sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

"Nosso Tempo" - Drummond de Andrade

...E no verso VIII, do poema Nosso Tempo, Drummond deixou-nos o seguinte legado:


(...)" O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como um pedreira, uma floresta,
um verme".(...)

Dos jornais de hoje colhemos as seguintes manchetes:

Recessão japonesa deve ser a pior desde a 2ª Guerra, prevê agência
Produção mundial da Toyota deve cair 10% em 2009
Nissan cortará ainda mais produção no Japão


Femsa registra queda de 22% no lucro líquido de 2008
Fannie Mae tem prejuízo de US$ 58,7 bi e pede US$ 15 bi para evitar falência
Bolsas de NY fecham em queda com dados econômicos negativos

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

GIL, CAETANO, TROPICALISMO E SARTRE: "Nada no bolso ou nas mãos"

Fui solicitado a apresentar num plano de aula para alunos 1° ano do ensino médio de uma escola pública, alguns elementos sobre os principais pensadores contemporâneos, da corrente existencialista. Não é um desafio simples. Em sua grande maioria os alunos do ensino médio das escolas públicas não possuem qualquer domínio do referencial conceitual de filosofia. Existe uma dificuldade elementar até mesmo na pronúncia do nome de alguns dos filósofos mais notórios do período contemporâneo.
Por outro lado nosso objetivo aqui é identificar as inquietações que alimentaram as reflexões filosóficas e que de alguma forma compuseram os cenários históricos do período compreendido entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX até os dias atuais. Sabemos que a filosofia está profundamente ligada com as inquietações humanas, motivadas pelos fatores econômicos, sociais, culturais, éticos, estéticos de um determinado período da história.
Será, portanto, a partir deste eixo que encaminharemos nossas reflexões. Afinal como viviam e o que pensavam os humanos na segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Como trabalhavam, em que acreditavam, quais eram suas esperanças e seus sofrimentos? Neste cenário iremos buscar alguns pontos de referência no existencialismo, segundo o pensamento de Sartre.
Embora muitos considerassem o existencialismo como uma falta de compromisso com a vida e uma forma de alienação, foi o próprio Sartre que, com seu exemplo pessoal, demonstrou a importância do engajamento político como forma de construir a liberdade. Esta visão trouxe uma grande influência na cultura brasileira, como podemos ver na leitura deste texto, que reproduzimos, de uma tese de mestrado intitulada NADA NO BOLSO OU NAS MÃOS “INFLUÊNCIAS DO EXISTENCIALISMO SARTREANO NA CONTRACULTURA BRASILEIRA - 1960-1970 - Walmir dos Santos Monteiro - Universidade Severino Sombra - Mestrado - Orientador: Prof. Dr. José Augusto dos Santos - Vassouras-RJ- 2007.
Vale a pena conferir o texto integral:http://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo - acesso outubro 2008.

A frase “nada no bolso ou nas mãos” que dá título a este trabalho serve como exemplificação simbólica de toda a influência do existencialismo sartreano na contracultura brasileira. No texto completo que consta no livro “As Palavras”, de Sartre, que inclusive é sua única descrição autobiográfica, ele diz que aprecia em sua própria loucura o fato de ela o proteger das seduções da elite. E continua, declarando que nunca se iludiu com o próprio talento, pois seu objetivo era tão-somente “salvar-se”. Nada no bolso ou nas mãos, pelo trabalho e pela fé. Sartre termina o trecho dizendo que sua opção não o colocava acima de ninguém, e quando diz que estava sem equipamentos, sem ferramentas, era o mesmo que dizer “nada no bolso ou nas mãos”. Em síntese, todo esse trecho se refere a uma doutrina básica do existencialismo, a afirmação de que o homem é lançado ao mundo sem prévia definição do que é ou será, pois nada trazemos ao mundo que possa definir o que, efetivamente, seremos. Isto é básico no existencialismo. E é uma idéia da qual a contracultura se apropriou. Sartre, no início do texto, fortalece a idéia de que a existência é construída passo a passo, e o que (ou quem) ele – ou qualquer pessoa – era (ou é), resulta de sua própria vivência, e não de algo que com ele tenha surgido no mundo. Quando Sartre diz que seu único negócio era “salvar-se” refere-se ao processo de definição (pessoal) da própria existência, ou seja, a missão de cada um em sua construção pessoal. Ainda, no final, nos relembra que quando defino minha existência, defino a de todos os homens, uma vez que um homem representa a todos os outros, conforme entendimento existencialista.”

Para nossos alunos este é o nosso convite: pesquisar o papel e o significado do Tropicalismo, no Brasil, em um momento de grande efervescência política, período (60 a 70) em que o esforço político e cultural voltava-se para formas de resistência ao regime militar de 64.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

"Estive ano passado em El Salvador e vi com meus olhos "

Recebi o e-mail abaixo de Iolanda Huzak: é uma competente jornalista, professora de filosofia (fomos da mesma turma) e uma grande amiga.Ela merece todo o crédito quanto ao que divulga. Por isto compartilho desta camapanha e assino este manifesto a favor de Maurício Funes, candidato da paz, da democracia e da esperança em El Salvador.


Amigos,
Estive ano passado em El Salvador e vi com meus olhos o atraso e a possibilidade de renovação.
Peço que assinem em defesa de Maurício Funes, um candidato que está 20 pontos à frente da Arena, por isso está sendo tão atacado.

no meu site coloco fotos do comício de Funes que acompanhei.

http://www.iolandahuzak.com/busca/el+salvador/6?c=lt,eou=t

agradecida
Iolanda


Sent: Tuesday, February 17, 2009 7:50 PM
Subject: Fwd: Em defesa de El Salvador


Estimados amigos y amigas

Necesito el apoyo de ustedes en la firma del Manifesto abajo y en la busqueda apoyos


EM DEFESA
DE EL SALVADOR

El Salvador é um dos países mais pobres e o mais violento da América Latina.

É um país traumatizado por uma guerra civil atroz, que durou 12 anos, e deixou uma imensa sequela de dor, medo e ressentimento.

O ícone do absurdo desta guerra é o corpo crivado de balas de Monsenhor Romero, arcebispo de San Salvador, assassinado durante a celebração de uma missa.

Desde os acordos de paz, há 19 anos, governa um mesmo partido, autoritário e oligarca : Arena, que é hoje o último bastião da velha direita nas américas.

Durante a permanência da Arena no poder, emigraram ilegalmente -especialmente para os Estados Unidos e Canadá- quase três de milhões de salvadoreños, escapando da fome e do desemprego. Eles representam um terço de toda a população do país.

Por qualquer ângulo que se mire, El Salvador é hoje um país que sofre. Uma chaga aberta. E o pior : um país que sofre uma terrível manipulação político-psicológica, onde o governo, com o apoio quase absoluto dos meios de comunicação, trabalha ostensivamente uma política de medo e terror.

Ao longo dos anos, o partido governista se tornou especialista em manipular o trauma da guerra e em incutir o medo de um suposto "perigo esquerdista" na população.

Em El Salvador, ficou congelado no tempo o pior dos piores ambientes de propaganda da guerra fria.

Mas apesar de tudo isso, existe, hoje, a possibilidade concreta de que Mauricio Funes, um ex-jornalista de 49 anos, que conta com o apoio das esquerdas e de setores independentes, vença as próximas eleições presidenciais, previstas para 15 de março.

Ele está na frente em todas as pesquisas, porém a Arena, tem usado, nos últimos dias, uma poderosa máquina política, econômica e de comunicação para esmagar a candidatura.

Por isso é fundamental que vozes independentes, de todo o mundo, se unam em favor da candidatura de Mauricio Funes, da FMLN.

Mauricio é a expressão plena de um El Salvador que quer deixar para trás seu lastro de traumas coletivos e pessoais, recuperar a autoestima e pensar que existe outra maneira de ser e viver no mundo.

Ele é a primeira grande liderança da geração pós-guerra. Sua candidatura é um signo de paz em um cenário político onde ainda pontilham comandantes que se enfrentaram nos dois lados na guerra.

E uma forte esperança de mudança, em um país onde o governo e o partido governista ainda abrigam pessoas direta e indiretamente ligadas ao assassinato de Don Romero.

Na verdade, a candidatura de Mauricio Funes encarna mais que um processo político, e sim um processo de renovação emocional e espiritual que vive El Salvador.

Um processo de crer em si mesmo, de respeitar e de se fazer respeitar, de sentir-se digno e protegido, de deixar atrás a sombra escura de suas piores experiências sociais e pessoais.

Em suma, de recuperar a alegria de viver como nação, como sociedade e como pessoas.

Participe deste processo de mudança, paz e esperança de El Salvador, assinando este manifesto de apoio à candidatura de Mauricio Funes e de repúdio aos abusos eleitorais da Arena.



(Mais de 50 mil pessoas já assinaram este documento; coloque seu nome e o reencaminhe para o maior número de amigos, com cópia para contato@mauriciofunespresidente.com )


sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Paragma Holográfico e Outros Paradoxos

Este é nome de um livro, editado pela Cultrix e que se identifica como "uma investigação nas fronteiras da ciência". É uma coletânea reunindo autores como Ken Wilber, Karl Pribram, David Bohn, Frijof Capra, Stabley Krippner e Renée Weber. Dificilmente um estudante de filosofia da consciência poderá não considerar as contribuições destes cientistas e sábios se pretende avançar na investigação destes campos do conhecimento. Para quem pretende fazer uma biblioteca inicial sobre estas investigações, além do livro acima citado recomendo: A Totalidade e a Ordem Implicada, de David Bonhn, Além do Ego (Dimensões Transpessoais em Psicologia) e diversos autores, Um Deus Social, de Ken Wilber, A Mente Holotrópica, de Stanislav Grov e todas as as traduções dos livros de Capra.

"Os físicos - diz Capra - exploram os níveis da matéria; os místicos exploram o nível da mente. O que eles têm em comum em suas explorações é que esses níveis, em ambos os casos, situam-se além da percepção sensorial ordinária."

De Marilyam Ferguson destamos as seguintes observações:
"A superteoria holográfica afirma que nossos cérebros constroem a realidade concreta interpretando frequências vindas de uma dimensão que transcende o tempo e o espaço. O cérebro é um holograma que interpreta um universo holográfico"

Nós convidamos os demais amigos professores de filosofia a avançarem conosco nestas exlorações.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Carta do Senador Suplicy ao STF sobre o caso Cesare Battisti

"Excelentíssimos Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal

De tantas partes do Brasil e da Itália, nestas últimas semanas, tenho recebido cartas e ouvido perguntas relativas ao motivo que me levou a expressar-me a respeito do caso do italiano Cesare Battisti e, em especial, de maneira favorável à decisão do Ministro Tarso Genro de conceder-lhe refúgio político.

Em 2007, a arqueóloga, historiadora e escritora Fred Vargas procurou algumas pessoas com histórico em defesa dos direitos humanos no Brasil, uma vez que desejava relatar-lhes o que se passava com o italiano Cesare Battisti. Recomendaram-lhe que procurasse especialmente a mim e ao jurista Professor Dalmo de Abreu Dallari. Por esta razão, a recebi em meu gabinete no Senado, onde Fred Vargas explicou-me, longamente, a sua convicção de que Cesare Battisti - então preso na Polícia Federal em Brasília e cuja extradição estava sendo solicitada pelo governo da Itália - em verdade não era culpado dos crimes de homicídio que lhe eram imputados pela Justiça Italiana.

Visitei-o pela primeira vez na sede da Polícia Federal. Encontrei-o em uma cela com aproximadamente 12 pessoas, com a saúde em estado precário e dificuldade de ler e escrever, embora seja escritor. Na ocasião ele me contou boa parte de sua trajetória. De como, ainda muito moço, participou de atividades consideradas subversivas contra o Estado italiano, como membro da organização Proletários Armados pelo Comunismo, PAC. Disse que, em maio de 1978, quando soube do sequestro e assassinato do Primeiro Ministro Aldo Moro, ficou extremamente impressionado, a tal ponto que tomou a firme resolução de nunca cometer qualquer crime de sangue, de nunca utilizar armas para matar ou ferir qualquer ser humano.

Percebi então que as condições de prisão não eram as mais adequadas, principalmente considerando seu estado de saúde. Reforcei junto ao Secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., a solicitação do Dr. Luiz Eduardo Greenhalgh de transferi-lo para outra dependência, o que aconteceu, e ele foi removido para o Complexo Penitenciário da Papuda.

Desde essa época, a senhora Fred Vargas já veio ao Brasil outras quatro vezes, e em diversas ocasiões a acompanhei em suas visitas ao preso. Sou testemunha da sua extraordinária dedicação para desvendar em profundidade todos os episódios da história de Cesare Battisti verificando, a cada momento, os inúmeros detalhes de tudo que ocorreu ao longo de sua vida: os processos aos quais foi submetido, todas as acusações feitas e as distorções que caracterizaram muitas delas, bem como os procedimentos de seus julgamentos.

Fred Vargas ganhou diversos prêmios por seu trabalho de arqueóloga e historiadora como, por exemplo, aquele que desvendou os tipos de pulgas que causaram a peste durante a Idade Média. Escritora de romances policiais, quatro de seus livros estão na lista dos mais vendidos na França e na Itália, estando em primeiro lugar, "Um Lugar Incerto". Impressionada com os detalhes dos processos, resolveu dedicar todo o seu tempo e energia nos últimos dois anos para mostrar às autoridades responsáveis pela justiça na Itália, na França e agora, no Brasil, que Cesare Battisti realmente cometeu ações armadas, como assaltos a bancos e outros estabelecimentos, pelos quais foi condenado a 12 anos de prisão, mas nunca cometeu assassinatos.

Notei que Fred dedica-se formidavelmente a desvendar a verdade completa dos fatos. Ela também coletou as provas necessárias, por meio do trabalho de uma grafóloga francesa oficial, de que as procurações feitas em nome de Cesare Battisti para designar seus defensores foram falseadas durante os processos que ocorreram na Itália, nos quais Battisti foi denunciado por pessoas que se beneficiaram do instrumento da delação premiada, não sendo devidamente defendido e, por fim, condenado à prisão perpétua.

De minha parte, fiquei persuadido que Fred Vargas tem razão e luta com grande coragem para ser ouvida. Por esse motivo encaminho a Vossas Excelências, Ministros do Supremo Tribunal Federal, a carta em que essa escritora procura transmitir-lhes as principais razões de sua convicção da inocência de Cesare Battisti em relação aos quatro assassinatos que lhe são atribuídos. Creio que constitui um documento de especial relevância para a decisão que esse Egrégio Tribunal está por tomar diante da solicitação recente do Governo da Itália.

Anexo, ainda, o parecer do Professor Dalmo de Abreu Dallari, especialmente elaborado para a "Folha de S. Paulo", que lhe encaminhou cópia dos autos do processo de Cesare Battisti na Itália. Em sua análise dos documentos, o Professor Dallari alega que encontrou mais de dez vezes a afirmação de que Cesare Battisti integrou um grupo que se formou e desenvolveu ações "com a finalidade de subverter a ordem do Estado". Não cabe dúvida, portanto, que a ação de Battisti, segundo a palavra da justiça italiana, era de natureza política. É importante frisar que o Estado italiano, através da manifestação apresentada ontem pelo eminente advogado Nabor Bulhões, solicita ao STF opinar sobre a natureza política ou comum dos crimes atribuídos ao extraditando. Conforme frisou o Professor Dallari, são os próprios autos do processo que confirmam a natureza política dos delitos. Isto também é asseverado pelo ex-Presidente e Senador Francesco Cossiga.

Como é do conhecimento de Vossas Excelências sou de origem italiana e tenho o maior apreço por aquele país. Dentre as pessoas que mais admiro e cujas vidas contribuíram para formar os meus ideais estão grandes cientistas da humanidade, como os italianos Galileu Galilei, Giordano Bruno, Nicolau Copérnico e Leonardo da Vinci, que tinham por propósito maior de vida descobrir a verdade, uma coisa essencialmente humana. Tenho a certeza de que a decisão que será tomada por Vossas Excelências será inteiramente respeitada pela querida Itália de meu avô e de meu bisavô, pois estará baseada na verdade dos fatos, oriunda do considerável esforço de pessoas que a buscaram a fundo, como no caso da escritora Fred Vargas.

Quando de minha última visita a Cesare Battisti, em janeiro último, ao lado de Fred Vargas, perguntei-lhe a respeito das declarações feitas por Pietro Mutti à revista "Panorama", que repercutiram no Brasil, com especial destaque pela revista "Veja", a qual destacou que aquele chefe dos PACs reiterava suas denúncias, assim como outra participante da organização. Perguntei a Cesare se a foto de Pietro Mutti era atual. Ele disse que era do tempo em que eram companheiros. E que as afirmações de Mutti e da Sra. Maria Cecília Barbeta não eram verdadeiras. Afirmou que nunca um Juiz ou qualquer autoridade policial um dia lhe perguntou: "Você matou?". Foi então que sugeri que ele próprio escrevesse uma carta aos Ministros do STF com o relato completo dos fatos. Ele assim resolveu fazer. Mais do que isso, está disposto a relatar pessoalmente a Vossas Excelências tudo o que diz nesta carta que logo chegará às suas mãos. Disse-me também que está pronto a confirmar a todos os familiares das vítimas, pessoalmente, que não foi responsável por estes homicídios. As informações de Fred Vargas - que estudou profundamente os processos - de que não há nenhuma testemunha ocular, a não ser as beneficiadas com a deleção premiada, que tenha declarado ter visto Cesare Battisti cometer qualquer dos quatro assassinatos, também são relevantes.

Estou à disposição e renovo sentimentos de elevado respeito e consideração."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Xamanismo: um conhecimento autêntico

Apoiado em um modelo desenvolvido pelo pensador Ken Wilbe, poderíamos investigar o Xamanismo como conhecimento autêntico. Lembra-nos Wilbe que “o conhecimento simbólico conceitual não pode ser completamente reduzido à dimensão objetivo-sensorial, nem o contemplativo à conceitual, sem que resulte no que se chama de erro de categoria. Assim existe um método específico para estabelecer a validade de cada esfera de conhecimento: o analítico-empírico para os dados objetivos, a hermenêutica para a comunicação simbólica e a percepção gnóstica direta para o contemplativo” Kem Wilber diz ainda “aqui delineamos nossos dois principais modelos de investigação: gnose/jnana para a compreensão direta destes níveis e, o mandálico-lógico para comunicá-los, mesmo que paradoxalmente, através de símbolos lingüísticos.(...) Como tentei mostrar alhures, este conhecimento espiritual, como todas as outras formas de conhecimento cognitivo válido, é experimental, passível de repetição e publicamente verificável(...)”
Os estados específicos de consciência produzem um conhecimento específico destes estados e uma ciência específica para este conhecimento. Nesta perspectiva o conhecimento xamânico pode ser considerado como um saber legítimo e verdadeiro, passível de investigação e validação de acordo com os métodos específicos.
As reflexões acima constituem elementos para a realizalização de pesquisas nos diversos domínios e campos da consciência. Pretendemos aprofundar os conceitos de Totalidade e Ordem Implicada, postulada pelo físico David Bohm e sua visão do que holonomia e holomovimento.

Olha ai: o Marcílio, meu irmão, tem boas dicas para você (e eu) escolhermos um bom filme.

Este foi um e-mail que recebí do meu mano Marcílio. Um dica de utilidade pública, por isto divulgo aqui. Vale ser conferido.


Sabe aquele filme de que você gostou muito, mas não lembra do título ou dos atores e/ou atrizes que atuaram?
Tudo o que você quiser saber (ou lembrar) sobre filmes estrangeiros em 65 anos está catalogado e ao seu alcance.
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Antes de pegar filmes na locadora, consulte este site feito por uma pessoa detalhista, cinéfilo há 65 anos.
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Bom cinema!

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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Série 2: Assuntos Impertinentes: O que é espírito?

Afinal o que é o espírito? É diferente da alma? É substância? Existe fronteira entre o psíquico e o espiritual? O que difere a alma do espírito? O espírito é um ente apenas metafísico? É um ente abstrato? Como este ente se relaciona com o Soma? E de todas as áreas estudadas esta nos parece a mais problemática.
Para indicar aspectos tratados apenas de forma velada no âmbito nas igrejas cristãs, gostaria de registrar as pesquisas do Padre e teólogo François Brune sobre a natureza do espírito. Brune conta com apoio Vaticano para prosseguir seus estudos. Um dos seus escritos famosos é livro: “Os Mortos nos Falam” Na introdução do livro Brune diz: “Escrevi este livro para tentar derrubar este espesso muro de silêncio, de incompreensão, de ostracismo, erigido pela maior parte dos meios intelectuais do ocidente. Para eles, dissertar sobre a eternidade é tolerável: dizer se pode vivê-la torna-se mais discutível: afirmar que se pode entrar em comunicação com ela é considerado insuportável”.
Estas fronteiras da espiritualidade é um campo que de forma corajosa e respeitosa Padre Brune investiga, sabendo que se tratar de “terreno minado”. Brune lembra àqueles que o questiona, que ele é um teólogo católico e é nesta perspectiva que pesquisa. Com a mesma fé que seguramente alimentam figuras como Teilhard de Chardin e Leonardo Boff, cada um em campos específicos de investigação.
Nossa recusa de examinar a cartografia dos “vivos de lá” (a morte não existe) faz com que tratemos a morte com um forte estranhamento, como cilada “à vida”. Um golpe com que nos acostumamos, mas custamos a aceitar. Todavia a melhor filosofia terá que se defrontar com episódios que sugerem outras possibilidades para a existência “na vida eterna”. A alma, como espírito, prossegue em evolução? Por que oramos para almas que purgam penas, purificando-se para o estado de “face a face com Deus”. Se a alma evolui existe uma experiência de tempo e espaço para ela? Se não evolui qual o sentido de nossas orações? E neste caso qual sua natureza; preserva uma individualidade que a distingue de outras almas? Não fugimos, nem escamoteamos estas perguntas. Preferimos o caminho de busca do padre François Brune. Não podemos falar da morte como um episódio alheio à vida.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

SÉRIE 1: Perguntas Impertinentes!

1 - PORQUE EXISTEM PADRÕES DE ORGANIZAÇÃO E AUTO-ORGANIZAÇÃO NA NATUREZA, QUANDO ELES PODERIAM SIMPLESMENTE NÃO EXISTIR?

2 - POR QUE O "O SER É", QUANDO ELE PODERIA SIMPLESMENTE "NÃO SER"?

3 - O CAOS PODE SER ENTENDIDO COMO ALGUM PADRÃO DE NÃO-ORGANIZAÇÃO OU AO CONTRÁRIO NÃO EXISTE NENHUM PADRÃO IMPLICADO?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

“De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”

Nos prospectos de uma escola de Portugal encontrei as citações que reproduzo abaixo:
“A primeira citação foi retirada de uma obra sábia e perturbadora de Fernando Pessoa e é uma passagem do seu “ Livro do Desassosego “ Vivemos pela ação, isto é pela vontade (...) Agir eis a inteligência verdadeira (...) O governo do mundo começa em nós mesmos.”
O autor inglês é o professor Lawrence Stenhouse e que diz mais ou menos o mesmo por outras palavras “São os professores que em última análise, ao compreendê-lo, mudarão o mundo da escola”.
Precisamos agir tendo presente uma afirmação de Paulo Freire “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” .

De forma emblemática encontramos nestas referências um ponto em comum: a ação e a transformação de nós mesmos como fundamento de qualquer processo de mudança através da educação.
Ao ser colocado desta forma a idéia de Stenhouse sobre o professor-pesquisador ganha uma dimensão especial: o autor nos trás a noção de que o ato de ensinar e aprender/pesquisar são indissociáveis. Isto estabelece não apenas uma nova metodologia para a prática pedagógica, mas também uma nova ética fundada na práxis. Naturalmente Stenhouse não vê o aluno como “ratos de laboratórios”, prontos para o sacrifício da experimentação. O educando também é um agente ativo deste processo. Para não distanciar muito de nossa realidade podemos afirmar que o Brasil é um celeiro neste processo de pesquisa-educação.
Existe uma experiência que vale ser lembrada.
Em 23 de fevereiro de 1961 o então prefeito de Natal-RN. Djalma Maranhão colocou em prática um experimento pedagógico, de elevada adesão popular, conhecido como “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”. A força de processo educativo era tão grande que um dos feitos do Golpe Militar de 64 foi a aniquilação da experiência. Comenta a prática pedagógica das professoras desenvolvida por meio de pequenos projetos – Unidade de Trabalho. Estas eram organizadas em torno de grandes temas a partir dos quais as disciplinas eram desenvolvidas de forma integral. Paulo Freire teve importante participação neste legítimo método de ensino-aprendizagem.
A pesquisa do seu próprio fazer exige método e disciplina, mas exige antes de mais nada envolvimento afetivo e emocional. E a razão é básica: esta é a natureza mesma da prática da autocrítica legítima, que nos obriga ao esforço de um olhar distanciado de nosso cotidiano; um olhar com os olhos de quem eu olho. Também não é tarefa simples e, em alguns momentos os limites de distanciamento pode nos parecer cruel. Mas é possível. E a experiência de Djalma Maranhão mostra isto de forma exemlar.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

APOLOGIAS: DE SOCRATES A DRUMMOND

(...) Amor é compromisso
com algo mais terrível do que o amor?(...)

(Poema: Mineração do Outro – Carlos Drummmond de Andrade)


Um texto escrito por Platão citando um outro filósofo paradigmático e, que independentemente de ter sido historicamente real, é tão real quanto a força dramática do trecho do poema de Drummond de Andrade transcrito acima.
Em primeiro lugar não custa repetir os traços elegantes, fortes e dramáticos da Apologia. Eu encerraria aqui qualquer pretensão de comentário, se o texto se apresentasse apenas como um poema. Mas, sem deixar de ser poema de feição apaixonada é também uma elaboração filosófica e é, sobretudo um repto. Senão vejamos:

Qual a essência da “Apologia”? – De uma forma quase grosseira, diria que a obra é um libelo em defesa da Verdade. Mas de que verdade estamos falando, uma vez que esta verdade é um compromisso com uma coerência, daquilo que Sócrates tinha como mais valioso que a própria vida. A Verdade pode ser terrível? Sem dúvida e, nesta medida, ela chega ser “não humana”; ela é divina. É uma medida da dimensão absoluta de Deus, assim como acreditava Sócrates.

Sendo acusado de corromper os jovens e de ateísmo, Sócrates é levado a julgamento e finalmente, condenado à morte.

Na Apologia Platão pretende reproduzir a defesa de Sócrates perante seus acusadores e sua postura perante a sentença.

Para Sócrates, ao acusá-lo, seus juízes praticavam um ato ignóbil, injusto e maldoso. Cabia a Sócrates através dos seus argumentos impedir seus juízes de cometer uma maldade; esta era o sentido de sua defesa. Sócrates não receava sua condenação; mas sendo condenado, não teria sido capaz de impedir os seus juízes de alcançar a verdade.
Mesmo esta nova afirmativa em face do próprio discurso da Apologia revela alguns paradoxos: em todo o texto há um sentido de predestinação e fatalidade. Sócrates esperava ser condenado. É como se ele soubesse que estava jogando um jogo de cartas marcadas. Mas sendo assim porque o tamanho empenho na sua defesa? Arriscamos a dizer que seu compromisso com a verdade obrigava-o a esta defesa, ainda que seu desfecho já fosse esperado.

Assim Sócrates faz a sua defesa: ele precisava fazê-la. Não para alterar o resultado de um julgamento que ele já antevia, mas como um compromisso com a maiêutica: é preciso manter o compromisso de dar à luz à verdade. Aqui vemos a figura de um arquétipo: o Sócrates Herói, aquele que se despoja da própria vida para salvar valores universais. Desta forma que dissemos: Sócrates não é humano.
Sócrates alcançou seu propósito, de fazer a defesa da Verdade, com a própria vida? Este sem dúvida é um dilema. Que verdade maior pode existir do que a vida, que só algum sentimento de orgulho e superioridade pode desprezar? Desta forma por mais robusto que seja o exemplo de Sócrates resta uma anti-lição: o auto sacrifício em defesa de uma idéia. Esta é a senda de muitos heróis, é verdade. Mas não é menos trágica para aqueles que se propõem ensinar os jovens. Afinal não é precisamente isto o que fazem todos os fundamentalistas contemporâneos e em nome de um Deus (sua Verdade) se imolam como homens bombas? Não é isto o que faziam os kami-kasis japoneses na segunda guerra mundial? No fundo Sócrates acreditava que a morte lhe traria maiores benesses, como os fundamentalistas islâmicos e os soldados suicidas japoneses. Parodiano Drummond: - A vida é um compromisso como algo mais terrível que a própria vida, ou seja, o medo da vida?