistêmica. Investir em tecnologias limpas tende a promover os setores que serão mais dinâmicos no futuro e melhora a nossa competitividade internacional. E ao tratar de maneira sustentável os nossos recursos naturais, capitaliza-se o país para as gerações futuras, em vez de descapitalizá-lo. Fator igualmente importante, na economia global moderna uma política coerente em termos ambientais gera credibilidade e respeito nos planos interno e internacional, o que por sua vez abre mercados. A verdade é que a política ambiental ganhou nestes anos uma outra estatura, e se incorpora na nova política econômica que se desenhou no país.

Um quarto eixo de política econômica encontra-se no resgate da capacidade de planejamento das infraestruturas do país. Boas infraestruturas, ao baratearem o acesso ao transporte, comunicações, energia, água e saneamento, geram economias externas para todos e elevam a produtividade sistêmica do território. O custo tonelada/quilómetro do transporte de mercadorias no Brasil é proibitivo, pois transportar soja e outros produtos de relação peso/valor relativamente baixo, em grandes distâncias, por caminhão, gera sobrecustos para todos os produtores. O resgate do transporte ferroviário, a reconstituição da capacidade de estaleiros navais e de transporte de cabotagem, a priorização do transporte coletivo nas metrópoles, o barateamento do acesso a serviços de telecomunicações e de internet banda larga, a busca da produtividade na distribuição e uso de água e em particular no destino dos esgotos, o reforço das fontes renováveis na matriz energética, conformam uma visão que pode abrir um imenso caminho de avanço para o conjunto das atividades econômicas.

O planejamento e a forte presença do Estado são aqui essenciais. As infraestruturas constituem grandes redes que articulam o território. Constituem neste sentido um dos principais vetores de redução dos desequilíbrios regionais do país Precisam, por exemplo, ser ampliadas nas regiões mais pobres, para dinamizar e atrair novas atividades, e são políticas públicas que podem arcar com este tipo de investimentos de longo prazo justamente nas regiões onde não geram lucros imediatos. Isto envolve planejamento, visão sistêmica e de longo prazo. As metrópoles brasileira estão se paralizando por excesso de meios de transporte e insuficiência de planejamento. O resgate desta visão, e a dinamização de investimentos coerentes com as necessidades do território, constituem um trunfo para o desenvolvimento, e deverão desempenhar um papel essencial nesta decada.

Assim, políticas distributivas ancoradas numa visão de justiça social e de racionalidade econômica, a ampliação dos investimentos nas pessoas através das políticas sociais focalizadas, a gradual incorporação das dimensões da sustentabilidade ambiental no conjunto dos processos decisórios de impacto econômico, e a dinâmica de investimentos de infraestruturas que tanto reduzem o custo Brasil através das economias externas como melhoram a competitividade internacional, conformam um modelo que, em clima democrático e de paz social, está abrindo novos caminhos. Ter um modelo que não apenas faz sentido teórico, mas funciona, e convence grande parte dos atores econômicos e sociais do país, é um trunfo importante.

Conheça a íntegra do documento no site:

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_i...

terça-feira, 1 de março de 2011

Nova economia para a sustentabilidade

Sustentabilidade requer desconstrução da economia
Por Lilian Milena - Da Agência Dinheiro Vivo

Altos investimentos para mudar a matriz energética por fontes e tecnologias menos poluentes não serão suficientes para tornar a sociedade humana sustentável. Será preciso frear o consumismo concentrado em populações ricas e modificar a cultura que impõe o consumo excessivo como fator necessário ao bem estar social.
A conclusão é de especialistas que ajudaram a escrever o relatório anual do WWI (Workdwatch Institute), Estado do Mundo 2010. Erik Assadourian, pesquisador sênior do WWI e diretor de projeto desse trabalho, fala em “remodelar radicalmente o modo das pessoas entenderem e agirem no mundo”.
Os recursos naturais extraídos anualmente hoje são 50% superior ao que era extraído há 30 anos. Um europeu consome cerca de 43 quilos de recursos todos os dias, enquanto um americano médio, 88 quilos. Esse material é equivalente ao que seria necessário extrair da terra para construir 112 prédios Empire State por dia.
A Pegada Ecológica, indicador que compara o impacto das atividades humanas sobre a capacidade produtiva da terra, aponta que a humanidade utiliza recursos e serviços de 1,3 Terra (mais do que um planeta Terra).
Mas o papel de cada país nesse processo é bastante desigual. Estima-se que as 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo, ou 7% da população mundial, respondam por 50% das emissões globais de gases de feito estufa, já os 3 bilhões mais pobres espondem por apenas 6%. O trabalho traz ainda que, em 2006, os 65 países mais ricos, que juntos representam 16% da população mundial, tiveram participação em 78% dos gastos de consumo.
“Considerando-se apenas os Estados Unidos, houve um gasto de US$ 32.400 por pessoa, o que representa 32% dos dispêndios globais feitos por apenas 5% da população mundial”, completa Assadourian.
Em 25 anos, a substituição de mais da metade dos combustíveis fósseis exigirá a construção de 200m2 de painéis solares fotovoltaicos por segundo, 100m2 de painéis solares térmicos por segundo, mais de 24 turbinas eólicas de 3 megawatt por hora funcionando continuamente. Ironicamente, "tudo isso demandaria enregia e materiais tremendos", completa o porta-voz da WWI.
Todos os anos, 7 milhões de hectares de florestas são derrubados no mundo; no mesmo período, também são produzidos 100 milhões de toneladas de dejetos perigosos, às custas do modelo de consumo. A partir desses dados surge a preocupação de como melhorar a condição de vida de bilhões de pessoas dentro de um modelo econômico sustentável - atualmente um bilhão e meio de pessoas vivem com menos de US$ 1,25 por dia, situando-se abaixo da linha da pobreza.
Assim, os hábitos estabelecidos e que englobam os fatores que definem a cultura deverão ser modificados. "O consumismo está hoje infiltrado de modo tão absoluto nas culturas humanas (...) Ele dá a impressão de ser simplesmente natural. Mas, de fato, os elementos culturais - linguagem e símbolos, normas e tradições, valores e instituições - foram profundamente transformados pelo consumismo em sociedade", coloca Assadourian.
Uma pesquisa britânica, realizada em 2002, constatou que as crianças dessa nação conseguiam identificar mais personagens do desenho animado Pokémon do que espécies de animais. Nas últimas décadas, também se registrou a crença de que a posse de bens materiais é cada vez mais importante para obtenção de uma vida de qualidade.
Um trabalho americano, realizado por 35 anos com alunos do primeiro ano de faculdades dos Estados Unidos, revelou que durante essas três décadas e meia o jovem americano passou a dar mais importância à realização financeira. Já a importância de se construir uma filosofia plena de vida, diminuiu.
Confira mais link:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/nova-economia-para-a-sustentabilidade#more