O texto a seguir é uma reprodução integral de matéria publicada na site http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/apos-23-anos-metal.... Reproduzo a matéria com um profundo sentimento de participar a construção de nossa democracia social. Trabalhei na assessoria da CUT Nacional, na Agência de Desenvovimento Solidário e na Ecosol nos últimos 15 anos, sendo assim testemunho privilegiado de toda sorte de embates, que aconteceram nestes espaços da organização popular, relacionados à construção de um projeto de emancipação para o Brasil. A democratização da mídia é um destes instrumentos sem dúvida. Confira a matéria:
http://blogln.ning.com/profile/FredericoOzanamDrummond?xg_source=activity
Tecnologia Social, sustentabilidade, economia solidária, cooperativismo, comércio justo, redes de cooperação solidária: o desenvolvimento destes domínios constitui o fundamento da THEIA VIVA.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
UMA ESTRATÉGIA PARA O BRASIL CONTEMPORÂNEO.
Tive uma grande satisfação em ter conhecido, como aluno de Economia Solidária, o professor Ladislau Dowbor, doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia. O curso foi realizado no setor de psicologia social, na Faculdade de Psicologia da USP. Impressionou-me em particular a robusta visão do professor Dowbor, alicerçada em uma experiência internacional em consultoria para países da África e da América Latina. Seu livro a Reprodução Social expressa sua capacidade de perceber as mudanças estruturais que vem transformando a economia mundial em um novo leque de experiências inéditas na história da humanidade.
A Revista Carta Maior publica um artigo do professor Dawbor que vale apena ser lido com muita atenção. Com o título “Brasil, um outro patamar de desenvolvimento” a revista apresenta o texto da seguinte forma: “Esse texto resume de forma ampla um conjunto de discussões que há cinco anos vêm se desenvolvendo no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), refletindo a opinião e as propostas dos mais variados setores da sociedade brasileira. Uma das conclusões é que o Brasil está partindo, nesta segunda década do milênio, de um novo patamar. Em grande parte o futuro dependerá de como o Brasil administrará a equação da produção, do emprego, da renda e do meio-ambiente. O Brasil tem aberto novos caminhos, mas os desafios são grandes. O artigo é de Ladislau Dowbor. > LEIA MAIS | Economia | 27/07/2010”
Fiz a seleção de um pequeno texto deste artigo como exemplar desta contribuição do professor Dowvor:
“(...) Assim, políticas distributivas ancoradas numa visão de justiça social e de racionalidade econômica, a ampliação dos investimentos nas pessoas através das políticas sociais focalizadas, a gradual incorporação das dimensões da sustentabilidade ambiental no conjunto dos processos decisórios de impacto econômico, e a dinâmica de investimentos de infra-instrutoras que tanto reduzem o custo Brasil através das economias externas como melhoram a competitividade internacional, conformam um modelo que, em clima democrático e de paz social, está abrindo novos caminhos. Ter um modelo que não apenas faz sentido teórico, mas funciona, e convence grande parte dos atores econômicos e sociais do país, é um trunfo importante(...). Confirma o texto integral no endereço http://www.cartamaior.com.br/
A Revista Carta Maior publica um artigo do professor Dawbor que vale apena ser lido com muita atenção. Com o título “Brasil, um outro patamar de desenvolvimento” a revista apresenta o texto da seguinte forma: “Esse texto resume de forma ampla um conjunto de discussões que há cinco anos vêm se desenvolvendo no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), refletindo a opinião e as propostas dos mais variados setores da sociedade brasileira. Uma das conclusões é que o Brasil está partindo, nesta segunda década do milênio, de um novo patamar. Em grande parte o futuro dependerá de como o Brasil administrará a equação da produção, do emprego, da renda e do meio-ambiente. O Brasil tem aberto novos caminhos, mas os desafios são grandes. O artigo é de Ladislau Dowbor. > LEIA MAIS | Economia | 27/07/2010”
Fiz a seleção de um pequeno texto deste artigo como exemplar desta contribuição do professor Dowvor:
“(...) Assim, políticas distributivas ancoradas numa visão de justiça social e de racionalidade econômica, a ampliação dos investimentos nas pessoas através das políticas sociais focalizadas, a gradual incorporação das dimensões da sustentabilidade ambiental no conjunto dos processos decisórios de impacto econômico, e a dinâmica de investimentos de infra-instrutoras que tanto reduzem o custo Brasil através das economias externas como melhoram a competitividade internacional, conformam um modelo que, em clima democrático e de paz social, está abrindo novos caminhos. Ter um modelo que não apenas faz sentido teórico, mas funciona, e convence grande parte dos atores econômicos e sociais do país, é um trunfo importante(...). Confirma o texto integral no endereço http://www.cartamaior.com.br/
SERRA: UM URIBE PIORADO
A dramática diferença entre José Serra e Álvaro Uribe está no poder destrutivo que o tucano teria em mãos caso chegasse à Presidência da República da maior economia da América Latina. Emparedado por governos progressistas, como os da Venezuela e Equador, com um PIB importante mas cerca de 1/5 do brasileiro e sem rivalizar com a liderança de Lula na região, Álvaro Uribe teve que se contentar em representar o Departamento de Estado norte-americano na fronteira com a Venezuela, adotando um belicismo permanente na tentativa de provocar Chávez e isolar seu governo. Limitou-se a isso a bisonha expressão regional do uribismo colombiano. Se chegasse à presidência do Brasil, o uribismo tucano teria efeitos mais graves. Com o peso da economia brasileira nas mãos, Serra manejaria um poder de fogo que seu inspirador jamais sonhou. Os sinais emitidos nestas eleições dão uma pálida idéia da ameaça que um Alvaro Uribe nativo representaria para os governos e agendas progressistas da América Latina, a saber: a) Serra quer reverter a entrada da Venezuela no MERCOSUL para destruir Chávez; b) Serra ataca o desrespeito aos direitos humanos em Cuba para enfraquecera revolução cubana, mas silencia diante de Guantánamo e do embargo comercial dos EUA contra o povo cubano; c) Serra acusa Morales de cúmplice do narcotráfico dispensando tratamento humilhante ao líder boliviano, o mesmo tratamento racista e reacionário adotado pela oligarquia brança do país ; d) Serra ameaça anular acordos do governo Lula com Lugo, sob alegação de que o Brasil faz 'filantropia' ao pagar um preço mais justo pela eletricidade de Itaipu pertencente ao povo paraguaio; e) Serra quer desconstruir o MERCOSUL –e por tabela o governo progressista de Cristina Kirchner na Argentina-- sob alegação de que o Brasil precisa de liberdade para firmar acordos comerciais mais favoráveis 'aos negócios'. Fatos: o comércio Brasil-Argentina dobrou em cinco anos e, apesar da crise mundial, atingiu US$ 24 bilhões em 2009 (US$ 31 bi em 2008).
(Carta Maior; 29-07)
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Não queremos destruir o capitalismo. Queremos superá-lo.
Confesso que o desafio de produzir uma reflexão intelectualmente coerente sobre a construção e uso de Indicadores de Sustentabilidade Social esbarrou no limite de minha própria formação em filosofia. Senão vejamos.
1 – O tema coloca no texto Desafios na construção de indicadores de Sustentabilidade, de autoria de Roberto Pereira Guimarães; Susana Arcângela Quacchia Feichas, a possibilidade de se criar instrumentos de sustentabilidade sócio-ambiental. São citados além do IDH, também a Matriz Territorial de Sustentabilidade, objeto da presente reflexão. O autor do modelo Guimarães, R. P. trabalha nesta matriz com 5 eixos (Natural, Construído, Humano, Social e Institucional), associando a cada eixo um grupo de fatores, que pelo seu grau de presença/ausência resultaria em índices, passíveis de mensuração. De posse de tais índices seria possível a construção de políticas de intervenção pró- sustentabilidade.
2 – Em filosofia fazemos perguntas do tipo: O que é aquilo que dizemos que é? Transferindo para nosso problema, podemos indagar: de que estamos falando quando falamos na sustentabilidade do planeta? Para superar rapidamente esta questão vamos adotar a definição expressa em nossa Constituição:
“(...)Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.(...)”
E iremos complementar com o conceito mais difundido:
“(...) atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades” (WCED, 1987, p. 9).(...)”
3 – O grande debate em torno destes conceitos apenas mostra a inexistência de consenso sobre o assunto. Não existindo consenso temos que fazer escolhas. E aqui a presença da filosofia é fundamental, pois podemos afirmar que toda escolha é valorativa e ideológica. Isto nos faz acender um alerta e fazer a pergunta: se minhas escolhas têm sempre um viés ideológico, que ideologia estará permeando a minha seleção de indicadores. E existe um agravante: na própria definição de desenvolvimento sustentável existe uma noção a explicar em termos epistemológicos: com qual limite de futuro estaremos comprometidos hoje? Do ponto de vista ontológico temos uma definição que aponta para o infinito.
O futuro é o não-presente. E o não-presente visita no limite o infinito. É claro que estamos recorrendo a uma lógica formal para forçarmos uma visão. Mas não podemos deixar de fora este debate. Toda a base da filosofia (e do conhecimento ocidental) surgiu há quase 3 000 anos. Quando falamos do saber oriental este passado remonta 5 000 anos. Desta forma qual será o nosso compromisso: com os próximos 100 anos? Com o próximo milênio? E esta não é uma questão bizantina (como se diz em filosofia). Porque se o meu desenvolvimento estará comprometido até meus bisnetos eu poderia validar a Matriz Territorial de Sustentabilidade. Mas aí estarei falando no máximo para os próximos 50, 100 anos.
Nos indicadores da Matriz fala-se de padrões de produção, padrões de consumo e distribuição, mas não se fala em modo de produção. A geração do lucro e sua apropriação são da natureza do atual modo de produção. E isto não aparece como um risco à sustentabilidade.
4 – Naturalmente podemos adotar esta Matriz, preservando nosso olhar crítico sobre as questões acima apontadas. E vale como referência lembrar um outro indicador que não foi aqui relatado: O Índice de Exclusão Social – IES apontado por Márcio Pochman. Este índice de sustentabilidade é um instrumento de políticas públicas afirmativas. Como repete exaustivamente Paul Singer: o capitalismo é um ótimo dinamizador da produção e um péssimo distribuidor da riqueza. Por este motivo não queremos destruí-lo. Mas queremos e iremos superá-lo.
5 – Um bom desafio é compor uma matriz que comporte os indicadores da Matriz Territorial de Sustentabilidade com o Índice de Exclusão Social.
1 – O tema coloca no texto Desafios na construção de indicadores de Sustentabilidade, de autoria de Roberto Pereira Guimarães; Susana Arcângela Quacchia Feichas, a possibilidade de se criar instrumentos de sustentabilidade sócio-ambiental. São citados além do IDH, também a Matriz Territorial de Sustentabilidade, objeto da presente reflexão. O autor do modelo Guimarães, R. P. trabalha nesta matriz com 5 eixos (Natural, Construído, Humano, Social e Institucional), associando a cada eixo um grupo de fatores, que pelo seu grau de presença/ausência resultaria em índices, passíveis de mensuração. De posse de tais índices seria possível a construção de políticas de intervenção pró- sustentabilidade.
2 – Em filosofia fazemos perguntas do tipo: O que é aquilo que dizemos que é? Transferindo para nosso problema, podemos indagar: de que estamos falando quando falamos na sustentabilidade do planeta? Para superar rapidamente esta questão vamos adotar a definição expressa em nossa Constituição:
“(...)Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.(...)”
E iremos complementar com o conceito mais difundido:
“(...) atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades” (WCED, 1987, p. 9).(...)”
3 – O grande debate em torno destes conceitos apenas mostra a inexistência de consenso sobre o assunto. Não existindo consenso temos que fazer escolhas. E aqui a presença da filosofia é fundamental, pois podemos afirmar que toda escolha é valorativa e ideológica. Isto nos faz acender um alerta e fazer a pergunta: se minhas escolhas têm sempre um viés ideológico, que ideologia estará permeando a minha seleção de indicadores. E existe um agravante: na própria definição de desenvolvimento sustentável existe uma noção a explicar em termos epistemológicos: com qual limite de futuro estaremos comprometidos hoje? Do ponto de vista ontológico temos uma definição que aponta para o infinito.
O futuro é o não-presente. E o não-presente visita no limite o infinito. É claro que estamos recorrendo a uma lógica formal para forçarmos uma visão. Mas não podemos deixar de fora este debate. Toda a base da filosofia (e do conhecimento ocidental) surgiu há quase 3 000 anos. Quando falamos do saber oriental este passado remonta 5 000 anos. Desta forma qual será o nosso compromisso: com os próximos 100 anos? Com o próximo milênio? E esta não é uma questão bizantina (como se diz em filosofia). Porque se o meu desenvolvimento estará comprometido até meus bisnetos eu poderia validar a Matriz Territorial de Sustentabilidade. Mas aí estarei falando no máximo para os próximos 50, 100 anos.
Nos indicadores da Matriz fala-se de padrões de produção, padrões de consumo e distribuição, mas não se fala em modo de produção. A geração do lucro e sua apropriação são da natureza do atual modo de produção. E isto não aparece como um risco à sustentabilidade.
4 – Naturalmente podemos adotar esta Matriz, preservando nosso olhar crítico sobre as questões acima apontadas. E vale como referência lembrar um outro indicador que não foi aqui relatado: O Índice de Exclusão Social – IES apontado por Márcio Pochman. Este índice de sustentabilidade é um instrumento de políticas públicas afirmativas. Como repete exaustivamente Paul Singer: o capitalismo é um ótimo dinamizador da produção e um péssimo distribuidor da riqueza. Por este motivo não queremos destruí-lo. Mas queremos e iremos superá-lo.
5 – Um bom desafio é compor uma matriz que comporte os indicadores da Matriz Territorial de Sustentabilidade com o Índice de Exclusão Social.
domingo, 25 de julho de 2010
Pesquisa de Opinião não é ciência exata, obrigando maior rigor metodológico. Porque o Datafolha abandou este preceito?
Trabalho com pesquisa de mercado e opinião desde 1974. Não é pouco tempo. Além de ter sido gerente de Pesquisa de Mercado e Opinião da Duratex (13 anos), trabalhei tambem em empresas como a Cia União/Coopersucar e Cambuci/Penalty. Fui diretor do Instituto Enquete durante 10 anos. Além de ter coordenado campo ou realizado pesquisas qualitativas para institutos como Ibope, Club de Pesquisa, Demanda. No departamento de pesquisa e estudos de mercado da Deca fizemos escola. Os profissionais eram egressos dos cursos de Ciências Sociais e Economia. Quando iniciou o processo de redemocratização no Brasil, todos nós pesquisadores de opinião tivemos que aprender como pesquisar este novo tipo novo de realidade. Erramos muito e aprendemos muito. Não tínhamos claro da existência do que preconceituosamente era chamado do "voto envergonhado". O entrevistado se expõe em uma entrevista. Nas primeiras entrevistas o eleitor entrevistado expresssa um voto que o não contraria com o julgamento da mídia. Tudo isto exigia um cuidado amostral muito mais depurado. Aprendemos que pesquisa de opinião não é ciência exata. Nestas considerações duas técnicas se destacavam: o local de concentração e a entrevista domiciliar. Naturalmente a entrevista domiciliar permite um maior controle estatístico e uma melhor técnica de verificação. O Datafolha sabe disto. Nosso código de ética é claro: uma técnica não pode por em risco um resultado investigado. Pena que o Datafolha tenha abdicado deste princípio.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Dilma consolida liderança para Presidência, mostra Vox Populi.
Pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi e divulgada nesta sexta-feira pelo Jornal da Band mostra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com 41% das intenções de voto, contra 33% de José Serra (PSDB) e 8% de Marina Silva (PV). Num eventual segundo turno, a petista venceria o ex-governador de São Paulo por 46% a 38%.
José Maria Eymael (PSDC) contabilizou a preferência de 1% do eleitorado. Votos brancos e nulos somaram 4%, contra 13% dos eleitores que se disseram indecisos. Trata-se da primeira pesquisa realizada após o início oficial da campanha pelo Palácio do Planalto.
Na pesquisa espontânea, Dilma obteve 28% das intenções de voto, ante 21% de Serra e 4% de Marina. O ex-governador de São Paulo é ainda o candidato com a maior taxa de rejeição, com 24% dos eleitores tendo declarado que não votariam nele em hipótese alguma, ante 20% para a candidata do PV e 17% para a ex-ministra-chefe da Casa Civil.
No levantamento anterior, realizado no final do mês de junho, o Vox Populi contabilizou 40% das intenções de voto para a petista, contra 35% para o tucano e 8% para a candidata do PV.
A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos. O instituto entrevistou 3.000 eleitores entre os dias 17 e 20 de julho. A pesquisa, encomendada pelo IG e pela Bandeirantes, foi registrada no TSE com o número 19920/2010.
José Maria Eymael (PSDC) contabilizou a preferência de 1% do eleitorado. Votos brancos e nulos somaram 4%, contra 13% dos eleitores que se disseram indecisos. Trata-se da primeira pesquisa realizada após o início oficial da campanha pelo Palácio do Planalto.
Na pesquisa espontânea, Dilma obteve 28% das intenções de voto, ante 21% de Serra e 4% de Marina. O ex-governador de São Paulo é ainda o candidato com a maior taxa de rejeição, com 24% dos eleitores tendo declarado que não votariam nele em hipótese alguma, ante 20% para a candidata do PV e 17% para a ex-ministra-chefe da Casa Civil.
No levantamento anterior, realizado no final do mês de junho, o Vox Populi contabilizou 40% das intenções de voto para a petista, contra 35% para o tucano e 8% para a candidata do PV.
A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos. O instituto entrevistou 3.000 eleitores entre os dias 17 e 20 de julho. A pesquisa, encomendada pelo IG e pela Bandeirantes, foi registrada no TSE com o número 19920/2010.
Serra tenta pegar carona na popularidade presidencial
Cara de pau: Serra faz campanha como "amigo pessoal" de Lula
De repente, o candidato parece ter sido vítima de pedrada na cabeça. É o que depreendo do título de matéria saído na Folha de S.Paulo de 17/7: "'Lula e FHC são mais parecidos do que parece', afirma Serra".
Por Washington Araújo, no Observatório da Imprensa (publicado com o título original "De carona na popularidade presidencial").
O texto é de uma sem-cerimônia de causar espécie. Vejamos como continua a matéria:
"Ao fazer campanha pelo estado natal de Lula, o candidato tucano à presidência José Serra disse que é 'amigo pessoal' do presidente e que o líder petista e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 'são muito mais parecidos do que parece'. 'O ouvinte aqui pode estar surpreso, mas eu conheço os dois', disse Serra em Recife (PE), em entrevista a uma rádio local. 'Ambos são, embora de maneira diferente, meus amigos pessoais, independentemente das diferenças em política'."
Na mesma linha segue o vetusto Estado de S. Paulo, que, também em sua edição de 17/7, abre matéria com a manchete "Lula e FHC são mais parecidos do que parece". Publicou o jornal:
"Indagado sobre quais seriam as semelhanças entre Lula e Fernando Henrique, respondeu: 'São questões de natureza pessoal e psicológica, mas carinhosa. Ambos são, embora de maneira diferente, meus amigos pessoais independentemente das diferenças em política.' Mais tarde, instado a explicar melhor a comparação, esquivou-se. 'Foi uma observação curiosa, vai ficar por aí. Vou deixar todo mundo curioso'."
Pensei: o que não faz um político para pegar carona de um presidente que bate seguidos recordes de aprovação popular? Todos, mas todos mesmo - à exceção de colunistas da Veja, Folha de S.Paulo e O Globo -, querem tirar uma casquinha da popularidade presidencial e, para conseguir o intento, são até mesmo capazes de adulterar o que já assumia ares de senso comum: não existe nada mais diferente que Lula e FHC.
Eles são tão parecidos quanto Barack Obama e Josef Stalin ou Leon Tolstoi e Ernest Hemingway ou, quem sabe, Ricardo Kotscho e Diogo Mainardi. Mais pessoas parecidas? Vamos lá. Lula e FHC são tão parecidos como parecidos são Edir Macedo e Roberto Irineu Marinho ou Michel Temer e Índio da Costa, ambos candidatos a vice-presidentes nas chapas de Dilma Rousseff e José Serra.
Diferenças e mais diferenças
Não precisamos ir muito longe para ir apontando diferenças. Mas, considerando que quem leu os jornais do dia 18 último poderia ingenuamente ser levado a concordar com a tonitruante assertiva do ex-governador paulista, uma vez que nenhum jornalista, articulista, colunista, comentarista de política ou de economia se atreveu a detalhar pontos de completa dessemelhança ou mesmo de alguma confluência, decidi listar apenas dez dessemelhanças que saltam aos olhos do leitor imparcial:
** Lula tem sensibilidade social, FHC tem sensibilidade econômica. Lula criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. FHC criou o Conselho Nacional de Desestatização.
** Lula brilha em cima de caminhões, dispõe de apenas três escassos diplomas - o conferido em sua juventude pelo Senai e os dois de presidente da República, outorgados pelo Tribunal Superior Eleitoral. FHC brilha na academia, é festejado como o "Príncipe da Sociologia Brasileira", é autor de diversos livros publicados em diversos idiomas.
** Lula viu o risco Brasil despencar para 200 pontos enquanto nos anos FHC o risco Brasil alcançou o recorde de 2.700 pontos. Lula pagou a dívida e ainda emprestou módicos US$ 10 bi ao FMI para socorrer a economia da Grécia. FHC não mexeu na dívida externa brasileira.
** Lula elevou o salário mínimo a US$ 210, FHC deixou o salário mínimo no último ano de seu governo em exatos US$ 78. O dólar no governo Lula baixou a R$ 1,78 enquanto no governo FHC alcançou R$ 2,79.
** Lula reconstruiu a indústria naval brasileira. FHC em seus oito anos de mandato não tratou do assunto. Lula criou dez novas universidades federais, FHC não criou uma sequer. Lula criou 214 Escolas Técnicas Federais, FHC passou em branco.
** No governo Lula, os valores e reservas do Tesouro Nacional alcançaram a cifra dos 160 bilhões de dólares positivos, no governo FHC este saldo era negativo em exatos 185 bilhões de dólares negativos. Lula deixará em andamento a construção de três estradas de ferro, FHC não deixou nenhuma.
** Ao assumir, Lula encontrou 80% das estradas rodoviárias em estado precário, ao deixar o governo saberá que 70% destas foram recuperadas. Sob FHC a indústria automobilística estava em baixa de 20%, sob Lula esta indústria verifica alta na casa dos 30%, estando o Brasil atualmente ocupando a 4ª posição mundial de maior fabricante de veículos do mundo.
** Nos anos Lula verificou-se acentuada mobilidade social: 23 milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza. Nos anos FHC esse número chegou a 2 milhões de pessoas dando adeus à pobreza. Nos anos Lula foram criados 11 milhões de empregos. Nos anos FHC foram 780 mil empregos.
** Lula não privatizou nenhuma empresa estatal e, ao contrário, criou dez novas estatais, como a Empresa de Pesquisa Ferroviária (EPF), o Banco Popular do Brasil, a Empresa de Planejamento Energético (EPE), a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a Hemobras, que fabrica hemoderivados, e o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). FHC privatizou joias da coroa como a Vale do Rio Doce e Empresas de Telecomunicação do grupo Telebrás como Embratel, Telesp, Telemig, Telerg, Telepar, Telegoiás, Telems, Telemat, Telest, Telebahia, Telergipe, Teleceará, Telepará, Telpa, Telpe, Telern, Telma, Teleron, Teleamapá Telamazon, Telepisa, Teleacre, Telaima, Telebrasília, Telasa. FHC privatizou empresas como Light (vendida ao grupo francês e americano EDF/AES), Eletropaulo (vendida para a empresa americana AES), Petroquímica União S.A... a verdade é que a lista é longa. A maioria das empresas estatais foi vendida a grupos internacionais: espanhol, italiano, mexicano. Em 2002, sob FHC, o Brasil conseguiu reduzir o número de estatais a meros 108 e, em 2010, sob Lula, o país passou a dispor de 118.
** Em dezembro de 2002 o Brasil era um país sem crédito no mercado internacional. Desde o primeiro mandato de Lula o Brasil conquistou o cobiçado investment grade. No período FHC o Brasil sofreu os efeitos de 4 arrasadoras crises internacionais. No período Lula, até mesmo a chamada "mãe de todas as crises", aquela de setembro de 2008, comparada apenas à Grande Depressão Econômica de 1929, graças às reservas financeiras acumuladas pelo governo chegou aqui como "marolinha". Para outros países, ainda em fase de penosa recuperação, continua surtindo efeitos de tsunami.
"Questões de natureza pessoal e psicológica"
É de admirar que nossa sempre ciosa grande imprensa tenha passado batida a oportunidade oferecida pelo candidato demo-tucano de explicitar a curiosa semelhança. Pelo jeito, o propósito da grande imprensa era outro: potencializar em suas manchetes o desejo de José Serra: sim, é melhor começar a ver semelhança entre Lula e FHC e, em consequência, semelhança entre Lula e Serra é apenas um passo.
Como disse o candidato, "são questões de natureza pessoal e psicológica, mas carinhosa". Ah bom, ainda bem que ele explicou, porque senão a decantada similitude não encontra abrigo de natureza racional ou histórica. Psicológica, sim. Há que se abrir os olhos dos pernambucanos. Afinal, na Veneza brasileira Lula é aprovado por formidáveis 93% da população.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Sem conseguir realizar uma oposição programática, em que resultou o PSDB?
Agora como farsa
O presidenciável José Serra na complexa contradança que resultou na escolha, sem dúvida surpreendente, do seu vice, revelou uma insuspeitada admiração por John McCain: se rendeu aos encantos de Sarah Palin, digo, Índio da Costa. É isso: o Índio da Costa é a Sarah Palin da campanha do Serra.
A sociedade brasileira já tem o que agradecer a esse rapaz. Mal iniciamos a campanha presidencial, ele desenha com talento, diga-se, mas sem originalidade, o script da peça que teremos diante dos nossos olhos nos próximos meses, até outubro. Em algumas semanas ele rasgou a fantasia com que o PSDB se apresentou ao país há mais de duas décadas: uma agremiação de centro, moderna, até com certas veleidades social-democratas. Índio da Costa disse a que veio: o Brasil precisa de um partido que sustente um discurso de direita, sem se envergonhar dele. Chega de se proteger nas redações da mídia tradicional. Foi necessário que um jovem parlamentar do DEM, pusesse a boca no trombone para que a sociedade brasileira conhecesse o que pensa – mas não admite... – a base social do PSDB.
A pusilanimidade dos tucanos é tal que em menos de um mês o ex-presidente da UNE, dos idos de 1964, já esgrimiu a “República Sindicalista” cunhada pela verve de Carlos Lacerda, o “Corvo”; afagou as Centrais Sindicais que apóiam Dilma Rousseff com adjetivos carinhosos “são mais pelegas que no tempo de Jango”; e, nas últimas horas, foi puxado pelo nariz pela feliz iniciativa do vice ao declarar: “Todo mundo sabe que o PT é ligado às FARC, ao narcotráfico, ao que há de pior” (FSP, 20 de julho, página A4) e foi secundado por José Serra que repetiu como um eco: “A ligação do PT é com as FARC. Mas isso todo mundo sabe”, (FSP, 20 de julho, página A4).
Nos tempos do “Corvo” vivemos a tragédia: o suicídio de Vargas. Nos tempos de Lula presenciamos a farsa protagonizada por uma oposição que propõe ao país o retorno ao cardápio oferecido por FHC ao longo dos anos noventa, cujo grande mérito foi quebrar o Brasil por três vezes. Para uma oposição ainda em busca de discurso, Índio da Costa é uma solução acima das expectativas. Mais duas ou três declarações desse quilate e Índio da Costa faz de José Serra, seu vice...
Parte importante do destempero verbal da direita responde ao objetivo de evitar o debate em torno de programas para o país. Um terreno em que ela está em evidente desvantagem. Por outra parte, na busca ansiosa por ocultar essa fragilidade, a direita aposta nas altas temperaturas. No calor das declarações provocativas repercutidas pela mídia aliada com os olhos na produção de “fatos políticos” que farão parte do repertório dos programas gratuitos na TV e no Rádio, a partir de agosto.
John McCain foi derrotado. Talvez ainda dê tempo de inverter a chapa da oposição (PSDB-DEM), de modo a lhe dar maior nitidez política e seduzir parcelas do eleitorado conservador que hoje já se afastam dos seus antigos porta-vozes para namorar a candidatura de Dilma Rousseff, em várias regiões do país, São Paulo inclusive.
As realizações do governo do Presidente Lula deram lastro e discurso à campanha de Dilma. Tornaram possível manter e mesmo ampliar a aliança partidária que lhe dá sustentação, na perspectiva de que o Brasil deve continuar mudando. E de atrair setores sociais significativos, que embora vissem inicialmente com desconfiança o governo Lula, hoje se despem de preconceitos e avaliam os resultados concretos que esses oito anos significaram para a vida do país.
Os tucanos não foram capazes de cumprir a tarefa de exercer uma oposição programática. Sua própria ambigüidade como ente político conspirou contra. Talvez esteja nas mãos do DEM o papel e a disposição para garantir à direita o espaço político indispensável para dar consistência à consolidação de uma vigorosa democracia no Brasil.
Pedro Tierra (Hamilton Pereira) é membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
A Agricultura Familiar é uma referência de modernização para Sete Lagoas. Veja Porque.
Fazer um balanço dos avanços nas políticas direcionadas a agricultura familiar e apontar as perspectivas e os desafios para o próximo período. Este é o objetivo central do II Encontro Nacional da Agricultura Familiar do Brasil organizado pela Fetraf-CUT que acontece na próxima sexta-feira, dia 23, na cidade de Feira de Santana (BA).Cerca de 5 mil agricultores (as) familiares participarão da atividade. É esperada também a presença do presidente Lula, da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff e do governador da Bahia Jaques Wagner. Durante a atividade, conforme relata a coordenadora geral da Fetraf-CUT, Elisângela Araújo, será entregue um documento avaliativo com um balanço dos avanços conquistados pelos agriculturores (as) familiares, apresentando uma visão dos desafios e lutas para os próximos anos. "É uma atividade de caráter celebrativo, pois foi nestes últimos oito anos que nós construímos um canal de diálogo nunca visto no Brasil que possibilitou uma série de iniciativas legais para facilitar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar", destaca Elisângela.
Segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2006, a agricultura familiar responde por 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, emprega mais de 80% da mão-de-obra no setor rural e produz 70% dos alimentos produzidos no Brasil - 87% da produção nacional de mandioca, 70% de feijão, 46% de milho, apenas para citar alguns exemplos.
"São números que comprovam a importância da inserção de um modelo de desenvolvimento que leve a agricultura familiar como protagonista na sociedade e na economia brasileira", ressalta Elisângela.
Apesar das melhorias, ela adverte que é preciso avançar ainda mais e aponta algumas questões como prioritárias para o próximo período:
- Garantia de crédito e renda para que cada agricultor (a) tenha condições de trabalho levando em consideração as condições de uso e as várias modalidades que envolvem a agricultura familiar;
- Luta contra a concentração de terra no Brasil. Segundo dados do Censo Agropecuário, o Brasil possui a maior concentração fundiária do mundo;
- Avanços na perspectiva da reforma agrária como elemento central na configuração de um novo padrão econômico de soberania nacional;
- Assistência técnica com tecnologia e investimentos voltados a agricultura familiar;
- Políticas públicas para a juventude, para que o (a) jovem possam permanecer no campo
"Queremos um desenvolvimento sustentável que leve em conta as questões econômicas, sociais e ambientais com o conjunto de políticas públicas que busquem a geração de renda, emprego, condição plena de vida e que seja um modelo para todos, não como o que temos hoje, com grande concentração de renda e disparidade econômica e social", finaliza Elisângela.
Segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2006, a agricultura familiar responde por 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, emprega mais de 80% da mão-de-obra no setor rural e produz 70% dos alimentos produzidos no Brasil - 87% da produção nacional de mandioca, 70% de feijão, 46% de milho, apenas para citar alguns exemplos.
"São números que comprovam a importância da inserção de um modelo de desenvolvimento que leve a agricultura familiar como protagonista na sociedade e na economia brasileira", ressalta Elisângela.
Apesar das melhorias, ela adverte que é preciso avançar ainda mais e aponta algumas questões como prioritárias para o próximo período:
- Garantia de crédito e renda para que cada agricultor (a) tenha condições de trabalho levando em consideração as condições de uso e as várias modalidades que envolvem a agricultura familiar;
- Luta contra a concentração de terra no Brasil. Segundo dados do Censo Agropecuário, o Brasil possui a maior concentração fundiária do mundo;
- Avanços na perspectiva da reforma agrária como elemento central na configuração de um novo padrão econômico de soberania nacional;
- Assistência técnica com tecnologia e investimentos voltados a agricultura familiar;
- Políticas públicas para a juventude, para que o (a) jovem possam permanecer no campo
"Queremos um desenvolvimento sustentável que leve em conta as questões econômicas, sociais e ambientais com o conjunto de políticas públicas que busquem a geração de renda, emprego, condição plena de vida e que seja um modelo para todos, não como o que temos hoje, com grande concentração de renda e disparidade econômica e social", finaliza Elisângela.
sábado, 17 de julho de 2010
A pobreza brasileira em 2016
Por Marcio Pochmann
Fonte Revista Fórum, em 09 de março de 2010
Fonte Revista Fórum, em 09 de março de 2010
Desde a implantação das políticas neoliberais no mundo, ainda no começo da década de 1980, a pobreza e a desigualdade não seguiram a trajetória esperada. Não obstante toda a ênfase do Consenso de Washington apontando para a liberalização das forças de mercado e a redução no papel do Estado como requisitos para a diminuição da pobreza e da desigualdade, observaram-se movimentos distintos.
As economias que mais aceitaram os pressupostos neoliberais foram aquelas que apresentaram os piores desempenhos em termos de indicadores sociais no mundo. De um lado, a América Latina e a África no bloco dos países não desenvolvidos, os Estados Unidos e a Inglaterra entre os países desenvolvidos, e a Rússia e a Polônia entre as economias em transição para o capitalismo se destacaram pelos sinais de agravamento na evolução da pobreza e desigualdade. De outro, os países asiáticos apresentaram resultados positivos na redução da pobreza, ainda que sem muitos avanços no combate à desigualdade da renda e da riqueza.
No período mais recente, contudo, a América Latina passou a apresentar uma melhora nos dados sobre pobreza e desigualdade de renda. Não sem motivo, pois esse cenário coincide com o afastamento dos governos da região das diretrizes das agências multilaterais com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial de defesa do neoliberalismo. Tudo isso, é claro, no ambiente democrático que permitiu a emergência de governos nacionais com políticas não neoliberais.
Neste contexto, o Brasil vem se destacando, não por ser o país com maior redução na pobreza, tampouco por apresentar a mais rápida diminuição na desigualdade de renda e riqueza. O que valoriza a posição brasileira diz respeito à simultaneidade da queda na desigualdade na repartição da renda do trabalho e na pobreza.
Isso não tem sido comum no mundo, muito menos na história brasileira. Os países asiáticos, por exemplo, conseguiram rapidamente retirar muitos da condição de pobreza sem, contudo, reduzir a desigualdade. Pelo contrário. Até parecem estar repetindo o Brasil das décadas de 1960 e 1970, quando a pobreza se reduzia por meio do forte crescimento econômico, que era, porém, acompanhado da piora no grau de concentração de renda e riqueza. O mesmo tende a ser observado em termos de retrocessos recentes nos países desenvolvidos.
No Brasil, constata-se que, no período de 1995 e 2008, a redução média anual da pobreza absoluta (até meio salário mínimo per capita) foi de -0,9% e de -0,8% na pobreza extrema (até 1/4 de salário mínimo per capita). Já o período de queda mais intensa na taxa de pobreza absoluta (–3,1% ao ano) e na pobreza extrema (-2,1% ao ano) ocorreu entre 2003 e 2008.
O mesmo pode ser dito em relação ao comportamento da diminuição na medida de desigualdade (índice de Gini, que varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais perto de 1, mais desigual). No período de 1995 e 2008, a queda média anual na desigualdade de renda foi de -0,4%, enquanto entre 2003 e 2008 foi de -0,7%.
Ao se projetar este comportamento mais recente na queda da pobreza e desigualdade da renda para os próximos anos, consegue-se observar o horizonte de superação da miséria no Brasil. No ano de 2016, por exemplo, o país pode praticamente superar o problema de pobreza extrema, com pobreza absoluta de apenas 4% do total dos brasileiros.
No caso da medida de desigualdade de renda, o país pode registrar o índice de Gini de 0,488, o menor desde a primeira medição realizada no Brasil em 1960 (0,499) pelo IBGE. Estes indicadores apontam para uma realidade somente existente atualmente nas economias avançadas.
Ou seja, o Brasil seguiria para a condição de quinta economia mundial influenciado pelo comportamento avançado dos indicadores sociais. A desigualdade, contudo, ainda seria um problema a exigir ação renovada nas políticas sociais. Isso porque o índice de Gini nas economias capitalistas desenvolvidas encontra-se, em geral, abaixo de 0,4 – como na Alemanha (0,26), Dinamarca (0,24) e França (0,28).
Além do compromisso com o crescimento acima de 4% ao ano, com estabilidade monetária e sustentabilidade ambiental, cabem ajustes importantes nas políticas sociais. A sua consolidação em termos de reorganização matricial e coordenação em torno do bem-estar social devem fazer parte da agenda nacional de continuidade no aperfeiçoamento das políticas sociais brasileiras.
Da mesma forma, cabe a realização de uma profunda reforma no atual sistema tributário, uma vez que é ele que determina o atual fundo público brasileiro. Por ser extremamente regressiva, a arrecadação tributária assenta-se fundamentalmente sobre a base da pirâmide social do país, o que significa dizer que os segmentos de menor rendimento têm uma contribuição relativamente maior para a formação do fundo que sustenta o conjunto das políticas públicas brasileiras.
Isso implica a quase ausência de progressividade desejada na cobrança de impostos, taxas e contribuições. Atualmente, por exemplo, a carga tributária assenta-se justamente entre os mais pobres.
A mudança no perfil da tributação exigiria o alívio da carga tributária indireta sobre os segmentos de menor renda, assim como a introdução de novos tributos sobre os estratos sociais ricos, que permitiria ao país avançar nas políticas de caráter redistributivo. Dessa forma, o Brasil conseguiria chegar na segunda metade da segunda década do século 21 com padrão distributivo atualmente verificado em países desenvolvidos.
Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum 83. Nas bancas.
Mais
- Blog: Marcio Pochmann sobre o novo ciclo do desenvolvimento
- Reportagem: Confira a cobertura do Seminário 2003-2010
- Livro: Coleção Brasil em Debate - Desenvolvimento, Trabalho e Renda no Brasil
CENSURA E TRUCULÊNCIA CONTRA JORNALISTAS. ONDE ESTÁ A ANJ?
As demissões de jornalistas na TV Cultura de São Paulo e o silêncio dos grandes meios de comunicação sobre as causas destas demissões evidenciam mais uma vez um preocupante comportamento cínico, submisso e hipócrita. Mais uma vez, são blogs e sites de jornalistas independentes que cumprem o dever de informar ao público o que é de interesse público. Entidades como a Associação Nacional de Jornais, supostamente comprometidas com a defesa da liberdade de expressão, exibem um silêncio ensurdecedor.
Editorial - Carta Maior
O comportamento cínico e hipócrita da maioria das grandes empresas de comunicação do Brasil ficou mais uma vez evidenciado esta semana, e de um modo extremamente preocupante. Não se trata apenas de valores ou sentimentos, mas sim de fatos objetivos e de silêncios não menos objetivos. O relato sobre demissões na TV Cultura de São Paulo, causadas pelo interesse de jornalistas no tema dos pedágios, justifica plenamente essa preocupação. Um desses relatos, feito nesta sexta-feira pelo jornalista Luis Nassif, chega a ser assustador. Em apenas uma semana, dois jornalistas perderam o emprego, escreve Nassif, em função de uma matéria sobre pedágios. Ele relata:
Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura. Ontem (7), planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aloízio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial. Acabaram não se pronunciando.
Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.
Hoje (8) , Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana.
Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra (ver vídeo abaixo). Para quem ainda têm dúvidas: a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder de mídia, que já tem, o poder de Estado.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Cinco Centrais Sindicais lançam manifesto contra Serra. Veja porque:
As centrais sindicais lançaram manifesto conjunto onde alertam a população para que não se deixe enganar pelas mentiras veiculadas na rádio e na televisão por José Serra, candidato de Fernando Henrique e do PSDB à Presidência da República, a respeito de pretensas medidas que teria proposto em prol da classe trabalhadora.
Sob o título “Serra: impostura e golpe contra os trabalhadores”, CUT, Força, CGTB, CTB e NCST denunciam que “o candidato José Serra (PSDB) tem se apresentado como um benemérito dos trabalhadores, divulgando inclusive que é o responsável pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e por tirar do papel o Seguro-Desemprego. Não fez nenhuma coisa, nem outra. Aliás, tanto no Congresso Nacional quanto no governo, sua marca registrada foi atuar contra os trabalhadores”. De acordo com as centrais, “a mentira tem perna curta e os fatos desmascaram o tucano”.
Na avaliação dos presidentes Artur Henrique, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Miguel Torres (em exercício), da Força Sindical; Antonio Neto, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB); Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e José Calixto Ramos, da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), o fundamental é que a população seja informada, para que dimensione o tamanho da falsidade que vem sendo divulgada pelo PSDB.
“A verdade”, esclareceram, é que “o seguro-desemprego foi criado pelo decreto presidencial nº 2.284, de 10 de março de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Sua regulamentação ocorreu em 30 de abril daquele ano, através do decreto nº 92.608, passando a ser concedido imediatamente aos trabalhadores”. Da mesma forma, “o FAT foi criado pelo Projeto de Lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS). Um ano depois Serra apresentou um projeto sobre o FAT (nº 2.250/1989), que foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara dos Deputados, na sessão de 13 de dezembro de 1989, uma vez que o projeto de Jorge Uequed já havia sido aprovado”.
Na Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988), o candidato tucano votou reiteradamente contra os trabalhadores, assinala o manifesto: “Serra não votou pela redução da jornada de trabalho para 40 horas; não votou pela garantia de aumento real do salário mínimo; não votou pelo abono de férias de 1/3 do salário; não votou para garantir 30 dias de aviso prévio; não votou pelo aviso prévio proporcional; não votou pela estabilidade do dirigente sindical; não votou pelo direito de greve; não votou pela licença paternidade; não votou pela nacionalização das reservas minerais”.
Por isso, recordam os sindicalistas, “o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), órgão de assessoria dos trabalhadores, deu nota 3,75 para o desempenho de Serra na Constituinte”. Vale lembrar que no primeiro turno da Constituinte, o atual candidato tucano tirou nota 2,50 e, no segundo turno, por se ausentar em várias votações em que havia votado contra, levou nota 5,0 – o que lhe elevou a média para 3,75.
Já em 1994, diante da proposta de Revisão Constitucional, lembram as centrais, “Serra apresentou a proposta nº 16.643, para permitir a proliferação de vários sindicatos por empresa, cabendo ao patrão decidir com qual sindicato pretendia negociar. Ainda por essa proposta, os sindicatos deixariam de ser das categorias, mas apenas dos seus representados. O objetivo era óbvio: dividir e enfraquecer os trabalhadores e propiciar o lucro fácil das empresas. Os trabalhadores enfrentaram e derrotaram os ataques de Serra contra a sua organização, garantindo a manutenção de seus direitos previstos no artigo 8º da Constituição”.
Conforme o manifesto, “é por essas e outras que Serra, enquanto governador de São Paulo, reprimiu a borrachadas e gás lacrimogêneo os professores que estavam reivindicando melhores salários; jogou a tropa de choque contra a manifestação de policiais civis que reivindicavam aumento de salário, o menor salário do Brasil na categoria; arrochou o salário de todos os servidores públicos do Estado de São Paulo”.
“As Centrais Sindicais brasileiras estão unidas em torno de programa de desenvolvimento nacional aprovado na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, em 1º de junho, com mais de 25 mil lideranças sindicais, contra o retrocesso e para garantir a continuidade do projeto que possibilitou o aumento real de 54% do salário mínimo nos últimos sete anos, a geração de 12 milhões de novos empregos com carteira assinada, que acabou com as privatizações, que descobriu o pré-sal e tirou mais de 30 milhões de brasileiros da rua da amargura”, conclui o documento.
Sob o título “Serra: impostura e golpe contra os trabalhadores”, CUT, Força, CGTB, CTB e NCST denunciam que “o candidato José Serra (PSDB) tem se apresentado como um benemérito dos trabalhadores, divulgando inclusive que é o responsável pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e por tirar do papel o Seguro-Desemprego. Não fez nenhuma coisa, nem outra. Aliás, tanto no Congresso Nacional quanto no governo, sua marca registrada foi atuar contra os trabalhadores”. De acordo com as centrais, “a mentira tem perna curta e os fatos desmascaram o tucano”.
Na avaliação dos presidentes Artur Henrique, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Miguel Torres (em exercício), da Força Sindical; Antonio Neto, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB); Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e José Calixto Ramos, da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), o fundamental é que a população seja informada, para que dimensione o tamanho da falsidade que vem sendo divulgada pelo PSDB.
“A verdade”, esclareceram, é que “o seguro-desemprego foi criado pelo decreto presidencial nº 2.284, de 10 de março de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Sua regulamentação ocorreu em 30 de abril daquele ano, através do decreto nº 92.608, passando a ser concedido imediatamente aos trabalhadores”. Da mesma forma, “o FAT foi criado pelo Projeto de Lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS). Um ano depois Serra apresentou um projeto sobre o FAT (nº 2.250/1989), que foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara dos Deputados, na sessão de 13 de dezembro de 1989, uma vez que o projeto de Jorge Uequed já havia sido aprovado”.
Na Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988), o candidato tucano votou reiteradamente contra os trabalhadores, assinala o manifesto: “Serra não votou pela redução da jornada de trabalho para 40 horas; não votou pela garantia de aumento real do salário mínimo; não votou pelo abono de férias de 1/3 do salário; não votou para garantir 30 dias de aviso prévio; não votou pelo aviso prévio proporcional; não votou pela estabilidade do dirigente sindical; não votou pelo direito de greve; não votou pela licença paternidade; não votou pela nacionalização das reservas minerais”.
Por isso, recordam os sindicalistas, “o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), órgão de assessoria dos trabalhadores, deu nota 3,75 para o desempenho de Serra na Constituinte”. Vale lembrar que no primeiro turno da Constituinte, o atual candidato tucano tirou nota 2,50 e, no segundo turno, por se ausentar em várias votações em que havia votado contra, levou nota 5,0 – o que lhe elevou a média para 3,75.
Já em 1994, diante da proposta de Revisão Constitucional, lembram as centrais, “Serra apresentou a proposta nº 16.643, para permitir a proliferação de vários sindicatos por empresa, cabendo ao patrão decidir com qual sindicato pretendia negociar. Ainda por essa proposta, os sindicatos deixariam de ser das categorias, mas apenas dos seus representados. O objetivo era óbvio: dividir e enfraquecer os trabalhadores e propiciar o lucro fácil das empresas. Os trabalhadores enfrentaram e derrotaram os ataques de Serra contra a sua organização, garantindo a manutenção de seus direitos previstos no artigo 8º da Constituição”.
Conforme o manifesto, “é por essas e outras que Serra, enquanto governador de São Paulo, reprimiu a borrachadas e gás lacrimogêneo os professores que estavam reivindicando melhores salários; jogou a tropa de choque contra a manifestação de policiais civis que reivindicavam aumento de salário, o menor salário do Brasil na categoria; arrochou o salário de todos os servidores públicos do Estado de São Paulo”.
“As Centrais Sindicais brasileiras estão unidas em torno de programa de desenvolvimento nacional aprovado na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, em 1º de junho, com mais de 25 mil lideranças sindicais, contra o retrocesso e para garantir a continuidade do projeto que possibilitou o aumento real de 54% do salário mínimo nos últimos sete anos, a geração de 12 milhões de novos empregos com carteira assinada, que acabou com as privatizações, que descobriu o pré-sal e tirou mais de 30 milhões de brasileiros da rua da amargura”, conclui o documento.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
MINO CARTA;"PORQUE APOIAMOS DILMA PARA A PRESIDÊNCIA".
A cada dia que passa registramos mais apoios que a candidata Dilma vem recebendo, em sua disputa à presidência da república, como este agora do Mino Carta, editor da Revista Carta Capital. Meu apoio a Dilma possui duas naturezas: o primeiro é partidário. Voto na candidata do meu partido, o PT. O segundo motivo é ideológico, em seu sentido mais qualificado. Estou fazendo minha escolha por um projeto de democracia que se expresse como uma alternativa real ao capitalismo. Nos mais de três anos de existência deste Blog tenho vários post em que exponho com mais detalhes a construção do modo de produção solidário ou social. No momento basta insistir que Dilma representa a oportundiade de continuar esta trajetória. Para o município onde atualmente moro, Sete Lagoas, MG, o PT possui alguns desafios fundamentais: juntamente com outros partidos de esquerda é necessário consolidar uma altenativa de poder no campo democrático. A cidade ficou muitos anos refém dos seu anacronismo. E para mim isto tem uma data: remonta o ano de 1963 ou 64, quando um grupo de pecuaristas cercou a cavalo o Colégio Dom Silvério, para impedir a realização de um seminário de trabalhadores ligados à Ação Católica. Com 15 ou 16 anos entendi o sentido cruel da intolerância, da prepotência, do autoritarismo. Transformei minha vida em um projeto de buscar pacientemente a democracia. Muitos entraram e continuam participando deste projeto. Creio, que Mino Carta é um deles.
Original: Carta Capital.
PORQUE APOIAMOS DILMA PARA A PRESIDÊNCIA? Resposta simples: porque escolhemos a candidatura melhor
Guerrilheira, há quem diga, para definir Dilma Rousseff. Negativamente, está claro. A verdade factual é outra, talvez a jovem Dilma tenha pensado em pegar em armas, mas nunca chegou a tanto. A questão também é outra: CartaCapital respeita, louva e admira quem se opôs à ditadura e, portanto, enfrentou riscos vertiginosos, desde a censura e a prisão sem mandado, quando não o sequestro por janízaros à paisana, até a tortura e a morte.
O cidadão e a cidadã que se precipitam naquela definição da candidata de Lula ou não perdem a oportunidade de exibir sua ignorância da história do País, ou têm saudades da ditadura. Quem sabe estivessem na Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade há 46 anos, ou apreciem organizar manifestação similar nos dias de hoje.
De todo modo, não é apenas por causa deste destemido passado de Dilma Rousseff que CartaCapital declara aqui e agora apoio à sua candidatura. Vale acentuar que neste mesmo espaço previmos a escolha do presidente da República ainda antes da sua reeleição, quando José Dirceu saiu da chefia da Casa Civil e a então ministra de Minas e Energia o substituiu.
E aqui, em ocasiões diversas, esclareceuse o porquê da previsão: a competência, a seriedade, a personalidade e a lealdade a Lula daquela que viria a ser candidata. Essas inegáveis qualidades foram ainda mais evidentes na Casa Civil, onde os alcances do titular naturalmente se expandem.
E pesam sobre a decisão de CartaCapital. Em Dilma Rousseff enxergamos sem a necessidade de binóculo a continuidade de um governo vitorioso e do governante mais popular da história do Brasil. Com largos méritos, que em parte transcendem a nítida e decisiva identificação entre o presidente e seu povo. Ninguém como Lula soube valerse das potencialidades gigantescas do País e vulgarizá-las com a retórica mais adequada, sem esquecer um suave toque de senso de humor sempre que as circunstâncias o permitissem.
Sem ter ofendido e perseguido os privilegiados, a despeito dos vaticínios de alguns entre eles, e da mídia praticamente em peso, quanto às consequências de um governo que profetizaram milenarista, Lula deixa a Presidência com o País a atingir índices de crescimento quase chineses e a diminuição do abismo que separa minoria de maioria. Dono de uma política exterior de todo independente e de um prestígio internacional sem precedentes. Neste final de mandato, vinga o talento de um estrategista político finíssimo. E a eleição caminha para o plebiscito que a oposição se achava em condições de evitar.
Escolha certa, precisa, calculada, a de Lula ao ungir Dilma e ao propor o confronto com o governo tucano que o precedeu e do qual José Serra se torna, queira ou não, o herdeiro. Carregar o PSDB é arrastar uma bola de ferro amarrada ao tornozelo, coisa de presidiário. Aí estão os tucanos, novos intérpretes do pensamento udenista. Seria ofender a inteligência e as evidências sustentar que o ex-governador paulista partilha daquelas ideias. Não se livra, porém, da condição de tucano e como tal teria de atuar. Enredado na trama espessa da herança, e da imposição do plebiscito, vive um momento de confusão, instável entre formas díspares e até conflitantes ao conduzir a campanha, de sorte a cometer erros grosseiros e a comprometer sua fama de “preparado”, como insiste em
afirmar seu candidato a vice, Índio da Costa. E não é que sonhavam com Aécio...
Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos, dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política social, que poderia ter sido bem mais ousada.
E fomos muito críticos quando se fez passivamente a vontade do ministro Nelson Jobim e do então presidente do STF Gilmar Mendes, ao exonerar o diretor da Abin, Paulo Lacerda, demitido por ter ousado apoiar a Operação Satiagraha, ao que tudo indica já enterrada, a esta altura, a favor do banqueiro Daniel Dantas. E quando o mesmo Jobim se arvorou a portavoz dos derradeiros saudosistas da ditadura e ganhou o beneplácito para confirmar a validade de uma Lei da Anistia que desrespeita os Direitos Humanos. E quando o então ministro da Justiça Tarso Genro aceitou a peroração de um grupelho de fanáticos do Apocalipse carentes de conhecimento histórico e deu início a um affair internacional desnecessário e amalucado, como o caso Battisti. Hoje apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff com a mesma disposição com que o fizemos em 2002 e em 2006 a favor de Lula. Apesar das críticas ao governo que não hesitamos em formular desde então, não nos arrependemos por essas escolhas. Temos certeza de que não nos arrependeremos agora.
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Original: Carta Capital.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
SETE LAGOAS: UMA CIDADE REFÉM DO SEU ANACRONISMO.
Há poucos dias os jornal Sete Dias, do município mineiro de Sete Lagoas deu destaque para uma das faces do anacronismo que vive o município: de um lado um crescente movimento de expansão empresarial, de outro a dificuldade em se encontrar mão de obra qualificada na cidade, obrigando a recrutamentos em Belo Horizonte. Este anacronismo na realidade oculta uma outra face ainda mais perversa: o lado conservador e arcaico das relações sociais na cidade. Exemplos são muitos. Durante esta semana procurei por diversos meios o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sete Lagoas ou outro que representasse os trabalhadores da agricultura familiar. Imaginei que com um Sindicatos da Agricultura Familiar ficasse mais fácil estabelecer uma negociação direta com o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, reponsável pelos recursos do PRONAF. Para minha surpresa encontrei apenas o Sindicato Rural de Sete Lagoas, que representa a categoria dos empresários rurais. Minha surpresa não parou por ai. Tentando localizar outros sindicatos representantes de trabalhadores constatei que pelo menos duas categorias profissionais importantes estão aqui representadas: dos professores públicos, reunidos na UTE (filiada à CUT) e dos metalúrgicos (filiado ou ligado à Força Sindical). Durante toda a semana conversei, pesquisei, promovi debates sobre quem eram os interlocutores organizados da sociedade civil em Sete Lagoas. Tive mais uma surpresa: as únicas categorias organizadas e que representam diretamente suas demandas nos diversos espaços sociais são dos empresários. E então veio a pergunta que não quer calar: porque os trabalhadores de Sete Lagoas não possuem sindicatos ou se possuem, porque estes sindicatos são em quase sua totalidade de feições "pelegas". Mais ainda: quais são as organizações populares que repesentam os mais diversos interesses desta categoria social? Se os populares não estão, eles mesmos organizados, quem os representa em suas demandas? As Igrejas? Os grupos de serviços? As organizações literárias? Os clubes esportivos? Quem os representa? Esta é a pergunta que não cala. Sete Lagoas vive a forma de um capitalismo dos mais atrasados do ponto de vista das relações modernas do trabalho. As estatisticas são reveladoras. Segundo dados do Dieese um metalúgico de São Paulo ganha quatro vezes mais do que um metalúrgico de Sete Lagoas, para fazer a mesma função. Porque? Os custos de produção para as metalúgicas de Sete Lagoas são mais baixo do que os de São Paulo? Neste caso esta margem menor nos custos de produção em Sete Lagoas migra para onde? Porque um pequeno município do interior de Minas paga um custo social mais elevado (uma vez que os salários são mais baixos) do que uma região como o ABC paulista? O mais triste em tudo isto é que este conservadorismo que sabota (com ameaças) a organização autônoma dos trabalhadores contamina também sua classe média e até mesmo as classes populares, que passam a aceitar sua pior condição de vida como predestinação. Lamentalvelmente a democracia social possui um enorme déficit em nossa cidade. E na hora em que as empresas começam a buscar trabalhadores em Belo Horizonte para suprir a falta de mão de obra qualificada em Sete Lagoas, com certeza importarão também grupos sociais com uma visão mais moderna da economia. Tenho repedido a exaustão: o capitalismo é um modo de produção hegemônico. Mas não é monolítico. Outro modo de organização, conhecido como economia social ou solidária ganha cada vez mais espaços em todo o país. E é neste novo espaço que os trabalhadores de Sete Lagoas construirão o seu próprio destino, como nos ensinou o pedagogo Paulo Freire.
Falta de rigor do Datafolha mascara resultados de pesquisa.
O Datafolha anunicou ontem resultado de pesquisa indicando empate entre Dilma e Serra, condidatos a presidência da república. Esta pesquisa mostra tendência diversa de outros institutos que indicavam clara vantagem de Dilma. Mas a metodolgia do Datafolha tem sérios problemas. Confira:
Problema 1: a amostra é URBANA, não vai ao RURAL
A amostra por fluxo de ponto (fluxo de pessoas nas ruas) somente vai ao URBANO (85% do país), não vai ao RURAL (15% do país), onde Lula e Dilma Rousseff apresentam percentuais ainda maiores de aprovação. Não há cruzamentos das intenções de voto por URBANO e RURAL.
REGIÃO DO PAÍS
NATUREZA DO MUNICÍPIO
Sudeste
Sul
Nordeste
Norte/ Centro oeste
Capital+Região Metropolitana">
Interior
www.datafolha.com.br
Problema 2: amostra telefônica
A amostra coletada equivale a uma AMOSTRA TELEFÔNICA do país. Na entrevista coleta-se, necessariamente, o nome e o telefone do entrevistado para checagem. Os últimos dados do IBGE mostram que somente 44,4% dos domicílios têm telefone fixo, e somente 75,5% dos domicílios têm usuários de celular. É uma amostra dos mais ricos.
PNAD 2008 / IBGE
DOMICÍLIOS NO PAÍS
Domicílios /Telefone fixo convencional
44,4%
Domicílios / Telefone celular, existência
75,5%
www.ibge.gov.br
Problema 3: a amostra tem a ESCOLARIDADE errada
A amostra é somente calculada para SEXO e IDADE, com desvios na ESCOLARIDADE coletada. Na última pesquisa, o ENSINO FUNDAMENTAL aparece com 47,6%, enquanto pelos dados do IBGE é de 55,2%. A amostra privilegia o voto de maior escolaridade.
ENSINO FUNDAMENTAL
Pesquisa Datafolha 15 e 16/04/2010
45,4%
Pesquisa Datafolha 20 e 21/05/2010
47,6%
PNAD 2008 / IBGE
55,2%
www.datafolha.com.br
www.ibge.gov.br
Problema 4: nomes dos candidatos são apresentados sem os partidos
Os nomes dos candidatos aparecem sem os nomes dos partidos. Como Dilma Rousseff é menos conhecida como a candidata de Lula e do PT, a pesquisa induz os resultados para José Serra, diminuindo as intenções de voto em Dilma Rousseff.
www.datafolha.com.br
www.tse.gov.br
quinta-feira, 1 de julho de 2010
UNIPAZ FAZ PESQUISAS NA FRONTEIRA DO CONHECIMENTO.
Recebí o convite do escritório da UNIPAZ em Minas Gerais. O tema é polêmico, mas busca construir respostas que isoladamente nem a física, nem a filosofia conseguem abordar. Vale a pena conferir:
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