terça-feira, 28 de julho de 2009

Estruto-Funcionalismo e Marxismo: uma aula inaugral em 1970.

Em 1970 na aula inaugural do curso de Ciências Sociais, proferida pelo professor doutor Ruy Coelho, eu tomei conhecimento de uma forma pouco usual do Estruturalismo e do Funcionalismo. Fortemente marcado pela cultura francesa, onde fez seu doutorado, Ruy Coelho, ao contrário da maioria dos professores desta faculdade, pouco se apoiava na visão marxista da história como fundamento de suas investigações acadêmicas. Não sei quem cunhou a expressão, mas nesta aula inaugural Ruy Coelho falou do estruto-funcionalismo, como um método alternativo à dialética marxista.
As leituras posteriores sobre o estruturalismo e funcionalismo colocaram-me duas questões centrais: a) não havia um método Estruturalista, mas diversos métodos que se ancoravam neste nome. É de François Wahl o seguinte comentário: “Digamo-lo francamente; quando nos interrogam acerca do Estruturalismo, não compreendemos, as mais das vezes, o que se quer falar; b) os primeiros movimentos dos diversos estruturalismos foi uma busca no sentido de afastar o objeto da investigação da história, dando-lhe o status das ciências naturais, mediante a identificação de uma arquitetura permanente da vida cultural, social, lingüística e psicológica.
A metáfora da arquitetura foi apropriada para firmar a identidade de um objeto, que se mantinha nas suas características estruturantes, a despeito da história. Ao fazer isto o estruturalismo eliminou o tempo. Mas uma corrente dentro do próprio estruturalismo começou a desenvolver investigações sobre a chamadas totalidades inclusivas, caminhando em direção ao posterior conceito de totalidade sistêmica (a metáfora do holograma, como representação do ser ganhou corpo a partir do intenso diálogo que se produziu a partir daí).
O corpo teórico da teoria dos sistemas ganhou maior robustez com as contribuições do Funcionalismo, que de forma alguma antagonizou-se com o estruturalismo, mas formou com este um novo modelo de análise, em que se articulou espaço e tempo. No modelo da arquitetura podemos encontrar estruturas permanentes na capacidade dos humanos para a cognição reflexa. Todavia, o que nos torna tão diferentes em nossas culturas, nos múltiplos espaços que ocupamos, na diversidade do tempo, senão a maneira como estas estruturas funcionam no transcorrer da história?
Foram estas as contribuições que a psicologia experimentou, alcançando nosso tempo com a chamada psicologia da forma (“gestalt)”.
O comportamentalismo tal como foi enunciado pouco passou de uma versão psicologizada do fordismo: a especialização, o fracionamento, o estudo dos movimentos humanos e de seus tempos, enfim todo o arcabouço do capitalismo que buscou status de ciência para o processo de alienação.

sábado, 25 de julho de 2009

UMA GRANDE MOSTRA FOTOGRÁFICA DE QUIM DRUMMOND EM SETE LAGOAS - MG

CONGADEIROS

Registros do Congado de Sete Lagoas em algumas de suas manifestações pelas ruas da cidade. “Congadeiros é isso – O retrato do nosso povo”. Uma mostra que se caracteriza pelas cores acentuadas das vestes e adereços, movimentos, expressões, esperança e cânticos(ou lamentos?) de um grupo que vence o tempo e o espaço para realizar seu trabalho e mostrar sua arte. Apenas nesta sua frase podemos resumir o trabalho do fotógrafo: “Fotografar é muito mais que apertar um simples botão. É a percepção aguçada da realidade , é o olhar que vai muito além do convencional . É fazer história...”

Mostra de Fotografia e Projeto Viva Voz


A mostra de fotografia terá a sua abertura no dia 04 de agosto à 19:30 hs, na Casa da Cultura, permanecendo ate o dia 13 do mês. Na oportunidade será lançado o projeto Viva Voz, com apresentações da Guarda de Congo, grupos de folclore regionais e palestras sobre cultura popular, nos dias 04,06,10 e com encerramento nos dia 13 de agosto. Todo o evento tem o apoio cultural de Renato Gomes( incentivador e um dos idealizadores do Ponto de Cultura “Cecília Preta), Dalton Andrade(projeto Viva Voz) e Secretaria de Cultura e Comunicação Social. A exposição que tem como proposta apresentar em espaços itinerante, estará ainda aberta ao público no Casarão Inhô- Quim Drummond entre os dias 15 a 30 de agosto e na Faculdade Ciências da Vida, de 01 à 15 de setembro.

QUEM É QUIM DRUMMOND?

Joaquim Drummond Neto – Quim Drummond – www.quimdrummond.com.br, iniciou a profissão de fotógrafo ainda como funcionário do Banco do Brasil. Posteriormente, dedicou-se com exclusividade à fotografia, montando seu primeiro estúdio em sociedade com o irmão Paulo Drummond(hoje ator, diretor e fundador da Cia. Lúdica de Teatro – www.cialudica.com.br, em São Paulo), em Piracicaba(SP). Nessa ocasião, trabalhou em apresentações de ballet clássico e moderno no eixo Campinas –São Paulo(capital), tendo a oportunidade de fazer registros do Grupo de Dança Movimento no Teatro Municipal(SP).
De retorno à Minas, atuou como free-lancer em jornais de Sete Lagoas e da Capital, tendo registrado vários momentos de grande importância na cultura e na política. A greve dos trabalhadores da construção civil, que parou Belo Horizonte, a posse de Renato Azeredo como secretário de Governo de Tancredo Neves, as duas campanhas do candidato Lula em Sete Lagoas. Participou e registrou várias apresentações do Grupo de Teatro Cena Viva, criado pelos atores Carlos Lagoeiro(hoje na Holanda com o grupo teatral Munganga – www.munganga.nl/mambo) e Roberto Lima(já falecido).
Participou e registrou o projeto “Casarão de Quero”, movimento popular pelo tombamento do Casarão, hoje Centro Cultural Nhô Quim Drummond, e ainda documentou em PeB toda sua estrutura antes da reforma, trabalho que originou algumas exposições.
Quim Drummond atendeu também várias agências de publicidade em Belo Horizonte, entre elas a Setembro e a Skema Propaganda, esta, tinha como superintendente o jornalista e publicitário Marcio Vicente. Ainda em Belo Horizonte, trabalhou com o professor e chefe do Departamento de Comunicação da FAFI BH, Silvino de Castro, com quem teve a oportunidade de executar vários trabalhos na área de fotografia e cinema. Voltando em definitivo para Sete Lagoas, em 1982, com o irmão e também fotógrafo Leo Drummond criou o Photo Câmera, que além de trabalhos comerciais, como casamento, fotos publicitárias e aéreas, ministrava cursos de fotografia.
Ter como instrumento de denúncia, através da emoção e do conceito artístico da imagem, sempre foi a preocupação central do fotógrafo. Durante toda sua vida profissional fez da fotografia uma maneira de descrever sua visão sobre as diferenças sociais. Este sentimento estão expresso nas coletâneas “Sete Lagoas em Preto e Branco”e “Lugar Comum”, a primeira um paralelo entre construções de favela e mansões, imagens em preto e branco usando o recurso de alto contraste. A segunda, apresentada em BH, retrata o cotidiano de um prostíbulo.
Mais recentemente , Quim Drummond esteve por dez dias pelo interior do Maranhão, retratando o cotidiano do povo simples da região, que participa do “Projeto Abellhas Nativas” coordenado pela AMAVIDA – www.amavida.org.br e voltado para a preservação ambiental e geração de renda. Nesta viagem, coube a ele produzir um grande acervo de fotografias(inéditas) e fazer a direção do documentário “Caminhada da Colheita” (este com apoio da Fundação Banco do Brasil).

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O DISTANCIAMENTO DO HUMANO NA ESTÉTICA DE SANTO AGOSTINHO

"O artista deve reapresentar nas suas obras não as coisas como foram criadas, mas como deveriam ser criadas":frase de Rafael, na concepção estética medieval.
A experiência mística de Santo Agostinho é reveladora na concepção estética, descrita por Rafael e, característica do período medieval. Qual a vivência subjetiva do homem da idade média? Vejamos como postula Agostinho.
A purificação da alma para receber a revelação é feita de várias formas. Agostinho defende ardorosamente um ascetismo, chegando a condenar o casamento e a procriação, e a cantar a maravilha do celibato. O homem precisa se livrar das paixões, e por paixões entende-se tudo aquilo que move (ou comove) a alma. Somente uma alma estável é capaz de perceber a Idéia. Para esta elevação do espírito, é necessário também o auto-conhecimento.
Observe-se nos pequenos trechos acima que Agostinho constrói a visão dos humanos, marcada fortemente pela sua própria experiência de vida. Desta forma existe uma noção que os humanos para alcançarem a graça precisam desfazer-se de sua humanidade (Agostinho chega condenar o casamento e a procriação, e a cantar a maravilha do celibato. O homem precisa se livrar das paixões, e por paixões entende-se tudo aquilo que move -ou comove - a alma.)
Mesmo a compaixão, como a grande mensagem de Jesus, não possui em Agostinho a relevância descrita pela tradição cristã.
Ou seja, os humanos precisam despisse do que os faz humanos para terem acesso a luz e a harmonia (matemática). O padrão estético que nascerá neste quadro ou é o da angústia (os impulsos da subjetividade e sua anulação) ou de algum tipo de realismo posto, já que acabado na revelação. Imprimir na obra de arte “como as coisas deveriam ser criadas” constitui uma submissão à vontade divina, tal que esta se revela e é experimentada na exegese.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A intuição dos gurus de mercado

O texto abaixo é integralmente de Luiz Nassif. Vale a pena conferir:
A intuição dos gurus de mercado
17/07 - 07:02 - Luís Nassif, colunista do Último Segundo

Ontem os mercados reagiram com otimismo porque Nouriel Roubini – o economista que primeiro previu a grande crise de 2008 – anunciou sua previsão de que a economia norte-americana já bateu no fundo do poço e agora começaria a se recuperar.

Roubini apostou durante muito tempo na grande crise. Para quem se preocupou em analisar as analogias entre o início do século e os últimos anos – eu mesmo fiz isso em meu “Os Cabeças de Planilha” – a grande crise era inevitável, devido à disfuncionalidade do sistema financeiro mundial, à multiplicação de novas ferramentas financeiras, criando efeitos em cascata de difícil controle.

Roubini tinha as mesmas informações de milhares de outros economistas. Analisava indicadores econômicos, indicadores de solvência de empresas, de mercado. Por que remou tão radicalmente contra a maré, e por que, afinal, ele estava certo e a maioria errado?

Anos atrás, o Grande Mestre soviético Garry Kasparov – o maior enxadrista da história – relatou sua visão de jogo em uma entrevista memorável. No tabuleiro – dizia ele – as possibilidade de combinações são infinitas. Por que ele escolhia sempre as alternativas vencedoras? Intuição, dizia ele.

O que vem a ser essa intuição milagrosa? É a capacidade de uma determinada pessoa de processar em sua cabeça milhares de informações e conseguir – por algum mecanismo pouco estudado – identificar aquelas que serão as dominantes, que definirão o rumo dos acontecimentos. Como ela não sabe como seu cérebro chegou ao resultado correto, chama a esse dom de “intuição”.

Antes da crise, muitos economistas brasileiros lotados em grandes instituições financeiras, tinham uma fé cega nas análises de risco, na técnica estatística desenvolvida pelos mercados, que permitia misturar diversas operações em uma mesma cesta, de maneira que eventuais prejuízos em uma operação fossem compensados por lucros em outros – e, na soma final, permitindo o ganho do investidor.

É evidente que a boa avaliação econômica e financeira depende também da boa matemática. Mas o que ocorria era uma fé cega na planilha, como se fosse possível prever todos os movimentos de mercado. Principalmente, o comportamento do mercado em períodos de crise.

Uma queda em um determinado mercado provoca perdas. Para cobrir o buraco, investidores precisam vender posições em outros mercados. Dessa maneira, cai o segundo mercado, meramente pelas ondas geradas pelo primeiro. Por sua vez, os investidores do segundo mercado terão que vender posições em terceiros mercados. E aí se cria a corrente da crise.

Alguns craques conseguem, em meio ao turbilhão de informações, identificar as linhas dominantes. Chamam a essa capacidade de “intuição”. Psiquiatras italianas estão trabalhando em um outro conceito, a “neuromagna”, uma capacidade psíquica presente tanto nesses grandes visionários quanto em médiuns.

É uma ciência ainda em desenvolvimento. O que importa é que, e que alguém sempre acerta contando com a “intuição”, é uma maneira muito simplória de interpretar um dom que vai muito além da adivinhação
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sábado, 11 de julho de 2009

Filosofia Clínica divulga transcrição de Café Filosófico

Recebí novo e-mail de Monica Aiub, do Instituto Interseção, de Filosofia Clínica. Confira as novidades:


"Olá amigo,

Nas novidades de nosso site, a transcrição do café filosófico clínico do mês de junho, o início de nosso espaço Interseções Poéticas: interseções entre filosofia e poesia, e as inscrições para os cursos de extensão do segundo semestre. Visite nosso site: www.institutointersecao.com

Abraços,

Monica Aiub
Instituto Interseção
www.institutointersecao.com
(11) 3337-0631"

sábado, 4 de julho de 2009

A indústria cultural, segundo ADORNO

A indústria cultural, segundo ADORNO (1978), é um instrumento de opressão que camufla as contradições do capitalismo apontadas por MARX (1989). Portanto, sua função é homogeneizar e estimular o indivíduo à produção. O termo indústria cultural foi apresentado por ADORNO; HORKHEIMER (1985) para distinguir a cultura popular e a cultura de massa. A formulação do conceito foi decorrente de uma reflexão sobre a cultura industrializada durante o período do nazismo. ADORNO; HORKHEIMER (1985) conceberia o conceito sob o impacto da ascensão nazista na Alemanha, onde todos os ramos da indústria cultural eram totalmente dirigidos para a estruturação daquele regime. Ao se refugiar Estados Unidos,ADORNO depara-se com uma indústria cultural enrustida, onde o objetivo maior era a camuflagem das contradições sociais e produtivas do capitalismo. O papel da indústria do entretenimento norte-americana possuía, segundo ADORNO (1978), características semelhantes ao da Alemanha do período do nazismo. Na depressão da década de 1930, o cinema, setor que foi exaustivamente explorado pela ideologia dominante, teve e têm como função, planificar os sentidos, desviando as atenções da população de suas condições. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 149)