segunda-feira, 29 de junho de 2009

FILOSOFIA CLINICA DEBATE SEU MÉTODO

Recebi mais um convite do Instituto Interseção para um Café Filosófico em São Paulo. Veja mais detalhes:
O Instituto Interseção e a Livraria Martins Fontes convidam para mais um café filosófico clínico, dia 02 de julho, quinta-feira, das 19h30 às 21h30, na Livraria Martins Fontes - Av. Paulista, 509 - São Paulo.
O texto abaixo constitui uma apresentação do Instituto Interseção sobre a Filosofia no consultório:

Como surgiu a Filosofia Clínica?

"Essa idéia nada mais é do que um resgate do papel terapêutico que a filosofia já possuía em suas origens. Na década de 80, o movimento denominado filosofia prática inicia esse resgate, com vistas à construção de uma atividade de ajuda-ao-outro. Seu ponto de partida é um questionamento: se a psiquiatria e a psicologia utilizam a filosofia em seus métodos, por que um filósofo não poderia utilizar a metodologia própria da filosofia para ajudar as pessoas em suas questões cotidianas? O filósofo assume a função de cuidador, investido do conhecimento produzido em toda a história da filosofia.

No Brasil, o filósofo gaúcho Lúcio Packter, inspirado no trabalho da filosofia prática, propôs a filosofia clínica: um instrumental específico, próprio, adequado à realidade brasileira, e diferente dos trabalhos em filosofia prática. Packter recorta e seleciona do conhecimento filosófico, a metodologia necessária para desenvolver a atividade de ajuda-ao-outro, organizando-a de maneira flexível, de modo que não construiu uma teoria adequada a diversas pessoas, mas um instrumental de pesquisa que permite a construção do trabalho para cada pessoa em especial.

Características

Entre as atividades de ajuda-ao-outro, a Filosofia Clínica destaca-se por não trabalhar com teorias prévias, tipologias ou conceitos de normalidade. Aquele que procura ajuda é a medida, e como medida, é quem determina de que maneira poderá ser auxiliado. Pensar junto com o outro é o trabalho do filósofo clínico, norteado pelo respeito à legitimidade do modo de ser deste outro.

O que busca ajuda é chamado partilhante porque é aquele que partilha, que toma parte em, que participa ativamente de todo o processo clínico, compartilhando sua vida e suas questões com o filósofo clínico. Por sua vez, o filósofo clínico acolherá o partilhante e suas questões e partilhará com ele o conhecimento produzido pela filosofia, auxiliando-o a refletir sobre suas questões e dificuldades, a levantar e estudar possibilidades, a definir, construir e percorrer caminhos. Não se trata de teorizar sobre o sofrimento alheio, mas de auxiliar o outro a lidar com suas questões, diante das circunstâncias e possibilidades existentes.

Não se trata de um mero aconselhamento pautado em referenciais filosóficos, colocando em risco a vida das pessoas. Há uma série de procedimentos clínicos, estruturados de modo a permitir a identificação de sinais e sintomas que indiquem a necessidade de um trabalho interdisplinar, pois apesar de ser a mãe das ciências, a filosofia admite os limites e as especificidades de cada área do conhecimento e, por isso, o filósofo clínico não se habilita a trabalhar todo e qualquer problema. Há problemas de ordem orgânica, química, que precisam ser tratados com medicamentos. Há situações em que o instrumental da Filosofia Clínica não possui elementos adequados para o trabalho. Conferidas essas possibilidades, o filósofo clínico encaminha – mesmo que por precaução, para mera exclusão de possibilidades, ou ainda para um trabalho interdisciplinar – o partilhante para um profissional competente naquela área de atuação."

domingo, 28 de junho de 2009

Escola de Frankfurt: os desafios de pensar a indústria do entrenimento na atualidade

“(...)Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera(...)”.
(Trecho de A Flor e a Náusea - Carlos Drummond de Andrade)


Falar no significado da Estética no período contemporâneo encontra uma excelente síntese neste trecho de um poema de Carlos Drummond. Tomado pela angústia de um prisioneiro de si mesmo, o poeta se questiona sobre seus limites: devo seguir até o enjôo? Posso sem armas revoltar-me? Como romper esta prisão se “O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinação e espera?”.
Das bibliotecas colhemos toda sorte de reflexões e modelos conceituais que buscam retratar os caminhos para a educação.

“Preso à minha classe” inicio esta reflexão reproduzindo comentários sobre pontos de vistas de um dos mais proeminentes pensadores da cultura contemporânea - o alemão Theodor Adorno (1903-69).

Recentemente o jornal da Folha de São Paulo lançou uma coleção com o pretensioso nome de"Folha Explica". E um dos títulos publicados foi precisamente um trabalho sobre Adorno elaborado com a chancela do professor Márcio Seligmann-Silva, doutor pela Universidade Livre de Berlim, professor de teoria literária e literatura comparada da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de "Leituras de Walter Benjamin". Em uma resenha sobre este livro Seligman faz o seguinte comentário:
“A obra de Adorno não pode ser desvinculada de sua recepção --e, nesse sentido, é importante recordar como outros comentadores, já desde o final dos anos 60 e início dos anos 70, reportam-se à relação existente entre o nascimento mais intenso do interesse por essa obra e os movimentos estudantis da década de 60. O próprio Adorno notou as semelhanças entre a rebeldia de então e a que marcara os anos 20, em seus tempos de estudante. Seus escritos serviram em parte para alimentar a rebeldia e a crítica radical da sociedade dos anos 60. Mesmo que ele próprio, como veremos, tenha estado --tragicamente-- no alvo daquela crítica, não podemos esquecer esse elemento de libertação e insatisfação profunda com o mundo que se apresenta como traço definidor de sua obra.”
Mas afinal qual é a maior contribuição de Adorno para conduzirmos uma reflexão sobre o significado da produção cultural em geral e da estética em particular no mundo contemporâneo.

Vamos partir de alguns conceitos centrais no pensamento de Adorno relacionado à produção cultural no espaço do modo de produção capitalista. Segundo Adorno a indústria cultural, é um instrumento de opressão que camufla as contradições do capitalismo apontadas por MARX, sendo sua função homogeneizar e estimular o indivíduo à produção.
Em um artigo intitulado a INDÚSTRIA CULTURAL: UM DEBATE INESGOTÁVEL, de autoria de Eduardo Henrique M. L. de Scoville (http://www.fag.edu.br/adverbio/artigos/industria_cultural.pdf ) o autor faz o seguinte comentário:

“O termo indústria cultural foi apresentado por ADORNO; HORKHEIMER (1985) para distinguir a cultura popular e a cultura de massa. A formulação do conceito foi decorrente de uma reflexão sobre a cultura industrializada durante o período do nazismo. ADORNO; HORKHEIMER (1985) conceberia o conceito sob o impacto da ascensão nazista na Alemanha, onde todos os ramos da indústria cultural eram totalmente dirigidos para a estruturação daquele regime.(ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 149)”

No seio destas reflexões localizamos a visão de Adorno em que ele examina toda produção estética na economia capitalista, como um processo por excelência de alienação: Adorno abandona o termo cultura de massa para designar a indústria cultural, pois este esconde o verdadeiro interesse que seria a própria submissão e afirmação da sociedade capitalista e sua estrutura. Como a definição de massa diz respeito a uma homogeneidade, a cultura é transformada então pela lógica do capital. Na verdade Adorno considera que cultura de massa não é nem cultura e nem provém das massas. Ela é regida pela repetição e pela novidade. Acaba por não expressar reflexão e nem “inquietude de espírito” e sim consolidar hábitos e expectativas.
Mas se de um lado não é possível desconhecer a robustez das críticas de Adorno à produção cultural no capitalismo, por outro é difícil não concordar que sua visão possui a forte marca do pessimismo da Escola de Frankfurt, praticamente desconsiderando os movimentos de respostas dialéticas nascidas no seio mesmo das contradições do capitalismo.

Confesso que esta é reflexão de difícil trajeto: a produção cultural é um processo verdadeiro como caminho de emancipação?
Um texto de Lêda Dantas, intitulado EDUCAÇÃO E PROJETO EMANCIPATÓRIO EM JÜRGEN HABERMAS, contém no final do artigo uma reflexão que sintetizo da seguinte forma:.
Habernas conseguiu superar, pelo menos em parte, o profundo pessimismo da Escola de Frankfurt. Pessimismo este fundado no desolamento da falta de alternativas para os modelos filosóficos que encantaram a esquerda até os anos 70. A idéia de emancipação como processo revolucionário mostrou-se uma quimera, ganhando corpo o desalento e desencanto por uma metodologia de educação que resgatasse os humanos do tédio e da “náusea” (“Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta” Drummond de Andrade).

É uma utopia e por mais estranho que pareça a alguns e, por mais desconfortável para aqueles que preferiram “abandonar o barco”, nosso referencial continua sendo a nossa história. E é nesta história da jornada humana que nos inspiramos e buscamos referências no brilhante pedagogo Paulo Freire:

“(...)O movimento para a liberdade, deve surgir e partir dos próprios oprimidos,”(...) e a pedagogia decorrente será " aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele.

Este trecho constitui uma qualificada síntese do que constitui a promoção da educação para a cidadania. A filosofia cultural assim vista não perde a perspectiva de suas condicionantes históricas: o exercício da cidadania é um caminho de recuperação da humanidade. E cidadania aqui é a ação que transforma e que tem na educação sua fonte de alimentação.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

UM DIAGNÓSTICO PARA A EDUCAÇÃO EM SETE LAGOAS - MG - Reflexões reeditadas

Um velho amigo, residente da cidade de Sete Lagoas, MG, pediu minha opinião, como professor de filosofia, sobre pontos fundamentais para uma política municipal de educação. Vou então iniciar esta conversa a partir de um espaço que considero especialmente relevante: a ação do diagnóstico pedagógico no modelo de educação.
A prática de um Diagnóstico Pedagógico é tão desafiadora (se não mais) do que a própria ação pedagógica. Um diagnóstico, qualquer diagnóstico, é uma forma de olhar, selecionar variáveis, discernir e, finalmente, formar juízos sobre os fatos e pessoas observadas. De um diagnóstico resulta uma recomendação de ação, que pretende estabelecer algum nível de ajuste em relação à situação diagnosticada. Naturalmente espera-se que o diagnóstico tenha como recurso de avaliação procedimentos avalizados pela nossa razão e por nossa sensibilidade (eu acrescentaria nossa intuição). No caso presente não se trata de um diagnóstico genérico: estamos falando de juízos sobre cenários pedagógicos. Como educadores estamos tratando de instrumentos, metodologias, habilidades e atitudes mobilizadas para avaliar educandos na sua capacidade de realizar uma aprendizagem. Não é uma tarefa fácil. Em primeiro lugar porque o próprio educador deve ser alvo desde diagnóstico: o desenvolvimento da autocrítica deveria constituir uma prática de legitimação de competências. Em segundo lugar e este, não é um desafio menor, está no próprio referencial do diagnóstico; quando discernimos o fazemos através de uma janela. O próprio ato de escolher esta e não outra janela envolve processo valorativo. O meu diagnóstico é constituído a partir de um modelo de certo ou errado, de saúde ou doente, de normal ou anormal, enfim de conjunto de valores que são priorizados como elementos de discernimentos. Poderíamos colocar um terceiro fator: a qualidade da formação dos nossos educadores. Em um cenário de déficit educacional tão elevado como no Brasil a sociedade se vê na contingência de improvisar a incorporação de quadros de professores de formação precária. E desta forma o Diagnóstico se obriga a um olhar ainda mais amplo, incorporando não só condições sociais específicas, mas também a própria política educacional do país. Esta é uma opinião pessoal: um Diagnóstico Pedagógico pode compor o repertório de atividades de um professor, mas ele vai muito além disto, requerendo visões multidisciplinares na sua elaboração, sob risco de transforma-se um instrumento de segregação, discriminação ou mesmo de validação de procedimentos pedagógicos inconseqüentes.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Os resgistros de Iolanda Huzak: fotos de El Salvador .

Mais uma vez recebo um e-mail da minha amiga Iolanda, fotógrafa e professora de filosofia. Veja:


"Gostaria de convidar você para conhecer as fotos de El Salvador que fiz durante as viagens em 1988/ 1989 quando viajei pelo Unicef documentando a situação da mulher e da infância, Em 2008 para levar uma exposição de Cultura Popular brasileira em 2008 e finalmente em para documentar a posse do presidente Mauricio Funes em 2009. O país é pequeno e tem uma população estimada em 7 milhões de habitantes, enfrenta muitas dificuldades mas apostou numa renovação e deu vitória ao partido da FMLN, porque a direita esteve no poder durante 20 longos anos e deixou o país arrasado economicamente.Para entrar no site clique em http://www.iolandahuzak.com depois no item buscar digite El Salvador, lá estão as fotos.abraços"

Iolanda Huzak

O REGISTRO DE QUIM DRUMMOND E O BRILHO DOS CONGADEIROS EM SETE LAGOAS -MG



Só mesmo um fotografo do calibre de Quim Drummond para fazer o registro da cultura popular, expressa nos Congadeiros. Meus parabéns Quim. Este seu trabalho resgata a importância do saber popular na arte, no turismo e na economia da cidade de Sete Lagoas.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Revelações de Curió sobre o assassinato de combatentes de esquerda na era da ditadura militar no Brasil.

O arquivo pessoal do militar Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, contém informações de que 41 integrantes da Guerrilha do Araguaia, comandada por membros do PC do B de 1972 a 1975, foram executados pelas forças militares do governo, no norte do Estado de Tocantins, segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada ontem. Curió participou da repressão à guerrilha.

De acordo com a publicação, o acervo de Curió permite acrescentar 16 nomes à lista conhecida de 25 guerrilheiros do Araguaia mortos pela ditadura. O arquivo indica que os militantes foram executados quando já não ofereciam resistência, segundo a reportagem.

As informações surgem às vésperas do início de buscas de corpos de guerrilheiros pelo Ministério da Defesa no Araguaia. O trabalho será realizado para dar cumprimento a uma decisão da Justiça Federal. Pelo cronograma inicial do ministério, a primeira fase de buscas na região do Araguaia será realizada de 6 a 17 de julho.

Sobre a notícia a respeito do arquivo de Curió, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem, por meio da assessoria de imprensa do ministério: "Toda colaboração com elementos para ajudar na elucidação dos fatos é extraordinária. Nós apoiamos e estimulamos divulgações como essas".

Fonte: Jornal do Estado de São Paulo (21 de junho de 2009)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A METODOLOGIA HOLÍSTICA NA UNIVERSIDADE DA PAZ - reedição de artigo

Conheci praticamente todos os personagens envolvidos nos relatos do livro "O Fenômeno Magenta", que é apresentado da seguinte forma:

"A presente obra constitui um marco na história da investigação sobre transcomunicação. Abrange uma vasta e admirável fenomenologia, contendo dezenas de materializações, teletransportações e transcomunicações através de rádio.

São várias razões para esta valiosa e oportuna realização. Em primeiro lugar, a qualidade excepcional do sensitivo Amyr Amiden. Desde os oito anos de idade, Amyr convive, no cotidiano, com uma habilidade rara e maravilhosa: a de ser canal de uma inteligência superior, que se expressa através de surpreendentes feitos, sempre dotados de significados particulares e de uma sabedoria incomum, transpessoal. A casuística exposta neste livro é um testemunho tocante dessa façanha, que ilustra o imenso e tão desconhecido alcance do potencial humano, a ser reconhecido e desbravado no decorrer do século XXI."

Conheci Amyr de forma inusitada. Em 1992 eu me encontrava na biblioteca da UNIPAZ ( Universidade Internacional da Paz), em Brasília, quando em certo momento senti um forte aroma de rosas. Perguntei à atendente se eles tinha para vender o que me pareceu ser um incenso. Ela me respondeu, com simplicidade: este cheiro não é de incenso; é o cheiro do "amir". Claro que imaginei tratar-se de algum óleo aromático ou coisa semelhante. Então a assistente completou: - o amir deve estar chegando. Indaguei: como assim? Ela então começou a me explicar: Você não conhece o Amyr? Quando ele estar vindo para cá fica este cheiro forte de rosas. Incrédulo pedi que ela me falasse mais: - "quando o Amyr chegar você vai ver". Pouco depois encontrei o Pierre Weil, um mestre da aborgadem hoslística e, nesta época, reitor da UNIPAZ, no saguão da Universidade e perguntei a ele sobre o Amyr. Neste momento ele comentou: você vai conhecê-lo pessoalmente. Ele acabou de chegar.
Foi uma surpresa: a figura de Amyr, sua expressão, suas feições me causaram uma sensação de estranhamento. Amyr não tentava ser simpático e parecia cultivar (mais do que naturalmente já era) uma aura de incomum. O que se seguiu constituiu para mim o fim de um tipo de busca e o início de sistematização desta mesma busca: presenciei e testemunho, com minha razão de um professor de filosofia, fatos inusitados como materializações espontâneas. Aparamente Amyr não tinha controle sobre elas: sua presença que as induzia. Nenhum truque, tudo num espaço aberto, sem meia luz. Pierre comentou: Amyr é para mim um portal entre dimensões. Não podemos fingir que os fenômenos não existem, nem tentar respostas apressadas (como muitas vezes faz a parapsicologia). O real não era tão simples quanto alguns tentavam ensinar. Havia mais a ser estudado. A partir daí iniciei minha fase de sistematização. E na realidade foi nesta busca que decidi estudar filosofia. A editora do livro comenta:
"A segunda razão está ligada à implacável equipe internacional de pesquisadores que se dedicaram a essa investigação. Todos são profissionais respeitados e de grande destaque nas áreas em que atuam. A terceira razão é a natureza inter e transdisciplinar deste trabalho, que agrupa representantes da psicologia, parapsicologia, antropologia, medicina, teologia, filosofia, física quântica, junto com pesquisadores e geólogos de universidades, que analisam os variados e instigantes produtos gerados nesta oficina prodigiosa dos talentos de um ser humano especial."

Esta é uma leitura indispensável para as pessoas que queiram se atualizar com relação às pesquisas psíquicas e transpessoais de ponta, sérias e consistentes, que comprovam a existência de outros níveis de realidade, que estão sendo desvelados à luz da transdisciplinaridade e da física contemporânea. E uma instigante reportagem no domínio da paranormalidade e da transcendência, neste laboratório vivo e aberto, onde a ciência se encontra com a consciência.

CENTRO DE FORMAÇÃO INTEGRAL THEIA VIVA

Usando uma idéia familiar ao professor e psicólogo Pierre Weil, quando este se refere ao novo paradigma holístico e a emergente proposta de uma ecologia profunda (Frijof Capra): os seres humanos viveram a experiência de muitas fragmentações, resultando daí o que ele chamou de Neurose do Paraíso Perdido.

Afinal que Paraíso é este ? Provavelmente encontra-se na psicanálise um dos importantes recursos para responder a esta questão.
Afinal as prisões e o sofrimento psíquico, a dor da alma dividida, nossos porões interiores, morada de todos os monstros que nos assombram, sem mesmo conhecê-los: este é o inferno, de que falava Sartre e, cujo o objetivo dos seres humanos é dele se emancipar. O arquétipo de um Paraíso Perdido está presente em todos nós.

Os índios norte-americanos possuem uma tradição de cura, que envolve uma sofisticada concepção do ser humano. Um dos dos rituais de cura é a Viagem Xamânica: o curador, em estado de transe, deitado ao lado do paciente, sonha penetrar um labirinto, cheio de cavernas. Aí ele começa sua jornada, que envolve grandes perigos. O Xamã irá se defrontar com monstros infernais, que de toda forma tentará impedir seu processo de cura. Em cada uma das cavernas pode estar escondido um fragmento da alma do paciente, que para aí se refugiou, por ocasião de algum processo fortemente traumático. Estes fragmentos da alma se mostram ao Xamã como uma criança, que precisa ser convencida a voltar. A criança precisa se sentir segura e saber que agora ela habita um adulto. Após longa negociação, se a criança aceita voltar, o Xamã a trará consigo. De volta do transe o curador soprará na fronte do paciente: este é um sopro da vida, em que aquele fragmento da alma volta a integrar o paciente. E assim se conclui o processo da cura.

O que o dogmatismo cientificista tem a dizer deste método ? Mera superstição ? Novas correntes da própria psicologia formam um amplo espectro de considerações, em defesa da legitimidade e autenticidade do método xamânico. Modismo ? Certamente que não. A psicologia, caminha ao lado de outros saberes para sua própria emancipação. E, seguramente, uma das mais importantes é a de se libertar como instrumento de legitimação de qualquer forma de barbárie: no caminho de volta encontraremos pessoas estigmatizadas tão somente por serem diferentes.
O saber holístico foi construido precisamente como resposta a estas muitas fragmentações e desenvolveu um método pedagógico que aponta para um processo de formação integral. Este é o objetivo do Centro de Formação Theia Viva.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Energia dos Mitos Fundadores

Resposta a um colega, professor de filosofia.

Meu TCC foi identificado com o título: "Mitos Fundadores, Crises e Pespectivas do Partido dos Trabalhadores", eu busco ampliar a visão que você se refere no TCD. A professora Marilena Chaui desenvolve o conceito dos "mitos fundadores" na história do Brasil. Recupero uma referência da professora: (...) “À maneira de todo 'fundatio' este mito impõe um vínculo interno com o passado como origem, isto é, com um passado que não cessa nunca, que se conserva perenemente presente e, por isto mesmo, não permite o trabalho da diferença temporal e da compreensão do presente enquanto tal"(...).
Para mim foi um achado esta contribuição de Chauí. Depois encontrei em diversos outros autores o papel dos Mitos, com uma força muito maior do que eu poderia originalmente conceber: bons exemplos estão no estruturalismo, que nos fala de um Inconsciente Estrutural e dos conceitos de arquétipo trabalhado por Jung. Porque fui buscar estas fontes? Sempre me perguntei sobre a origem da energia mobilizadora de alguns conceitos, como por exemplo o de "libertação". Eu tive vários companheiros que morreram sob tortura, colocando o ideal de liberdade acima da própria vida. Havia uma motivação que eu chamaria de "não-racional" e uma convicção de que no final a Verdade venceria. Esta é no fundo a visão do Reino, proclamada pelas religiões abraamicas, que está presente no judaismo (Marx era judeu) e no cristianismo e, neste sentido, é uma visão teleológica. O Bem é para o onde caminha inexoravelmente a história. Se a história possui uma destinação teleológica qual o sentido de nossas escolhas e o papel da nossa liberdade? Somos de alguma forma prisioneiros de um final que já está escrito? Esta é a dimensão ontológica do Ser que estudamos?

Idéia de morte em Nietzsche

Quero voltar a esta idéia de morte em Nietzsche. Muitos filósofos, Nietzsche inclusive, poderiam afirmar uma noção de ser, desprovido de qualquer sentido daquilo que associamos a uma idéia de Deus: transcendência, totalidade, criação, etc. Ele poderia se declarar ateu e ponto. Mas não me parece ser esta a formulação de Nietzsche. Ele revela estar mais incomodado com uma determinada cultura, que poderia ser fonte de muitos sofrimentos, como a idéia de culpa, punições eternas para seres finitos, etc. E creio (estou declarando que suponho) que Nietzsche identificava em alguns valores como a compaixão e a solidariedade como sinais de fraqueza. De qualquer sorte há um processo de descontrução (detesto este neologismo). E deste processo resultam outras reflexões que podem não ter qualquer referência no filósofo em questão, mas que ele foi catalizador. O sistema organizado do Cristianismo como Igreja estimulou uma forma de crença, que resultava mais em apego à imagem do divino, do que uma experiência do sagrado. E alguns homens se identicam de tal forma a este apego, que experimentam a aniquilação deste modelo de crença como uma morte interior. Em sí esta experiência poderia resultar em um salto para frente, conduzindo a um novo patamar de espiritualidade. Todavia o que vemos são formas de regressões patológicas. Aniquilada a crença surge um enorme vasio que passa a ser preenchido com o consumo (de qualquer coisa). Entendo desta forma o cenário denunciado por Nietzsche, (admitindo que possa ser um tremendo equívoco meu) e constituindo este uma grande identidade com Martin Heidegger. Dionínio e Apolínio são estruturas de nossa psique, quando elas se expressam de forma não dividida. A história da filosofia foi uma permanente exclusão destas duas dimensões: ora um, ora outro. Epicuro X Estoicos: prazer e flagelo do prazer e um moral estoica, que em muitos momentos transformou-se em neurose. Nem Nietzsche, muito menos Heidegger fazem concessões a um tipo de moralismo que conspira contra a vida (Eros)

terça-feira, 16 de junho de 2009

VIOLÊNCIA POLICIAL NA USP EM 2009: DEPOIMENTO DE UMA AMIGA E PROFESSORA NESTA UNIVERSIDADE

Peço desculpas pela extensa mensagem, mas dado o ocorrido se faz necessário.
Escrevo-lhes hoje, no feriado, com uma mistura de imensa indignação e grande tristeza. As atitudes da atual reitora da USP, com uso de força policial (incluindo aí a tropa de choque da PM) dentro do campus Butantã da Universidade é inadmissível!

Talvez vocês tenham visto algumas reportagens, talvez não.

Preferi fazer um relato pessoal do que presenciei de perto no dia 09/06, em contraponto às versões oficiais que têm saído em diversos jornais (excetuando-se uma reportagem que saiu na Record no fim da tarde, início da noite do dia 09/06 e da Folha de São Paulo no dia 10/06/09, no caderno Cotidiano).

Na 3a. feira, 12h, um grupo grande de funcionários, estudantes e professores da USP, UNESP e UNICAMP, reuniram-se em frente à reitoria da USP, em um ato de protesto à presença, desde o dia 01/06, da tropa de choque e da PM no campus Butantã, com o pretexto de um processo judicial de reintegração de posse de algo que não havia sido tomado (nem ocupado, invadido ou seja lá como queiram se referir).

No ato, houve distribuição de flores por professores, apresentações diversas de estudantes (performances), declarações de funcionários, docentes e alunos, além de representantes de outras instituições. O ato durou cerca de duas horas e meia, a partir do qual, realizou-se uma marcha, organizada pelos funcionários e pelos estudantes, em direção ao portão 1 da USP até av. Alvarenga.

Lá houve diversas manifestações, incluindo um momento em que um grupo de pessoas jogou próximo à tropa de choque, que se encontrava em um canto da rua Afrânio Peixoto, inúmeras flores. Havia também gritos de “Fora Pm” (referindo-se à saída da PM e da Tropa de Choque do campus), combinados com pessoas que mostravam à tropa de choque livros ou flores.

A tensão que poderia haver aí referia-se à presença desnecessária da tropa de choque nessa manifestação, cujo sentido era apontar de modo pacífico a contradição entre o discurso da reitoria de ser “aberta ao diálogo” e as constantes negativas de se agendar reuniões de negociação e a presença ofensiva da tropa de choque em uma universidade pública e dita democrática.

Ao final dessa manifestação um grupo de alunos permaneceu um pouco mais na av. Alvarenga, enquanto os outros manifestantes decidiram voltar à universidade, por volta das 16h30.

Nesse momento, decidi permanecer por perto, com receio de alguma ação repressiva da polícia com relação aos alunos, que logo decidiram voltar a USP.

Meu receio deveu-se à movimentação que começou a ocorrer de carros policiais (que até então não estavam lá), perto de onde se encontravam os alunos.

Voltando à universidade, próximo à Faculdade de Educação (FE), esses alunos resolveram parar para mais uma manifestação, encontrando um grupo de PMs de moto. Parte dos alunos, gritando “Fora PM” do campus, dirigiu-se aos policiais, que se sentiram acuados. Logo em seguida, porém, apesar da tensão, os policiais saíram dali, sem maiores problemas.

Daí por diante não pude acreditar no que vi. Estava no outro lado da avenida, que se encontrava interditada, próximo a algumas pessoas, quando quase fomos atropelados por duas caimhonetes da PM que vieram repentinamente na contramão. Posicionaram-se para atacar os alunos, que nesse momento só estavam se manifestando com palavras, gritos e faixas e parando o trânsito da cidade universitária. Tudo isso foi muito rápido. Os policiais começaram a atirar bombas de gás lacrimogênio, a tropa de choque armou-se e direcionou-se contra os alunos, com cacetetes, gás pimenta, balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e as chamadas “bombas de efeito moral”, que fazem um grande estrondo e invariavelmente lançam estilhaços. “Detalhe”: essas bombas também atingiram pessoas que estavam andando a pé pela avenida, pessoas no ponto de ônibus, pessoas que estavam dentro de carros etc.

O pânico foi geral e isso foi o estopim do que foi visto em grande parte da mídia.

A partir daí, alguns manifestantes começaram a arremessar o que encontravam para se defender (incluindo aí sim pedras).

Mesmo quando essas pessoas pararam de atirar pedras e já haviam se dispersado e fugido para outros lugares ou quando parte dos alunos levantaram as mãos para cima, pedindo que os policias parassem de atirar, a tropa de choque seguiu marchando e atirando, e o contingente de PMs aumentando ainda mais.

Consegui me refugiar na Faculdade de Educação, onde ainda sentíamos o cheiro forte do gás lacrimogênio.

O clima era de terror e tentávamos avisar o máximo de pessoas possíveis do que estava acontecendo e pedindo para saírem de lá de perto.


Segui com um grande amigo, que filmou o que houve desde o começo (ver no http://www.youtube.com/user/greveip) , até a praça do relógio, onde vimos mais e mais cenas absurdas. As explosões continuavam, havia uma espécie de neblina constante advinda das bombas lançadas intermitentemente. As pessoas que como nós estavam correndo e tentando fugir para outros lugares narravam-nos cenas semelhantes ao que vimos em frente a Faculdade de Educação, só que em outros pontos da USP (em frente à reitoria, no Crusp etc.). Em cima de nós, sobrevoavam três helicópteros da PM.



Sentíamo-nos acuados, estupefatos, apavorados, impotentes, diante de uma força policial absolutamente desmedida.

Fomos para um prédio da Escola de Comunicação e Artes (ECA) e depois para um do Instituto de Psicologia (IP). Lá encontrei um grupo de alunos e soube de alguns que haviam se machucado. Já era noite e os barulhos continuavam. Os helicópteros da PM permaneceram voando com os fachos de luz iluminando o chão, como quem procurava bandidos.

Sitiados. Essa era a palavra que melhor sintetizava o que muitos de nós vivemos.

Por telefone conversava com uma grande amiga, professora, que estava em uma assembléia de docentes na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), suspensa logo que souberam do que estava ocorrendo. Soube por ela que lá no prédio da História também haviam sido arremessadas bombas de gás lacrimogênio. Desde quando souberam do que havia ocorrido, um grupo de professores tentava entrar em contato com a reitora ou outro representante da Universidade que pudesse parar essa barbaridade. Em vão. Ninguém era localizado.

Por ironia, soube no dia seguinte, pelo jornal, que a reitora encontrava-se dentro da reitoria da USP. Em silêncio, assistindo a tudo. E sem fazer nada.

Alías, fez sim, foi a pedido e solicitação dela que esse efetivo todo foi deslocado para dentro do campus.

Apenas mais tarde, por volta das 19h30, efetivou-se o contato com o vice-reitor, por intermédio de um deputado estadual.

Uma comissão foi encontrar-se com ele solicitando a saída imediata da polícia do campus. O vice-reitor comprometeu-se a fazê-lo. E fez. Por duas horas o efetivo retirou-se da USP, voltando próximo às 23h. Continuava lá no dia seguinte, perto da reitoria.

A Universidade de São Paulo não é a casa de qualquer reitor, que deva ser guardada por policiais. E não se trata de arruaceiros, baderneiros, grupos radicais ou qualquer forma de desqualificação que se queira utilizar. Foram inúmeras as tentativas de conversa e negociação com a reitoria tanto em relação à pauta de reivindicações como em relação à retirada desse efetivo policial do campus. Em um local supostamente democrático, onde se privilegiaria o diálogo e a possibilidade de existência de posições diferentes ou discordantes, os conflitos passaram a ser tratados como casos de polícia. Ironicamente, foi muitas vezes lá na universidade que aprendi a atentar, criticar e me posicionar contrariamente a ações autoritárias. E foi lá também que muitas vezes vi esse autoritarismo expressar-se. O que lamentavelmente ocorreu no dia 09/06 foi expressão contundente da falta de diálogo e do autoritarismo vigente.

Sinto muito. E sentirei ainda mais se houver silêncio diante do ocorrido.

Não se trata de algo episódico ou que possa ser minimizado como exceção.

Segue em anexo o relato de um professor da Escola de Artes e Ciências Humanas (EACH), que acompanhou de outro lugar o que ocorreu próximo a FFLCH. Segue também declaração da assembléia de docentes da USP em 10/06/2009.

Fiquem à vontade para divulgar essa mensagem que lhes envio, caso queiram.

Se quiserem ainda enviar manifestações de repúdio ao que aconteceu, temos pedido que sejam enviadas à reitoria da USP, através do email gr@usp.br. Nesse caso, peço que enviem uma cópia para o meu email (tatineves@hotmail.com).

Abraços,

Tati.




Tatiana Freitas Stockler das Neves.
Psicóloga e pesquisadora do Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT) e pesquisadora e integrante do Laboratório de Estudos do Imaginário (LABI) do Instituto de Psicologia da USP.
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e da Memória da USP (NIME).

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dasein: uma introvisão de Heidegger

A exemplo de Aristóteles, Heidegger possui uma obra riquíssima em suas introvisões. Um dos seus conceitos mais importantes é o de Dasein, em relação ao qual fazemos um pequeno resumo:
A palavra Dasein vem do alemão e significa Ser-aí. O Ser-aí expressa o imediatismo e o inevitável, características da condição existencial. O “aí” é a abertura para o mundo iluminado e compreensivo. A característica básica do Dasein é a sua abertura para perceber e responder a tudo aquilo que está em sua presença. A utilização do termo Dasein é contemporânea, surgindo como fenômeno, isto é, como algo que se mostra a si mesmo. O Filósofo e Pensador, Martin Heidegger, re-significou a palavra Dasein para a expressão ser-no-mundo. “Ser” e não “Estar”; no sentido de existência e co-existência, e não de permanência ou passagem. Não se trata do homem interagir com o mundo, pois nesse caso daria a entender que pessoa e o seu ambiente são coisas distintas. Trata-se da relação e co-existência e até interdependência, entre pessoas e / ou ambiente, isto é entre “Daseins”.
Seguindo aquela trajetória pendular que apontamos no início destas reflexões iremos encontrar dois movimentos ou duas concepções de investigação do Ser: o idealismo e o realismo. Na modernidade observamos os movimentos que se seguiram ao trabalho de Husserl.
Entre esses filósofos, dois merecem especial destaque: Martin Heidegger e o francês Maurice Merleau-Ponty. Ambos modificaram várias das idéias de Husserl e esforçaram-se para liberar a ontologia do velho problema deixado pela metafísica, qual seja, o dilema do realismo e do idealismo, dilema que Husserl resolvera em favor do idealismo pelo papel preponderante que dera à consciência ou ao sujeito do conhecimento.
Qual o dilema posto pelo realismo e pelo idealismo, postula a professora Marilena Chauí:

O realismo afirma que, se eliminarmos o sujeito e a consciência, restam as coisas em si mesmas, a realidade verdadeira, o ser em si.
O idealismo, ao contrário, afirma que se eliminarmos as coisas ou o nôumeno, resta a consciência ou o sujeito que, através das operações do conhecimento, põe a realidade, o objeto.
Heidegger e Merleau-Ponty afirmam que as duas posições estão equivocadas e que são “erros gêmeos”, cabendo à nova ontologia superá-los, isto é, resolver o problema Heráclito-Parmênides, Platão-Aristóteles, medievais e modernos, Kant e Husserl. Como resolver um problema milenar como esse e que é, afinal, a própria história da metafísica e da ontologia?
Dizem os dois filósofos: se eliminarmos a consciência, não sobra nada, pois as coisas existem para nós, isto é, para uma consciência que as percebe, imagina, que delas se lembra, nelas pensa, que as transforma pelo trabalho, etc. Se eliminarmos as coisas, também não resta nada, pois não podemos viver sem o mundo nem fora dele; não somos os criadores do mundo e sim seus habitantes.
Damos sentido ao mundo, transformamos as coisas, criamos utensílios, obras de arte, instituições sociais, mas não criamos o próprio mundo. Sem a consciência, não há mundo para nós. Sem o mundo, não temos como conhecer nem agir. Um mundo sem nós será tudo quanto se queira, menos o que entendemos por realidade. Uma consciência sem o mundo será tudo quanto se queira, menos consciência humana.
A nova ontologia parte da afirmação de que estamos no mundo e de que o mundo é mais velho do que nós (isto é, não esperou o sujeito do conhecimento para existir), mas, simultaneamente, de que somos capazes de dar sentido ao mundo, conhecê-lo e transformá-lo.
Não somos uma consciência reflexiva pura, mas uma consciência encarnada num corpo. Nosso corpo não é apenas uma coisa natural, tal como a física, a biologia e a psicologia o estudam, mas é um corpo humano, isto é, habitado e animado por uma consciência. Não somos pensamento puro, pois somos um.

Como se observa, a ontologia investiga a essência ou sentido do ente físico ou natural, do ente psíquico, lógico, matemático, estético, ético, temporal espacial, etc. Investiga as diferenças e as relações entre eles, seu modo próprio de existir, sua origem, sua finalidade. O que é o mundo? O que é o eu ou a consciência? O que é o corpo? O que é o outro? O que é o espaço-tempo? O que é a linguagem? O que é o trabalho? A religião? A arte? A sociedade? A história? A morte? O infinito? Eis as questões da ontologia.
Recupera-se, assim, a velha questão filosófica: “O que é isto que é?”, mas acrescida de nova questão: “Para quem é isto que é?”. Volta-se, pois, a buscar o to on, o Ser ou a essência das coisas, dos atos, dos valores humanos, da vida e da morte, do infinito e do finito. A pergunta “O que é isto que é?” refere-se ao modo de ser dos entes naturais, artificiais, ideais e humanos; a pergunta “Para quem é isto que é?” refere-se ao sentido ou à significação desses entes.
A consciência é um ato intencional e sua essência é a intencionalidade, ou o ato de visar as coisas, dando-lhes significação. O mundo ou a realidade é o correlato intencional da consciência. Assim, por exemplo, perceber é o ato intencional da consciência, o percebido é o seu correlato intencional e a percepção é a unidade interna e necessária entre o ato e o correlato, entre o perceber e o percebido. É por esse motivo que, conhecendo a estrutura intencional ou a essência da consciência, se pode conhecer a essência da percepção (ou da imaginação, da memória, da reflexão, etc.).

segunda-feira, 8 de junho de 2009

No Domínio da Antropologia Filosófica - 6

5 – A Mística: Força Motriz da Práxis da Solidariedade
Em um seminário, promovido pela fundação Perceu Abramo, sobre Mística e Espiritualidade, diversas opiniões foram expressas sobre os significados mais profundos desta vivência, que se mostra mais forte do que o chamamos de crença.
Quem se move por uma mística não aceita a angústia como a última palavra. Porque o que entra em crise é a nossa projeção da utopia.
(Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra / e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer./ Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina / e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras. C. Drummond)
São cristalizações históricas que não conseguem conter o grande sonho e, na prática, impedem a sua realização na vida das pessoas e das nações. A experiência mística é uma herança universal. É possível identificá-la em todas as civilizações e no cotidiano dos indivíduos. Mesmo quando há uma tendência a padronizá-la, domesticá-la e até torná-la propriedade de alguns iniciados. Porém, essa mística do compromisso ético e solidário relaciona-se fortemente com a mística da contemplação que é o saboreamento da presença da divindade na obra da criação e no trabalho humano. A mística se expressa conforme a conjuntura e a cultura: aparece como indignação, protesto, conflito, disputa, articulações. Mas não pode perder a dimensão da gratuidade: a ternura, o lazer, o ócio, a festa, a poesia, a celebração e a reza. A felicidade com que sonhamos deve realizar-se, desde já.

No Domínio da Antropologia Filosófica - 5

4) A Jornada Humana

Pela sua importância e atualidade de sua visão, profundamente holística, queremos fazer um registro e algumas considerações sobre aspectos das pesquisas do padre Pierre Teilhar de Chardin. Alguns dados da biografia deste autor são de extrema importância, como veremos a seguir:
« Jesuíta e paleontologista francês (Puy-de-Dôme, 1881; New York, 1955. A obra científica de Teilhard de Chardin situa-se principalmente na Ásia : descoberta do Sinanthropo (1929), explorações na Índia, em Java, participação no Cruzeiro Amarelo (1931, etc.). Seus escritos teológicos e filosóficos, proibidos pela Igreja durante sua vida, foram divulgados depois de sua morte. Iluminados por uma visão sintética do desenrolar universal da Evolução, eles dão valor ao fenômeno de complexificação cerebral do phylum humano, que levou ao aparecimento da consciência de si mesmo ("passo" da reflexão), depois a uma rêde mundial de comunicação dos pensamentos humanos, a noosfera, no coração da qual age o "Cristo Evolutor" e é quem conduz a Humanidade, de maneira imanente e transcendente, ao mesmo tempo, para o "ponto Omega" (Reino de Deus). Ele escreveu um livro de destaque, "O Fenômeno Humano," publicado depois de sua morte. » Le Grand Larousse Universel, Tome 14, p. 10095
Dentro de suas idéias centrais temos a seguinte resenha:
Quando o Homem apareceu na Natureza, "no meio dos Primatas," ele desabrochou como "a flecha da Evolução zoológica" (PM p. 181). Ele era semelhante aos outros animais, exceto pelo fato de que ele trazia consigo uma diferença toda especial : a capacidade ainda adormecida de refletir. No estágio de hominização, os primeiros hominídeos tinham, em latência, um cérebro capaz de refletir, mas um sistema nervoso ainda primitivo. O movimento dispersivo do primeiro povoamento da Terra não favorecia a comunicação por agrupamentos. Em seguida, entretanto, durante o princípio da etapa do Homo Sapiens, no alvorecer da Era Neolítica, a Humanidade começava a se reunir, formando uma linha convergente sobre a Terra ; a aglomeração tornou-se necessária. Essa condição favorável encorajou o Homem a dar o Passo da Reflexão. Então um fenômeno muito especial é produzido : o nascimento de uma nova esfera planetária, acima da Biosfera, a Noosfera. A esse processo de dar origem a uma camada planetária inteiramente nova, formada totalmente pelo conjunto do pensamento humano, deu-se o nome de Noogênese (PH p. 160-173).
Esta é a visão que está presente na reflexão de Leonardo Boff colocada no preâmbulo desta dissertação, mostrando a proximidade do pensamento dos dois autores.

No Domínio da Antropologia Filosófica - 4

3) Dimensões biológica e social

Inspira-nos em particular o enfoque sobre estas dimensões examinadas pelo teólogo Leonardo Boff, que hoje constitui um dos mais brilhantes expoentes da visão holística do ser humano. Com o espírito dos sábios Leonardo se vale de conceitos que foram sintetizados por Fritjof Capra e que resultou na formulação da Teia da Vida, embasando cientificamente a total integração de todos os elementos constitutivos do universo.
Em seu livro “A águia e a galinha – Uma metáfora da condição humana”(Editora Vozes), o teólogo,usando os conceitos de arquétipo (conforme a formulação de Jung) mostra-nos que ao falar de vida biológica está falando de nutrientes, saúde, trabalho, sexualidade, enfim de todos os aspectos que confere ao ser humano a sua dignidade de “filum” destinado “a crescer e multiplicar-se”, além, naturalmente de toda sua dimensão espiritual.
Leonardo Boff foi também um arauto da condição do oprimido; aquela situação que impedem os humanos realizar suas dimensões mais básicas. O quadro mundial de suas denúncias possui uma boa síntese nas pesquisas do professor Ladislau Dowbor, que nos revela os dados a seguir:

“(...) O resultado desta modernidade que tanto nos deslumbra com suas inovações tecnológicas tem muito pouco de compromisso ou de compaixão. Enquanto 800 milhões de habitantes dos paises ricos ostentam uma renda per capita de mais de vinte mil dólares, 3,2 bilhões de habitantes do mundo sub-desenvolvido vivem com uma média de 350 dólares, menos de 30 dólares por mês. Cerca de 150 milhões de crianças hoje passam fome no mundo, cifra projetada para 180 no ano 2000, enquanto cerca de 12 milhões simplesmente morrem antes dos cinco anos. O analfabetismo atinge mais de 800 milhões de pessoas, e aumenta de cerca de 10 milhões a cada ano que passa. O planeta ganha anualmente cerca de 90 milhões de novos habitantes, sendo que cerca de 60 milhões já nascem nas áreas mais miseráveis, condenados no seu primeiro dia de vida. Não se conseguem os cinco centavos de dólar por criança que custa o iodo que impedirá o bócio, ou os dez centavos para a vitamina A que impedirá a cegueira. Cerca de um milhão de crianças ficam assim mutiladas para a vida inteira, por ano. Meio milhão de mães morrem anualmente de parto, por não ter acesso a serviços e informação médica elementar: no conjunto dos paises desenvolvidos são apenas 5 mil. Uma África devastada chora as suas últimas árvores, e vê os seus solos desprotegidos carregados pelos ventos e pelas chuvas torrenciais, enquanto o Ocidente que a devastou lhe recomenda cuidados ambientais. (...)” (in A Reprodução Soical – Editora Vozes)

Este quadro nos assusta e muitas vezes nos sentimos tentados à respostas individualistas, à falsa espiritualidade, de buscar respostas apenas nos ritos (a espiritualidade com hora ou dia marcado), ao desespero e soluções alienantes (a moderna tecnologia nos supre de todos os Matrix/realidade virtual), ao ceticismo (vazio existencial), enfim de todas as formas que podem surgir para fugirmos de nós mesmos.

No Domínio da Antropologia Filosófica - 3

2)Dimensão Espiritual: Aqui nossa inquietação é ainda maior. Afinal o que é o espírito? É diferente da alma? É substância? Existe fronteira entre o psíquico e o espiritual? O que difere a alma do espírito? O espírito é um ente apenas metafísico? É um ente abstrato? Como este ente se relaciona com o Soma? E de todas as áreas estudadas esta nos parece a mais problemática.
Para indicar aspectos tratados apenas de forma velada no âmbito nas igrejas cristãs, gostaria de registrar as pesquisas do Padre e teólogo François Brune sobre a natureza do espírito. Brune conta com apoio Vaticano para prosseguir seus estudos. Um dos seus escritos famosos é livro: “Os Mortos nos Falam” Na introdução do livro Brune diz: “Escrevi este livro para tentar derrubar este espesso muro de silêncio, de incompreensão, de ostracismo, erigido pela maior parte dos meios intelectuais do ocidente. Para eles, dissertar sobre a eternidade é tolerável: dizer se pode vivê-la torna-se mais discutível: afirmar que se pode entrar em comunicação com ela é considerado insuportável”.
Estas fronteiras da espiritualidade é um campo que de forma corajosa e respeitosa Padre Brune investiga, sabendo que se tratar de “terreno minado”. Brune lembra àqueles que o questiona, que ele é um teólogo católico e é nesta perspectiva que pesquisa. Com a mesma fé que seguramente alimentam figuras como Teilhard de Chardin e Leonardo Boff, cada um em campos específicos de investigação.
Nossa recusa de examinar a cartografia dos “vivos de lá” (a morte não existe) faz com que tratemos a morte com um forte estranhamento, como cilada “à vida”. Um golpe com que nos acostumamos, mas custamos a aceitar. Todavia a melhor filosofia terá que se defrontar com episódios que sugerem outras possibilidades para a existência “na vida eterna”. A alma, como espírito, prossegue em evolução? Por que oramos para almas que purgam penas, purificando-se para o estado de “face a face com Deus”. Se a alma evolui existe uma experiência de tempo e espaço para ela? Se não evolui qual o sentido de nossas orações? E neste caso qual sua natureza; preserva uma individualidade que a distingue de outras almas? Não fugimos, nem escamoteamos estas perguntas. Preferimos o caminho de busca do padre François Brune. Não podemos falar da morte como um episódio alheio à vida.

No Domínio da Antropologia Filosófica - 2

Em meus comentários destaquei alguns pontos que considerava merecedor de outras reflexões e, o fiz no mesmo espírito de liberdade responsável e serenidade recomendada por estes mestres. Assim vale recordar alguns pontos desta trajetória, a partir das dimensões relacionadas no próprio curso:

1)Dimensão psíquica -: o livro fala de psiquismo como alma e como essência. Estranhei que nenhuma das abordagens da própria psicologia embasasse esta visão. Em nenhum momento existe qualquer referência ao conceito de Consciência, da sua evolução e dos seus níveis. . Minimamente este espaço comportaria a visão de Teilhard Chardin sobre a Noosfera, que é esta dimensão do psiquismo que se forma na rede social – a mais-consciência. Chardin não receia os juízos apressados, que o classificam como panteísta, mas considera a presença do Espírito Divino imerso no universo (como estofo do universo). Esta presença é a presença da consciência que participa da evolução.
Mas voltando aos conceitos de psiquismo registramos a ausência das contribuições de Freud e de Jung. Mesmo conceitos fundamentais como a formação do ego (reprimido ou dilatado) deixaram de ser abordado. A descoberta do inconsciente e as prisões interiores que sujeitam a alma a um “inferno na terra”, são aspectos fundamentais desta dimensão, assim como o inconsciente coletivo, os arquétipos e a sincronicidade, na visão de Jung. Os chamados estados específicos da consciência e as possibilidades de conhecimentos legítimos nestes estados (até mesmo de uma ciência dos estados específicos) constituem importantes experiências da vivência humana e que teria aqui seu espaço de reflexão.

domingo, 7 de junho de 2009

No Domínio da Antropologia Filosófica - 1

QUEM É O HOMEM?

Qual desafio nos coloca esta indagação face às reflexões propostas pela Antropologia Filosófica? O tema, proposto possui uma direção: interpretar o ser humano no domínio de suas características constitutivas, incluindo sua realidade bio-psíquica-espiritual-transcendente.
Não é uma tarefa fácil e, do meu ponto de vista, cercada de questionamentos fundamentais sobre a especificidade de uma disciplina que se identifica no domínio simultâneo da Antropologia e da Filosofia, em uma ambiente de sínteses.
De início somos alertados de que “a explicação de quem é o homem não é uma simples análise existencial, nem uma síntese como a realizada pelos estudantes das ciências positivas”, porque estamos face uma disciplina filosófica e “que trata da essência, da universalidade, do ser humano”.
Logo em nossas primeiras reflexões desta disciplina, nos foi colocado o seguinte questionamento:
“Sempre interessou ao homem saber quem ele é. Você considera que a pergunta Quem é o homem?", que impulsiona o estudo da Antropologia Filosófica equivale ou é sinônimo da pergunta: "Que é o homem?", que motiva o estudo das ciências positivas? Você consegue explicar qual é o lugar ou função da Antropologia Filosófica”
O debate assim parte de um confronto entre duas indagações: o que distingue a indagação de QUEM É O HOMEM?, de outra indagação – O QUE É O HOMEM? Naturalmente não estamos buscando distinções de classes gramaticais indicadas por pronomes relativos, embora tais distinções precisem estar presentes.
Superada este nível de questionamento focaremos a questão fundamental: estamos buscando circunscrever reflexões que iluminem a natureza fundamental do ser humano. Mas ainda temos uma questão. Porque situar esta busca no âmbito de uma disciplina intitulada Antropologia Filosófica? Esta nos parece uma questão não resolvida. Vejamos porque?
O filósofo Max Scheler é considerado um dos principais filósofos ligado a Antropologia Filosófica.O centro do pensamento de Scheler era a sua teoria do valor. De acordo com Scheler, o ser-valor de um objeto precede a percepção. A realidade axiológica dos valores é anterior à sua existência. Os valores e seus correspondentes opostos existem em uma ordem objetiva.
Sem desconsiderar a relevância deste filósofo e sua grande contribuição para uma filosofia humanista, não pude deixar de questionar o sentido e o propósito desta ciência tal como por ele formulada. Pesquisando a questão encontrei uma importante reflexão de Heidegger precisamente nesta direção. Reproduzo abaixo a tradução do texto deste filósofo:
“(...) Que é isto, filosofar, se a problemática filosófica é tal que encontra seu lugar e seu centro na essência do homem?
Enquanto estas questões não sejam desenvolvidas e precisadas no seu encadeamento sistemático, não se poderão ver os limites essenciais da idéia de uma antropologia filosófica. Só a discussão destas questões fornece uma base ao debate sobre a essência, os direitos e o papel de uma antropologia filosófica no seio da filosofia. Sem cessar surgirão novas tentativas de uma antropologia filosófica que poderão se apresentar com argumentos plausíveis e defender o papel central desta disciplina sem, no entanto, poder fundá-la sobre a essência da filosofia. Sem cessar também aparecerão adversários da antropologia que poderão fazer notar que o homem não está no centro dos entes e que uma "infinidade" de entes encontram-se "a seu lado", uma refutação do papel central da antropologia filosófica que não é em nada mais filosófica que sua afirmação.
Assim uma reflexão crítica sobre a idéia de uma antropologia filosófica não somente ilumina sua imprecisão e sua fatal insuficiência, mas manifesta antes de mais nada que não dispomos nem de uma base nem de quadros necessários para um exame aprofundado de sua essência.(...)”(http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/wfsection/article.php?articleid=360)
Mas estas reservas não impedem de refletir sobre a questão inicial: Quem é o homem?
Usamos a referência ao brilhante teólogo Leonardo Boff para estabelecer a referência do olhar que propomos sobre esta pergunta. Leonardo Boff conseguiu na sua práxis elaborar uma profunda visão do ser humano, como um ser holístico, planetário e ecológico. Em campos diferentes, mas atuando de forma pioneira fomos buscar dois outros pesquisadores, comprometidos com a verdade dos seus trabalhos: o primeiro Teilhard Chardin (detalhamos abaixo seus histórico) ou outro François Brune, um padre, teólogo, poliglota e profundo conhecedor dos fenômenos paranormais. Pode parecer uma reunião inusual de pensadores. Mas esta excentricidade é apenas aparente: todos os pesquisadores relacionados têm em comum um profundo compromisso da sua espiritualidade e uma coragem incomum por trafegarem em áreas tabu, marcadas pelo preconceito e juízos fundamentalistas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

DESARQUIVANDO A DITADURA: MEMÓRIA E JUSTIÇA NO BRASIL

Recebí do Departamento de Filosofia da USP um convite para participar do lançamento do livro "DESARQUIVANDO A DITADURA: MEMÓRIA E JUSTIÇA NO BRASIL".

O convite possui as seguintes informações:

"DESARQUIVANDO A DITADURA: MEMÓRIA E JUSTIÇA NO BRASIL",

Organizado por
Cecília MacDowell Santos, Edson Teles e Janaína de Almeida Teles

Com debate coordenado por Cecília MacDowell (CES, Universidade de Coimbra e University of San Francisco) e os debatedores
Ana Maria Camargo (USP), Márcio Seligmann-Silva (Unicamp), Marlon Weichert (Procurador da República)e Zilda Marcia Grícoli Iokói (USP).

Dia 16 de junho, a partir das 19 horas

Instituto Sedes Sapientiae - Av. Ministro Godoy, 1484 - Perdizes - São Paulo / SP

O ocaso do neoliberalismo.

Dois episódios foram particularmente simbólicos como fatos que assinalam o fracasso do capitalismo neoliberal: a) a condordata da GM - um dos maiores simbolos do capitalismo norte-americano e o controle do seu capital social pelo governo dos Estados Unidos e b)A volta de Cuba à OEA, após 47 anos de sua expulsão desta organização.

O comunicado foi divulgado pelo UOL Notícias com a seguinte abertura:

"Os chanceleres do grupo de trabalho instituído para debater a questão cubana apresentaram a proposta de readmitir Cuba na OEA à chanceler hondurenha, Patrícia Rodas, que preside a 39ª Assembléia Geral da organização. Em seguida, a proposta foi ratificada por aclamação pelos países presentes. O ministro das Relações Exteriores do Equador, Fander Falconí, comemorou a decisão adotada hoje. "Já foi aprovada neste momento por todos os chanceleres, por consenso. Essa é uma notícia muito boa, reflete a mudança de época que se está vivendo na América Latina", disse Falconí.O ministro equatoriano disse que se chegou "a um consenso sobre um texto que não impõe condições" para a reincorporarão de Havana.
"Muitos de nós não tinham nascido naquele momento [em que a expulsão foi decidida] e o que esta geração está fazendo é basicamente emendar a história, e aqui temos um desafio de construir uma história diferente".

terça-feira, 2 de junho de 2009

Conheça o Centro de Apoio ao Paciente com Câncer

Fizemos um link do vídeo, que mostra a atuação do Centro de Apoio ao Paciente com Câncer, CAPC, localizado em Florianópolis.
VALE A PENA CONHECER.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Convite para um Café Filosófico Clínico

Recebi este e-mail da Monica Aiub e estou repassando:

"Conto com sua participação em nosso café filosófico clínico, dia 4 de junho, quinta-feira, na livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 509 - São Paulo, das 19:30 às 21:30
Informações: 2161-9900

Abraços e até lá!

Monica Aiub
(11) 3337-0631
www.institutointersecao.com"

Neste café filosófico você conhecerá os aspectos práticos da Filosofia Clínica.

Teoria do Conhecimento e abordagem espírita do real

Qual, efetivamente, a pergunta fundamental que deixamos de fazer?

Quem teve oportunidade de conhecer o Centro de Apoio ao Paciente de Câncer, CAPC, localizado ao sul da ilha de Florianópolis, não tem como deixar de se perguntar: porque a ciência convencional deixa de examinar as hipóteses espíritas sobre os fundamentamentos daquilo que chamamos de "real". Ou como se diz em filosofia, o fundamento do Ser, indepentemente do que se entende por esta realidade.
Visitei pelo menos três vezes o CAPC. Trata-se de um hospital que desenvolve sua terapeutica como o que é conhecido como medicina vibracional e tendo como enfoque fenomenológico a visão espírita do real.

Em seu site - http://www.nenossolar.com.br -o CAPC assim assim descreve sua filosofia:

“A alegria é a prerrogativa da alma alimentada pelo amor”.
Essa é a filosofia do Centro de Apoio, que, aliando conhecimentos biológicos, psicológicos e espirituais, cuida das pessoas com câncer ajudando-as a conseguirem a paz e a harmonia necessárias para a recuperação do seu estado de saúde e da sua qualidade de vida. Por isso, o Centro de Apoio ensina que, mesmo estando doente, é possível retomar ao equilíbrio emocional e espiritual. Portanto, o paciente deve aprender a entender a mensagem do seu corpo e perceber que é preciso muito mais que o tratamento médico. O Centro de Apoio acredita que a atenção dispensada em forma de cuidado valorize o ser humano resgatando a sua identidade e fazendo com que as pessoas recuperem o propósito de lutar pela vida. Os conhecimentos necessários para isso, em nível biológico, psicológico a espiritual, são aplicados através de diversas terapias energéticas, complementares ao tratamento médico. O objetivo dessas terapias é fazer com que o paciente retorne ao estado de bem estar e de equilíbrio. Dessa forma, ele terá um estado vibratório energético favorável à ação dos medicamentos e dos tratamentos clínicos. O paciente aprende a descobrir suas potencialidades de cura, suas possibilidades e seus direitos como cliente. É um retorno ao seu processo interior, potencializado através da energia do amor universal e incondicional, do processo de fé em seu próprio poder pessoal. É o desenvolvimento daquilo que ele tem de melhor, da fé e da esperança necessárias para propiciar que a natureza possa, desta forma, contribuir para a harmonização e para o equilíbrio necessário ao retomo do seu estado de saúde e de qualidade de vida".

Na foto abaixo o prédio onde funciona o CAPC.




Vale a pena conferir o site desta instituição e voltar a se perguntar: como filosofia e teoria do conhecimento o que deixamos de nos perguntar?