sábado, 28 de novembro de 2015

Os grandes desafios para o PT e partidos de esquerda:

Eu começo dizendo: tenho mais dúvidas do que certezas. Aliás, penso que não tenho nenhuma certeza. Por exemplo; a) num estado de hegemonia capitalista como é possível uma democracia real, quando o pressuposto da democracia é a isonomia , a equivalência de poder de todos os os sujeitos sociais. b) é claro que o poder do capital elimina qualquer chance de isonomia na manifestação e expressão do poder dos indivíduos. c) na hegemonia do capital sempre haverá uma hipertrofia que tira da democracia representativa sua possibilidade de ser o que pretende ser, ou seja o governo do povo. d) Claro que toda forma de democracia é adjetivada. Mas como romper a espinha dorsal do poder do capital que sempre conseguirá se impor a seu favor em todas as instâncias do Estado? Isto aliás fica explicito quando os neoliberais propõe o afastamento do Estado em favor do Mercado. No mercado a balança sempre penderá para o mais poderoso (isto não é um problema moral. É apenas a lógica do mercado). No mercado o que chamamos de competência é sinônimo de maior ou menor posse do capital (em suas muitas formas) . Quem está excluído desta posse (os pobres) não tem qualquer poder de mando. Assim os pobres ficam excluídos também do exercício do poder político, levando a democracia representativa a ser uma grande falácia. e) O papel de contrapeso via Estado, com poder de interferir no mercado a favor dos pobres, deveria ser o papel fundamental do PT ou de qualquer partido de esquerda. Creio que o PT cumpriu parte deste papel, com o apelo a uma estratégia keynesiana. Em algum momento esta estratégia ameaçou os ganhos do capital (isto ocorre na situação de pleno emprego - percentual abaixo de 5%). O atual nível de desemprego (próximo a 10%) garante o papel do que é chamado de exercito industrial de reserva, ou seja um nível de desemprego que pressiona para baixo os salários recompondo o poder de acumulação do capital. f) O PT não conseguiu sustentar a estratégia keynesiana simplesmente porque ela opera no âmbito de uma economia capitalista, em que os ciclos de expansão e contratação é de sua própria natureza. g) Talvez a atual tarefa do PT seja aglutinar forças dos legítimos movimentos sociais (CUT, MST. UNE, MTST, etc) para uma nova Constituinte que garanta maior poder de representação buscando uma nova hegemonia a favor dos detentores do Trabalho. h) A ideologia para alimentar este novo sonho ou nova utopia é a preservação da vida no planeta (a ecologia). Hoje a grande contradição não se limita ao confronto entre Capital e Trabalho, mas entre Capital e Todos os Meios de Subsistência. O Mercado precisa ficar sobre o controle da Ecologia (administrado pelos mecanismos sociais), com a vigorosa implantação do Princípio da Precaução.